And now...
... Notas da Nova Albion
2. Cristiano Ronaldo
O Manchester United é líder na Premier League, graças à vitória sobre o Everton (3-2). Um dos jogadores em destaque nessa partida foi o português Cristiano Ronaldo. A equipa deposita grandes esperanças neste jovem de apenas 18 anos, apesar de não ter vindo a aproveitar da melhor forma a maior parte das oportunidades que lhe têm sido dadas este ano. Com um jogo marcadamente individualista, Ronaldo precisa ainda desenvolver o sentido colectivo que o futebol moderno exige. Se os seus passes atingirem um dia metade da qualidade das fintas, já não era nada mau.
Mas esta jornada, as coisas correram bem. Hoje comprei o The Independent e o título da crónica de jogo atestava isso mesmo: "Ronaldo mantém United no topo". A exibição do português foi muito saudada nesse jornal, que passo a citar:
"O United (...) arrancou finalmente uma performance de Cristiano Ronaldo, que restaurou em parte uma reputação que sofreu com muitos dias maus. O 'júri' está ainda a avaliar o jovem de 18 anos, que às vazes parece um sôfrego número de circo, com as suas fintas gratuitas e sobre-elaboradas. Mas quando o cérebro engrena, a sua habilidade para rasgar espaço com os seus pés-relâmpago pode abrir a mais parcimoniosa defesa.
"Ele fez alguns jogos fantásticos, especialmente contra o Charlton, no início da época", disse (o treinador Alex) Ferguson. "Hoje ele foi maravilhoso". Gary Neville, capitão do United foi ainda mais entusiástico. "Ele foi brilhante, um perigo constante", disse. "Ele quer a bola o tempo todo, e não importa o que ele faça, se perde a bola ou sofre falta, ele volta para mais. É um jogador bravo em todos os sentidos".
A primeira parte pertenceu a Kleberson; a segunda foi de Ronaldo e o jogo girou à sua volta. Os seus dribles proporcionaram a (Wayne) Rooney a sua única intervenção de registo no jogo - a sua admoestação - antes de devastar completamente Tony Hibbert e entregar um cruzamento que merecia melhor do que a cabeçada esbanjadora de Bellion sobre a barra. Qualquer um que tenha prestado atenção a Ronaldo pode atestar da sua disponibilidade e perseverança, que deram frutos aos 67 minutos. Ele deslizou uma vez mais sobre a investida de Hibbert e desta vez cruzou ao primeiro poste, onde Bellion apareceu a colocar a bola no fundo da rede."
domingo, dezembro 28, 2003
quarta-feira, dezembro 24, 2003
And now…
… Notas da Nova Albion
1. Louis Theroux
O gajo é louco, não há dúvida. Faz uns documentários para a BBC sobre realidades sociais delicadas, mas com um estilo algo satírico, recheado de ironia. Uma espécie de Michael Moore britânico. Entrar numa casa de skin-heads e começar a provocá-los com perguntas como "Seria um problema para vocês se eu fosse um judeu?" ou "Considera-se realmente mais atraente do que Denzel Washington?" não é para qualquer um. Theroux fez isso no episódio desta semana "Louis and the Nazis", em que foi até à Califórnia para entrevistar alguns dos mais famosos neo-nazis na América, incluindo Tom Metzger e April Gaede.
A estratégia dele é sempre a mesma. Entra de forma amigável e põe os indivíduos a falar aberta e orgulhosamente sobre as suas convicções, de repente começa a picá-los, a confrontá-los com as suas contradições. O resultado é invariavelmente despertar a ira e terminar odiado pelas pessoas que entrevista. Theroux perde descaradamente a isenção quando resolve atirar a uma mãe que confessa estar a incutir o racismo nas suas filhas: "Já pensou em procurar ajuda médica, tartar-se com um psiquiatra?"; e mais ainda quando afirma abertamente: "Você está errada. A civilização moderna está do meu lado". Consegue, de facto, bons programas de televisão, pela sua ousadia, mas desperdiça talvez a oportunidade de fazer bons documentários.
Mas, quem gosta do estilo, pode facilmente encontrar em vídeo ou DVD os programas da série que o celebrizou, "Weird Weekends", ou ir a um bom site para saber um pouco mais.
… Notas da Nova Albion
1. Louis Theroux
O gajo é louco, não há dúvida. Faz uns documentários para a BBC sobre realidades sociais delicadas, mas com um estilo algo satírico, recheado de ironia. Uma espécie de Michael Moore britânico. Entrar numa casa de skin-heads e começar a provocá-los com perguntas como "Seria um problema para vocês se eu fosse um judeu?" ou "Considera-se realmente mais atraente do que Denzel Washington?" não é para qualquer um. Theroux fez isso no episódio desta semana "Louis and the Nazis", em que foi até à Califórnia para entrevistar alguns dos mais famosos neo-nazis na América, incluindo Tom Metzger e April Gaede.
A estratégia dele é sempre a mesma. Entra de forma amigável e põe os indivíduos a falar aberta e orgulhosamente sobre as suas convicções, de repente começa a picá-los, a confrontá-los com as suas contradições. O resultado é invariavelmente despertar a ira e terminar odiado pelas pessoas que entrevista. Theroux perde descaradamente a isenção quando resolve atirar a uma mãe que confessa estar a incutir o racismo nas suas filhas: "Já pensou em procurar ajuda médica, tartar-se com um psiquiatra?"; e mais ainda quando afirma abertamente: "Você está errada. A civilização moderna está do meu lado". Consegue, de facto, bons programas de televisão, pela sua ousadia, mas desperdiça talvez a oportunidade de fazer bons documentários.
Mas, quem gosta do estilo, pode facilmente encontrar em vídeo ou DVD os programas da série que o celebrizou, "Weird Weekends", ou ir a um bom site para saber um pouco mais.
domingo, dezembro 21, 2003
A vida sexual dos ingleses é como o Mundial de futebol: acontece só de quatro em quatro anos e o resultado quase nunca é satisfatório.
quinta-feira, dezembro 18, 2003
lá lá lá
Precisando ir a Viseu, e com boleia garantida para o regresso a Aveiro, meti-me num autocarro. A minha ideia era ir a ler o jornal durante a hora e pouco de viagem, mas houve obstáculos à minha concentração. Ei-los:
"Thank god is christmas, lá lá lá lá lá lá......"
"Last christmas, i gave you my hart, and the very next day" etc etc etc
...
...
...
Foi hora e meia com o rádio ligado a passar música de elevador, e o que é pior, música de elevador de Natal.
Precisando ir a Viseu, e com boleia garantida para o regresso a Aveiro, meti-me num autocarro. A minha ideia era ir a ler o jornal durante a hora e pouco de viagem, mas houve obstáculos à minha concentração. Ei-los:
"Thank god is christmas, lá lá lá lá lá lá......"
"Last christmas, i gave you my hart, and the very next day" etc etc etc
...
...
...
Foi hora e meia com o rádio ligado a passar música de elevador, e o que é pior, música de elevador de Natal.
Grande Nick
Experimentem ver um filme com o Nick Nolte sem legendas. Vi ontem o The Good Thief, do Neil Jordan, num DVD não legendado. "Bugtr mnumn iumn shutremnhb vde bamnmnmn umm Monte Carlo" é o que se percebe do Nick Nolte. Os outros personagens são franceses e argelinos a falar em inglês e também não se percebe muito bem o que dizem. O filme parece bom... mas não posso garantir!
Experimentem ver um filme com o Nick Nolte sem legendas. Vi ontem o The Good Thief, do Neil Jordan, num DVD não legendado. "Bugtr mnumn iumn shutremnhb vde bamnmnmn umm Monte Carlo" é o que se percebe do Nick Nolte. Os outros personagens são franceses e argelinos a falar em inglês e também não se percebe muito bem o que dizem. O filme parece bom... mas não posso garantir!
terça-feira, dezembro 16, 2003
Tanto para ensinar ao mundo
Cheguei hoje a Londres e comecei logo a sentir saudades do nosso mal-amado Portugal, país que muitos classificam injustamente de terceiro-mundista. Isto porque, na estação de comboios de Kings Cross, perdi o comboio para Ely que partia às 13h00, só porque cheguei à plataforma respectiva às 13h05, o que me obrigou a esperar 40 longos minutos pelo comboio seguinte.
Nunca é demais sublinhar - e atirar à cara desses profetas da desgraça que só sabem dizer mal do país - que essa situação teria sido evitada se a CP administrasse os comboios ingleses. Nesta companhia tão criticada, mas que é na verdade um exemplo para qualquer país evoluído, o comboio das 13h00 nunca parte antes das 13h20, evitando assim correrias e tempos de espera desnecessários.
Cheguei hoje a Londres e comecei logo a sentir saudades do nosso mal-amado Portugal, país que muitos classificam injustamente de terceiro-mundista. Isto porque, na estação de comboios de Kings Cross, perdi o comboio para Ely que partia às 13h00, só porque cheguei à plataforma respectiva às 13h05, o que me obrigou a esperar 40 longos minutos pelo comboio seguinte.
Nunca é demais sublinhar - e atirar à cara desses profetas da desgraça que só sabem dizer mal do país - que essa situação teria sido evitada se a CP administrasse os comboios ingleses. Nesta companhia tão criticada, mas que é na verdade um exemplo para qualquer país evoluído, o comboio das 13h00 nunca parte antes das 13h20, evitando assim correrias e tempos de espera desnecessários.
sexta-feira, dezembro 12, 2003
quarta-feira, dezembro 10, 2003
De onde é que eu sou
A interrogação mais difícil que alguém que acaba de me conhecer pode fazer: "és de onde?" E como me fazem essa pergunta! Basta ouvirem um minutinho da miscelânea que é o meu sotaque. "És de onde?" É certinho.
Como responder a isto? Para a maior parte das pessoas é fácil. Mas eu, bem... a verdade é que não minto se disser que sou de Angola. Foi lá que nasci e, embora fosse ainda um bebé quando em 1975 a minha família foi forçada a deixar o país - por razões sobre as quais não reza esta crónica - meus pais fizeram questão de me incutir uma forma de estar na vida definitivamente africana. Tenho gindungo no sangue, diria.
Passei toda a minha infância e parte da adolescência no Brasil, até aos 15 anos. Foi ali que me formei como pessoa, onde aprendi aquilo que era importante na vida, onde tive os meus primeiros amigos, os meus primeiros amores. Impossível negá-lo: sou brasileiro. "Onde é que viveste no Brasil?" é a segunda pergunta mais difícil que me podem fazer. É que meu pai, por motivos profissionais, estava sempre a mudar de cidade, e nós com ele. Passámos pelo Rio de Janeiro, São Paulo (onde nasceu a minha primeira irmã), Belo Horizonte, Mococa, Ribeirão Preto (onde nasceu a minha segunda irmã), e até estivemos cinco anos na Amazónia - ainda hoje ecoam na minha memória as grasnadas dos bandos de tucanos e araras que pairavam sobre a selva cheirosa ao fim da tarde.
Desde muito cedo, habituei-me à ideia de que, por onde quer que passasse, não era dali, embora isso, para mim, tivesse pouco significado. A verdade é que os termos aprendidos em casa com os meus pais valeram-me, entre os meus amiguinhos, a alcunha de "português", que eu aceitava com muito orgulho. O que me arrancou às terras de Veracruz foi algo de muito forte. Grande parte da família estava em Portugal. Mais do que aquilo que busca a maior parte dos emigrantes, pois nunca passámos por dificuldades no Brasil, o que nos trouxe, em 1990, para solo lusitano foi o apelo das nossas raízes, profundamente cravadas no Algarve: meus avós são todos de Portimão. Quatro anos nessa cidade chegaram para assimilar algo da maneira de falar da província mais meridional do país, o suficiente para confundir quem quer que tentasse adivinhar a minha origem.
Isso foi posto à prova com êxito em Coimbra, durante os quatro anos do curso de Jornalismo, anos vividos com muita intensidade, em que me formei profissionalmente, em que conheci aqueles que são hoje os meus melhores amigos, em que encontrei o maior amor da minha vida. Voltar à "Lusa Atenas" terá sempre para mim um sabor muito especial.
Algo semelhante sinto ao voltar à Finlândia, onde estudei um ano no programa Erasmus, experiência também muito intensa, que me ensinou muito sobre o ser humano, e onde aprendi que a comunicação por vezes se realiza por formas inesperadas, que transcendem a língua, e percebi que a minha pátria pode ser qualquer uma que me aceite como cidadão e me dê condições de vida justas. Ali conheci um povo fascinante, que se organiza na base do respeito mútuo e da honestidade, um modelo de país no qual sonho viver um dia.
Hoje estou em Lisboa, onde me iniciei profissionalmente há já quatro anos, e onde tenho conhecido pessoas extraordinárias (e outras "extra ordinárias") e alguns verdadeiros amigos. É aqui que me estou, aos poucos, a estabelecer e, num certo sentido, já me sinto também um pouco lisboeta.
Dada a importância que esses sítios tiveram para fazer de mim aquilo que sou hoje, acho que a única maneira de responder de forma honesta e abrangente à pergunta do início deste texto é: "sou desses lugares todos e de todos aqueles por que irei passar".
"As Identidades Assassinas"
A respeito disto, Amin Maalouf, escritor francês nascido no Líbano, autor do livro "As Identidades Assassinas", explica de forma muito aproximada aquilo que gostaria de dizer sempre que me perguntam o que sou:
«Desde que deixei o Líbano, em 1976, para me instalar em França, perguntam-me inúmeras vezes, com as melhores intenções do mundo, se me sinto "mais francês" ou "mais libanês". Respondo invariavelmente: "um e outro!" Não por qualquer desejo de equilíbrio ou equidade, mas porque, se respondesse de outro modo, estaria a mentir. Aquilo que faz que eu seja eu e não outrem é o facto de me encontrar na ombreira de dois países, de duas ou três línguas, de várias tradições culturais. É isso precisamente que define a minha identidade. Tornar-me-ia mais autêntico se amputasse uma parte de mim mesmo?
(...) Metade francês e metade libanês? De modo algum! A identidade não se compartimenta, não se reparte em metades, nem em terços, nem se delimita em margens fechadas. Não tenho várias identidades, tenho apenas uma, feita de todos os elementos que a moldaram, segundo uma "dosagem" particular que nunca é a mesma de pessoa para pessoa.
(...) Quando perguntam o que sou "bem no fundo de mim mesmo", isso pressupõe que existe "bem no fundo" de cada um de nós, uma única pertença que conta, uma espécie de "verdade profunda" de cada um, a sua "essência", determinada de uma vez por todas à nascença e que nunca se alterará; como se o resto, todo o resto - a sua trajectória de homem livre, as convicções adquiridas, a sua sensibilidade própria, as suas afinidades, a sua vida, em suma -, não contasse para nada.»
Nesse livro, Maalouf parte do seu caso particular para elaborar um brilhante ensaio, em que ridiculariza a loucura colectiva que, todos os dias, e por todo o mundo, leva os homens a matarem-se em nome da sua "identidade". «Quando se incita os nossos contemporâneos a "afirmarem a sua identidade", como tão frequentemente se faz hoje em dia, o que se lhes diz desse modo é que devem reencontrar no seu íntimo essa pretendida pertença fundamental, muitas vezes religiosa ou nacional, racial ou étnica, e brandi-la orgulhosamente na cara dos outros. (...) por toda a parte se faz sentir a necessidade de uma reflexão serena e global sobre a melhor maneira de domesticar a besta identitária».
A interrogação mais difícil que alguém que acaba de me conhecer pode fazer: "és de onde?" E como me fazem essa pergunta! Basta ouvirem um minutinho da miscelânea que é o meu sotaque. "És de onde?" É certinho.
Como responder a isto? Para a maior parte das pessoas é fácil. Mas eu, bem... a verdade é que não minto se disser que sou de Angola. Foi lá que nasci e, embora fosse ainda um bebé quando em 1975 a minha família foi forçada a deixar o país - por razões sobre as quais não reza esta crónica - meus pais fizeram questão de me incutir uma forma de estar na vida definitivamente africana. Tenho gindungo no sangue, diria.
Passei toda a minha infância e parte da adolescência no Brasil, até aos 15 anos. Foi ali que me formei como pessoa, onde aprendi aquilo que era importante na vida, onde tive os meus primeiros amigos, os meus primeiros amores. Impossível negá-lo: sou brasileiro. "Onde é que viveste no Brasil?" é a segunda pergunta mais difícil que me podem fazer. É que meu pai, por motivos profissionais, estava sempre a mudar de cidade, e nós com ele. Passámos pelo Rio de Janeiro, São Paulo (onde nasceu a minha primeira irmã), Belo Horizonte, Mococa, Ribeirão Preto (onde nasceu a minha segunda irmã), e até estivemos cinco anos na Amazónia - ainda hoje ecoam na minha memória as grasnadas dos bandos de tucanos e araras que pairavam sobre a selva cheirosa ao fim da tarde.
Desde muito cedo, habituei-me à ideia de que, por onde quer que passasse, não era dali, embora isso, para mim, tivesse pouco significado. A verdade é que os termos aprendidos em casa com os meus pais valeram-me, entre os meus amiguinhos, a alcunha de "português", que eu aceitava com muito orgulho. O que me arrancou às terras de Veracruz foi algo de muito forte. Grande parte da família estava em Portugal. Mais do que aquilo que busca a maior parte dos emigrantes, pois nunca passámos por dificuldades no Brasil, o que nos trouxe, em 1990, para solo lusitano foi o apelo das nossas raízes, profundamente cravadas no Algarve: meus avós são todos de Portimão. Quatro anos nessa cidade chegaram para assimilar algo da maneira de falar da província mais meridional do país, o suficiente para confundir quem quer que tentasse adivinhar a minha origem.
Isso foi posto à prova com êxito em Coimbra, durante os quatro anos do curso de Jornalismo, anos vividos com muita intensidade, em que me formei profissionalmente, em que conheci aqueles que são hoje os meus melhores amigos, em que encontrei o maior amor da minha vida. Voltar à "Lusa Atenas" terá sempre para mim um sabor muito especial.
Algo semelhante sinto ao voltar à Finlândia, onde estudei um ano no programa Erasmus, experiência também muito intensa, que me ensinou muito sobre o ser humano, e onde aprendi que a comunicação por vezes se realiza por formas inesperadas, que transcendem a língua, e percebi que a minha pátria pode ser qualquer uma que me aceite como cidadão e me dê condições de vida justas. Ali conheci um povo fascinante, que se organiza na base do respeito mútuo e da honestidade, um modelo de país no qual sonho viver um dia.
Hoje estou em Lisboa, onde me iniciei profissionalmente há já quatro anos, e onde tenho conhecido pessoas extraordinárias (e outras "extra ordinárias") e alguns verdadeiros amigos. É aqui que me estou, aos poucos, a estabelecer e, num certo sentido, já me sinto também um pouco lisboeta.
Dada a importância que esses sítios tiveram para fazer de mim aquilo que sou hoje, acho que a única maneira de responder de forma honesta e abrangente à pergunta do início deste texto é: "sou desses lugares todos e de todos aqueles por que irei passar".
"As Identidades Assassinas"
A respeito disto, Amin Maalouf, escritor francês nascido no Líbano, autor do livro "As Identidades Assassinas", explica de forma muito aproximada aquilo que gostaria de dizer sempre que me perguntam o que sou:
«Desde que deixei o Líbano, em 1976, para me instalar em França, perguntam-me inúmeras vezes, com as melhores intenções do mundo, se me sinto "mais francês" ou "mais libanês". Respondo invariavelmente: "um e outro!" Não por qualquer desejo de equilíbrio ou equidade, mas porque, se respondesse de outro modo, estaria a mentir. Aquilo que faz que eu seja eu e não outrem é o facto de me encontrar na ombreira de dois países, de duas ou três línguas, de várias tradições culturais. É isso precisamente que define a minha identidade. Tornar-me-ia mais autêntico se amputasse uma parte de mim mesmo?
(...) Metade francês e metade libanês? De modo algum! A identidade não se compartimenta, não se reparte em metades, nem em terços, nem se delimita em margens fechadas. Não tenho várias identidades, tenho apenas uma, feita de todos os elementos que a moldaram, segundo uma "dosagem" particular que nunca é a mesma de pessoa para pessoa.
(...) Quando perguntam o que sou "bem no fundo de mim mesmo", isso pressupõe que existe "bem no fundo" de cada um de nós, uma única pertença que conta, uma espécie de "verdade profunda" de cada um, a sua "essência", determinada de uma vez por todas à nascença e que nunca se alterará; como se o resto, todo o resto - a sua trajectória de homem livre, as convicções adquiridas, a sua sensibilidade própria, as suas afinidades, a sua vida, em suma -, não contasse para nada.»
Nesse livro, Maalouf parte do seu caso particular para elaborar um brilhante ensaio, em que ridiculariza a loucura colectiva que, todos os dias, e por todo o mundo, leva os homens a matarem-se em nome da sua "identidade". «Quando se incita os nossos contemporâneos a "afirmarem a sua identidade", como tão frequentemente se faz hoje em dia, o que se lhes diz desse modo é que devem reencontrar no seu íntimo essa pretendida pertença fundamental, muitas vezes religiosa ou nacional, racial ou étnica, e brandi-la orgulhosamente na cara dos outros. (...) por toda a parte se faz sentir a necessidade de uma reflexão serena e global sobre a melhor maneira de domesticar a besta identitária».
sexta-feira, dezembro 05, 2003
Estava aqui a pensar...
Amnésia é um gajo não se lembrar do que é o clítoris, depois de ter estado várias vezes com a resposta na ponta da língua.
Amnésia é um gajo não se lembrar do que é o clítoris, depois de ter estado várias vezes com a resposta na ponta da língua.
quinta-feira, dezembro 04, 2003
Pastéis de vento
pérolas da sabedoria zen
Nada é impossível para uma mente disposta. Excepto fazer descolar um avião da Yes.
pérolas da sabedoria zen
Nada é impossível para uma mente disposta. Excepto fazer descolar um avião da Yes.
terça-feira, dezembro 02, 2003
Estava aqui a pensar...
Em Inglaterra, quem conduz o carro é o passageiro.
Em Inglaterra, quem conduz o carro é o passageiro.
sexta-feira, novembro 28, 2003
Doh!
Num espírito de serviço público, este blog revela os nomes completos da família Simpson:
Homer Jay Simpson
Marjorie Bouvier Simpson
Bartholomew Jo-Jo Simpson
Lisa Marie Simpson
Margaret Simpson
Como bónus, aí está o nome completo do dono do Kwik-E-Mart:
Apu Nahasapeemapetilon
E como segundo bónus, aqui estão as três frases que, segundo Homer J. Simpson, podem ser utilizadas para resolver qualquer situação difícil na vida:
* Cover for me!
* Oh, good idea, boss!
* It was like that when I got here.
Num espírito de serviço público, este blog revela os nomes completos da família Simpson:
Homer Jay Simpson
Marjorie Bouvier Simpson
Bartholomew Jo-Jo Simpson
Lisa Marie Simpson
Margaret Simpson
Como bónus, aí está o nome completo do dono do Kwik-E-Mart:
Apu Nahasapeemapetilon
E como segundo bónus, aqui estão as três frases que, segundo Homer J. Simpson, podem ser utilizadas para resolver qualquer situação difícil na vida:
* Cover for me!
* Oh, good idea, boss!
* It was like that when I got here.
quarta-feira, novembro 26, 2003
O que é que o cu tem a ver com as calças
Ontem passou na tv uma xaropada chamada no original I am Sam (o Sean Penn muito convincente a fazer de atrasado mental - bastou-lhe decorar as deixas). Em português a coisa chama-se A Força do Amor.
Curioso, fui tentar perceber se outros países sofriam da doença de dar nomes estúpidos aos filmes ou se é só defeito nosso. Eis os resultados da rápida pesquisa: em França o filme chama-se Sam je suis Sam, em Itália Mi chiamo Sam, na Alemanha Ich bin Sam e em Espanha La fuerza del amor. Mentira: em Espanha chama-se Yo soy Sam.
Ontem passou na tv uma xaropada chamada no original I am Sam (o Sean Penn muito convincente a fazer de atrasado mental - bastou-lhe decorar as deixas). Em português a coisa chama-se A Força do Amor.
Curioso, fui tentar perceber se outros países sofriam da doença de dar nomes estúpidos aos filmes ou se é só defeito nosso. Eis os resultados da rápida pesquisa: em França o filme chama-se Sam je suis Sam, em Itália Mi chiamo Sam, na Alemanha Ich bin Sam e em Espanha La fuerza del amor. Mentira: em Espanha chama-se Yo soy Sam.
sexta-feira, novembro 21, 2003
Contra o regresso do lápis azul
Depois de certos poderes estabelecidos terem obrigado ao encerramento do célebre blog Muito Mentiroso, eis que as forças maléficas da extrema-direita encapotada e fascizante que ainda pairam na nossa sociedade alcançam mais uma vitória: conseguiram que o Mais ou Menos Mentiroso se visse também obrigado a fechar as portas.
Mas justamente por essa sombra da censura salazarenta continuar ainda hoje a ameaçar a democracia no nosso país é que a existência de órgãos de informação independentes de poderes e corporações se faz necessária. Por isso, eu e o Pi Nóquio continuaremos a nossa cruzada contra aqueles que nos querem calar, no novo blog PSICOTAPA, que já começou a vomitar as verdades que muita gente conhece, mas que ninguém se atrevia a divulgar.
Depois de certos poderes estabelecidos terem obrigado ao encerramento do célebre blog Muito Mentiroso, eis que as forças maléficas da extrema-direita encapotada e fascizante que ainda pairam na nossa sociedade alcançam mais uma vitória: conseguiram que o Mais ou Menos Mentiroso se visse também obrigado a fechar as portas.
Mas justamente por essa sombra da censura salazarenta continuar ainda hoje a ameaçar a democracia no nosso país é que a existência de órgãos de informação independentes de poderes e corporações se faz necessária. Por isso, eu e o Pi Nóquio continuaremos a nossa cruzada contra aqueles que nos querem calar, no novo blog PSICOTAPA, que já começou a vomitar as verdades que muita gente conhece, mas que ninguém se atrevia a divulgar.
quinta-feira, novembro 20, 2003
quarta-feira, novembro 19, 2003
terça-feira, novembro 18, 2003
segunda-feira, novembro 17, 2003
Alta Arte
Bill e Lenin
Muitos são os cumprimentos e felicitações que tenho recebido por ter provado em Portugal que era possível escrever sobre o filme "Dogville", de Lars von Trier, sem mencionar Brecht. As pessoas agradecem-me e pedem que escreva mais sobre cinema.
Pois bem, vou então exorbitar sobre dois filmes que vi ultimamente. Um é "Kill Bill", de Quentin Tarantino. Um filme muito tarantínico, com uma história bem engendrada, uma narrativa recortada interessante, personagens bem sacados, mortes originais e irónicas, boa banda sonora. Graficamente falando, este deve ser o melhor filme do realizador, mas no global, não está ao nível de um "Pulp Fiction" ou de um "Cães Danados". Em termos de diálogos, um dos grandes atractivos nos filmes de Tarantino, o "Kill Bill" é mais fraco do que esses outros dois. É mais porrada e menos conversa.
O outro é "Good Bye, Lenin!", de Wolfgang Becker. Um filme imaginativo sobre a queda do Muro de Berlim, com momentos muito engraçados (as ideias do protagonista para esconder a realidade da sua mãe, que despertara do estado de coma em plena Berlim Oriental pós-RDA, são hilariantes). Mas esta é daquelas comédias que é mais do que isso, não só por ter momentos tocantes (os actores são muito bons), mas porque nos faz pensar na relativização das coisas, imaginar como teria sido o mundo se o comunismo tivesse triunfado, com os países do Leste da Europa a ajudarem as vítimas do capitalismo, sistema entretanto arruinado... Não é louco?
Resumindo e concluindo, estes dois filmes, na escala de estrelinhas do Vostradeis, levam ambos * * * * (quatro estrelinhas - de zero a cinco).
Bill e Lenin
Muitos são os cumprimentos e felicitações que tenho recebido por ter provado em Portugal que era possível escrever sobre o filme "Dogville", de Lars von Trier, sem mencionar Brecht. As pessoas agradecem-me e pedem que escreva mais sobre cinema.
Pois bem, vou então exorbitar sobre dois filmes que vi ultimamente. Um é "Kill Bill", de Quentin Tarantino. Um filme muito tarantínico, com uma história bem engendrada, uma narrativa recortada interessante, personagens bem sacados, mortes originais e irónicas, boa banda sonora. Graficamente falando, este deve ser o melhor filme do realizador, mas no global, não está ao nível de um "Pulp Fiction" ou de um "Cães Danados". Em termos de diálogos, um dos grandes atractivos nos filmes de Tarantino, o "Kill Bill" é mais fraco do que esses outros dois. É mais porrada e menos conversa.
O outro é "Good Bye, Lenin!", de Wolfgang Becker. Um filme imaginativo sobre a queda do Muro de Berlim, com momentos muito engraçados (as ideias do protagonista para esconder a realidade da sua mãe, que despertara do estado de coma em plena Berlim Oriental pós-RDA, são hilariantes). Mas esta é daquelas comédias que é mais do que isso, não só por ter momentos tocantes (os actores são muito bons), mas porque nos faz pensar na relativização das coisas, imaginar como teria sido o mundo se o comunismo tivesse triunfado, com os países do Leste da Europa a ajudarem as vítimas do capitalismo, sistema entretanto arruinado... Não é louco?
Resumindo e concluindo, estes dois filmes, na escala de estrelinhas do Vostradeis, levam ambos * * * * (quatro estrelinhas - de zero a cinco).
A selecção em Aveiro
Fui à inauguração do novo estádio de Aveiro e achei piada às monumentais vaias ao Scolari e ao Madaíl. No fim do jogo, depois de uma nova exibição deprimente da selecção, também os jogadores não escaparam às justas manifestações de descontentamento dos adeptos.
Um a um, jogaram assim:
Ricardo - sem confiança e nervoso (no Sporting também).
Miguel - não foi dos piores, mas Paulo Ferreira é melhor.
Rui Jorge - indiferente. Não aquece nem arrefece.
Jorge Andrade - o melhor central português, juntamente com o Ricardo Carvalho. Só Scolari não percebe que formam uma das melhores duplas de centrais da Europa, porque são rápidos, posicionam-se bem, jogam bem de cabeça, não são faltosos e sabem sair a jogar.
Costinha (ou Tostinha, como vi escrito num jornal) - longe da forma do ano passado.
Deco - Discreto, mas com apontamentos só para predestinados.
Rui Costa e Figo - um embuste, uma fraude, uma mentira; Figo já foi, nos tempos do Barcelona, um dos 5 ou 6 melhores jogadores do mundo. Hoje é uma sombra, uma caricatura: a exibição com a Grécia foi constrangedora, deu pena vê-lo sem velocidade para ganhar sprints aos adversários, sem explosividade, sem capacidade no um-para-um, sem visão de jogo, sem pontaria, complicativo... Rui Costa, ao contrário de Figo, nunca foi um grande jogador: acontece apenas que é muito sobrevalorizado, sobretudo pela imprensa desportiva de Lisboa.
Luis Boa-Morte - mal tocou na bola e quando o fez perdeu-a
Pauleta - marcou um bom golo e falhou outros. É dos mais esforçados e inconformados, mas não é um grande ponta-de-lança.
Rogério Matias - Não há muitos defesas-esquerdos em Portugal, mas convocá-lo diz quase tudo sobre Scolari.
Simão - espevitou a equipa nos primeiros 10 minutos da segunda parte. Depois desapareceu.
Fui à inauguração do novo estádio de Aveiro e achei piada às monumentais vaias ao Scolari e ao Madaíl. No fim do jogo, depois de uma nova exibição deprimente da selecção, também os jogadores não escaparam às justas manifestações de descontentamento dos adeptos.
Um a um, jogaram assim:
Ricardo - sem confiança e nervoso (no Sporting também).
Miguel - não foi dos piores, mas Paulo Ferreira é melhor.
Rui Jorge - indiferente. Não aquece nem arrefece.
Jorge Andrade - o melhor central português, juntamente com o Ricardo Carvalho. Só Scolari não percebe que formam uma das melhores duplas de centrais da Europa, porque são rápidos, posicionam-se bem, jogam bem de cabeça, não são faltosos e sabem sair a jogar.
Costinha (ou Tostinha, como vi escrito num jornal) - longe da forma do ano passado.
Deco - Discreto, mas com apontamentos só para predestinados.
Rui Costa e Figo - um embuste, uma fraude, uma mentira; Figo já foi, nos tempos do Barcelona, um dos 5 ou 6 melhores jogadores do mundo. Hoje é uma sombra, uma caricatura: a exibição com a Grécia foi constrangedora, deu pena vê-lo sem velocidade para ganhar sprints aos adversários, sem explosividade, sem capacidade no um-para-um, sem visão de jogo, sem pontaria, complicativo... Rui Costa, ao contrário de Figo, nunca foi um grande jogador: acontece apenas que é muito sobrevalorizado, sobretudo pela imprensa desportiva de Lisboa.
Luis Boa-Morte - mal tocou na bola e quando o fez perdeu-a
Pauleta - marcou um bom golo e falhou outros. É dos mais esforçados e inconformados, mas não é um grande ponta-de-lança.
Rogério Matias - Não há muitos defesas-esquerdos em Portugal, mas convocá-lo diz quase tudo sobre Scolari.
Simão - espevitou a equipa nos primeiros 10 minutos da segunda parte. Depois desapareceu.
quinta-feira, novembro 13, 2003
Pastéis de vento
pérolas da sabedoria zen
O homem que alcança o domínio de uma arte revela-o em cada um dos seus actos. O matador José Castelo Branco domina a arte da tauromariquice.
pérolas da sabedoria zen
O homem que alcança o domínio de uma arte revela-o em cada um dos seus actos. O matador José Castelo Branco domina a arte da tauromariquice.
quarta-feira, novembro 12, 2003
O estádio Mário Duarte, em Aveiro, vai deixar de ser utilizado pelo Beira Mar. O estádio das Antas, no Porto, vai ser demolido. Alguns dos mais belos e preciosos momentos da minha infância e juventude foram passados ali, sempre na companhia do meu pai. Às Antas íamos ver o FC Porto com alguma regularidade, aos domingos (quando os jogos ainda eram sempre aos domingos): saíamos de Aveiro depois do almoço, a bordo do nosso Dyane ou Visa (a fidelidade do meu pai à Citroen mantém-se até hoje), entrávamos e saíamos da auto-estrada, passávamos a Avenida da República, em Gaia, atravessávamos a ponte da Arrábida e seguíamos em direcção à Avenida Fernão de Magalhães, junto ao estádio e onde se sentia já o ambiente do jogo. Deixávamos sempre o carro numa ruela meio perdida a 500 metros do campo e caminhávamos para as bilheteiras, eu já totalmente dominado por aquela excitação infantil (que ainda hoje prevalece) à medida que o barulho dos adeptos e a cor das bandeiras se apoderava dos nossos sentidos.
Penetrávamos naquele monstro de betão e era arrepiante e arrebatador o primeiro vislumbre do relvado, a partir ainda das entranhas do estádio. E assim se foi moldando uma paixão absolutamente inquebrável com o FC Porto, ao mesmo tempo que eu e o meu pai vivíamos aquele perene amor entre filho e pai.
O FC Porto e o Beira Mar chegaram ao fim de um ciclo das suas histórias, ao abandonarem os seus antigos campos. Mas também para mim a demolição das Antas e o abandono do Mário Duarte representa o fim de qualquer coisa.
Penetrávamos naquele monstro de betão e era arrepiante e arrebatador o primeiro vislumbre do relvado, a partir ainda das entranhas do estádio. E assim se foi moldando uma paixão absolutamente inquebrável com o FC Porto, ao mesmo tempo que eu e o meu pai vivíamos aquele perene amor entre filho e pai.
O FC Porto e o Beira Mar chegaram ao fim de um ciclo das suas histórias, ao abandonarem os seus antigos campos. Mas também para mim a demolição das Antas e o abandono do Mário Duarte representa o fim de qualquer coisa.
terça-feira, novembro 11, 2003
Mitos familiares
Sobre os homens e as mulheres
2 – Vida Social. Este segundo capítulo da minha obra (tipo Matrix, se o pessoal pedir ainda se faz mais um texto, estendo até ao ridículo o conflito com as máquinas) é dedicado à visão diferente que homens e mulheres têm da vida social. Há várias vertentes mas, normalmente, caem no mesmo axioma. “Amigo das minhas amigas o marido pode ser mas eu nunca serei amiga dos teus amigos”. Passo a explicar: as relações sociais são pautadas em função de um conjunto de premissas que envolvem questões como utilidade ou companhia. Para uma mulher, uma amiga tem de ser útil nalgum momento ou então deve ser daquelas que está sempre presente. Para os homens, as amizades medem-se mais pela relação de lealdade existente entre as duas partes. Enquanto traficante de livros e fotocópias na universidade, vivi numa residência estudantil masculina onde as relações de amizade perduraram além do curso, apesar de não estarmos presentes, uns para os outros. Se alguma vez precisar de algo dessas pessoas sei que eles moverão mundos para me satisfazer. E o mesmo sucede em sentido contrário.
Agora, no caso das mulheres, poucas são as relações que permanecem depois de uma mudança de cidade. O comodismo pessoal e a necessidade utilitária das amigas leva-as a transferirem essas carências para a vizinha do lado. Só as mulheres têm como melhores amigas a vizinha do lado. Para os homens, essa relação não passa de um “olá tudo bem” e um “como é que ficou o jogo de há bocado”.
É óbvio que isto são generalizações, mas as amizades masculinas permanecem mais tempo porque as duas partes esforçam-se e trabalham por a alimentar. Nem que seja com algum Jameson e muitas imperiais pelo meio, com jantares decadentes.
3 – As saídas. Um dos pontos mais de tensão mais subtil num casal é o desejo de sair do homem e o anseio por recato da mulher. Embora não esteja ainda cientificamente provado, julgo que a seriação do ADN vai levar a algumas conclusões surpreendentes sobre as diferenças entre homens e mulheres.
Toda a mulher, embora não o revele, tem um desejo recôndito de se transformar numa Hera dominante, com a gestão perfeita de um lar ideal, onde o marido se submete à sua vontade ou é enganado pela sua proverbial inteligência. Por outro lado, o homem sonha, no seu íntimo, que é um garanhão sem rédea, escoiceando qualquer rival e cobrindo toda a égua que lhe apareça à frente.
No casamento, a mulher, perante a sua própria impotência em ter um lar ideal, tenta controlar o marido, com um rédea apertada. Pelo menos, aquele está seguro. O homem, perante a constatação real da incapacidade de cobrir toda a égua quer ter a ilusão de que o poderia fazer se quisesse.
Aqui sucede um choque imemorial, que já opôs casais tão célebres como Júlio César e Cleóptara, Menelau e Helena, Sansão e Dalila ou o Príncipe Carlos e Diana. Ele quer sair, nem que seja uma vez por semana, para recordar os tempos áureos de solteiro (em que batia punhetas a pensar na miúda que estava a dançar na pista de dança e que não lhe ligou nenhuma) e ela quer o marido em casa para marcar com ferros quentes o seu domínio conjugal dentro das paredes. Quando nenhum cede, as tensões acumulam-se e, em muitos casos, o divórcio é logo ao virar da esquina dos anos.
Para solucionar este problema sugiro uma solução que satisfaz todas as partes. Um amigo (ou vários) do peito do marido faz o favor de dar uma berlaitada na mulher enquanto o cônjuge está fora. Com esta medida, que pode ser articulada por um grupo de amigos casados em regime de holding, a mulher tem um incentivo para deixar o marido sair para a noite e, ao fim de algumas semanas, o peso na consciência e na testa vai incentivá-lo a permanecer mais tempo em casa.
Sobre os homens e as mulheres
2 – Vida Social. Este segundo capítulo da minha obra (tipo Matrix, se o pessoal pedir ainda se faz mais um texto, estendo até ao ridículo o conflito com as máquinas) é dedicado à visão diferente que homens e mulheres têm da vida social. Há várias vertentes mas, normalmente, caem no mesmo axioma. “Amigo das minhas amigas o marido pode ser mas eu nunca serei amiga dos teus amigos”. Passo a explicar: as relações sociais são pautadas em função de um conjunto de premissas que envolvem questões como utilidade ou companhia. Para uma mulher, uma amiga tem de ser útil nalgum momento ou então deve ser daquelas que está sempre presente. Para os homens, as amizades medem-se mais pela relação de lealdade existente entre as duas partes. Enquanto traficante de livros e fotocópias na universidade, vivi numa residência estudantil masculina onde as relações de amizade perduraram além do curso, apesar de não estarmos presentes, uns para os outros. Se alguma vez precisar de algo dessas pessoas sei que eles moverão mundos para me satisfazer. E o mesmo sucede em sentido contrário.
Agora, no caso das mulheres, poucas são as relações que permanecem depois de uma mudança de cidade. O comodismo pessoal e a necessidade utilitária das amigas leva-as a transferirem essas carências para a vizinha do lado. Só as mulheres têm como melhores amigas a vizinha do lado. Para os homens, essa relação não passa de um “olá tudo bem” e um “como é que ficou o jogo de há bocado”.
É óbvio que isto são generalizações, mas as amizades masculinas permanecem mais tempo porque as duas partes esforçam-se e trabalham por a alimentar. Nem que seja com algum Jameson e muitas imperiais pelo meio, com jantares decadentes.
3 – As saídas. Um dos pontos mais de tensão mais subtil num casal é o desejo de sair do homem e o anseio por recato da mulher. Embora não esteja ainda cientificamente provado, julgo que a seriação do ADN vai levar a algumas conclusões surpreendentes sobre as diferenças entre homens e mulheres.
Toda a mulher, embora não o revele, tem um desejo recôndito de se transformar numa Hera dominante, com a gestão perfeita de um lar ideal, onde o marido se submete à sua vontade ou é enganado pela sua proverbial inteligência. Por outro lado, o homem sonha, no seu íntimo, que é um garanhão sem rédea, escoiceando qualquer rival e cobrindo toda a égua que lhe apareça à frente.
No casamento, a mulher, perante a sua própria impotência em ter um lar ideal, tenta controlar o marido, com um rédea apertada. Pelo menos, aquele está seguro. O homem, perante a constatação real da incapacidade de cobrir toda a égua quer ter a ilusão de que o poderia fazer se quisesse.
Aqui sucede um choque imemorial, que já opôs casais tão célebres como Júlio César e Cleóptara, Menelau e Helena, Sansão e Dalila ou o Príncipe Carlos e Diana. Ele quer sair, nem que seja uma vez por semana, para recordar os tempos áureos de solteiro (em que batia punhetas a pensar na miúda que estava a dançar na pista de dança e que não lhe ligou nenhuma) e ela quer o marido em casa para marcar com ferros quentes o seu domínio conjugal dentro das paredes. Quando nenhum cede, as tensões acumulam-se e, em muitos casos, o divórcio é logo ao virar da esquina dos anos.
Para solucionar este problema sugiro uma solução que satisfaz todas as partes. Um amigo (ou vários) do peito do marido faz o favor de dar uma berlaitada na mulher enquanto o cônjuge está fora. Com esta medida, que pode ser articulada por um grupo de amigos casados em regime de holding, a mulher tem um incentivo para deixar o marido sair para a noite e, ao fim de algumas semanas, o peso na consciência e na testa vai incentivá-lo a permanecer mais tempo em casa.
Isto começa a ser assustador
Segundo este outro teste do mesmo site onde o Vostra foi tirar o teste do Matrix, o filme da minha vida é este:
Segundo este outro teste do mesmo site onde o Vostra foi tirar o teste do Matrix, o filme da minha vida é este:
Algemas e lantejoulas
O Núcleo Duro tem o prazer de apresentar uma história verídica (alguém duvida?), publicada recentemente no "Correio da Manhã". Alguém imagina como terá sido a primeira noite do José Castelo Branco, esse macho latino, no xadrez? Inesquecível para quem assistiu. Aqui fica um trecho delicioso de uma verdadeira pérola do jornalismo:
«"Foi a noite mais divertida que já passámos na prisão". A frase é de João Braga Gonçalves e foi proferida ontem, durante o café da manhã, no Estabelecimento Prisional junto à Polícia Judiciária (EPPJ). Na mesma mesa, João Vale e Azevedo e José Braga Gonçalves, outros dos notáveis daquela prisão, assentiram e o riso foi geral.
Tudo por causa de José Castelo Branco, cuja passagem pelo EPPJ dificilmente será esquecida, de acordo com aquilo que os irmãos Braga Gonçalves contaram ontem a uma das suas visitas. Tudo começou quando Castelo Branco teve de se despir, regra da prisão. O facto de estar de 'collants' de lycra e cueca fio dental foi, obviamente, alvo da maior chacota. Depois, o 'marchant' ex-modelo, não aguentou ficar fechado na cela. Gritava bem alto que sofria de "afrontamentos" e "claustrofobia".
Numa primeira fase, os guardas iam-lhe abrindo a porta da cela a espaços. Mas face à gritaria, com frases como "são os invejosos", "eu sou um senhor, casado com uma dama multimilionária e conhecido em todo o mundo" e "é por causa desta inveja que eu detesto este País, quero voltar para Nova Iorque", quando a espertina já tinha atingido toda a ala e todos riam, foi tomada a decisão de deixar a porta da cela aberta e colocar um guarda de vigia.
De manhã, na tal mesa do café, continuaram as lamentações. Castelo Branco queria estar "apresentável" para ir a interrogatório, até porque só veste grandes marcas. Pediu gel e um elástico para o cabelo. Como não havia, protestou alto e bom som. Voltando às suas frase preferidas - "Eu sou um lorde, um senhor, vocês são uns invejosos, não posso ir assim ao juiz" -, Castelo Branco lá conseguiu um elástico de borracha normal e puxou o cabelo para trás com água.»
- Para quem quiser ler a notícia toda.
O Núcleo Duro tem o prazer de apresentar uma história verídica (alguém duvida?), publicada recentemente no "Correio da Manhã". Alguém imagina como terá sido a primeira noite do José Castelo Branco, esse macho latino, no xadrez? Inesquecível para quem assistiu. Aqui fica um trecho delicioso de uma verdadeira pérola do jornalismo:
«"Foi a noite mais divertida que já passámos na prisão". A frase é de João Braga Gonçalves e foi proferida ontem, durante o café da manhã, no Estabelecimento Prisional junto à Polícia Judiciária (EPPJ). Na mesma mesa, João Vale e Azevedo e José Braga Gonçalves, outros dos notáveis daquela prisão, assentiram e o riso foi geral.
Tudo por causa de José Castelo Branco, cuja passagem pelo EPPJ dificilmente será esquecida, de acordo com aquilo que os irmãos Braga Gonçalves contaram ontem a uma das suas visitas. Tudo começou quando Castelo Branco teve de se despir, regra da prisão. O facto de estar de 'collants' de lycra e cueca fio dental foi, obviamente, alvo da maior chacota. Depois, o 'marchant' ex-modelo, não aguentou ficar fechado na cela. Gritava bem alto que sofria de "afrontamentos" e "claustrofobia".
Numa primeira fase, os guardas iam-lhe abrindo a porta da cela a espaços. Mas face à gritaria, com frases como "são os invejosos", "eu sou um senhor, casado com uma dama multimilionária e conhecido em todo o mundo" e "é por causa desta inveja que eu detesto este País, quero voltar para Nova Iorque", quando a espertina já tinha atingido toda a ala e todos riam, foi tomada a decisão de deixar a porta da cela aberta e colocar um guarda de vigia.
De manhã, na tal mesa do café, continuaram as lamentações. Castelo Branco queria estar "apresentável" para ir a interrogatório, até porque só veste grandes marcas. Pediu gel e um elástico para o cabelo. Como não havia, protestou alto e bom som. Voltando às suas frase preferidas - "Eu sou um lorde, um senhor, vocês são uns invejosos, não posso ir assim ao juiz" -, Castelo Branco lá conseguiu um elástico de borracha normal e puxou o cabelo para trás com água.»
- Para quem quiser ler a notícia toda.
Eu sou o Neo, eu sou o Neo!!!...
Fui fazer o teste do "Que personagem do Matrix és tu?" e adivinhem só... sou o herói! O que prova que o teste é mesmo verdadeiro e para levar a sério. Diz lá que eu apresento "uma perfeita fusão de heroísmo e compaixão", o que define de forma atordoantemente precisa a minha pessoa. Agradecimentos ao blog do Dooxo, que deu a dica.
Fui fazer o teste do "Que personagem do Matrix és tu?" e adivinhem só... sou o herói! O que prova que o teste é mesmo verdadeiro e para levar a sério. Diz lá que eu apresento "uma perfeita fusão de heroísmo e compaixão", o que define de forma atordoantemente precisa a minha pessoa. Agradecimentos ao blog do Dooxo, que deu a dica.
sexta-feira, novembro 07, 2003
Alta Arte
Amor Natural
O brasileiro Carlos Drummond de Andrade foi um dos maiores poetas do modernismo em língua portuguesa. Um "monstro", comparável a Pessoa. Em Portugal, a editora Dom Quixote publicou uma "Antologia Poética" do autor mineiro. A sua extensa obra tem coisas geniais, mas gosto particularmente deste, retirado do livro "O Amor Natural", que apenas foi publicado postumamente, por exigência do próprio Drummond.
A bunda, que engraçada
A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.
Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora - murmura a bunda - esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.
A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.
A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.
Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.
A bunda é a bunda,
redunda.
Amor Natural
O brasileiro Carlos Drummond de Andrade foi um dos maiores poetas do modernismo em língua portuguesa. Um "monstro", comparável a Pessoa. Em Portugal, a editora Dom Quixote publicou uma "Antologia Poética" do autor mineiro. A sua extensa obra tem coisas geniais, mas gosto particularmente deste, retirado do livro "O Amor Natural", que apenas foi publicado postumamente, por exigência do próprio Drummond.
A bunda, que engraçada
A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.
Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora - murmura a bunda - esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.
A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.
A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.
Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.
A bunda é a bunda,
redunda.
quinta-feira, novembro 06, 2003
Matrax
Temos sido amplamente felicitados pelo nosso artigo sobre o piroflato. As pessoas sublinham com gratidão o grande contributo científico e documental desse trabalho. Mas também nos chegam, de toda a parte, agradecimentos de peidorreiros que se sentiam recriminados pela sociedade e para os quais a leitura do nosso texto "As olimpíadas da bufa" apareceu como um grande alento, servindo para ajudar a dissipar velhos tabus. Em homenagem aos bufadores de todo o mundo, aqui fica uma "treila" do filme The Matrax: Revolutions (levantem o som das colunas, que a banda sonora é essencial), que estreou ontem em salas de cinema a céu aberto de todo o país.
Temos sido amplamente felicitados pelo nosso artigo sobre o piroflato. As pessoas sublinham com gratidão o grande contributo científico e documental desse trabalho. Mas também nos chegam, de toda a parte, agradecimentos de peidorreiros que se sentiam recriminados pela sociedade e para os quais a leitura do nosso texto "As olimpíadas da bufa" apareceu como um grande alento, servindo para ajudar a dissipar velhos tabus. Em homenagem aos bufadores de todo o mundo, aqui fica uma "treila" do filme The Matrax: Revolutions (levantem o som das colunas, que a banda sonora é essencial), que estreou ontem em salas de cinema a céu aberto de todo o país.
Vamos falar a sério sobre jornais
Tenho muitas teorias que aqui não exponho mas irrita-me a forma como alguns jornais, ditos sérios, fazem da nomeação de um director um filme de terror.
Porra o DN é só o quinto diário do país, a caminho de ser ultrapassado pela Capital. Para que é que se preocupam com isso? Outras enormidades institucionais como os velhinhos Século ou Diário de Lisboa acabaram. Se calhar o jornal-de-referência-mais-tablóide-que-conheço vai morrer de morte natural e o Fernando Lima é o seu coveiro. Ou não.
Se calhar o senhor até é competente e merece o lugar. Irrita-me, isso sim, o discurso paternalista e esquerdóide que um jornal de referência faz deste caso, com um folhetim diário, quase como uma rubrica. É para bater no DN, vamos bater todos, parece a regra que chegou ao Público. Esquecem-se é que o seu director (como outros, aliás) fazem tantos fretes ao Governo como fez o Fernando Lima, só que de uma forma mais idiota porque não recebem salário. Não concordo com o jornalismo engajado ideologicamente mas irrita-me a colagem dos jornais nacionais ao Governo (numa lógica de seguir a onda). Os jornais apluadem agora todas as boas medidas e minimizam as asneiras. Do mesmo modo não vou tolerar que, quando o Executivo cair em desgraça, seja a imprensa a primeira a morder as mãos de quem lhes deu de comer. Isso sucedeu ciclicamente com Cavaco e Guterres, apenas para recordar os tempos mais próximos.
Por isso, admito que faça falta um novo diário de vocação de esquerda, pelo menos para contrabalançar o comodismo direitista, embalado pelos slogans do Portas e as poses do Durão.
Pelo meio, ao que ao jornalismo diz respeito, não gosto de ver o Fernando Lima na direcção do DN, como não gostei da tansferência directa de muitos jornalistas de política (sublinho, de política) para o novo Governo, depois das últimas eleições. Por isso penso que deveria haver um período de nojo antes de qualquer transferência entre profissões consideradas incompatíveis pela lei. Já agora, defendo que as incompatibilidades consagradas no estatuto de jornalista fossem alargadas para impedir situações complicadas, nomeadamente na imprensa regional. Sabiam que um chefe de gabinete, um vereador a meio-tempo ou um deputado municipal pode ser, de acordo com a lei, ao mesmo tempo jornalista, com carteira profissional?
Mais preocupado fico é com a entrega da carteira profissional de algumas vedetas do jornalismo televisivo por TRÊS DIAS para fazerem publicidade. Beneficiam do estatuto social obtido enquanto jornalistas para vender óleo de fígado de bacalhau ao Zé Pagode. Depois voltam à profissão, como se nada fosse. Neste caso, julgo que uma simples adenda à lei que preveja a existência de incompatibilidades, enquanto o anúncio for exibido, seria suficiente. É que a senhora Manuela Moura Guedes filma a publicidade sem ser jornalista mas quando o filme for exibido nas TV, rádio e cassete pirata ela já é de novo jornalista.
Tenho muitas teorias que aqui não exponho mas irrita-me a forma como alguns jornais, ditos sérios, fazem da nomeação de um director um filme de terror.
Porra o DN é só o quinto diário do país, a caminho de ser ultrapassado pela Capital. Para que é que se preocupam com isso? Outras enormidades institucionais como os velhinhos Século ou Diário de Lisboa acabaram. Se calhar o jornal-de-referência-mais-tablóide-que-conheço vai morrer de morte natural e o Fernando Lima é o seu coveiro. Ou não.
Se calhar o senhor até é competente e merece o lugar. Irrita-me, isso sim, o discurso paternalista e esquerdóide que um jornal de referência faz deste caso, com um folhetim diário, quase como uma rubrica. É para bater no DN, vamos bater todos, parece a regra que chegou ao Público. Esquecem-se é que o seu director (como outros, aliás) fazem tantos fretes ao Governo como fez o Fernando Lima, só que de uma forma mais idiota porque não recebem salário. Não concordo com o jornalismo engajado ideologicamente mas irrita-me a colagem dos jornais nacionais ao Governo (numa lógica de seguir a onda). Os jornais apluadem agora todas as boas medidas e minimizam as asneiras. Do mesmo modo não vou tolerar que, quando o Executivo cair em desgraça, seja a imprensa a primeira a morder as mãos de quem lhes deu de comer. Isso sucedeu ciclicamente com Cavaco e Guterres, apenas para recordar os tempos mais próximos.
Por isso, admito que faça falta um novo diário de vocação de esquerda, pelo menos para contrabalançar o comodismo direitista, embalado pelos slogans do Portas e as poses do Durão.
Pelo meio, ao que ao jornalismo diz respeito, não gosto de ver o Fernando Lima na direcção do DN, como não gostei da tansferência directa de muitos jornalistas de política (sublinho, de política) para o novo Governo, depois das últimas eleições. Por isso penso que deveria haver um período de nojo antes de qualquer transferência entre profissões consideradas incompatíveis pela lei. Já agora, defendo que as incompatibilidades consagradas no estatuto de jornalista fossem alargadas para impedir situações complicadas, nomeadamente na imprensa regional. Sabiam que um chefe de gabinete, um vereador a meio-tempo ou um deputado municipal pode ser, de acordo com a lei, ao mesmo tempo jornalista, com carteira profissional?
Mais preocupado fico é com a entrega da carteira profissional de algumas vedetas do jornalismo televisivo por TRÊS DIAS para fazerem publicidade. Beneficiam do estatuto social obtido enquanto jornalistas para vender óleo de fígado de bacalhau ao Zé Pagode. Depois voltam à profissão, como se nada fosse. Neste caso, julgo que uma simples adenda à lei que preveja a existência de incompatibilidades, enquanto o anúncio for exibido, seria suficiente. É que a senhora Manuela Moura Guedes filma a publicidade sem ser jornalista mas quando o filme for exibido nas TV, rádio e cassete pirata ela já é de novo jornalista.
Mitos familiares
Sobre os homens e as mulheres
Viver em conjunto com alguém e ainda por cima com uma criança (ou um pequeno Abu Nidal em potência) de três anos transforma o nosso dia-a-dia em pequenas sagas épicas que Homero seria incapaz de descrever. Esta situação levou-me a coligir alguns momentos de conjugalidade que deveriam ficar nos anais (não desses que vocês estão a pensar mas os outros, aqueles sem nádegas nos lados) da história humana. Muitos destes breves trechos não foram vividos por mim mas são recordados por todos os homens casados numa tradição oral e subliminar que se propaga como a pneumonia atípica, equivalente aos mitos urbanos.
1 – As birras. Uma coisa curiosa num casal é a forma como as tensões se consomem. Os homens chateiam-se com qualquer coisa, dizem umas caralhadas e batem com a porta do escritório e sanam as consciências, coçando o ego com uma atitude machista barata como quem coça os tomates. Já as mulheres lidam com as tensões de modo diferente. Prova da sua grande inteligência, elas acumulam e não dizem a razão da sua má-disposição. Uma das perguntas que todos os homens já fizeram às suas companheiras é a célebre “o que é que eu fiz?”. Nalgumas ocasiões juntamos “de mal” à frase porque já sabemos que existe borrasca do outro lado da barricada. E, em muitos casos, o troco é o “se não sabes, devias saber”. Aqui está o cerne das tensões que acabam com muitos casamentos. É óbvio que os homens deixam as cuecas junto à cama e não limpam os pratos depois de comer. Mas, as mulheres não podem estar à espera que o companheiro se aperceba do erro, acumulando um mal-estar perpétuo. Estas crises correspondem àquilo que os especialistas chamam de birra-dela-que-queria-que-o-homem-soubesse-porque-é-que-ela-está-chateada-mas-ele-não-sabe-e-ela-não-lhe-diz.
Após aturadas sondagens no prédio onde vivo, constatei que este é um mal comum de todos os casais, pelo que sugiro uma solução de compromisso: na mesinha de cabeceira, ela cola uma fita com a cor que representa o motivo por que está chateada. Tipo amarela para questões de limpeza, rosa para ciúmes, verde para falta de carinho, azul para necessidade de conversar ou laranja para uma queca. Depois caberá ao homem adivinhar, mediante aquelas bissectrizes, as razões da birra da mulher. Ficam todos contentes: ela não fere o orgulho, dizendo porque é que está chateada, e ele resolve mais uma tensão inútil. Se quem ler este texto pensar em optar por esta solução, recomendo que não devem comprar muitas fitas laranjas porque a probabilidade de verem essa fita na mesinha de cabeceira é infinitamente inferior a qualquer uma das outras.
Sobre os homens e as mulheres
Viver em conjunto com alguém e ainda por cima com uma criança (ou um pequeno Abu Nidal em potência) de três anos transforma o nosso dia-a-dia em pequenas sagas épicas que Homero seria incapaz de descrever. Esta situação levou-me a coligir alguns momentos de conjugalidade que deveriam ficar nos anais (não desses que vocês estão a pensar mas os outros, aqueles sem nádegas nos lados) da história humana. Muitos destes breves trechos não foram vividos por mim mas são recordados por todos os homens casados numa tradição oral e subliminar que se propaga como a pneumonia atípica, equivalente aos mitos urbanos.
1 – As birras. Uma coisa curiosa num casal é a forma como as tensões se consomem. Os homens chateiam-se com qualquer coisa, dizem umas caralhadas e batem com a porta do escritório e sanam as consciências, coçando o ego com uma atitude machista barata como quem coça os tomates. Já as mulheres lidam com as tensões de modo diferente. Prova da sua grande inteligência, elas acumulam e não dizem a razão da sua má-disposição. Uma das perguntas que todos os homens já fizeram às suas companheiras é a célebre “o que é que eu fiz?”. Nalgumas ocasiões juntamos “de mal” à frase porque já sabemos que existe borrasca do outro lado da barricada. E, em muitos casos, o troco é o “se não sabes, devias saber”. Aqui está o cerne das tensões que acabam com muitos casamentos. É óbvio que os homens deixam as cuecas junto à cama e não limpam os pratos depois de comer. Mas, as mulheres não podem estar à espera que o companheiro se aperceba do erro, acumulando um mal-estar perpétuo. Estas crises correspondem àquilo que os especialistas chamam de birra-dela-que-queria-que-o-homem-soubesse-porque-é-que-ela-está-chateada-mas-ele-não-sabe-e-ela-não-lhe-diz.
Após aturadas sondagens no prédio onde vivo, constatei que este é um mal comum de todos os casais, pelo que sugiro uma solução de compromisso: na mesinha de cabeceira, ela cola uma fita com a cor que representa o motivo por que está chateada. Tipo amarela para questões de limpeza, rosa para ciúmes, verde para falta de carinho, azul para necessidade de conversar ou laranja para uma queca. Depois caberá ao homem adivinhar, mediante aquelas bissectrizes, as razões da birra da mulher. Ficam todos contentes: ela não fere o orgulho, dizendo porque é que está chateada, e ele resolve mais uma tensão inútil. Se quem ler este texto pensar em optar por esta solução, recomendo que não devem comprar muitas fitas laranjas porque a probabilidade de verem essa fita na mesinha de cabeceira é infinitamente inferior a qualquer uma das outras.
terça-feira, novembro 04, 2003
Carlos Sainz da frente!
Co-piloto do Carlos Sainz: - Longa à direita, esquerda vinte e sete... direita dezoito... esquerda curta...
Carlos Sainz: - 'Joder', esta era longa!
- Pois era, desculpa. Enganei-me.
- Podia ter ido mais depressa. Lê lá essa 'mierda' com atenção!
- Direita curta... esquerda quinze... direita vinte e cinco... esquerda, longa... CURTA, DESCULPA!!!
Co-piloto do Carlos Sainz: - Longa à direita, esquerda vinte e sete... direita dezoito... esquerda curta...
Carlos Sainz: - 'Joder', esta era longa!
- Pois era, desculpa. Enganei-me.
- Podia ter ido mais depressa. Lê lá essa 'mierda' com atenção!
- Direita curta... esquerda quinze... direita vinte e cinco... esquerda, longa... CURTA, DESCULPA!!!
segunda-feira, novembro 03, 2003
Pastéis de vento
pérolas da sabedoria zen
Na alma absolutamente livre de pensamentos e emoções, nem mesmo um tigre encontra espaço para cravar as garras. Quanto mais o Guerra Madaleno.
pérolas da sabedoria zen
Na alma absolutamente livre de pensamentos e emoções, nem mesmo um tigre encontra espaço para cravar as garras. Quanto mais o Guerra Madaleno.
Cor-de-rosa
Um destes dias, num quiosque, vi na capa de uma revista do coração o deputado Paulo Pedroso agarrado à namorada, com pose de apaixonado. Para alguém que é suspeito de crimes de pedofilia não lhe ficava mal um pouco mais de pudor, decoro e discrição. Saiu da prisão há dias, continua arguido e aparece em revistas cor-de-rosa abraçado à namorada?
Um destes dias, num quiosque, vi na capa de uma revista do coração o deputado Paulo Pedroso agarrado à namorada, com pose de apaixonado. Para alguém que é suspeito de crimes de pedofilia não lhe ficava mal um pouco mais de pudor, decoro e discrição. Saiu da prisão há dias, continua arguido e aparece em revistas cor-de-rosa abraçado à namorada?
sexta-feira, outubro 31, 2003
O pacifista
Ahmed Rostami tinha um sonho. Queria um mundo de igualdade, sem injustiças, com todos os seres humanos a viver em comunhão, livres de invejas, crimes, corrupção e americanos. Ahmed resolveu então ir para a capital aprender a lutar, para se alistar em qualquer exército islâmico que combatesse o Grande Satã.
E munido de grande coragem, o nosso bravo Ahmed foi prestar provas a uma academia que treinava heróis em Teerão. Logo no primeiro teste, Ahmed descobriu a sua verdadeira vocação... e voltou para o Norte, para o cultivo de flores às margens do Lago Urmia, que nunca devia ter abandonado. Jurou a si próprio, perante Alá, que nunca mais voltaria a pegar numa arma. Isso de combater é para gente doida!...
Ahmed Rostami tinha um sonho. Queria um mundo de igualdade, sem injustiças, com todos os seres humanos a viver em comunhão, livres de invejas, crimes, corrupção e americanos. Ahmed resolveu então ir para a capital aprender a lutar, para se alistar em qualquer exército islâmico que combatesse o Grande Satã.
E munido de grande coragem, o nosso bravo Ahmed foi prestar provas a uma academia que treinava heróis em Teerão. Logo no primeiro teste, Ahmed descobriu a sua verdadeira vocação... e voltou para o Norte, para o cultivo de flores às margens do Lago Urmia, que nunca devia ter abandonado. Jurou a si próprio, perante Alá, que nunca mais voltaria a pegar numa arma. Isso de combater é para gente doida!...
quinta-feira, outubro 30, 2003
Coragem
1. Louve-se a coragem dos jornalistas do DN ao rejeitarem o nome do novo director e louve-se igualmente as críticas que formularam ao rumo do jornal (“tabloidização” e “descaracterização”, com consequente “perda de credibilidade”) nos últimos meses.
2. Ao longo da vida corta-se o cabelo dezenas de vezes. Hoje fi-lo mais uma vez, mas cortei-o todo a pente 3. Para muitos é uma coisa trivial, mas para alguém como eu, altamente conservador em matéria da sua própria aparência, é um acto de coragem.
1. Louve-se a coragem dos jornalistas do DN ao rejeitarem o nome do novo director e louve-se igualmente as críticas que formularam ao rumo do jornal (“tabloidização” e “descaracterização”, com consequente “perda de credibilidade”) nos últimos meses.
2. Ao longo da vida corta-se o cabelo dezenas de vezes. Hoje fi-lo mais uma vez, mas cortei-o todo a pente 3. Para muitos é uma coisa trivial, mas para alguém como eu, altamente conservador em matéria da sua própria aparência, é um acto de coragem.
quarta-feira, outubro 29, 2003
As olimpíadas da bufa
Eram tardes bem passadas, naquele apartamento que os oito tínhamos alugado na Rua do Brasil. A mesa da sala era perfeita para umas partidas de pingue-pongue. Bastava pôr uns rolos de papel higiénico alinhados no meio a fazer de rede e tínhamos diversão garantida e algum exercício físico para descomprimir da vida dura e agitada de estudante universitário na Coimbra dos anos 90. Mas o auge da galhofa era quando o Marco vinha com o isqueiro.
A ideia nasceu depois de termos assistido a um documentário na televisão sobre o aproveitamento do gás metano - aquele produzido pelos intestinos e fezes dos animais - como fonte de energia alternativa. O facto é que se trata de um gás inflamável, que pode substituir outro tipo de combustível na indústria, mas também pode gerar momentos da mais incontinente diversão.
Cada um de nós, na sua vez, deitava-se de barriga para cima no sofá, pernas na posição "freguesa-de-ginecologista", lança-chamas apontado ao "anel de couro" (com cuidado para não queimar as calças), apagávamos a luz... e era como se o fogo convertesse o metano em gás hilariante. Os puns transformavam-se em pequenas flamas. Ninguém conseguia conter as risadas... nem os peidos.
Até que resolvemos organizar os Campeonatos Locais de piroflato (foi assim que escolhemos designar a modalidade), convidando malta de todo o prédio e oferecendo como prémio para a maior labareda uma feijoada que acabávamos todos por comer, em ambiente de festa. No meio da celebração, costumávamos discutir o papel socializante do piroflato e as suas virtudes ambientais, uma vez que depois de queimados, os flatos não tinham cheiro. Também debatíamos questões estético-filosóficas deste fenómeno, que não deixava de ser a materialização do pum numa coisa visível, a prova de que o peido tinha forma. Mas preocupava-nos sobretudo o futuro deste desporto e surgiram ideias para a criação de uma federação nacional. Havia mesmo quem defendesse a elevação do piroflato a modalidade olímpica.
Dessas tardes de tertúlia peidorreira, guardo a lembrança das exibições do virtuoso Fidalgo, o nosso grande campeão, que impediu que o título alguma vez saísse de casa. Dotado de um aparelho intestinal capaz de produzir chamas do tamanho de bolas de futebol, Fidalgo era o mais extraordinário dos executantes, uma espécie de Pelé do pum. Também me lembro de uma vizinha, a quem todos passaram a chamar Fornalha, e que tinha um talento natural para a coisa.
Uma pena que, apesar de ser talvez o desporto mais democrático do mundo, muito graças ao baixo custo do equipamento (basta um isqueiro), o piroflato, ao contrário do que esperávamos, não se tenha alastrado como gás. É triste ver o povo pela rua a desperdiçar talento, largando bufas à toa, sem as queimar. O mundo perdeu certamente grandes espectáculos. Mas, enfim, estou-me a cagar!
Eram tardes bem passadas, naquele apartamento que os oito tínhamos alugado na Rua do Brasil. A mesa da sala era perfeita para umas partidas de pingue-pongue. Bastava pôr uns rolos de papel higiénico alinhados no meio a fazer de rede e tínhamos diversão garantida e algum exercício físico para descomprimir da vida dura e agitada de estudante universitário na Coimbra dos anos 90. Mas o auge da galhofa era quando o Marco vinha com o isqueiro.
A ideia nasceu depois de termos assistido a um documentário na televisão sobre o aproveitamento do gás metano - aquele produzido pelos intestinos e fezes dos animais - como fonte de energia alternativa. O facto é que se trata de um gás inflamável, que pode substituir outro tipo de combustível na indústria, mas também pode gerar momentos da mais incontinente diversão.
Cada um de nós, na sua vez, deitava-se de barriga para cima no sofá, pernas na posição "freguesa-de-ginecologista", lança-chamas apontado ao "anel de couro" (com cuidado para não queimar as calças), apagávamos a luz... e era como se o fogo convertesse o metano em gás hilariante. Os puns transformavam-se em pequenas flamas. Ninguém conseguia conter as risadas... nem os peidos.
Até que resolvemos organizar os Campeonatos Locais de piroflato (foi assim que escolhemos designar a modalidade), convidando malta de todo o prédio e oferecendo como prémio para a maior labareda uma feijoada que acabávamos todos por comer, em ambiente de festa. No meio da celebração, costumávamos discutir o papel socializante do piroflato e as suas virtudes ambientais, uma vez que depois de queimados, os flatos não tinham cheiro. Também debatíamos questões estético-filosóficas deste fenómeno, que não deixava de ser a materialização do pum numa coisa visível, a prova de que o peido tinha forma. Mas preocupava-nos sobretudo o futuro deste desporto e surgiram ideias para a criação de uma federação nacional. Havia mesmo quem defendesse a elevação do piroflato a modalidade olímpica.
Dessas tardes de tertúlia peidorreira, guardo a lembrança das exibições do virtuoso Fidalgo, o nosso grande campeão, que impediu que o título alguma vez saísse de casa. Dotado de um aparelho intestinal capaz de produzir chamas do tamanho de bolas de futebol, Fidalgo era o mais extraordinário dos executantes, uma espécie de Pelé do pum. Também me lembro de uma vizinha, a quem todos passaram a chamar Fornalha, e que tinha um talento natural para a coisa.
Uma pena que, apesar de ser talvez o desporto mais democrático do mundo, muito graças ao baixo custo do equipamento (basta um isqueiro), o piroflato, ao contrário do que esperávamos, não se tenha alastrado como gás. É triste ver o povo pela rua a desperdiçar talento, largando bufas à toa, sem as queimar. O mundo perdeu certamente grandes espectáculos. Mas, enfim, estou-me a cagar!
Madaleno ao poder
Faz parte dos estatutos: o Núcleo Duro apoia todo e qualquer candidato à presidência do Benfica que prometa - e sobretudo que consiga - comprar o Rui Costa. A promessa desta vez partiu do inigualável Guerra Madaleno e é portanto Guerra Madaleno que o ND apoia nas próximas eleições.
Rui Costa é, a par de João Pinto, o mais claro exemplo do jogador altamente sobrevalorizado. Faz parte da "geração de ouro" do futebol português, que como se sabe não ganhou rigorosamente nada ao serviço da selecção - campeonatos do mundo de juniores não contam, porque não têm importância nenhuma.
De maneira que a transferência de Rui Costa para o Benfica era o melhor que podia acontecer ao FC Porto. Por isso, faço figas para que o Madaleno ganhe as eleições.
Faz parte dos estatutos: o Núcleo Duro apoia todo e qualquer candidato à presidência do Benfica que prometa - e sobretudo que consiga - comprar o Rui Costa. A promessa desta vez partiu do inigualável Guerra Madaleno e é portanto Guerra Madaleno que o ND apoia nas próximas eleições.
Rui Costa é, a par de João Pinto, o mais claro exemplo do jogador altamente sobrevalorizado. Faz parte da "geração de ouro" do futebol português, que como se sabe não ganhou rigorosamente nada ao serviço da selecção - campeonatos do mundo de juniores não contam, porque não têm importância nenhuma.
De maneira que a transferência de Rui Costa para o Benfica era o melhor que podia acontecer ao FC Porto. Por isso, faço figas para que o Madaleno ganhe as eleições.
terça-feira, outubro 28, 2003
Obrigado, obrigado, obrigado...
Este blog é o responsável pela atribuição semanal dos Bordalos Awards. O Núcleo Duro orgulha-se de ter sido galardoado esta semana com o prémio para o "pior post", graças a uma malha do DJ Carcaça sobre os pensamentos de Koumba Yalá. Gostaríamos de agradecer aos nossos patrocinadores e a todos os que nos têm apoiado nesta nossa ascensão meteórica na blogosfera. Este prémio é para vocês!
Este blog é o responsável pela atribuição semanal dos Bordalos Awards. O Núcleo Duro orgulha-se de ter sido galardoado esta semana com o prémio para o "pior post", graças a uma malha do DJ Carcaça sobre os pensamentos de Koumba Yalá. Gostaríamos de agradecer aos nossos patrocinadores e a todos os que nos têm apoiado nesta nossa ascensão meteórica na blogosfera. Este prémio é para vocês!
segunda-feira, outubro 27, 2003
Língua sem papas
No site oficial da campanha de Luís Filipe Vieira à presidência do Benfica, o candidato responde às dúvidas dos benfiquistas. "Sem papas na língua! Luís Filipe Vieira desafia-o a perguntar-lhe o que quiser. Não vai recusar, pois não?", anunciou o site, que de pronto recebeu dezenas de questões tão pertinentes como: "Se esse badameco desse Paulo Barbosa é sócio do Benfica, como me disseram ontem no Estádio, o que é que o senhor e os seus pares estão á espera para o expulsar de sócio?"; ou "Vieira, obrigado por existires. No dia 30 lá estarei no jantar da FIL para te apoiar!" (sendo esta particularmente difícil, dado o esforço mental necessário para descobrir nela uma pergunta).
De uma lucidez de meter inveja a Koumba Yalá, Vieira dá-se ao trabalho de responder de forma sucinta, mas ao mesmo tempo esclarecedora, às principais preocupações dos encarnados. Finalmente encontraram resposta algumas das dúvidas que, ao longo de anos, têm assolado a nação benfiquista.
Nuno Costa pergunta:
Espero que seja o vencedor das eleições. Terá o meu voto. Como irá pagar o passivo do nosso Benfica que é ainda muito elevado?
Luís Filipe Vieira responde:
Obrigado pelo seu voto de confiança. Espero reduzir o passivo liderando uma equipa de gestores com uma política realista, tranquila, não deixando nunca de investir.
Hugo Briz pergunta:
É suficientemente benfiquista para ir até ao fim?
Luís Filipe Vieira responde:
Certamente que sim. Esta é uma corrida de fundo.
TC pergunta:
O que significa o S.L.Benfica para si???
Luís Filipe Vieira responde:
Significa Sport Lisboa e Benfica.
No site oficial da campanha de Luís Filipe Vieira à presidência do Benfica, o candidato responde às dúvidas dos benfiquistas. "Sem papas na língua! Luís Filipe Vieira desafia-o a perguntar-lhe o que quiser. Não vai recusar, pois não?", anunciou o site, que de pronto recebeu dezenas de questões tão pertinentes como: "Se esse badameco desse Paulo Barbosa é sócio do Benfica, como me disseram ontem no Estádio, o que é que o senhor e os seus pares estão á espera para o expulsar de sócio?"; ou "Vieira, obrigado por existires. No dia 30 lá estarei no jantar da FIL para te apoiar!" (sendo esta particularmente difícil, dado o esforço mental necessário para descobrir nela uma pergunta).
De uma lucidez de meter inveja a Koumba Yalá, Vieira dá-se ao trabalho de responder de forma sucinta, mas ao mesmo tempo esclarecedora, às principais preocupações dos encarnados. Finalmente encontraram resposta algumas das dúvidas que, ao longo de anos, têm assolado a nação benfiquista.
Nuno Costa pergunta:
Espero que seja o vencedor das eleições. Terá o meu voto. Como irá pagar o passivo do nosso Benfica que é ainda muito elevado?
Luís Filipe Vieira responde:
Obrigado pelo seu voto de confiança. Espero reduzir o passivo liderando uma equipa de gestores com uma política realista, tranquila, não deixando nunca de investir.
Hugo Briz pergunta:
É suficientemente benfiquista para ir até ao fim?
Luís Filipe Vieira responde:
Certamente que sim. Esta é uma corrida de fundo.
TC pergunta:
O que significa o S.L.Benfica para si???
Luís Filipe Vieira responde:
Significa Sport Lisboa e Benfica.
Pastéis de vento
pérolas da sabedoria zen
Fa-Yen vivia sozinho num pequeno templo do interior da China. Certo dia, entreouviu quatro monges em viagem, que discutiam sobre subjectividade e objectividade. Juntando-se a eles, indagou:
- Imaginai uma pedra bem grande. Conseguis vê-la dentro ou fora da vossa mente?
- Do ponto de vista budista, tudo é uma objectivação da mente, portanto eu diria que a pedra está dentro da minha mente - respondeu um dos monges.
- A vossa cabeça deve estar muito pesada, então - observou Fa-Yen - se andais com uma pedra dessas na mente...
Foi então que o monge confessou que havia andado a fumar erva da boa.
pérolas da sabedoria zen
Fa-Yen vivia sozinho num pequeno templo do interior da China. Certo dia, entreouviu quatro monges em viagem, que discutiam sobre subjectividade e objectividade. Juntando-se a eles, indagou:
- Imaginai uma pedra bem grande. Conseguis vê-la dentro ou fora da vossa mente?
- Do ponto de vista budista, tudo é uma objectivação da mente, portanto eu diria que a pedra está dentro da minha mente - respondeu um dos monges.
- A vossa cabeça deve estar muito pesada, então - observou Fa-Yen - se andais com uma pedra dessas na mente...
Foi então que o monge confessou que havia andado a fumar erva da boa.
sexta-feira, outubro 24, 2003
Coimbra outra vez
Caro Ernesto, vamos lá ver se nos entendemos:
Dizes que tenho um "ódio de morte" a Coimbra, o que não é verdade. É verdade que me cansei de Coimbra, depois de quatro anos a estudar lá; é verdade que acho Coimbra uma cidade feia; é verdade que acho que Coimbra é uma cidade arrogante e emproada por se julgar a capital da saúde e do saber, etc; é verdade que não gosto da Académica; é verdade que não gosto das praxes, que em Coimbra têm um território de eleição; é verdade que não gosto de certas coisas por que Coimbra é conhecida, como as tunas ou os presidentes da associação académica.
Mas daí a dizer que tenho um "ódio de morte" vai um grande distância. Guardo os anos que passei em Coimbra com saudade, em boa parte por vossa causa - os amigos que lá fiz. Não renuncio a isso, mas não me peças que adore Coimbra, que me arrebate de paixão ou que me desfaça em lágrimas de cada vez que lá vou.
Tá percebido?
Caro Ernesto, vamos lá ver se nos entendemos:
Dizes que tenho um "ódio de morte" a Coimbra, o que não é verdade. É verdade que me cansei de Coimbra, depois de quatro anos a estudar lá; é verdade que acho Coimbra uma cidade feia; é verdade que acho que Coimbra é uma cidade arrogante e emproada por se julgar a capital da saúde e do saber, etc; é verdade que não gosto da Académica; é verdade que não gosto das praxes, que em Coimbra têm um território de eleição; é verdade que não gosto de certas coisas por que Coimbra é conhecida, como as tunas ou os presidentes da associação académica.
Mas daí a dizer que tenho um "ódio de morte" vai um grande distância. Guardo os anos que passei em Coimbra com saudade, em boa parte por vossa causa - os amigos que lá fiz. Não renuncio a isso, mas não me peças que adore Coimbra, que me arrebate de paixão ou que me desfaça em lágrimas de cada vez que lá vou.
Tá percebido?
terça-feira, outubro 21, 2003
Núcleo didáctico
O Ministério da Educação resolveu adoptar para o 10º ano um manual de Língua Portuguesa, de nome "Comunicar", que introduz (salvo seja) a novidade de apresentar exercícios com o regulamento do concurso televisivo Big Brother, telenovelas e lixo do género. Essa estratégia parece consistir em fazer do ensino uma coisa mais atractiva e estimulante para o aluno.
O Núcleo Duro manifesta-se contra essa decisão. Ensinar merda de forma atraente não deixa de ser ensinar merda. Que cidadãos é que queremos formar!? Por isso, resolvemos propor um plano de ensino alternativo e interactivo, que passaremos a disponibilizar a partir do nosso blog. Os nossos programas curriculares têm conteúdos realmente edificantes para os putos e são apresentados de forma muito atraente, com animação, música, etc. Isto sim, é serviço público! Para começar, aqui fica o Bê-a-bá do Núcleo para os mais pequenos, que estão a começar a aprender as letrinhas.
O Ministério da Educação resolveu adoptar para o 10º ano um manual de Língua Portuguesa, de nome "Comunicar", que introduz (salvo seja) a novidade de apresentar exercícios com o regulamento do concurso televisivo Big Brother, telenovelas e lixo do género. Essa estratégia parece consistir em fazer do ensino uma coisa mais atractiva e estimulante para o aluno.
O Núcleo Duro manifesta-se contra essa decisão. Ensinar merda de forma atraente não deixa de ser ensinar merda. Que cidadãos é que queremos formar!? Por isso, resolvemos propor um plano de ensino alternativo e interactivo, que passaremos a disponibilizar a partir do nosso blog. Os nossos programas curriculares têm conteúdos realmente edificantes para os putos e são apresentados de forma muito atraente, com animação, música, etc. Isto sim, é serviço público! Para começar, aqui fica o Bê-a-bá do Núcleo para os mais pequenos, que estão a começar a aprender as letrinhas.
segunda-feira, outubro 20, 2003
Pastéis de vento
pérolas da sabedoria zen
Um monge chamado Sekito perguntou a seu mestre, Seigen:
- Qual é o segredo do budismo?
- Esse segredo é impossível de se obter, pois está para além da nossa compreensão.
- Pode o meu mestre explicar-me por outras palavras?
- O vasto céu não é perturbado pelo voo das nuvens brancas.
"Triiiiiiiiiiiiiiiim!!!...". O jovem monge tentava decifrar o segredo que o seu mestre lhe acabara de enunciar, quando atendeu o telefone:
- Mosteiro de Chaolim, boa tarde.
- Fegredo!? Fe for fegredo de juftifa, eftou-me a cagar! - dizia a voz de Ferro Rodrigues, do outro lado da linha.
pérolas da sabedoria zen
Um monge chamado Sekito perguntou a seu mestre, Seigen:
- Qual é o segredo do budismo?
- Esse segredo é impossível de se obter, pois está para além da nossa compreensão.
- Pode o meu mestre explicar-me por outras palavras?
- O vasto céu não é perturbado pelo voo das nuvens brancas.
"Triiiiiiiiiiiiiiiim!!!...". O jovem monge tentava decifrar o segredo que o seu mestre lhe acabara de enunciar, quando atendeu o telefone:
- Mosteiro de Chaolim, boa tarde.
- Fegredo!? Fe for fegredo de juftifa, eftou-me a cagar! - dizia a voz de Ferro Rodrigues, do outro lado da linha.
sexta-feira, outubro 17, 2003
Não temos vagas!
Apesar da notícia avançada ontem pelo Público, dando conta de que Portugal queria entrar para o nosso blog, lamentamos informar que o Núcleo Duro não tem vagas abertas para já, muito menos para 10 milhões de pessoas.
Os membros dos membros do Núcleo foram ali dar uma deliberada e, várias horas volvidas, decidiram que a eventual entrada de Portugal para o grupo viria diminuir a qualidade do blog, uma vez que somos portadores de um nível de literacia acima da média. Além do mais, o conjunto ficou completo com a entrada de Tiberius no mês passado.
Portanto, se o país quiser vir mandar uns bitaites para a Net, terá de criar o seu próprio blog. Entretanto, teremos muito gosto em que Portugal continue a visitar em peso o site do Núcleo Duro e a comentar os nossos posts.
Apesar da notícia avançada ontem pelo Público, dando conta de que Portugal queria entrar para o nosso blog, lamentamos informar que o Núcleo Duro não tem vagas abertas para já, muito menos para 10 milhões de pessoas.
Os membros dos membros do Núcleo foram ali dar uma deliberada e, várias horas volvidas, decidiram que a eventual entrada de Portugal para o grupo viria diminuir a qualidade do blog, uma vez que somos portadores de um nível de literacia acima da média. Além do mais, o conjunto ficou completo com a entrada de Tiberius no mês passado.
Portanto, se o país quiser vir mandar uns bitaites para a Net, terá de criar o seu próprio blog. Entretanto, teremos muito gosto em que Portugal continue a visitar em peso o site do Núcleo Duro e a comentar os nossos posts.
O meu contributo para a discussão sobre pedofilia
Proponho que o "dossier" Casa Pia seja entregue a este juíz francês.
Proponho que o "dossier" Casa Pia seja entregue a este juíz francês.
quinta-feira, outubro 16, 2003
Larga as folhas
Estava noutro dia a ver CD na pilha dos descontos quando dei com uma gravação pirata dos Pearl Jam em Atlanta. O CD é de 1996, e o que tem mais engraçado é a lista das músicas. A última tem o nome "Drop the Leaves".
Engraçado, porque o indivíduo que escreveu a lista das músicas obviamente não fazia ideia do que estava a fazer. A música chama-se "Leash", e o refrão é o Eddie Vedder a berrar "Drop the leash, drop the leash! Uaaaaaarrrrgh, get out of my fucking face! Drop the leash, drop the leash!".
Isto, para um gajo que não saiba muito de inglês e seja demasiado preguiçoso para ir procurar o nome da música no disco original (que se chama Vs. pode bem soar a "Drop the Leaves". O que é giro, porque assim o tema da letra ("larga a trela", sendo que aqui a trela é metafórica das inibições e limites da condição humana, etc. blá blá blá) passa a ser "larga as folhas".
Pensar num gajo a gritar "larga as folhas! larga as folhas!" teria a sua piada, numa perspectiva daliana-laurodérmica.
Há vários sites como este que registam histórias de letras mal entendidas.
Mas a mensagem mais interessante aqui é que, mesmo que um indivíduo julgue que o Vedder está a assaltar a uma árvore ("Larga as folhas! E a carteira! Ou eu uso a moto-serra!"), o conteúdo da música não se perde.
A parte mais eloquente é mesmo o "Uaaaaaarrrrgh", porque é primária e directa. Mesmo sem entender a ponta de um corno de inglês, basta ouvir a música e a voz alucinada do Vedder (os Pearl Jam nesta altura ainda não eram chatos) para perceber o que ele quer dizer. Por isso é que o rock é universal.
Estava noutro dia a ver CD na pilha dos descontos quando dei com uma gravação pirata dos Pearl Jam em Atlanta. O CD é de 1996, e o que tem mais engraçado é a lista das músicas. A última tem o nome "Drop the Leaves".
Engraçado, porque o indivíduo que escreveu a lista das músicas obviamente não fazia ideia do que estava a fazer. A música chama-se "Leash", e o refrão é o Eddie Vedder a berrar "Drop the leash, drop the leash! Uaaaaaarrrrgh, get out of my fucking face! Drop the leash, drop the leash!".
Isto, para um gajo que não saiba muito de inglês e seja demasiado preguiçoso para ir procurar o nome da música no disco original (que se chama Vs. pode bem soar a "Drop the Leaves". O que é giro, porque assim o tema da letra ("larga a trela", sendo que aqui a trela é metafórica das inibições e limites da condição humana, etc. blá blá blá) passa a ser "larga as folhas".
Pensar num gajo a gritar "larga as folhas! larga as folhas!" teria a sua piada, numa perspectiva daliana-laurodérmica.
Há vários sites como este que registam histórias de letras mal entendidas.
Mas a mensagem mais interessante aqui é que, mesmo que um indivíduo julgue que o Vedder está a assaltar a uma árvore ("Larga as folhas! E a carteira! Ou eu uso a moto-serra!"), o conteúdo da música não se perde.
A parte mais eloquente é mesmo o "Uaaaaaarrrrgh", porque é primária e directa. Mesmo sem entender a ponta de um corno de inglês, basta ouvir a música e a voz alucinada do Vedder (os Pearl Jam nesta altura ainda não eram chatos) para perceber o que ele quer dizer. Por isso é que o rock é universal.
quarta-feira, outubro 15, 2003
Alta Arte
Estou a ouvir "Thursday's Child", de David Bowie, e não posso deixar de fazer um Alta Arte com esta música.
All of my life I've tried so hard
Doing my best with what I had
Nothing much happened all the same
Something about me stood apart
A whisper of hope that seemed to fail
Maybe I'm born right out of my time
Breaking my life in two
(Throw me tomorrow..oh,oh)
Now that I've really got a chance
(Throw me tomorrow..oh,oh)
Everything's falling into place
(Throw me tomorrow..oh,oh)
Seeing my past to let it go
(Throw me tomorrow..oh,oh)
Only for you I don't regret
That I was Thursday's Child
Monday, Tuesday, Wednesday born I was (x2)
Sometimes I cried my heart to sleep
Shuffling days and lonesome nights
Sometimes my courage fell to my feet
Lucky old sun is in my sky
Nothing prepared me for your smile
Lighting the darkness of my soul
Innocence in your arms
(Throw me tomorrow..oh,oh)
Now that I've really got a chance
(Throw me tomorrow..oh,oh)
Everything's falling into place
(Throw me tomorrow..oh,oh)
Seeing my past to let it go
(Yeah, throw me tomorrow..oh,oh)
Only for you I don't regret
That I was Thursday's Child
Monday, Tuesday, Wednesday born I was Thursday's Child
Monday, Tuesday, Wednesday born I was Thursday's Child
Monday, Tuesday, Wednesday born I was
Monday, Tuesday, Wednesday born I was
Estou a ouvir "Thursday's Child", de David Bowie, e não posso deixar de fazer um Alta Arte com esta música.
All of my life I've tried so hard
Doing my best with what I had
Nothing much happened all the same
Something about me stood apart
A whisper of hope that seemed to fail
Maybe I'm born right out of my time
Breaking my life in two
(Throw me tomorrow..oh,oh)
Now that I've really got a chance
(Throw me tomorrow..oh,oh)
Everything's falling into place
(Throw me tomorrow..oh,oh)
Seeing my past to let it go
(Throw me tomorrow..oh,oh)
Only for you I don't regret
That I was Thursday's Child
Monday, Tuesday, Wednesday born I was (x2)
Sometimes I cried my heart to sleep
Shuffling days and lonesome nights
Sometimes my courage fell to my feet
Lucky old sun is in my sky
Nothing prepared me for your smile
Lighting the darkness of my soul
Innocence in your arms
(Throw me tomorrow..oh,oh)
Now that I've really got a chance
(Throw me tomorrow..oh,oh)
Everything's falling into place
(Throw me tomorrow..oh,oh)
Seeing my past to let it go
(Yeah, throw me tomorrow..oh,oh)
Only for you I don't regret
That I was Thursday's Child
Monday, Tuesday, Wednesday born I was Thursday's Child
Monday, Tuesday, Wednesday born I was Thursday's Child
Monday, Tuesday, Wednesday born I was
Monday, Tuesday, Wednesday born I was
Patriotismo
Excelente este artigo sobre patriotismo.
«Não há nada mais ridículo, mais amordaçante, mais emburrecedor do que amar seu próprio país, sua própria cidade, sua própria tribo. É o sentimento mais normal do mundo, claro, amar os seus em detrimento aos outros, e por isso mesmo é ainda mais insidioso. Pior, é visto como uma qualidade e ensinado nas escolas».
Excelente este artigo sobre patriotismo.
«Não há nada mais ridículo, mais amordaçante, mais emburrecedor do que amar seu próprio país, sua própria cidade, sua própria tribo. É o sentimento mais normal do mundo, claro, amar os seus em detrimento aos outros, e por isso mesmo é ainda mais insidioso. Pior, é visto como uma qualidade e ensinado nas escolas».
De águia ao peito
Portugueses, o Benfica joga hoje um jogo importante na sua caminhada rumo à conquista na Taça UEFA. Vamos todos dar as mãos e vibrar ao segundo com cada passe, cada remate, cada defesa dos bravos atletas encarnados. E vamos, sobretudo, gritar bem alto o nosso patriotismo por cada golo que o grandioso clube, um dos maiores de Lisboa (contando já com os arredores), marcar à poderosa armada belga. Não será fácil, não tenhamos ilusões: o La Louvière é um adversário temível. É, logo a seguir à Lázio, a melhor equipa que o aquilino emblema defrontou nos últimos três anos nas competições europeias. Mas com 12 milhões de portugueses, nos quatro quantos do mundo, partilhando uma íntima fé nos ilustres heróis lusitanos, a vitória não escapará. Hoje serei águia, hoje todos seremos águias! Viva o Benfica, viva Portugal!
Portugueses, o Benfica joga hoje um jogo importante na sua caminhada rumo à conquista na Taça UEFA. Vamos todos dar as mãos e vibrar ao segundo com cada passe, cada remate, cada defesa dos bravos atletas encarnados. E vamos, sobretudo, gritar bem alto o nosso patriotismo por cada golo que o grandioso clube, um dos maiores de Lisboa (contando já com os arredores), marcar à poderosa armada belga. Não será fácil, não tenhamos ilusões: o La Louvière é um adversário temível. É, logo a seguir à Lázio, a melhor equipa que o aquilino emblema defrontou nos últimos três anos nas competições europeias. Mas com 12 milhões de portugueses, nos quatro quantos do mundo, partilhando uma íntima fé nos ilustres heróis lusitanos, a vitória não escapará. Hoje serei águia, hoje todos seremos águias! Viva o Benfica, viva Portugal!
Alta Arte
A arrogância de Von Trier
Por norma, procuro olhar numa primeira instância para as obras de arte afastando-as do seu autor e daquilo que conheço dele. Convenci-me de que só assim posso desfrutar da obra na sua essência. Defecando naquilo que ela representa para quem a fez, posso, com mais proveito, retirar-lhe aquilo que representa para mim só pelo que ela é. Dizer também que nunca leio as críticas aos filmes antes de os ver (e raramente o faço depois) - se me estou nas tintas para a visão do próprio realizador, imagina o que penso da de um mero espectador. (Arrogante, eu?)
Isto para dizer que, como é hábito, nada procurei saber sobre o filme "Dogville", de Lars von Trier, antes de o ter ido ver na noite passada. Já tinha os bilhetes comprados quando a amiga que ia comigo me avisou, com base no que tinha lido, que o filme era uma espécie de peça de teatro transposta para o cinema. Isso explicava em parte o porquê de quase todos os amigos que convidei para essa sessão se terem "cortado", mas procurei não ligar à ligeira preocupação que o alerta me causou.
Começou o filme e a legenda informava que se tratava da história da aldeia de Dogville, contada em nove episódios que se seguiriam ao prólogo que então teve lugar. Cenário de teatro, com iluminação de teatro, casas de paredes invisíveis e maçanetas imaginárias que abriam e fechavam portas sonoplásticas. Senti-me logrado à partida. Quando essa carência de uma das coisas que mais aprecio no cinema - a possibilidade de retratar lugares de forma realista e variada - se apresentou associada à câmara tremida que já conhecia de outros filmes do realizador, apoderou-se de mim uma certa náusea e comecei a lamentar o dinheiro gasto no bilhete.
No entanto, a história - única coisa que era capaz de poder salvar o que já parecia perdido - mostrou-se, desde o prólogo, quebastosamente digna de dedicar ao resto um mínimo de atenção. Estava lançado o engodo e, qual a minha surpresa, quando ao fim do segundo capítulo já estava de tal forma fisgado pela narrativa e pelas bravíssimas actuações de um grupo formidável de actores, que deixei de reparar como tudo se passava em torno de paredes de ar e esqueci-me completamente da tremeliqueira da câmara.
Ao longo dos vários episódios, assiste-se a uma inquietante metamorfose da natureza pura e bondosa de um povo pacato na animalidade egoísta que encerra o espírito humano, capaz de cometer as maiores atrocidades, justificando-as sofregamente numa moral postiça e hipócrita. As cenas em que Grace (Nicole Kidman) é abusada sexualmente por alguns dos personagens são atordoantes. Genial a forma como Von Trier faz a desconstrução de personagens doces, que nos vinham cativando desde o início do filme, para culminar num holocáustico desfecho em que o espectador não consegue evitar sentir um certo sadismo redentor.
Durante o genérico final, em que belas fotos do interior dos Estados Unidos (a maior parte reportando à Grande Depressão) nos devolvem ao mundo real, apetece bater palmas à arrogância do senhor Von Trier, que se prestou a fazer um filme nestes moldes, com pelo menos esse resultado: mostrou que era possível. Chegada a hora de olhar para o que o realizador fez anteriormente - sem tentar averiguar se este último "faz sentido" no conjunto da sua obra, porque isso é que não faz sentido nenhum - lembro-me de que foi ele quem dirigiu, entre outros bons filmes, o único musical de que gostei até hoje, "Dancer in the Dark", que, à imagem de "Dogville", também vai transformando um "handicap" - o de ser um musical - numa virtude, e acaba por surpreender.
A arrogância de Von Trier
Por norma, procuro olhar numa primeira instância para as obras de arte afastando-as do seu autor e daquilo que conheço dele. Convenci-me de que só assim posso desfrutar da obra na sua essência. Defecando naquilo que ela representa para quem a fez, posso, com mais proveito, retirar-lhe aquilo que representa para mim só pelo que ela é. Dizer também que nunca leio as críticas aos filmes antes de os ver (e raramente o faço depois) - se me estou nas tintas para a visão do próprio realizador, imagina o que penso da de um mero espectador. (Arrogante, eu?)
Isto para dizer que, como é hábito, nada procurei saber sobre o filme "Dogville", de Lars von Trier, antes de o ter ido ver na noite passada. Já tinha os bilhetes comprados quando a amiga que ia comigo me avisou, com base no que tinha lido, que o filme era uma espécie de peça de teatro transposta para o cinema. Isso explicava em parte o porquê de quase todos os amigos que convidei para essa sessão se terem "cortado", mas procurei não ligar à ligeira preocupação que o alerta me causou.
Começou o filme e a legenda informava que se tratava da história da aldeia de Dogville, contada em nove episódios que se seguiriam ao prólogo que então teve lugar. Cenário de teatro, com iluminação de teatro, casas de paredes invisíveis e maçanetas imaginárias que abriam e fechavam portas sonoplásticas. Senti-me logrado à partida. Quando essa carência de uma das coisas que mais aprecio no cinema - a possibilidade de retratar lugares de forma realista e variada - se apresentou associada à câmara tremida que já conhecia de outros filmes do realizador, apoderou-se de mim uma certa náusea e comecei a lamentar o dinheiro gasto no bilhete.
No entanto, a história - única coisa que era capaz de poder salvar o que já parecia perdido - mostrou-se, desde o prólogo, quebastosamente digna de dedicar ao resto um mínimo de atenção. Estava lançado o engodo e, qual a minha surpresa, quando ao fim do segundo capítulo já estava de tal forma fisgado pela narrativa e pelas bravíssimas actuações de um grupo formidável de actores, que deixei de reparar como tudo se passava em torno de paredes de ar e esqueci-me completamente da tremeliqueira da câmara.
Ao longo dos vários episódios, assiste-se a uma inquietante metamorfose da natureza pura e bondosa de um povo pacato na animalidade egoísta que encerra o espírito humano, capaz de cometer as maiores atrocidades, justificando-as sofregamente numa moral postiça e hipócrita. As cenas em que Grace (Nicole Kidman) é abusada sexualmente por alguns dos personagens são atordoantes. Genial a forma como Von Trier faz a desconstrução de personagens doces, que nos vinham cativando desde o início do filme, para culminar num holocáustico desfecho em que o espectador não consegue evitar sentir um certo sadismo redentor.
Durante o genérico final, em que belas fotos do interior dos Estados Unidos (a maior parte reportando à Grande Depressão) nos devolvem ao mundo real, apetece bater palmas à arrogância do senhor Von Trier, que se prestou a fazer um filme nestes moldes, com pelo menos esse resultado: mostrou que era possível. Chegada a hora de olhar para o que o realizador fez anteriormente - sem tentar averiguar se este último "faz sentido" no conjunto da sua obra, porque isso é que não faz sentido nenhum - lembro-me de que foi ele quem dirigiu, entre outros bons filmes, o único musical de que gostei até hoje, "Dancer in the Dark", que, à imagem de "Dogville", também vai transformando um "handicap" - o de ser um musical - numa virtude, e acaba por surpreender.
terça-feira, outubro 14, 2003
«Mi madre me baña»
Encontrei numa página qualquer da Internet este depoimento, que aqui se publica no original em espanhol (resolvemos não traduzir, mantendo assim a genuinidade de um registo já popularizado em Portugal por alguns canais de TV por cabo). Um contributo de grande valor científico para o estudo dos fetiches e das paixões humanas, do qual esperamos que os nossos leitores possam tirar o maior proveito.
«Crees que con 19 años ya soy mayorcito para tomar mi baño sólo? Bueno, quizás tienes razón... pero a mi todavía me gusta que mi madre me bañe. Nunca lo ha dejado de hacer.
Cuando era más joven y mi pene tenía una erección mientras mamá me secaba, acostumbraba a darme un masaje para relajarlo. Más tarde empezó a besarlo, a chuparlo, a masajearlo con sus tetas... hasta el día en que me permitió poner mi polla en su almeja.
Mi madre es mi profesora de educación sexual, ella dice que a las chicas no les gustan los chicos sin experiencia. El baño se llama en nuestra casa la habitación del orgasmo. Cada día tomamos un baño juntos de dos horas de duración como mínimo. Siempre me hace correr sobre sus tetas, o en su boca, o metiéndole la verga en su culo, para evitar quedar embarazada de su propio hijo.
¿Que qué opina mi padre de esto? A papá no le importa, está demasiado ocupado bañando y secando a mi hermana menor, su querida hija.»
Encontrei numa página qualquer da Internet este depoimento, que aqui se publica no original em espanhol (resolvemos não traduzir, mantendo assim a genuinidade de um registo já popularizado em Portugal por alguns canais de TV por cabo). Um contributo de grande valor científico para o estudo dos fetiches e das paixões humanas, do qual esperamos que os nossos leitores possam tirar o maior proveito.
«Crees que con 19 años ya soy mayorcito para tomar mi baño sólo? Bueno, quizás tienes razón... pero a mi todavía me gusta que mi madre me bañe. Nunca lo ha dejado de hacer.
Cuando era más joven y mi pene tenía una erección mientras mamá me secaba, acostumbraba a darme un masaje para relajarlo. Más tarde empezó a besarlo, a chuparlo, a masajearlo con sus tetas... hasta el día en que me permitió poner mi polla en su almeja.
Mi madre es mi profesora de educación sexual, ella dice que a las chicas no les gustan los chicos sin experiencia. El baño se llama en nuestra casa la habitación del orgasmo. Cada día tomamos un baño juntos de dos horas de duración como mínimo. Siempre me hace correr sobre sus tetas, o en su boca, o metiéndole la verga en su culo, para evitar quedar embarazada de su propio hijo.
¿Que qué opina mi padre de esto? A papá no le importa, está demasiado ocupado bañando y secando a mi hermana menor, su querida hija.»
segunda-feira, outubro 13, 2003
Sontag
Uma das vantagens de não se conhecer a cara das pessoas é a de assim podermos fazer delas uma imagem que para nós se adequa àquilo que conhecemos delas. Acontece com os locutores de rádio, por exemplo, de que conhecemos apenas a voz e a partir dela formamos uma ideia, ainda que vaga e indefinida, de como será o seu aspecto físico.
Hoje, no DN, aparece uma fotografia da escritora americana Susan Sontag, de que li um livro engraçado chamado "Debaixo do Vulcão" ou coisa parecida. Nunca tinha propriamente tentado imaginar qual a forma da sua cara, mas quando vi a foto custou-me, não sei bem porquê, a associá-la a ela. Nunca julguei que ela fosse assim, tão velha e com um aspecto tão pesado.
Uma das vantagens de não se conhecer a cara das pessoas é a de assim podermos fazer delas uma imagem que para nós se adequa àquilo que conhecemos delas. Acontece com os locutores de rádio, por exemplo, de que conhecemos apenas a voz e a partir dela formamos uma ideia, ainda que vaga e indefinida, de como será o seu aspecto físico.
Hoje, no DN, aparece uma fotografia da escritora americana Susan Sontag, de que li um livro engraçado chamado "Debaixo do Vulcão" ou coisa parecida. Nunca tinha propriamente tentado imaginar qual a forma da sua cara, mas quando vi a foto custou-me, não sei bem porquê, a associá-la a ela. Nunca julguei que ela fosse assim, tão velha e com um aspecto tão pesado.
sexta-feira, outubro 10, 2003
Palheta, um herói esquecido
Recordemos um grande herói português esquecido pela história, Francisco de Melo Palheta. O nosso Palheta era um diplomata em funções no Brasil no início do século XVIII. Em 1724, os governadores da Guiana francesa e da Guiana holandesa pediram-lhe ajuda para mediar uma disputa fronteiriça.
É preciso explicar que, no século XVIII, a planta do café ainda era uma espécie de segredo de Estado. Só havia café na Arábia, na Índia, na África Oriental e em alguns países europeus. Os holandeses e os franceses tinham café, mas era ilegal ceder ou vender sementes da planta.
Portugal não tinha café, e o grande Palheta viu na história das Guianas uma excelente oportunidade de sacar as sementes. O nosso Palheta foi ter com holandeses e franceses, e resolveu o tal problema diplomático. No processo, segundo este livro, o Palheta seduziu (e papou) a mulher do governador francês.
A francesa, deslumbrada pela palheta do viril Palheta, decidiu oferecer um presente de despedida ao nosso diplomata antes de ele voltar ao Brasil. Deu-lhe um ramo de flores exóticas. No meio do ramo estavam escondidas sementes de café.
E foi dessa forma galante que o nosso Palheta regressou à sua fazenda no Pará, onde plantou as sementes, dando origem à grande indústria do café do Brasil. Da próxima vez que beberem um café brasileiro, lembrem-se do nosso herói Palheta.
Recordemos um grande herói português esquecido pela história, Francisco de Melo Palheta. O nosso Palheta era um diplomata em funções no Brasil no início do século XVIII. Em 1724, os governadores da Guiana francesa e da Guiana holandesa pediram-lhe ajuda para mediar uma disputa fronteiriça.
É preciso explicar que, no século XVIII, a planta do café ainda era uma espécie de segredo de Estado. Só havia café na Arábia, na Índia, na África Oriental e em alguns países europeus. Os holandeses e os franceses tinham café, mas era ilegal ceder ou vender sementes da planta.
Portugal não tinha café, e o grande Palheta viu na história das Guianas uma excelente oportunidade de sacar as sementes. O nosso Palheta foi ter com holandeses e franceses, e resolveu o tal problema diplomático. No processo, segundo este livro, o Palheta seduziu (e papou) a mulher do governador francês.
A francesa, deslumbrada pela palheta do viril Palheta, decidiu oferecer um presente de despedida ao nosso diplomata antes de ele voltar ao Brasil. Deu-lhe um ramo de flores exóticas. No meio do ramo estavam escondidas sementes de café.
E foi dessa forma galante que o nosso Palheta regressou à sua fazenda no Pará, onde plantou as sementes, dando origem à grande indústria do café do Brasil. Da próxima vez que beberem um café brasileiro, lembrem-se do nosso herói Palheta.
A inocência de Pedroso
A libertação de Paulo Pedroso veio dar mais força à minha teoria de que o ex-ministro socialista está inocente, apesar de ter participado em casos de pedofilia. Parece contraditório, mas não é. Explico: numa relação pedófila, e com uma cara de puto daquelas, Pedroso só pode ter sido a vítima.
A libertação de Paulo Pedroso veio dar mais força à minha teoria de que o ex-ministro socialista está inocente, apesar de ter participado em casos de pedofilia. Parece contraditório, mas não é. Explico: numa relação pedófila, e com uma cara de puto daquelas, Pedroso só pode ter sido a vítima.
quarta-feira, outubro 08, 2003
O "l" que o tuga enfiou na tequila
O homo lusitanus em geral tem a mania que sabe falar "estrangeiro". Castelhano então é fácil, igualzinho ao português. Aliás ninguém percebe como é que os espanhóis não nos entendem, mesmo quando nos esforçamos por falar parecido com eles. Se calhar, e só para dar um exemplo, é porque quando procura um espacinho nas ruas de Madrid para "aparcar el coche", o tuga pergunta: "Por favior donde póssio estacioniar o cárrio?" OK, assim é difícil. Os espanhóis tão perdoados.
Mas foi dessa mania que surgiu uma palavra inexistente em espanhol. Essa palavra é "tequilla", ou como até já vi num aportuguesamento, "tequilha". Então como é que esse vocábulo alienígena surge? Ora, o tuga ouve um hispanohablante qualquer dizer "ella" (ela), "amarillo" (amarelo), "caballo" (cavalo) ou "bella" (bela, bonita) e deduz: "em espanhol, os eles andam sempre aos pares". Errado. Na língua de Cervantes, também há palavras só com um "l", letra que tem o mesmo som do "l" português.
Por isso, tuga, quando vais a Badajoz, escusas de procurar "caramelhos", que não vais encontrar. Experimenta "caramelos", como em português. Se queres visitar uns parentes imigrantes na América do Sul, não tentes comprar uma passagem para a "Venezuelha", porque esse país nem vem no mapa. Só vais encontrar "Venezuela", quer numa carta portuguesa, quer numa espanhola. À noite, se fores tomar uns copos, pede uma "tequila", que é como a bebida nacional do México se chama, tal como a cidade que lhe deu o nome.
O homo lusitanus em geral tem a mania que sabe falar "estrangeiro". Castelhano então é fácil, igualzinho ao português. Aliás ninguém percebe como é que os espanhóis não nos entendem, mesmo quando nos esforçamos por falar parecido com eles. Se calhar, e só para dar um exemplo, é porque quando procura um espacinho nas ruas de Madrid para "aparcar el coche", o tuga pergunta: "Por favior donde póssio estacioniar o cárrio?" OK, assim é difícil. Os espanhóis tão perdoados.
Mas foi dessa mania que surgiu uma palavra inexistente em espanhol. Essa palavra é "tequilla", ou como até já vi num aportuguesamento, "tequilha". Então como é que esse vocábulo alienígena surge? Ora, o tuga ouve um hispanohablante qualquer dizer "ella" (ela), "amarillo" (amarelo), "caballo" (cavalo) ou "bella" (bela, bonita) e deduz: "em espanhol, os eles andam sempre aos pares". Errado. Na língua de Cervantes, também há palavras só com um "l", letra que tem o mesmo som do "l" português.
Por isso, tuga, quando vais a Badajoz, escusas de procurar "caramelhos", que não vais encontrar. Experimenta "caramelos", como em português. Se queres visitar uns parentes imigrantes na América do Sul, não tentes comprar uma passagem para a "Venezuelha", porque esse país nem vem no mapa. Só vais encontrar "Venezuela", quer numa carta portuguesa, quer numa espanhola. À noite, se fores tomar uns copos, pede uma "tequila", que é como a bebida nacional do México se chama, tal como a cidade que lhe deu o nome.
terça-feira, outubro 07, 2003
quinta-feira, outubro 02, 2003
Pipizinho
O Núcleo Duro foi aos arquivos da Torre do Rombo e descobriu um filme familiar muito curioso desse grande ídolo da blogosfera conhecido como O Meu Pipi. Filmado na década de 70, com uma câmara doméstica de 8mm, esta preciosidade de grande valor documental mostra o pequeno Pipi, com apenas 9 meses, a exibir já uma precoce inclinação para as coisas boas da vida. Ninguém imaginava, nessa altura, a dimensão do fenómeno que acabara de nascer.
O Núcleo Duro foi aos arquivos da Torre do Rombo e descobriu um filme familiar muito curioso desse grande ídolo da blogosfera conhecido como O Meu Pipi. Filmado na década de 70, com uma câmara doméstica de 8mm, esta preciosidade de grande valor documental mostra o pequeno Pipi, com apenas 9 meses, a exibir já uma precoce inclinação para as coisas boas da vida. Ninguém imaginava, nessa altura, a dimensão do fenómeno que acabara de nascer.
quarta-feira, outubro 01, 2003
Mexia nos seis milhões
Gostei da atitude deste grande jornalista, por vezes tão maltratado no nosso blog. É a primeira vez que oiço um benfiquista assumir a mediania do seu clube, por muito que o Ernesto venha dizer que não. O Benfica já nem sabe o que fazer para sair da crise, como nós aliás noticiámos.
No entanto, nem toda a gente concorda com o Mexia, como é o caso deste rapaz, uma recente revelação da blogosfera.
Gostei da atitude deste grande jornalista, por vezes tão maltratado no nosso blog. É a primeira vez que oiço um benfiquista assumir a mediania do seu clube, por muito que o Ernesto venha dizer que não. O Benfica já nem sabe o que fazer para sair da crise, como nós aliás noticiámos.
No entanto, nem toda a gente concorda com o Mexia, como é o caso deste rapaz, uma recente revelação da blogosfera.
Ernesto II
É conhecida a adoração do Ernesto pelo Rodrigo Guedes de Carvalho, apresentador do Jornal da Noite da SIC. Convém por isso ao Ernesto ler este texto.
É conhecida a adoração do Ernesto pelo Rodrigo Guedes de Carvalho, apresentador do Jornal da Noite da SIC. Convém por isso ao Ernesto ler este texto.
Ernesto
É conhecida a embirração de Ernesto pelo Mexia. Mas por uma vez Ernesto devia dar razão ao Mexia, porque o Mexia escreveu um texto de espantosa lucidez no DN.
É conhecida a embirração de Ernesto pelo Mexia. Mas por uma vez Ernesto devia dar razão ao Mexia, porque o Mexia escreveu um texto de espantosa lucidez no DN.
segunda-feira, setembro 29, 2003
TV 7 Dias
Um destes dias folheei a TV 7 Dias, uma revista semanal dedicada a assuntos de televisão.
Não é difícil definir o conteúdo da coisa: boatos sobre “famosos” (sendo que famosos são todos os que aparecem 15 segundos nas tvs, isto é, três quartos da população portuguesa), fotos de “famosos”, entrevistas a “famosos”, fait-divers e trivialidades sobre “famosos”.. Sem esquecer as rubricas obrigatórias sobre signos, inquéritos e páginas dedicadas ao sexo e à moda.
Como não podia deixar de ser, a revista é detestável, é repugnante, etc. Mas é bem feita: isto é, não é difícil adivinhar que uma dona de casa ou alguém que esteja à espera da consulta no dentista se sinta inevitavelmente atraído por ela. Como é possível resistir a um artigo em que se fica a saber que a Sílvia, apresentadora do Ídolos, namora com o ex-marido de uma das juradas do mesmo programa? Ou por um outro texto em que o dono de uma merceria de Aveiro jura que o Ricardo M., um dos concorrentes do Big Brother, era mal tratado pela madrasta, a ponto de esta lhe mandar a cabecita contra o bidé?
A Tv 7 Dias é os Lusíadas da pimbalhice.
Um destes dias folheei a TV 7 Dias, uma revista semanal dedicada a assuntos de televisão.
Não é difícil definir o conteúdo da coisa: boatos sobre “famosos” (sendo que famosos são todos os que aparecem 15 segundos nas tvs, isto é, três quartos da população portuguesa), fotos de “famosos”, entrevistas a “famosos”, fait-divers e trivialidades sobre “famosos”.. Sem esquecer as rubricas obrigatórias sobre signos, inquéritos e páginas dedicadas ao sexo e à moda.
Como não podia deixar de ser, a revista é detestável, é repugnante, etc. Mas é bem feita: isto é, não é difícil adivinhar que uma dona de casa ou alguém que esteja à espera da consulta no dentista se sinta inevitavelmente atraído por ela. Como é possível resistir a um artigo em que se fica a saber que a Sílvia, apresentadora do Ídolos, namora com o ex-marido de uma das juradas do mesmo programa? Ou por um outro texto em que o dono de uma merceria de Aveiro jura que o Ricardo M., um dos concorrentes do Big Brother, era mal tratado pela madrasta, a ponto de esta lhe mandar a cabecita contra o bidé?
A Tv 7 Dias é os Lusíadas da pimbalhice.
Música portuguesa
Uma das “causas” dos músicos portugueses é querer obrigar as rádios a passar música portuguesa. Aparentemente, os deputados vão discutir o assunto no Parlamento e fazer o frete aos cantores, aprovando leis para criar bolsas obrigatórias de música nacional nas programações. Parece que há quem pense que é a estratégia certa para defender a música portuguesa da vaga imperialista anglo-saxónica. É uma política similar às quotas para deputadas na AR ou à obrigatoriedade de as salas de cinema passarem filmes do Manoel de Oliveira e afins. É triste que haja quem queira impor certas coisas por decreto.
Uma das “causas” dos músicos portugueses é querer obrigar as rádios a passar música portuguesa. Aparentemente, os deputados vão discutir o assunto no Parlamento e fazer o frete aos cantores, aprovando leis para criar bolsas obrigatórias de música nacional nas programações. Parece que há quem pense que é a estratégia certa para defender a música portuguesa da vaga imperialista anglo-saxónica. É uma política similar às quotas para deputadas na AR ou à obrigatoriedade de as salas de cinema passarem filmes do Manoel de Oliveira e afins. É triste que haja quem queira impor certas coisas por decreto.
domingo, setembro 28, 2003
Este post é longo mas acho bastante elucidativo.
quem gostar dos EUA (isto é para ti Tiberius) é favor passar à frente
CONVERSA ENTRE UM PAI E UM FILHO, ANTES DO ADORMECER, NUMA
CIDADE NORTE-AMERICANA:
Filho: Paizinho, porque é que tivemos que atacar o Iraque?
Pai: Porque eles tinham armas de destruição em massa, filho.
F: Mas os inspectores não encontraram nenhumas armas de
destruição em massa.
P: Isso é porque os iraquianos as esconderam.
F: E porque é que nós invadimos o Iraque?
P: Bom, as invasões funcionam sempre melhor que as inspecções.
F: Mas depois de os termos invadido, AINDA não encontrámos
nenhumas armas, pois não?
P: Isso é porque as armas estão muito bem escondidas. Mas
deixa lá, haveremos de encontrar alguma coisa,
provavelmente antes mesmo das próximas eleições.
F: Para que é que o Iraque queria todas aquelas armas de
destruição em massa?
P: Para as usar numa guerra, claro.
F: Estou confuso. Se eles tinham todas aquelas armas e
planeavam usá-las numa guerra, então porque é que não
usaram nenhuma quando os atacámos?
P: Bem, obviamente não queriam que ninguém soubesse que eles
tinham aquelas armas, por isso eles escolheram
morrer aos milhares em vez de se defenderem.
F: Isso não faz sentido, paizinho. Porque é que eles haveriam
de escolher morrer se tinham todas aquelas armas
poderosas para lutar contra nós?
P: É uma cultura diferente. Não é suposto fazer sentido.
F: Não sei o que é que tu achas, paizinho, mas não me parece
que eles tivessem quaisquer daquelas armas que o
nosso governo dizia que eles tinham.
P: Bom, sabes, não interessa se eles tinham ou não aquelas
armas. De qualquer modo nós tínhamos outra boa razão
para os invadir.
F: E qual era?
P: Mesmo que o Iraque não tivesse armas de destruição em
massa, Saddam Hussein era um cruel ditador, o que é
outra boa razão para invadir outro país.
F: Porquê? O que é que um ditador cruel faz para que seja
correcto invadir o seu país?
P: Bom, pelo menos uma coisa, ele torturava o seu próprio povo.
F: Assim como fazem na China?
P: Não compares a China com o Iraque. A China é um bom
parceiro económico, onde milhões de pessoas trabalham
por salários de miséria, em condições miseráveis, para tornar
as empresas norte-americanas mais ricas.
F: Então, se um país deixa que o seu povo seja explorado para
o lucro das empresas americanas, é um bom país, mesmo
se esse país tortura o povo?
P: Certo.
F: Porque é que o povo no Iraque era torturado?
P: Por crimes políticos, principalmente, tais como criticar o
governo. As pessoas que criticavam o governo no Iraque
eram presas e torturadas.
F: Não é isso exactamente o que acontece na China?
P: Já te disse, a China é diferente.
P: Qual é a diferença entre a China e o Iraque?
P: Bom, pelo menos uma coisa, o Iraque era governado pelo
partido Baas enquanto que a China é comunista.
F: Não me tinhas dito uma vez que os comunistas eram maus?
P: Não; só os comunistas cubanos são maus.
F: Porque é que os comunistas cubanos são maus?
P: Bom, pelo menos uma coisa, as pessoas que criticam o
governo em Cuba são presas e torturadas.
F: Como no Iraque?
P: Exactamente.
F: E como na China, também?
P: Já te disse, a China é um bom parceiro económico. Cuba, por
outro lado, não é.
F: Porque é que Cuba não é um bom parceiro económico?
P: Bem, é assim, no princípio dos anos 60, o nosso governo fez
umas leis que tornaram ilegal que os norte-americanos
tivessem trocas comerciais ou outros negócios com Cuba, até
que eles deixassem de ser comunistas e começassem a
ser capitalistas como nós.
F: Mas se nós acabássemos com essas leis, abríssemos o
comércio com Cuba, e começássemos a fazer negócios com
eles, isso não ajudaria os cubanos a tornarem-se capitalistas?
P: Não te armes em chico-esperto.
F: Eu acho que não sou.
P: Bom, de qualquer modo, também não há liberdade de religião
em Cuba.
F: Assim como na China, com o movimento Falun Gong?
P: Já te disse, deixa-te de dizer mal da China. De qualquer
maneira, Saddam Hussein chegou ao poder através de um golpe
militar, por isso ele não era realmente um líder legítimo.
F: O que é um golpe militar, paizinho?
P: É quando um general toma conta do governo de um país pela
força, em vez de eleições livres como nós temos nos Estados Unidos.
F: O líder do Paquistão não chegou ao poder através de um
golpe militar?
P: Referes-te ao General Pervez Musharraf? Uhm, ah, sim, foi;
mas o Paquistão é nosso amigo.
F: Como é que o Paquistão é nosso amigo se o seu líder é
ilegítimo?
P: Eu nunca disse que Pervez Musharraf era ilegítimo.
F: Não acabaste de dizer que um general que chega ao poder
pela força, derrubando o governo legítimo de uma nação, é um líder
ilegítimo?
P: Só Saddam Hussein. Pervez Musharraf é nosso amigo, porque
ele nos ajudou a invadir o Afeganistão.
F: Porque é que nós invadimos o Afeganistão?
P: Por causa do que eles nos fizeram no 11 de Setembro.
Q: O que é que o Afeganistão nos fez no 11 de Setembro?
F: Bem, em 11 de Setembro de 2001, dezanove homens, quinze dos
quais da Arábia Saudita, desviaram quatro aviões e lançaram três
contra edifícios, matando mais de 3000 norte-americanos.
F: Então, onde é que o Afeganistão entra nisso tudo?
P: O Afeganistão foi onde esses homens maus foram treinados,
sob o regime opressivo dos Taliban.
F: Os Taliban não são aqueles maus radicais islâmicos que
cortam as cabeças e as mãos das pessoas?
P: Sim, são esses exactamente. Não só cortavam as cabeças e as
mãos das pessoas, como também oprimiam as mulheres.
F: Mas o governo de Bush não deu aos Taliban 43 milhões de
dólares em Maio de 2001?
P: Sim, mas esse dinheiro foi uma recompensa porque eles
fizeram um bom trabalho na luta contra as drogas.
F: Na luta contra as drogas?
P: Sim, os Taliban ajudaram muito, para obrigar as pessoas a
deixarem de cultivar papoilas de ópio.
F: Como é que eles fizeram tão bom trabalho?
P: É simples. Se as pessoas fossem apanhadas a cultivar
papoilas de ópio, os Taliban cortavam-lhes as mãos e as cabeças.
F: Então, quando os Taliban cortavam as cabeças e as mãos das
pessoas que cultivavam flores, isso estava certo, mas não se
eles cortavam as cabeças e as mãos por outras razões?
P: Sim. Nós achamos bem se os radicais fundamentalistas
islâmicos cortam as mãos das pessoas por cultivarem flores, mas
achamos cruel que eles cortem as mãos das pessoas por roubar
pão.
F: Mas na Arábia Saudita eles não cortam também as mãos e as
cabeças das pessoas?
P: Isso é diferente. O Afeganistão era governado por um
patriarcado tirânico que oprimia as mulheres e as obrigava a usar
burqas sempre que elas estivessem em público, e as que não
cumprissem eram condenadas à morte por apedrejamento.
F: Mas as mulheres na Arábia Saudita não têm também que usar
burqas em público?
P: Não, as mulheres sauditas simplesmente usam uma vestimenta
islâmica tradicional.
F: Qual é a diferença?
P: A vestimenta islâmica tradicional usada pelas mulheres
sauditas é uma roupa modesta mas em moda que cobre todo o corpo
da mulher excepto os olhos e os dedos.
A burqa das afegãs, por outro lado, é um instrumento maligno da opressão patriarcal que
cobre todo o corpo da mulher excepto os olhos e os dedos.
F: Parece-me a mesma coisa com um nome diferente.
P: Bom, não vais agora comparar o Afeganistão com a Arábia
Saudita. Os sauditas são nossos amigos.
F: Mas parece-me que disseste que 15 dos 19 piratas do ar do
11 de Setembro eram da Arábia Saudita.
P: Sim, mas foram treinados no Afeganistão.
F: Quem é que os treinou?
P: Um homem muito mau, chamado Osama bin Laden.
F: Ele era do Afeganistão?
P: Aahh, não, ele era também da Arábia Saudita. Mas era um
homem mau, um homem muito mau.
F: Se bem me lembro, ele já tinha sido nosso amigo.
P: Só quando nós o ajudámos e aos mujahadin a repelir a
invasão soviética do Afeganistão nos anos 80.
F: Quem são os soviéticos? Não era o Império do Mal,
comunista, que o Ronald Reagan falava?
P: Já não há soviéticos. A União Soviética acabou em 1990, ou
mais ou menos, e agora eles têm eleições e capitalismo
como nós. Agora chamamo-lhes russos.
F: Então os soviéticos, quero dizer, os russos, agora são
nossos amigos?
P: Bem, não efectivamente. Sabes, eles foram nossos amigos
durante uns anos quando deixaram de ser soviéticos, mas
depois decidiram não nos apoiar na invasão do Iraque, por isso
agora estamos aborrecidos com eles. Também estamos
aborrecidos com os franceses e os alemães porque eles também
não nos ajudaram a invadir o Iraque.
F: Então os franceses e os alemães também são maus?
P: Não completamente, mas suficientemente maus para termos
mudado o nome das French Fries (batatas fritas) e das French
Toasts para Freedom Fries (batatas da liberdade) e Freedom
Toasts.
F: Nós mudamos sempre os nomes à comida quando outro país não
faz o que nós queremos?
P: Não, isso é só com os nossos amigos. Os inimigos, invadimo-
los.
F: Mas o Iraque não foi um dos nossos amigos nos anos 80?
P: Bem, sim. Durante algum tempo.
F: Saddam Hussein não era então o líder do Iraque?
P: Sim, mas nessa altura ele estava em guerra contra o Irão, o
que fez dele nosso amigo, temporariamente.
F: Porque é que isso fez dele nosso amigo?
P: Porque nessa altura o Irão era nosso inimigo.
F: Isso não foi quando ele lançou gás contra os curdos?
P: Sim, mas como ele estava em guerra contra o Irão, nós
olhámos para o lado, para lhe mostrar que éramos seus amigos.
F: Então, quem lutar contra um dos nossos inimigos torna-se
automaticamente nosso amigo?
P: A maior parte das vezes sim.
F: E quando alguém luta contra um dos nossos amigos torna-se
automaticamente nosso inimigo?
P: Às vezes isso é verdade, também. Porém, se as empresas
americanas poderem lucrar vendendo armas a ambos os lados
ao mesmo tempo, tanto melhor.
F: Porquê?
P: Porque a guerra é boa para a economia, o que significa que
a guerra é boa para a América. Além disso, visto que Deus está
do lado da América, quem se opõe à guerra é um ateu, anti-
americano, comunista. Percebes agora porque é que atacámos o Iraque?
F: Acho que sim. Nós atacámos porque era a vontade de Deus,
certo?
P: Sim.
F: Mas como é que nós sabíamos que Deus queria que atacássemos
o Iraque?
P: Bem, estás a ver, Deus fala pessoalmente com George W. Bush
e diz-lhe o que deve fazer.
F: Então, basicamente, estás a dizer que atacámos o Iraque
porque George W. Bush ouve vozes na cabeça?
P: Sim! Finalmente percebes como o mundo funciona. Agora fecha
os olhos, aconchega-te e dorme. Boa noite.
F: Boa noite, paizinho.
quem gostar dos EUA (isto é para ti Tiberius) é favor passar à frente
CONVERSA ENTRE UM PAI E UM FILHO, ANTES DO ADORMECER, NUMA
CIDADE NORTE-AMERICANA:
Filho: Paizinho, porque é que tivemos que atacar o Iraque?
Pai: Porque eles tinham armas de destruição em massa, filho.
F: Mas os inspectores não encontraram nenhumas armas de
destruição em massa.
P: Isso é porque os iraquianos as esconderam.
F: E porque é que nós invadimos o Iraque?
P: Bom, as invasões funcionam sempre melhor que as inspecções.
F: Mas depois de os termos invadido, AINDA não encontrámos
nenhumas armas, pois não?
P: Isso é porque as armas estão muito bem escondidas. Mas
deixa lá, haveremos de encontrar alguma coisa,
provavelmente antes mesmo das próximas eleições.
F: Para que é que o Iraque queria todas aquelas armas de
destruição em massa?
P: Para as usar numa guerra, claro.
F: Estou confuso. Se eles tinham todas aquelas armas e
planeavam usá-las numa guerra, então porque é que não
usaram nenhuma quando os atacámos?
P: Bem, obviamente não queriam que ninguém soubesse que eles
tinham aquelas armas, por isso eles escolheram
morrer aos milhares em vez de se defenderem.
F: Isso não faz sentido, paizinho. Porque é que eles haveriam
de escolher morrer se tinham todas aquelas armas
poderosas para lutar contra nós?
P: É uma cultura diferente. Não é suposto fazer sentido.
F: Não sei o que é que tu achas, paizinho, mas não me parece
que eles tivessem quaisquer daquelas armas que o
nosso governo dizia que eles tinham.
P: Bom, sabes, não interessa se eles tinham ou não aquelas
armas. De qualquer modo nós tínhamos outra boa razão
para os invadir.
F: E qual era?
P: Mesmo que o Iraque não tivesse armas de destruição em
massa, Saddam Hussein era um cruel ditador, o que é
outra boa razão para invadir outro país.
F: Porquê? O que é que um ditador cruel faz para que seja
correcto invadir o seu país?
P: Bom, pelo menos uma coisa, ele torturava o seu próprio povo.
F: Assim como fazem na China?
P: Não compares a China com o Iraque. A China é um bom
parceiro económico, onde milhões de pessoas trabalham
por salários de miséria, em condições miseráveis, para tornar
as empresas norte-americanas mais ricas.
F: Então, se um país deixa que o seu povo seja explorado para
o lucro das empresas americanas, é um bom país, mesmo
se esse país tortura o povo?
P: Certo.
F: Porque é que o povo no Iraque era torturado?
P: Por crimes políticos, principalmente, tais como criticar o
governo. As pessoas que criticavam o governo no Iraque
eram presas e torturadas.
F: Não é isso exactamente o que acontece na China?
P: Já te disse, a China é diferente.
P: Qual é a diferença entre a China e o Iraque?
P: Bom, pelo menos uma coisa, o Iraque era governado pelo
partido Baas enquanto que a China é comunista.
F: Não me tinhas dito uma vez que os comunistas eram maus?
P: Não; só os comunistas cubanos são maus.
F: Porque é que os comunistas cubanos são maus?
P: Bom, pelo menos uma coisa, as pessoas que criticam o
governo em Cuba são presas e torturadas.
F: Como no Iraque?
P: Exactamente.
F: E como na China, também?
P: Já te disse, a China é um bom parceiro económico. Cuba, por
outro lado, não é.
F: Porque é que Cuba não é um bom parceiro económico?
P: Bem, é assim, no princípio dos anos 60, o nosso governo fez
umas leis que tornaram ilegal que os norte-americanos
tivessem trocas comerciais ou outros negócios com Cuba, até
que eles deixassem de ser comunistas e começassem a
ser capitalistas como nós.
F: Mas se nós acabássemos com essas leis, abríssemos o
comércio com Cuba, e começássemos a fazer negócios com
eles, isso não ajudaria os cubanos a tornarem-se capitalistas?
P: Não te armes em chico-esperto.
F: Eu acho que não sou.
P: Bom, de qualquer modo, também não há liberdade de religião
em Cuba.
F: Assim como na China, com o movimento Falun Gong?
P: Já te disse, deixa-te de dizer mal da China. De qualquer
maneira, Saddam Hussein chegou ao poder através de um golpe
militar, por isso ele não era realmente um líder legítimo.
F: O que é um golpe militar, paizinho?
P: É quando um general toma conta do governo de um país pela
força, em vez de eleições livres como nós temos nos Estados Unidos.
F: O líder do Paquistão não chegou ao poder através de um
golpe militar?
P: Referes-te ao General Pervez Musharraf? Uhm, ah, sim, foi;
mas o Paquistão é nosso amigo.
F: Como é que o Paquistão é nosso amigo se o seu líder é
ilegítimo?
P: Eu nunca disse que Pervez Musharraf era ilegítimo.
F: Não acabaste de dizer que um general que chega ao poder
pela força, derrubando o governo legítimo de uma nação, é um líder
ilegítimo?
P: Só Saddam Hussein. Pervez Musharraf é nosso amigo, porque
ele nos ajudou a invadir o Afeganistão.
F: Porque é que nós invadimos o Afeganistão?
P: Por causa do que eles nos fizeram no 11 de Setembro.
Q: O que é que o Afeganistão nos fez no 11 de Setembro?
F: Bem, em 11 de Setembro de 2001, dezanove homens, quinze dos
quais da Arábia Saudita, desviaram quatro aviões e lançaram três
contra edifícios, matando mais de 3000 norte-americanos.
F: Então, onde é que o Afeganistão entra nisso tudo?
P: O Afeganistão foi onde esses homens maus foram treinados,
sob o regime opressivo dos Taliban.
F: Os Taliban não são aqueles maus radicais islâmicos que
cortam as cabeças e as mãos das pessoas?
P: Sim, são esses exactamente. Não só cortavam as cabeças e as
mãos das pessoas, como também oprimiam as mulheres.
F: Mas o governo de Bush não deu aos Taliban 43 milhões de
dólares em Maio de 2001?
P: Sim, mas esse dinheiro foi uma recompensa porque eles
fizeram um bom trabalho na luta contra as drogas.
F: Na luta contra as drogas?
P: Sim, os Taliban ajudaram muito, para obrigar as pessoas a
deixarem de cultivar papoilas de ópio.
F: Como é que eles fizeram tão bom trabalho?
P: É simples. Se as pessoas fossem apanhadas a cultivar
papoilas de ópio, os Taliban cortavam-lhes as mãos e as cabeças.
F: Então, quando os Taliban cortavam as cabeças e as mãos das
pessoas que cultivavam flores, isso estava certo, mas não se
eles cortavam as cabeças e as mãos por outras razões?
P: Sim. Nós achamos bem se os radicais fundamentalistas
islâmicos cortam as mãos das pessoas por cultivarem flores, mas
achamos cruel que eles cortem as mãos das pessoas por roubar
pão.
F: Mas na Arábia Saudita eles não cortam também as mãos e as
cabeças das pessoas?
P: Isso é diferente. O Afeganistão era governado por um
patriarcado tirânico que oprimia as mulheres e as obrigava a usar
burqas sempre que elas estivessem em público, e as que não
cumprissem eram condenadas à morte por apedrejamento.
F: Mas as mulheres na Arábia Saudita não têm também que usar
burqas em público?
P: Não, as mulheres sauditas simplesmente usam uma vestimenta
islâmica tradicional.
F: Qual é a diferença?
P: A vestimenta islâmica tradicional usada pelas mulheres
sauditas é uma roupa modesta mas em moda que cobre todo o corpo
da mulher excepto os olhos e os dedos.
A burqa das afegãs, por outro lado, é um instrumento maligno da opressão patriarcal que
cobre todo o corpo da mulher excepto os olhos e os dedos.
F: Parece-me a mesma coisa com um nome diferente.
P: Bom, não vais agora comparar o Afeganistão com a Arábia
Saudita. Os sauditas são nossos amigos.
F: Mas parece-me que disseste que 15 dos 19 piratas do ar do
11 de Setembro eram da Arábia Saudita.
P: Sim, mas foram treinados no Afeganistão.
F: Quem é que os treinou?
P: Um homem muito mau, chamado Osama bin Laden.
F: Ele era do Afeganistão?
P: Aahh, não, ele era também da Arábia Saudita. Mas era um
homem mau, um homem muito mau.
F: Se bem me lembro, ele já tinha sido nosso amigo.
P: Só quando nós o ajudámos e aos mujahadin a repelir a
invasão soviética do Afeganistão nos anos 80.
F: Quem são os soviéticos? Não era o Império do Mal,
comunista, que o Ronald Reagan falava?
P: Já não há soviéticos. A União Soviética acabou em 1990, ou
mais ou menos, e agora eles têm eleições e capitalismo
como nós. Agora chamamo-lhes russos.
F: Então os soviéticos, quero dizer, os russos, agora são
nossos amigos?
P: Bem, não efectivamente. Sabes, eles foram nossos amigos
durante uns anos quando deixaram de ser soviéticos, mas
depois decidiram não nos apoiar na invasão do Iraque, por isso
agora estamos aborrecidos com eles. Também estamos
aborrecidos com os franceses e os alemães porque eles também
não nos ajudaram a invadir o Iraque.
F: Então os franceses e os alemães também são maus?
P: Não completamente, mas suficientemente maus para termos
mudado o nome das French Fries (batatas fritas) e das French
Toasts para Freedom Fries (batatas da liberdade) e Freedom
Toasts.
F: Nós mudamos sempre os nomes à comida quando outro país não
faz o que nós queremos?
P: Não, isso é só com os nossos amigos. Os inimigos, invadimo-
los.
F: Mas o Iraque não foi um dos nossos amigos nos anos 80?
P: Bem, sim. Durante algum tempo.
F: Saddam Hussein não era então o líder do Iraque?
P: Sim, mas nessa altura ele estava em guerra contra o Irão, o
que fez dele nosso amigo, temporariamente.
F: Porque é que isso fez dele nosso amigo?
P: Porque nessa altura o Irão era nosso inimigo.
F: Isso não foi quando ele lançou gás contra os curdos?
P: Sim, mas como ele estava em guerra contra o Irão, nós
olhámos para o lado, para lhe mostrar que éramos seus amigos.
F: Então, quem lutar contra um dos nossos inimigos torna-se
automaticamente nosso amigo?
P: A maior parte das vezes sim.
F: E quando alguém luta contra um dos nossos amigos torna-se
automaticamente nosso inimigo?
P: Às vezes isso é verdade, também. Porém, se as empresas
americanas poderem lucrar vendendo armas a ambos os lados
ao mesmo tempo, tanto melhor.
F: Porquê?
P: Porque a guerra é boa para a economia, o que significa que
a guerra é boa para a América. Além disso, visto que Deus está
do lado da América, quem se opõe à guerra é um ateu, anti-
americano, comunista. Percebes agora porque é que atacámos o Iraque?
F: Acho que sim. Nós atacámos porque era a vontade de Deus,
certo?
P: Sim.
F: Mas como é que nós sabíamos que Deus queria que atacássemos
o Iraque?
P: Bem, estás a ver, Deus fala pessoalmente com George W. Bush
e diz-lhe o que deve fazer.
F: Então, basicamente, estás a dizer que atacámos o Iraque
porque George W. Bush ouve vozes na cabeça?
P: Sim! Finalmente percebes como o mundo funciona. Agora fecha
os olhos, aconchega-te e dorme. Boa noite.
F: Boa noite, paizinho.
quinta-feira, setembro 25, 2003
Notícias a partir
Benfica partilha estádio com a Igreja Universal
O Benfica descobriu uma forma de rentabilizar o novo Estádio da Luz após o Euro 2004. Nos dias da semana em que não houver jogos de futebol, o recinto irá funcionar como um grande templo da Igreja Universal do Rego de Deus (IURD).
A igreja brasileira e o clube da Luz resolveram unir esforços com o objectivo de angariar mais sócios para o clube e mais fiéis para a IURD. O plano para transformar o estádio numa igreja já foi assumido pelo Benfica na sua campanha de marketing. "Seja um dos fundadores da nova catedral e faça parte da história do Benfica", pode ler-se num placar gigante à frente do recinto. A campanha inclui ainda a oferta aos novos sócios de dois meses de dízimo gratuito na igreja e ainda um bilhete para toda a época na chamada "Sessão de Descarrego". Os fiéis da igreja terão, por outro lado, desconto nos jogos dos "encarnados" para a I Liga.
A ideia é aproveitar uma receita de sucesso, já testada no Brasil, no Estádio do Maracanã, que costuma encher mais com o culto da IURD do que com os clássicos do futebol carioca. "As pessoas foram-se habituando 'hic' ao longo dos anos a irem para a Luz 'hic' rezar. Agora vão poder fazê-lo todos os dias da 'hic' semana", explicou Manuel Liravinho, presidente do clube. "O Benfica tem-se associado a várias marcas de sucesso e a IURD é mais uma delas. Queremos que o clube cresça à imagem do que essa 'hic'greja tem conseguido em 'hic' Portugal ", acrescentou. "'Hic'", soluçou.
"A nossa casa no Cinema Império já istava ficando piquena", explicou o pastor Wanderley de Freitas. "Agora vamo tê mais ispaço pras nossas sessão de libertação e vamo inaugurá o istádio da Lúiz com uma grande corrente 'Benfica no Reino do Senhor' pra ajudá o time a sê campeão. Afinal, Deus é benfiquista", revelou.
Benfica partilha estádio com a Igreja Universal
O Benfica descobriu uma forma de rentabilizar o novo Estádio da Luz após o Euro 2004. Nos dias da semana em que não houver jogos de futebol, o recinto irá funcionar como um grande templo da Igreja Universal do Rego de Deus (IURD).
A igreja brasileira e o clube da Luz resolveram unir esforços com o objectivo de angariar mais sócios para o clube e mais fiéis para a IURD. O plano para transformar o estádio numa igreja já foi assumido pelo Benfica na sua campanha de marketing. "Seja um dos fundadores da nova catedral e faça parte da história do Benfica", pode ler-se num placar gigante à frente do recinto. A campanha inclui ainda a oferta aos novos sócios de dois meses de dízimo gratuito na igreja e ainda um bilhete para toda a época na chamada "Sessão de Descarrego". Os fiéis da igreja terão, por outro lado, desconto nos jogos dos "encarnados" para a I Liga.
A ideia é aproveitar uma receita de sucesso, já testada no Brasil, no Estádio do Maracanã, que costuma encher mais com o culto da IURD do que com os clássicos do futebol carioca. "As pessoas foram-se habituando 'hic' ao longo dos anos a irem para a Luz 'hic' rezar. Agora vão poder fazê-lo todos os dias da 'hic' semana", explicou Manuel Liravinho, presidente do clube. "O Benfica tem-se associado a várias marcas de sucesso e a IURD é mais uma delas. Queremos que o clube cresça à imagem do que essa 'hic'greja tem conseguido em 'hic' Portugal ", acrescentou. "'Hic'", soluçou.
"A nossa casa no Cinema Império já istava ficando piquena", explicou o pastor Wanderley de Freitas. "Agora vamo tê mais ispaço pras nossas sessão de libertação e vamo inaugurá o istádio da Lúiz com uma grande corrente 'Benfica no Reino do Senhor' pra ajudá o time a sê campeão. Afinal, Deus é benfiquista", revelou.
quarta-feira, setembro 24, 2003
Equador
Justamente elogiado como cronista e comentador, Miguel Sousa Tavares goza de uma quase absoluta impunidade da crítica literária, subserviente com ele como com quase mais ninguém. Multiplicam-se os elogios ao romance que escreveu, Equador, mas todos se esquecem de referir que é um livro mal escrito.
Não li o livro todo; aliás, li apenas umas 30 páginas de forma aleatória, das 500 ou 600 que o livro tem. Mas deu para perceber que a qualidade da escrita é deficiente, por exemplo na repetição de palavras ou na pobreza do vocabulário. Confirma-se que não é escritor quem quer e que um bom cronista não é necessariamente um bom romancista.
Justamente elogiado como cronista e comentador, Miguel Sousa Tavares goza de uma quase absoluta impunidade da crítica literária, subserviente com ele como com quase mais ninguém. Multiplicam-se os elogios ao romance que escreveu, Equador, mas todos se esquecem de referir que é um livro mal escrito.
Não li o livro todo; aliás, li apenas umas 30 páginas de forma aleatória, das 500 ou 600 que o livro tem. Mas deu para perceber que a qualidade da escrita é deficiente, por exemplo na repetição de palavras ou na pobreza do vocabulário. Confirma-se que não é escritor quem quer e que um bom cronista não é necessariamente um bom romancista.
terça-feira, setembro 23, 2003
Notícias a Partir
Bush quer reconstruir Iraque em forma de Disneylândia
NAÇÕES UNIDAS (AFPnis) - O Presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, deixou hoje um pedido ajuda às Nações Unidas para a reconstrução do Iraque, apelando a que as divergências assumidas no passado quanto à ofensiva militar no território iraquiano fossem esquecidas e unidos os esforços para erguer uma nação entretanto fragilizada. Bush avançou mesmo com um projecto para reconstruir o país em forma de Disneylândia.
"A ideia é construir um país em que impere a paz e a democracia. Tinham-me sido sugeridos exemplos de países em que nos deveríamos basear, como a Finlândia ou a Islândia, mas eu pensei 'porque não ir mais longe e fazer ali uma Disneylândia?'", afirmou orgulhoso o chefe da Casa Branca, durante o seu discurso na Assembleia Geral da ONU.
Bush explicou que, segundo o plano, todos os iraquianos passariam a andar nas ruas com um barrete de Rato Mickey e que os soldados norte-americanos no terreno ficariam encarregados do fogo-de-artifício. Os habitantes do Iraque não ficariam obrigados a pagar impostos, mas por outro lado, teriam de comprar ingresso todos os dias para poderem viver no país. Quanto aos problemas socio-estruturais que afectam o Iraque, Bush está optimista em como o novo modelo ajudará a resolvê-los: "Já fui várias vezes à Disneylândia e à EuroDisney, em Paris, e nunca vi lá gente desempregada ou crianças com fome", afirmou.
O plano do chefe de Estado norte-americano não recolheu, no entanto, o consenso na ONU, tendo merecido vivas críticas, nomeadamente, do secretário-geral da organização, Kofi Annan. "Ele [Bush] parece estar a gozar com o mundo. Uma ideia tão ridícula só pode partir de um perfeito irresponsável", afirmou Annan. "Pessoalmente, acho que o Iraque deveria ser reconstruído em forma de Parque Astérix", acrescentou.
Bush quer reconstruir Iraque em forma de Disneylândia
NAÇÕES UNIDAS (AFPnis) - O Presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, deixou hoje um pedido ajuda às Nações Unidas para a reconstrução do Iraque, apelando a que as divergências assumidas no passado quanto à ofensiva militar no território iraquiano fossem esquecidas e unidos os esforços para erguer uma nação entretanto fragilizada. Bush avançou mesmo com um projecto para reconstruir o país em forma de Disneylândia.
"A ideia é construir um país em que impere a paz e a democracia. Tinham-me sido sugeridos exemplos de países em que nos deveríamos basear, como a Finlândia ou a Islândia, mas eu pensei 'porque não ir mais longe e fazer ali uma Disneylândia?'", afirmou orgulhoso o chefe da Casa Branca, durante o seu discurso na Assembleia Geral da ONU.
Bush explicou que, segundo o plano, todos os iraquianos passariam a andar nas ruas com um barrete de Rato Mickey e que os soldados norte-americanos no terreno ficariam encarregados do fogo-de-artifício. Os habitantes do Iraque não ficariam obrigados a pagar impostos, mas por outro lado, teriam de comprar ingresso todos os dias para poderem viver no país. Quanto aos problemas socio-estruturais que afectam o Iraque, Bush está optimista em como o novo modelo ajudará a resolvê-los: "Já fui várias vezes à Disneylândia e à EuroDisney, em Paris, e nunca vi lá gente desempregada ou crianças com fome", afirmou.
O plano do chefe de Estado norte-americano não recolheu, no entanto, o consenso na ONU, tendo merecido vivas críticas, nomeadamente, do secretário-geral da organização, Kofi Annan. "Ele [Bush] parece estar a gozar com o mundo. Uma ideia tão ridícula só pode partir de um perfeito irresponsável", afirmou Annan. "Pessoalmente, acho que o Iraque deveria ser reconstruído em forma de Parque Astérix", acrescentou.
segunda-feira, setembro 22, 2003
Equívoco de Pipi
O nosso camarada Pipi fez recentemente aquilo a que chamou "Análise Sócio-profissional da Rebarba". Um texto bem esgalhado, ao seu estilo, em que defende, com a autoridade do seu empirismo, que há práticas sexuais preferidas pelas mulheres consoante a profissão que exercem: as executivas preferem "cu"; as secretárias, "punheta"; as balconistas, "foda em pé", e por aí adentro. O mais célebre fodósofo português tem, no entanto, uma passagem menos feliz:
«Putas e jornalistas (passe a redundância): tudo. Need I say more?»
Ora, trata-se de uma imprecisão científica imperdoável, que me obriga a sair em defesa das nossas colegas de profissão (refiro-me às jornalistas). As jornalistas não são putas, caro Pipi. As putas ganham muito mais.
Além disso, há diferenças físicas que uma observação atenta não deixa escapar. De tal forma, que talvez seja mais fácil explicá-lo através de imagens. Ora, preste atenção...
Isto é uma jornalista:
... e isto é uma prostituta:
Como se pode ver no exemplo acima, apesar dos pontos em comum, as putas, além de serem mais bonitas, têm outro cuidado com a imagem, sendo mais comedidas no uso da maquilhagem, o que lhes dá um aspecto mais sóbrio e discreto. Ver uma meretriz ou uma repórter a passar na rua é totalmente diferente. As vestimentas ultra-reduzidas, em cores berrantes, e o andar superbamboleante distinguem as jornalistas.
O nosso camarada Pipi fez recentemente aquilo a que chamou "Análise Sócio-profissional da Rebarba". Um texto bem esgalhado, ao seu estilo, em que defende, com a autoridade do seu empirismo, que há práticas sexuais preferidas pelas mulheres consoante a profissão que exercem: as executivas preferem "cu"; as secretárias, "punheta"; as balconistas, "foda em pé", e por aí adentro. O mais célebre fodósofo português tem, no entanto, uma passagem menos feliz:
«Putas e jornalistas (passe a redundância): tudo. Need I say more?»
Ora, trata-se de uma imprecisão científica imperdoável, que me obriga a sair em defesa das nossas colegas de profissão (refiro-me às jornalistas). As jornalistas não são putas, caro Pipi. As putas ganham muito mais.
Além disso, há diferenças físicas que uma observação atenta não deixa escapar. De tal forma, que talvez seja mais fácil explicá-lo através de imagens. Ora, preste atenção...
Isto é uma jornalista:
... e isto é uma prostituta:
Como se pode ver no exemplo acima, apesar dos pontos em comum, as putas, além de serem mais bonitas, têm outro cuidado com a imagem, sendo mais comedidas no uso da maquilhagem, o que lhes dá um aspecto mais sóbrio e discreto. Ver uma meretriz ou uma repórter a passar na rua é totalmente diferente. As vestimentas ultra-reduzidas, em cores berrantes, e o andar superbamboleante distinguem as jornalistas.