quarta-feira, maio 31, 2006
Los Happiness - Live in Buenafuente
Documento imprescindível para todos os fãs do hit deste Verão. Andreu Buenafuente, o Conan O'Brien espanhol, conseguiu levar ao seu programa (transmitido no canal de televisão Antena 3) a banda do momento. Los Happiness são um fenómeno!
terça-feira, maio 30, 2006
Está a espalhar-se por todo o mundo uma mensagem, um movimento, mais rápido e abrangente que as campanhas pelo cancelamento da dívida do terceiro mundo, mais mundial que os vídeos porno da Paris Hilton, mais numeroso que aquele vídeo do Amo a Laura (Vostra - temos de falar outra vez desse assunto).
Já não há site, já não há blog que não inclua a tarja da causa. Milhões e milhões de sites, toda a Internet entupida pela nova onda que inunda o mundo inteiro:
segunda-feira, maio 29, 2006
Isto não está bom para cartoonistas. Já não é só os dinamarqueses; agora, houve motins no Irão por causa de baratas azeris.
Portanto Vostra, o teu portfólio sobre os azeris do Irão terá de ficar adiado. Põe-te a pau, que isto hoje em dia ser cartoonista é pior que ser toureiro. Aliás, como não li neste blog, a tua obra já está a causar celeuma:
Manifestação em Moscovo contra cartoon de Vostra nos pacotes de açúcar Nicola: "Não percebemos a piada! O que é um mandril?! Morte a Vostradeis!"
sexta-feira, maio 26, 2006
Em homenagem ao Tiberiusinho, junto seguem d
O primeiro banho.
Esse é um dos momentos de realização última de qualquer pai. Dias depois de nascer e da mãe já lhe ter ministrado os necessários cuidados de higiene, coube-me a mim dar-lhe o primeiro banho na minúscula casa de banho do meu minúsculo apartamento. Ficou tudo registado on tape pelo que as memórias são regularmente avivadas. Eu era mais magro mas mais desconfiado dessa coisa de garotos. A expectativa era imensa e o volume de visitas ao meu estabelecimento faziam inveja à rua do DIAP em tempo da Casa Pia ou à assistência do Vasco da Gama de Boleiros (que subiu este ano de divisão). Perante a assistência peguei no meu pequeno rebento (porra, como ele era pequeno) e tentei agarrá-lo com o indicador e o polegar pelas costas, como li numa edição golden da ?Pais e Filhos?.
Sem sucesso, reconheço. O puto escorregou das minhas mãos como se de uma pista de ski se tratasse e mergulhou na água tépida com detergente antibacteriano próprio para a sua pele. Assustado tentei agarrá-lo mas a película suave e hidratante da água cobria-o e após o agarrar pelo calcanhar, como Tetis fez com Aquiles, deixei-o cair de novo com estrondo. Após algumas tentativas de desesperado e perante os gemidos de incómodo que ele manifestava lá o consegui segurar com os dois braços e o queixo, como uma tenaz fixa.
Farto de não o conseguir lavar, decidi colocá-lo sobre o fraldário para o começar a vestir. Brinquei com ele, limpei-o e pus-lhe um outro creme, hidratando-o tanto que ele poderia passar pelo ralo da banheira sem qualquer fricção. Virei-me de costas para ir buscar a fralda (as melhores são as Dodot, ouviste tiberius?) e ele sorria como um inocente. Quando me viro, sinto um calor no peito anormal e pensei que, por causa da tensão, estava a ter algum tipo de enfarte. Mas, ao sentir que o calor não subia até à cabeça mas escorria até ao abdómen, percebi que não era um problema cardíaco mas sim urinário. E do meu filho que sorria contente, olhando para a minha figura.
As primeiras noites foram santas. O puto mamava à 01:00, depois acordava ás 06:00 e o mundo era bom, seguindo o seu curso na Era Quaternária. No entanto, numa dada madrugada, a criança (consequência de algum espermatozóide mais noctívago, daqueles que não saíram para os lençóis quando eu tinha 13 anos) decidiu abrir os pulmões e cá vai disto. Não eram dentes, não era fome, não eram cólicas (bendita groselha em tubos que os médicos receitame lhe calam essas dores), nem sequer fralda suja. Era apenas a vontade de gritar, associada a algum jetleg mal feito desde o útero da mãe. O desespero apossou-se de mim, que tinha de acompanhar uma visita do Gugu (Guterres) um pouco mais tarde nessa madrugada.
Peguei na criança, sacudi-a violentamente enquanto tentava berrar mais alto do que ele. ?O QUE É QUE QUERES? CALA-TE MERDA! AINDA TAMANDO PELA JANELA!? Depois, olhei para o espelho do quarto e vi-me, aterrorizado, qual Nosferatu sem a cara pintada. Eu era um criminoso, um Anthony Hopkins (mas sem papar a Jodie Foster), um Vítor Jorge das Almuinhas. Dei a criança à mãe e fugi. Fugi de casa e de carro pela cidade às 05 da manhã, como um lobo acossado. Parei somente numa barraca de bifanas à porta de uma discoteca para comer uma sande de carne assada e beber uma bejeca.
Agora, mais recomposto, decidi dormir no carro à porta de casa, aguardando pelo momento em que iria enfrentar o primeiro-ministro da nação, na ressaca do primera tentativa de pensamento de homicídio qualificado do meu filho.
quarta-feira, maio 24, 2006
Queda das roupas
Tão importante como a queda das folhas no Outono, assistimos nesta época do ano a outro fenómeno da natureza que, embora semelhante, usa mais do que as cores quentes de pastel (menos para o Ernesto que é daltónico e vê mal).
Nestes meses primaveris, assiste-se à queda das roupas nas mulheres que, como árvores de porte frondoso, deixam revelar a nudez dos seus ramos e dos seus troncos. Algumas mulheres são típicas portuguesas, oliveiras robustas que se fixam na terra agreste e desafiam os olhares. Outras são mais eucaliptos, secam tudo à volta para aparecerem mais altas altas, longas pernas e olhar elevado. Outras parecem pinheiros bravos, com a pele resinosa e peitos desafiantes como copas que se acendem em mecha num qualquer fogo de Verão. Existem as caducas que optam pelos trajes minimalistas e aquelas que mostram ter vestuário perene e só a sombra dos ossos da traqueia é encarada como um decote indecoroso.
A faculdade de letras de Coimbra era um desses mostruários de mudanças climáticas nas roupas. A queda das roupas revelava os corpos escondidos durante o Inverno, indiciando nalguns casos surpresas e noutros desilusões. Aquele olhar maroto escondido no pólo de malha justo com o rebordo do soutien durante os meses de frio afinal não passava de carne mole e pastosa agrilhoada na roupa que agora é exposta às agruras do calor. Pelo contrário, aqueles dentes-de-leão defendidos por muralhas de roupa e de casacos afirmavam-se agora viçosos e orgulhosos, expondo a macieza da pele e a rigidez das formas, como símbolos de uma feminilidade que parecia até então não existir.
Hoje, numa escola superior de educação do centro do país, enquanto esperava por uma professora para recolher declarações sobre um curso inovador (dizem eles), apreciei como o fascínio do desconhecido ainda permanece, apesar dos canais Sexy Hot, Sleazydream ou Vénus. Embora divas como Silvia Saint, Veronica Zemanova, Kelly Trump ou Vanessa del Rio demonstrem que o mundo feminino já nada mais pode expor, reparei no comportamento dos homens que apreciavam duas flores sentadas no banco do jardim da escola.
Uma de calções justos e apertados, de cor clara que indiciavam, embora sem o confirmar, um fio dental modesto. A outra, de saia preta comprida, com uma racha também ela comprida até a meio do fémur, encimada por três botões dourados e redondos que pareciam selar uma encomenda de correio prioritário. As duas de perna cruzada deixavam entrever sombras do paraíso mas limitavam-se a ignorar os olhares mais ou menos evidentes dos cromossomas Y que por ali passavam. Uns mais de soslaio (os professores), outros de forma evidente (os putos) e outros fingindo nem reparar (os namorados).
Curiosamente, este meu breve estudo de campo confirmou a minha premissa inicial que os calções coarctam a imaginação masculina. Isto porque nos calções existe um limite último que é definitivo: o remendo de pano que se transforma no rio Letes da nossa imaginação, impedindo-nos de subir ao Inferno ou descer ao céu, conforme o caso.
Pelo contrário, os maiores torcicolos ou olhares vesgos (com riscos de descolamento da retina) eram dirigidos para a jovem de saia e racha comprida. A ilusão de chegar mais longe, onde nenhum olho chegou, terá levado mais cromossomas Y a disputar o lugar ao sol naquele jardim, com sucessivas passagens e repetições, algumas delas em câmara lenta.
Eu ainda tentei aprofundar mais a minha tese mas a dita docente, uma senhora respeitável que já terá sido também um nenúfar que algum jardineiro colheu (ou não), chamou-me e perdi aquele momento fugaz de eternidade. Quando saí da breve entrevista (ainda mais breve devido à minha pressa inaudita) os dois canteiros plantados no banco do jardim já de lá haviam saído e com eles a concretização da minha tese.
segunda-feira, maio 22, 2006
Momentos Locanda
Tinha aqui alinhavada uma brilhante prosa a que ia dar o nome "Ernesto e Tiberius vão ao Casino", que metia o casino de Lisboa, strippers, quantidades alucinantes de dinheiro apostadas na roleta e muitos, muitos chineses, mas não tenho pachorra para a escrever.
Estou cansado e dói-me a cabeça e, com franqueza, vocês, oh audiência do Núcleo, não valem o esforço.
Mas para compensar, vou fazer uma edição especial do Núcleo Nostalgia, a rubrica tipo Sic Gold que recupera os momentos mais belos do Núcleo. Nesta edição de Núcleo Nostalgia: Zizou (identificado pelo nome de código Rui Cunha) vai a uma pizzaria que é especializada em francesinhas e, naturalmente, pede um bife com batatas fritas, que não estava muito bom:
Os donos do garfo
Locanda
Canelas, Gaia
pizzas, francesinhas...
A especialidade são francesinhas, diferentes porque levadas ao forno. Eu comi um bife coberto com tiras de presunto, com batatas fritas às rodelas e molho de tomate. Estava bom, embora não magnífico. Também dizem que as pizzas são boas.
postado por Rui Cunha às 18:09
Locanda II
Neste último post, Zizou mostra claramente que é um amante do risco. Num restaurante onde a "especialidade" são as francesinhas e onde "as pizzas também são boas", ele opta pela solução mais perigosa e pede um bife coberto com tiras de presunto que não estava "magnífico". Zizou é enorme, de uma imprevisibilidade a toda a prova. Aguarda-se com curiosidade a sua próxima incursão aos frangos da Guia. Que pedirá então Zizou? Carpaccio de polvo, lasanha, sushi... Aceitam-se apostas.
postado por Ernesto às 18:39
Locanda III
Ernesto: imaginemos, por absurdo, que vais a uma casa de putas. A especialidade da casa é a profissional de serviço - uma matrona de 40 anos e 90 quilos - espetar-te com um dildo pelo cu acima. Que farias? Tornavas-te um «amante do risco», recorrias à tua «imprevisibilidade a toda a prova» e optavas pela «solução mais perigosa» para pedir um bico; ou, pelo contrário, deixarias que a senhora te enfiasse a prótese de borracha pelo teu traseiro hemorróidico?
postado por Rui Cunha às 10:44
Locanda IV
Compreendo-te, Zizou. É bem visto. Mas a questão é que eu não entraria numa casa de putas onde a especialidade é espetarem "dildos pelo cu acima" (a não ser que tivesse fumado muito daquelas plantas do Vostradeis...).
postado por Ernesto às 12:29
Quinta-feira, Fevereiro 12, 2004
Locanda V
Recomendam-se algumas notas adicionais:
1. eu gosto de francesinhas, mas decidi optar pelo bife para ser diferente das outras três pessoas que jantaram comigo. 2. Ernesto é pouco rigoroso na citação das fontes: eu não disse «as pizzas também são boas»; eu disse «também dizem que as pizzas são boas», o que é diferente...
postado por Rui Cunha às 15:56
Locanda VI
Tenho de intervir neste fascinante debate para protestar contra as metáforas de Zizou. Ele compara uma francesinha a levar com um dildo pelo rabo acima. Ora, como ele próprio confessa, uma francesinha é uma especialidade culinária de qualidade. Dildo pelo rabo acima é uma coisa diferente.
Se Zizou aprecia francesinhas, e compara francesinhas a dildos, que conclusão podemos tirar? Para esclarecer as dúvidas na mente deste jovem transviado, vamos usar imagens:
Isto é uma francesinha: (imagem de francesinha - não tenho pachorra de ir à procura doutra. a próxima imagem era de um dildo grande, preto e de plástico)
E isto é um dildo:
PS: Que caralho de nome para um restaurante é que é "Locanda"?
PS 2: Qual é a utilidade de uma crítica gastronómica para um restaurante em Canelas, Vila Nova de Gaia?
postado por Tiberius às 18:57
sábado, maio 20, 2006
A polémica sobre a visibilidade mediática ou não dos nossos nomes (ou não) numa outra página da blogosfera gerou uma questão sobre a qual temos de nos debruçar (de bruços, portanto): Para quê o anonimato?
Tirando o Zizou, que é um jornalista sério, o resto é só bandalha. O tiberius fala de coisas que não sabe, procurando passar entre os pingos da chuva para que ninguém note a sua ignorância, como sucederia com a Maria João Avillez a comentar jogos de futebol. O Ernesto compõe os seus textos com duas ou três figuras de estilo (sim, o Ernesto já é um gajo que pode pôr figuras de estilo nos seus textos ao contrário de nós, comuns mortais) e entrou naquela categoria dos pseudos que por muita porcaria que escreva, parece sempre bem. Além disso, o jornal dele também está em ritmo Titanic, por isso o que é que interessa? Eu, aqui na província, vou compondo breves dos jornais dito sérios e pouco mais. Por muito que eu estrafegue ou me ponha em bicos de pés tudo aquilo que possa ser visível na blogosfera será sempre risível aos olhos dos meus conterrâneos. O DJ paposseco dedicou-se a fumos estranhos e pestilências intelectuais para quem a Internet e os blogues são actos de masturbação na virilha da verve de cada um. O vostra, anda a comer gajas em Espanha e não quer saber disto.
- Para podermos ter mais liberdade naquilo que se diz?
Tirando o Zizou, que é um tipo sério, o resto é uma cambada de acomodados. Se todos estivessem cansados da prisão profissional já há muito poderiam ter mudado. Até o Ernesto, que tem uma prole de filhos e bastardos, poderia agarrar os seus sonhos de atleta profissional. Para isso bastaria viver à conta da mulher e poderia então abraçar o seu sonho de criança: ser taxista entre a Berlenga Maior e a mais pequena. Já com o tiberius, a situação torna-se mais complicado. As nossas origens marcam-nos sempre e ele é do Porto. É certo que já viveu nas estranjas e agora na capital mas os horizontes deles continuam a ser o mesmo: dono de uma barraca de francesinhas à porta do mercado do Bulhão. O DJ Paposseco no fundo queria ter uma intervenção cívica mais activa: tipo ser director de um pasquim neo-pós-moderno de uma academia qualquer no centro do país. Em contrapartida, poderia liderar uma lista de independentes para a presidência da Junta do Fórum dessa mesma cidade. Eu nasci padeiro, fui padeiro e seria assim que gostaria de ser lembrado: o Pessoa deixou versos, o gajo da tabacaria deixou a tabuleta e eu deixo pães (que duram mais do que alguns versos, conforme o fermento que se ponha). O problema é que não suporto muito bem o calor. Já o Vostra, o sonho dele é comer gajas em Portugal.
- Para evitarmos processos judiciais?
Essa é a resposta mais simples: bastaria assinarmos um acto de irresponsabilidade mútua entre nós. Como, de facto, só passamos o tempo a dizer mal de nós o único risco é algum entregar uma queixa no MP contra o vizinho do lado. Excepto o Zizou, que é um tipo pacato e o Vostra que só quer comer gajas e como nenhum de nós é mulher (embora existam algumas dúvidas em relação a um dos meus camaradas de blogue).
A Canção do Verão
Enfarolado por esses dois vultos carcaço-cabloguisticos do pensamento contemporâneo, o Núcleo Duro vem anunciar a sua renúncia a um passado de "ordinarice" que vinha "contaminando" a blogosfera. Aproveitamos para nos colocar ao lado dos santíssimos bispos da Igreja Católica na batalha contra o Código Da Vinci e o preservativo.
Deixamo-vos, queridos irmãos que nos visitam, com um clip da banda Los Happiness, que chegou com uma nova mensagem de esperança, que está a fazer o maior sucesso aqui em Espanha, mostrando que a juventude não se precisa prostituir num mundo promíscuo de vício e silicone para vender discos. Convosco (bendita sois vós entre as mulheres...), a canção deste Verão: "Amo a Laura"
sexta-feira, maio 19, 2006
Como sportinguista estou até disposto a ajudar a subsidiar o salário.
Com o Co e o Queiroz no Porto e Benfica, a desvantagem com que o Sporting parte é muito menor.
PS: com o elevado número de participações, não seria melhor pensar noutro tipo de retribuição do prémio? É que um jantar de 45 euros é uma enormidade
segunda-feira, maio 15, 2006
Estive nos últimos dias em oração e reclusão, juntamente com mais 200 mil almas (700 mil segundo a PSP) à espera de mais uma revelação ou um milagre. E não estou a falar do Setúbal vencer ontem porque isso era menos que um milagre, seria apenas um acto de justiça.
Estou a falar de Fátima, aquela terra rodeada de pedreiras e silvados da Serra de Aire e da A1. Estive lá em oração entre quarta e sábado em mais um banho de suor do que de fé, a comer os restos que os fiscais da Autoridade de Segurança Alimentar não conseguiram detectar. Para mim, não houve grande coisa de novo. Muita gente, muitos emplastros, muitos lenços e muitas criancinhas a derreter sob o sol?
Na retina, ficaram-me apenas dois momentos: uma entrevista com o Duarte Nuno Pio Afonso Bragança Vila Viçosa SA em que o senhor respondeu à minha monossilábica pergunta com dois volumes Enaudi de banalidades. Exaurido tentei sair mas uma outra colega perguntou-lhe se gostava da nova basílica e o herdeiro da Casa Pio Afonso Bragança Vila Viçosa SA criticou duramente o projecto enquanto apelava ao politicamente (neste caso religiosamente) correcto: ?Mas a Igreja é que sabe?. Após vários tomos de resposta desisti e fui contar as bandeiras dos 98 países que ali estavam. Depois, perante o matraquear constante do sucessor da dinastia Pio Afonso Bragança Vila Viçosa SA decidi ir entrevistar cada um dos peregrinos que levavam os estandartes. Entretanto, acabaram as cerimónias e nunca mais soube da minha colega que estará ainda numa das colunatas a ouvir o cromo Pio Afonso Bragança Vila Viçosa SA.
Mas a cereja desta peregrinação foi a resposta que ouvi de uma funcionária do Santuário junto ao Calvário Húngaro que, para quem não sabe, fica muito longe dos Calvários Austríaco ou Croatas. Perguntei porque é que se chamava húngaro e a senhora, diligente, respondeu-me do alto da sua cátedra. ?Em 1930, a Hungria era dominada pelos comunistas mas ouve um rei que, com a ajuda dos alemães libertou os húngaros e deu-lhes a liberdade de votar. O rei, chamado Estêvão, governou durante muitos anos e ofereceu ao Santuário este Calvário como forma de homenagem aos alemães e a Nossa Senhora. E a Hungria nunca mais teve comunistas desde a II Guerra Mundial?. Deduzo que a senhora ainda disse alguma coisa mais mas o meu maxilar, de tanto prender o riso, deu de si e quebrou, obrigando-me a pedir uma consulta urgente ao meu dentista. Desde o Lipcsei que a Hungria nunca me tinha dado tanta vontade de rir.
Coração de Durão
Continuando a nossa incursão pela Feira de Arte Contemporânea de Madrid (Arco), uma referência para o país convidado da edição deste ano: a Áustria. A nação conhecida pelos alemães como "o povo que caga do alto das montanhas" esteve representada por várias galerias interessantes, incluindo a Eugen Lendl, que apresentou uma peça que nos chamou a atenção.
Trata-se de uma figura bizarra que dispensa maiores descrições do que as depreendidas da foto acima. Dizer apenas que o sujeito deitado no chão (uma clara representação de um membro do Núcleo Duro após um dos nossos jantares monumentais) tinha um coração a palpitar no meio das suas roupas vazias de corpo.
A interpretação que gostamos de dar a esta estranha obra é a de que tem a seguinte moral: "por trás deste aspecto de grunho que tem o durão, meninas, também bate um coração". E há-de bater sempre duro, sempre núcleo! Ainda mais agora que acabámos de receber a confirmação de que Ernesto será em breve pai da mais nova mascote do Núcleo - um varão que receberá o nome de Ernestinho. Viva o Ernesto! Viva a Ernesta! Viva o Ernestinho!!! Viva o Núcleo!
sexta-feira, maio 12, 2006
Já está no ar o site oficial do Grande Enorme Imenso Jogo do Mundial do Núcleo Duro. (Em breve, todos os posts aqui publicados sobre o assunto serão transferidos para lá)
Manos artistas
Stevie Wonder, cantor cómico
Eddie Murphy, actor cego
Vem isto a propósito de uma frase célebre que ainda permanece como símbolo de resistência última perante os invasores e a opressão. O Núcleo sabe que o próprio Gabo chegou a pensar concluir o seu livro "Ninguém escreve ao Coronel" com essa expressão sibilina que nasceu a poucos metros do Tromba Rija e da Matilde Noca.
Nos idos de 70, o União de Leiria, hoje vetusto clube da primeira liderado pelo não menos vetusto e venerável João Bartolas, competia na zona centro da II divisão (antes dessas paneleirices da B, A, Y ou Honra) ao lado de outros grandes emblemas de nomeada como o Recreio de Águeda, o Benfica de Castelo Branco, o Mirense ou o Marialvas. Entre esses nomes grandes do desporto nacional, um clube de bairro, de uma periferia pequenina de Leiria denominada Marrazes, competia de igual para igual com esses outros clubes, como um Davidezinho de funda contra Golias armados de brasileiros importados.
Num jogo célebre em casa onde o Marrazes (Sport Leiria e Marrazes, mais concretamente) perdia copiosamente por muitos a nasceu aquele que ficou como um dos maiores gritos de guerra da pós-modernidade. Eram tantos os golos marcados pelo adversário (tantos que a memória dos homens já diluiu) que, a poucos minutos do final da segunda parte, um dos apoiantes da equipa da casa, vindo do bar junto à bilheteira acercou-se do megafone do campo e gritou, a pleno pulmões:
"VAMOS EMBORA MARRAZES QUE AINDA HÁ ESPERANÇA"
Esse grito parou o jogo e o tempo bem como a senhora que vendia pevides e bolos de amendoim. Os jogadores da casa olharam para o adepto e, confortados pelo alento, sorriram. A assistência suspendeu a respiração, num respeito venerando daquele camarada que tentou tocar o rosto do divino com uma frase. O próprio árbitro estacou, procurando entre a multidão o autor daquele ipiranga marrazense, que nasceu daquela massa operária que vivia as agruras do trabalho calejado em fábricas de plásticos sem etiqueta.
Entretanto, e como o árbitro não interrompeu a partida, um avançado da equipa contrária desferiu um remate colocado a que o guarda-redes do Marrazes nem sequer respondeu porque também estava a olhar para a bancada.
PS: É como eu me sinto em mais uma tentativa de regresso a este panteão do livre-pensamento (com excepção do Ernesto, que tem uma filha, e do Carcaça que não tem) internacional (isto é só porque um dos gajos está em Espanha, exilado político à semelhança dos nossos emigras do Canadá). Já sobre o Tiberius e o melhor-jogador-depois-do-Maradona as piadinhas seguem mais tarde.
quinta-feira, maio 11, 2006
Ando com uma música na cabeça há para aí dois dias. A música não é nada cool, não é sequer nada doutro mundo, se o elemento mais intelectual (DJ Carcaça) ou mais elitista (Ernesto) do Núcleo soubessem de quem a música é e de onde ela vem, dava-lhes um faniquito.
Mas pronto, ainda por cima não é a música toda, é só uma parte, meia dúzia de versos que estão em circulação contínua na jukebox da minha cabeça, e não consigo tirá-los de lá, e os versos são giros, e a ver se escrevendo consigo exorcizá-los:
Somebody once asked could I spare some change for gas
I need to get myself away from this place
I said yeah, what a concept, I could use a little fuel myself
And we could all use a little change
Oh merda. A música ainda não me saiu daqui.
Os Pão no seu melhor
Nos seus tempos áureos, os Pão e Circo - a mítica banda que sintetizou o hip-hop punk ao jazz de fusão dando origem ao trip-hip rock blues pós-moderno - correram o mundo, tendo os seus membros de se separarem e atacar várias frentes em simultâneo.
O documento que se segue mostra Ernesto - também conhecido como a "caixa de ritmos" dos Pão e Circo - numa actuação a solo para um canal de televisão francês. Quando este programa foi gravado, Vostradeis encontrava-se a divulgar a banda no Japão, enquanto DJ Carcaça percorria os Estados Unidos "coast to coast" numa memorável digressão - o Carcaça Tour 2003.
Ver vídeo
sábado, maio 06, 2006
SeniLidl
Um septuagenário aborda um peruano na fila do Lidl, em Cuatro Caminos (Madrid):
- No outro dia, veio um sul-americano como tu e pediu-me uma moeda. Digo que era sul-americano porque tinha a pele mais morena que a minha, por isso creio que era sul-americano. Pediu-me uma moeda e a seguir disse-me que por 50 euros deitava-se comigo. Eu pensei: "Madre mia! Será cabrón!?"
- "Qué cabrón!" - respondeu o peruano com um sorriso, concordando com a cabeça.
- Não digo isto por ele ser sul-americano, que também os há que gostam de trabalhar e tudo. Os de cá são a mesma merda. Só fiquei espantado porque foi a primeira vez que isto me aconteceu. Não tem a ver com ele ser sul-americano, ou russo, ou checoslovaco... Estes também... Máfias não há como a russa e a checoslovaca. Esses países estiveram na guerra, mas aquela gente não se habituou a trabalhar. Eu também estive na guerra, mas eu sim habituei-me a trabalhar. Que aquilo na tropa espanhola trabalhava-se a sério. Ainda tenho notícia de uns "chavales" que andaram comigo na tropa, mas quase todos viraram uns bêbados de primeira. Muitos morreram com problemas de álcool. Os outros ainda andam aí pelos cantos, "borrachos" que nem uns "cabrones"...
sexta-feira, maio 05, 2006
Os filósofos de parede espanhóis rebelam-se contra a monarquia, o clero e a solidão (não necessariamente por esta ordem).
Nos tapumes de uma obra em Cartagena, região de Múrcia
EL OBISPO VIVE JUNTO AL PODER Y EL DINERO EN MURCIA
Noutros muros espalhados pela mesma cidade
QUE VUELVA LA CARTAGENA REPUBLICANA
I LOVE MY LIFE BECOUS MY LIFE ARE YOU EVA
LA LUCHA NOS DA LO K EL SISTEMA NOS KITA
TAMARA, LA PISTOLERA
O nosso homem nos Urais
O nosso Rasputin, o nosso Kropotkin, o nosso Pushkin, o nosso Tartovski, o nosso Belanov, o nosso Kirilenko, já tem um blog.
O excelentíssimo José Milhazes passou a escrever regularmente um blog chamado Da Rússia. Tratando-se de um país de vodkomaníacos, gajas boas e magnatas que em vez de gastar dinheiro a ajudar os pobrezinhos são mas é espertos e compram clubes ingleses de futebol, a coisa é boa e o Núcleo apoia.
Webmaster Vostra: toca de acrescentar um link aí ao lado.
PS: é proibido fazer piadinhas com trocadilhos do género "Da Rússia, com amor". Não tem graça. Está velho. Batido. É fraco. Pelo menos desde 1976 que colar "com amor" a qualquer coisa que tenha a ver com a Rússia já não tem graça. Não se metam nisso.
PS2: Aos façanhudos do Carcaça, do Ernesto e do Cablogue: ou mandam a merda dos palpites para o Grande, Enorme Jogo do Mundial, ou um dos próximos posts do Milhazes terá como título
"Encontrados na Sibéria restos mortais de indivíduo torturado até à morte com ferros quentes pela mafia russa por não ter enviado as suas palpitagens para o Grande, Enorme Jogo com a antecedência devida".
Irmãos separatistas
José Wilker, lehendakari brasileiro
Juan José Ibarretxe, actor de telenovelas bascas
quinta-feira, maio 04, 2006
As emborcações de Cablogue
Em primeira mão mundial, o Núcleo revela: Camilo Castelo Branco era o Nostradamus português. Nos seus escritos ele deixou mensagens codificadas sobre grandes personagens do futuro (os membros do Núcleo). Só agora e recorrendo à mais alta tecnologia é que foi possível descodificar os seus escritos.
Castelo Branco, em foto de arquivo
No trecho que se segue, por exemplo, Camilo usou as palavras de código "inglês" ou "bretão". Mas qualquer leitor atento percebe a quem Camilo se referia: El Cablogue.
"Que fibras de raça aquela! É que a carne de um Cablogue diverge muito da carnadura da restante Europa. O antropólogo Topinard observou que a mortandade nos hospitais de Marrazes, em seguimento às operações cirúrgicas, era muito menor que nos hospitais franceses.
(...)
A razão científica é esta: emborcações de bebidas ácidas, e mormente de cerveja, combatem, como coadjuvantes do acido fénico, a gangrena; ora, o Cablogue, abeberado de cerveja, é refractário à podridão dos hospitais.
(...)
Cablogue, em foto de arquivo
O Cablogue não pode morrer por ingestão alcoólica. Se quer suicidar-se com instrumento líquido, tem de asfixiar-se, afogar-se no tonel como o lendário Lord. Ele é imortal, absorvendo; e só pode morrer - absorvido. Estranho animal! E é senhor das águas e das melhores garrafeiras!
O destino, pela tuba sonorosa de Camões, disse ao Cablogue:
Entre no reino d'água o rei do vinho.
Que litros de Porto envenenado se calculam eficazes para degenerar um Cablogue até à dispepsia e às agonias da morte?"
Nota final para o Cablogue: ou mandas depressa os palpites para o Grande, Enorme, etc. ou publico as partes mais escandalosas (com fotografias) do Camilo Code.
segunda-feira, maio 01, 2006
Querem mobília, vão à Moviflor
Personalidades várias da esquerda portuguesa, em foto de arquivo
Manuel Alegre é uma gaveta fechada."
Miguel Portas, Bloco Esquerdalho
"Serei uma gaveta fechada, mas com um milhão de votos lá dentro. O Bloco será uma gaveta aberta com um grande buraco."
Manuel Alegre, gaveta fechada
O Núcleo vem aqui demonstrar a sua insatisfação pelo plágio desavergonhado que esta gentalha do reviralho esquerdalho anda a fazer da nossa linguagem. O grande debate com insultos mobiliários já foi feito no Núcleo. Escusam de andar para aí a assanhar-se com gavetas, que o Núcleo já foi muito mais longe, como esta transcrição de um debate recente comprova:
Vostradeis: O DJ Carcaça é uma estante vazia, só há pó naquelas prateleiras.
DJ Carcaça: O Vostra é uma mesa daquelas que se vendem nos armazéns capitalistas do Ikea, coxa de uma perna, tudo má construção chinesa.
Ernesto: Eu queria ser uma cama. De molas, como aquela que a minha vizinha faz ranger.
El Cablogue: Sempre me achei uma cómoda Luís XVI, com acabamentos em mogno e madrepérola.
Tiberius: Vocês são todos uns sofás dos ciganos: moles e desconfortáveis.
Zizou: Eu sou um frigorífico, para toda a gente poder meter a comidinha cá dentro.
Membros do Núcleo, em foto de arquivo
Tiberius: Oh Zizou, frigorífico não conta como mobiliário. Isso é um electrodoméstico.
Zizou: Ah, hmmm... Então eu sou uma despensa.
Tiberius: Isso é uma divisão da casa. Também não é mobília.
Zizou: Então pronto, sou uma cadeira.
Malucos por Futebol
Que semelhanças há entre uma família de nómadas da Mongólia, uma caravana de tuaregues no deserto do Sahara e uma tribo de índios da Amazónia? No dia-a-dia, muito pouca coisa, à parte o facto de viverem em zonas remotas do planeta. Mas, quatro vezes por ano, muito mais do que isso!
O filme A Grande Final, de Gerardo Olivares, relata as peripécias de gente empenhada em assistir à final do Mundial Coreia-Japão 2002, entre Alemanha e Brasil... e mostra como para algumas pessoas isso pode ser uma tarefa bem mais complicada do que para a maioria de nós.
Uma comédia quase documental com situações tão credíveis como hilariantes, interpretadas por "actores" espontâneos que fazem de si próprios.