Os Santos do Núcleo
6. Santo Orlando
Orlando Inácio dos Santos. O nome que lhe deram quando nasceu não enganava. Era o augúrio de uma vida de santidade, que ao longo dos anos se confirmou nos excepcionais feitos deste bem-aventurado. A penúria, o jejum... o acto magnânimo do roubo em nome de uma causa maior. Santo Orlando, o santo que arriscou a vida para realizar o milagre do desaparecimento da cachaça logo a seguir ao do sumiço do fio-dental. Deixe-se impressionar com a emoção da sua oratória. Aleluia! (hic...):
quinta-feira, setembro 15, 2011
quarta-feira, setembro 14, 2011
Sentença de 1587 - Trancoso, Portugal.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo
SENTENÇA PROFERIDA EM 1587 NO PROCESSO CONTRA O PRIOR DE TRANCOSO
(Autos arquivados na Torre do Tombo, armário 5, maço 7)
"Padre Francisco da Costa, prior de Trancoso, de idade de sessenta e dois anos,
será degredado de suas ordens e arrastado pelas ruas públicas nos rabos
dos cavalos, esquartejado o seu corpo e postos os quartos, cabeça e
mãos em diferentes distritos, pelo crime que foi arguido e que ele mesmo
não contrariou, sendo acusado de ter dormido com vinte e nove afilhadas e tendo delas noventa e sete filhas e trinta e sete filhos;
de cinco irmãs teve dezoito filhas;
de nove comadres trinta e oito filhos e dezoito filhas;
de sete amas teve vinte e nove filhos e cinco filhas;
de duas escravas teve vinte e um filhos e sete filhas;
dormiu com uma tia, chamada Ana da Cunha, de quem teve três filhas.
Total: duzentos e noventa e nove,
sendo duzentos e catorze do sexo feminino e oitenta e cinco do sexo masculino, tendo concebido em cinquenta e três mulheres".
Não satisfeito tal apetite, o malfadado prior, dormia ainda com um escravo adolescente de nome Joaquim Bento, que o acusou de abusar em seu vaso nefando noites seguidas quando não lá estavam as mulheres.
Acusam-lhe
ainda dois ajudantes de missa, infantes menores que lhe foram
obrigados a servir de pecados orais, completos e nefandos, pelos quais
se culpam em defeso de seus vasos intocados, apesar da malícia exigente
do malfadado prior.
[agora vem o inesperado:]
"El-Rei
D. João II lhe perdoou a morte e o mandou pôr em liberdade aos
dezessete dias do mês de Março de 1587, com o fundamento de ajudar a
povoar aquela região da Beira Alta, tão despovoada ao tempo e, em
proveito de sua real fazenda, o condena ao degredo em terras de Santa
Cruz, para onde segue a viver na vila da Baía de Salvador como colaborador de povoamento português. El-rei ordena ainda guardar no Real Arquivo esta sentença, devassa e mais papéis que formaram o processo".