O pacifista
Ahmed Rostami tinha um sonho. Queria um mundo de igualdade, sem injustiças, com todos os seres humanos a viver em comunhão, livres de invejas, crimes, corrupção e americanos. Ahmed resolveu então ir para a capital aprender a lutar, para se alistar em qualquer exército islâmico que combatesse o Grande Satã.
E munido de grande coragem, o nosso bravo Ahmed foi prestar provas a uma academia que treinava heróis em Teerão. Logo no primeiro teste, Ahmed descobriu a sua verdadeira vocação... e voltou para o Norte, para o cultivo de flores às margens do Lago Urmia, que nunca devia ter abandonado. Jurou a si próprio, perante Alá, que nunca mais voltaria a pegar numa arma. Isso de combater é para gente doida!...
sexta-feira, outubro 31, 2003
quinta-feira, outubro 30, 2003
Coragem
1. Louve-se a coragem dos jornalistas do DN ao rejeitarem o nome do novo director e louve-se igualmente as críticas que formularam ao rumo do jornal (“tabloidização” e “descaracterização”, com consequente “perda de credibilidade”) nos últimos meses.
2. Ao longo da vida corta-se o cabelo dezenas de vezes. Hoje fi-lo mais uma vez, mas cortei-o todo a pente 3. Para muitos é uma coisa trivial, mas para alguém como eu, altamente conservador em matéria da sua própria aparência, é um acto de coragem.
1. Louve-se a coragem dos jornalistas do DN ao rejeitarem o nome do novo director e louve-se igualmente as críticas que formularam ao rumo do jornal (“tabloidização” e “descaracterização”, com consequente “perda de credibilidade”) nos últimos meses.
2. Ao longo da vida corta-se o cabelo dezenas de vezes. Hoje fi-lo mais uma vez, mas cortei-o todo a pente 3. Para muitos é uma coisa trivial, mas para alguém como eu, altamente conservador em matéria da sua própria aparência, é um acto de coragem.
quarta-feira, outubro 29, 2003
As olimpíadas da bufa
Eram tardes bem passadas, naquele apartamento que os oito tínhamos alugado na Rua do Brasil. A mesa da sala era perfeita para umas partidas de pingue-pongue. Bastava pôr uns rolos de papel higiénico alinhados no meio a fazer de rede e tínhamos diversão garantida e algum exercício físico para descomprimir da vida dura e agitada de estudante universitário na Coimbra dos anos 90. Mas o auge da galhofa era quando o Marco vinha com o isqueiro.
A ideia nasceu depois de termos assistido a um documentário na televisão sobre o aproveitamento do gás metano - aquele produzido pelos intestinos e fezes dos animais - como fonte de energia alternativa. O facto é que se trata de um gás inflamável, que pode substituir outro tipo de combustível na indústria, mas também pode gerar momentos da mais incontinente diversão.
Cada um de nós, na sua vez, deitava-se de barriga para cima no sofá, pernas na posição "freguesa-de-ginecologista", lança-chamas apontado ao "anel de couro" (com cuidado para não queimar as calças), apagávamos a luz... e era como se o fogo convertesse o metano em gás hilariante. Os puns transformavam-se em pequenas flamas. Ninguém conseguia conter as risadas... nem os peidos.
Até que resolvemos organizar os Campeonatos Locais de piroflato (foi assim que escolhemos designar a modalidade), convidando malta de todo o prédio e oferecendo como prémio para a maior labareda uma feijoada que acabávamos todos por comer, em ambiente de festa. No meio da celebração, costumávamos discutir o papel socializante do piroflato e as suas virtudes ambientais, uma vez que depois de queimados, os flatos não tinham cheiro. Também debatíamos questões estético-filosóficas deste fenómeno, que não deixava de ser a materialização do pum numa coisa visível, a prova de que o peido tinha forma. Mas preocupava-nos sobretudo o futuro deste desporto e surgiram ideias para a criação de uma federação nacional. Havia mesmo quem defendesse a elevação do piroflato a modalidade olímpica.
Dessas tardes de tertúlia peidorreira, guardo a lembrança das exibições do virtuoso Fidalgo, o nosso grande campeão, que impediu que o título alguma vez saísse de casa. Dotado de um aparelho intestinal capaz de produzir chamas do tamanho de bolas de futebol, Fidalgo era o mais extraordinário dos executantes, uma espécie de Pelé do pum. Também me lembro de uma vizinha, a quem todos passaram a chamar Fornalha, e que tinha um talento natural para a coisa.
Uma pena que, apesar de ser talvez o desporto mais democrático do mundo, muito graças ao baixo custo do equipamento (basta um isqueiro), o piroflato, ao contrário do que esperávamos, não se tenha alastrado como gás. É triste ver o povo pela rua a desperdiçar talento, largando bufas à toa, sem as queimar. O mundo perdeu certamente grandes espectáculos. Mas, enfim, estou-me a cagar!
Eram tardes bem passadas, naquele apartamento que os oito tínhamos alugado na Rua do Brasil. A mesa da sala era perfeita para umas partidas de pingue-pongue. Bastava pôr uns rolos de papel higiénico alinhados no meio a fazer de rede e tínhamos diversão garantida e algum exercício físico para descomprimir da vida dura e agitada de estudante universitário na Coimbra dos anos 90. Mas o auge da galhofa era quando o Marco vinha com o isqueiro.
A ideia nasceu depois de termos assistido a um documentário na televisão sobre o aproveitamento do gás metano - aquele produzido pelos intestinos e fezes dos animais - como fonte de energia alternativa. O facto é que se trata de um gás inflamável, que pode substituir outro tipo de combustível na indústria, mas também pode gerar momentos da mais incontinente diversão.
Cada um de nós, na sua vez, deitava-se de barriga para cima no sofá, pernas na posição "freguesa-de-ginecologista", lança-chamas apontado ao "anel de couro" (com cuidado para não queimar as calças), apagávamos a luz... e era como se o fogo convertesse o metano em gás hilariante. Os puns transformavam-se em pequenas flamas. Ninguém conseguia conter as risadas... nem os peidos.
Até que resolvemos organizar os Campeonatos Locais de piroflato (foi assim que escolhemos designar a modalidade), convidando malta de todo o prédio e oferecendo como prémio para a maior labareda uma feijoada que acabávamos todos por comer, em ambiente de festa. No meio da celebração, costumávamos discutir o papel socializante do piroflato e as suas virtudes ambientais, uma vez que depois de queimados, os flatos não tinham cheiro. Também debatíamos questões estético-filosóficas deste fenómeno, que não deixava de ser a materialização do pum numa coisa visível, a prova de que o peido tinha forma. Mas preocupava-nos sobretudo o futuro deste desporto e surgiram ideias para a criação de uma federação nacional. Havia mesmo quem defendesse a elevação do piroflato a modalidade olímpica.
Dessas tardes de tertúlia peidorreira, guardo a lembrança das exibições do virtuoso Fidalgo, o nosso grande campeão, que impediu que o título alguma vez saísse de casa. Dotado de um aparelho intestinal capaz de produzir chamas do tamanho de bolas de futebol, Fidalgo era o mais extraordinário dos executantes, uma espécie de Pelé do pum. Também me lembro de uma vizinha, a quem todos passaram a chamar Fornalha, e que tinha um talento natural para a coisa.
Uma pena que, apesar de ser talvez o desporto mais democrático do mundo, muito graças ao baixo custo do equipamento (basta um isqueiro), o piroflato, ao contrário do que esperávamos, não se tenha alastrado como gás. É triste ver o povo pela rua a desperdiçar talento, largando bufas à toa, sem as queimar. O mundo perdeu certamente grandes espectáculos. Mas, enfim, estou-me a cagar!
Madaleno ao poder
Faz parte dos estatutos: o Núcleo Duro apoia todo e qualquer candidato à presidência do Benfica que prometa - e sobretudo que consiga - comprar o Rui Costa. A promessa desta vez partiu do inigualável Guerra Madaleno e é portanto Guerra Madaleno que o ND apoia nas próximas eleições.
Rui Costa é, a par de João Pinto, o mais claro exemplo do jogador altamente sobrevalorizado. Faz parte da "geração de ouro" do futebol português, que como se sabe não ganhou rigorosamente nada ao serviço da selecção - campeonatos do mundo de juniores não contam, porque não têm importância nenhuma.
De maneira que a transferência de Rui Costa para o Benfica era o melhor que podia acontecer ao FC Porto. Por isso, faço figas para que o Madaleno ganhe as eleições.
Faz parte dos estatutos: o Núcleo Duro apoia todo e qualquer candidato à presidência do Benfica que prometa - e sobretudo que consiga - comprar o Rui Costa. A promessa desta vez partiu do inigualável Guerra Madaleno e é portanto Guerra Madaleno que o ND apoia nas próximas eleições.
Rui Costa é, a par de João Pinto, o mais claro exemplo do jogador altamente sobrevalorizado. Faz parte da "geração de ouro" do futebol português, que como se sabe não ganhou rigorosamente nada ao serviço da selecção - campeonatos do mundo de juniores não contam, porque não têm importância nenhuma.
De maneira que a transferência de Rui Costa para o Benfica era o melhor que podia acontecer ao FC Porto. Por isso, faço figas para que o Madaleno ganhe as eleições.
terça-feira, outubro 28, 2003
Obrigado, obrigado, obrigado...
Este blog é o responsável pela atribuição semanal dos Bordalos Awards. O Núcleo Duro orgulha-se de ter sido galardoado esta semana com o prémio para o "pior post", graças a uma malha do DJ Carcaça sobre os pensamentos de Koumba Yalá. Gostaríamos de agradecer aos nossos patrocinadores e a todos os que nos têm apoiado nesta nossa ascensão meteórica na blogosfera. Este prémio é para vocês!
Este blog é o responsável pela atribuição semanal dos Bordalos Awards. O Núcleo Duro orgulha-se de ter sido galardoado esta semana com o prémio para o "pior post", graças a uma malha do DJ Carcaça sobre os pensamentos de Koumba Yalá. Gostaríamos de agradecer aos nossos patrocinadores e a todos os que nos têm apoiado nesta nossa ascensão meteórica na blogosfera. Este prémio é para vocês!
segunda-feira, outubro 27, 2003
Língua sem papas
No site oficial da campanha de Luís Filipe Vieira à presidência do Benfica, o candidato responde às dúvidas dos benfiquistas. "Sem papas na língua! Luís Filipe Vieira desafia-o a perguntar-lhe o que quiser. Não vai recusar, pois não?", anunciou o site, que de pronto recebeu dezenas de questões tão pertinentes como: "Se esse badameco desse Paulo Barbosa é sócio do Benfica, como me disseram ontem no Estádio, o que é que o senhor e os seus pares estão á espera para o expulsar de sócio?"; ou "Vieira, obrigado por existires. No dia 30 lá estarei no jantar da FIL para te apoiar!" (sendo esta particularmente difícil, dado o esforço mental necessário para descobrir nela uma pergunta).
De uma lucidez de meter inveja a Koumba Yalá, Vieira dá-se ao trabalho de responder de forma sucinta, mas ao mesmo tempo esclarecedora, às principais preocupações dos encarnados. Finalmente encontraram resposta algumas das dúvidas que, ao longo de anos, têm assolado a nação benfiquista.
Nuno Costa pergunta:
Espero que seja o vencedor das eleições. Terá o meu voto. Como irá pagar o passivo do nosso Benfica que é ainda muito elevado?
Luís Filipe Vieira responde:
Obrigado pelo seu voto de confiança. Espero reduzir o passivo liderando uma equipa de gestores com uma política realista, tranquila, não deixando nunca de investir.
Hugo Briz pergunta:
É suficientemente benfiquista para ir até ao fim?
Luís Filipe Vieira responde:
Certamente que sim. Esta é uma corrida de fundo.
TC pergunta:
O que significa o S.L.Benfica para si???
Luís Filipe Vieira responde:
Significa Sport Lisboa e Benfica.
No site oficial da campanha de Luís Filipe Vieira à presidência do Benfica, o candidato responde às dúvidas dos benfiquistas. "Sem papas na língua! Luís Filipe Vieira desafia-o a perguntar-lhe o que quiser. Não vai recusar, pois não?", anunciou o site, que de pronto recebeu dezenas de questões tão pertinentes como: "Se esse badameco desse Paulo Barbosa é sócio do Benfica, como me disseram ontem no Estádio, o que é que o senhor e os seus pares estão á espera para o expulsar de sócio?"; ou "Vieira, obrigado por existires. No dia 30 lá estarei no jantar da FIL para te apoiar!" (sendo esta particularmente difícil, dado o esforço mental necessário para descobrir nela uma pergunta).
De uma lucidez de meter inveja a Koumba Yalá, Vieira dá-se ao trabalho de responder de forma sucinta, mas ao mesmo tempo esclarecedora, às principais preocupações dos encarnados. Finalmente encontraram resposta algumas das dúvidas que, ao longo de anos, têm assolado a nação benfiquista.
Nuno Costa pergunta:
Espero que seja o vencedor das eleições. Terá o meu voto. Como irá pagar o passivo do nosso Benfica que é ainda muito elevado?
Luís Filipe Vieira responde:
Obrigado pelo seu voto de confiança. Espero reduzir o passivo liderando uma equipa de gestores com uma política realista, tranquila, não deixando nunca de investir.
Hugo Briz pergunta:
É suficientemente benfiquista para ir até ao fim?
Luís Filipe Vieira responde:
Certamente que sim. Esta é uma corrida de fundo.
TC pergunta:
O que significa o S.L.Benfica para si???
Luís Filipe Vieira responde:
Significa Sport Lisboa e Benfica.
Pastéis de vento
pérolas da sabedoria zen
Fa-Yen vivia sozinho num pequeno templo do interior da China. Certo dia, entreouviu quatro monges em viagem, que discutiam sobre subjectividade e objectividade. Juntando-se a eles, indagou:
- Imaginai uma pedra bem grande. Conseguis vê-la dentro ou fora da vossa mente?
- Do ponto de vista budista, tudo é uma objectivação da mente, portanto eu diria que a pedra está dentro da minha mente - respondeu um dos monges.
- A vossa cabeça deve estar muito pesada, então - observou Fa-Yen - se andais com uma pedra dessas na mente...
Foi então que o monge confessou que havia andado a fumar erva da boa.
pérolas da sabedoria zen
Fa-Yen vivia sozinho num pequeno templo do interior da China. Certo dia, entreouviu quatro monges em viagem, que discutiam sobre subjectividade e objectividade. Juntando-se a eles, indagou:
- Imaginai uma pedra bem grande. Conseguis vê-la dentro ou fora da vossa mente?
- Do ponto de vista budista, tudo é uma objectivação da mente, portanto eu diria que a pedra está dentro da minha mente - respondeu um dos monges.
- A vossa cabeça deve estar muito pesada, então - observou Fa-Yen - se andais com uma pedra dessas na mente...
Foi então que o monge confessou que havia andado a fumar erva da boa.
sexta-feira, outubro 24, 2003
Coimbra outra vez
Caro Ernesto, vamos lá ver se nos entendemos:
Dizes que tenho um "ódio de morte" a Coimbra, o que não é verdade. É verdade que me cansei de Coimbra, depois de quatro anos a estudar lá; é verdade que acho Coimbra uma cidade feia; é verdade que acho que Coimbra é uma cidade arrogante e emproada por se julgar a capital da saúde e do saber, etc; é verdade que não gosto da Académica; é verdade que não gosto das praxes, que em Coimbra têm um território de eleição; é verdade que não gosto de certas coisas por que Coimbra é conhecida, como as tunas ou os presidentes da associação académica.
Mas daí a dizer que tenho um "ódio de morte" vai um grande distância. Guardo os anos que passei em Coimbra com saudade, em boa parte por vossa causa - os amigos que lá fiz. Não renuncio a isso, mas não me peças que adore Coimbra, que me arrebate de paixão ou que me desfaça em lágrimas de cada vez que lá vou.
Tá percebido?
Caro Ernesto, vamos lá ver se nos entendemos:
Dizes que tenho um "ódio de morte" a Coimbra, o que não é verdade. É verdade que me cansei de Coimbra, depois de quatro anos a estudar lá; é verdade que acho Coimbra uma cidade feia; é verdade que acho que Coimbra é uma cidade arrogante e emproada por se julgar a capital da saúde e do saber, etc; é verdade que não gosto da Académica; é verdade que não gosto das praxes, que em Coimbra têm um território de eleição; é verdade que não gosto de certas coisas por que Coimbra é conhecida, como as tunas ou os presidentes da associação académica.
Mas daí a dizer que tenho um "ódio de morte" vai um grande distância. Guardo os anos que passei em Coimbra com saudade, em boa parte por vossa causa - os amigos que lá fiz. Não renuncio a isso, mas não me peças que adore Coimbra, que me arrebate de paixão ou que me desfaça em lágrimas de cada vez que lá vou.
Tá percebido?
terça-feira, outubro 21, 2003
Núcleo didáctico
O Ministério da Educação resolveu adoptar para o 10º ano um manual de Língua Portuguesa, de nome "Comunicar", que introduz (salvo seja) a novidade de apresentar exercícios com o regulamento do concurso televisivo Big Brother, telenovelas e lixo do género. Essa estratégia parece consistir em fazer do ensino uma coisa mais atractiva e estimulante para o aluno.
O Núcleo Duro manifesta-se contra essa decisão. Ensinar merda de forma atraente não deixa de ser ensinar merda. Que cidadãos é que queremos formar!? Por isso, resolvemos propor um plano de ensino alternativo e interactivo, que passaremos a disponibilizar a partir do nosso blog. Os nossos programas curriculares têm conteúdos realmente edificantes para os putos e são apresentados de forma muito atraente, com animação, música, etc. Isto sim, é serviço público! Para começar, aqui fica o Bê-a-bá do Núcleo para os mais pequenos, que estão a começar a aprender as letrinhas.
O Ministério da Educação resolveu adoptar para o 10º ano um manual de Língua Portuguesa, de nome "Comunicar", que introduz (salvo seja) a novidade de apresentar exercícios com o regulamento do concurso televisivo Big Brother, telenovelas e lixo do género. Essa estratégia parece consistir em fazer do ensino uma coisa mais atractiva e estimulante para o aluno.
O Núcleo Duro manifesta-se contra essa decisão. Ensinar merda de forma atraente não deixa de ser ensinar merda. Que cidadãos é que queremos formar!? Por isso, resolvemos propor um plano de ensino alternativo e interactivo, que passaremos a disponibilizar a partir do nosso blog. Os nossos programas curriculares têm conteúdos realmente edificantes para os putos e são apresentados de forma muito atraente, com animação, música, etc. Isto sim, é serviço público! Para começar, aqui fica o Bê-a-bá do Núcleo para os mais pequenos, que estão a começar a aprender as letrinhas.
segunda-feira, outubro 20, 2003
Pastéis de vento
pérolas da sabedoria zen
Um monge chamado Sekito perguntou a seu mestre, Seigen:
- Qual é o segredo do budismo?
- Esse segredo é impossível de se obter, pois está para além da nossa compreensão.
- Pode o meu mestre explicar-me por outras palavras?
- O vasto céu não é perturbado pelo voo das nuvens brancas.
"Triiiiiiiiiiiiiiiim!!!...". O jovem monge tentava decifrar o segredo que o seu mestre lhe acabara de enunciar, quando atendeu o telefone:
- Mosteiro de Chaolim, boa tarde.
- Fegredo!? Fe for fegredo de juftifa, eftou-me a cagar! - dizia a voz de Ferro Rodrigues, do outro lado da linha.
pérolas da sabedoria zen
Um monge chamado Sekito perguntou a seu mestre, Seigen:
- Qual é o segredo do budismo?
- Esse segredo é impossível de se obter, pois está para além da nossa compreensão.
- Pode o meu mestre explicar-me por outras palavras?
- O vasto céu não é perturbado pelo voo das nuvens brancas.
"Triiiiiiiiiiiiiiiim!!!...". O jovem monge tentava decifrar o segredo que o seu mestre lhe acabara de enunciar, quando atendeu o telefone:
- Mosteiro de Chaolim, boa tarde.
- Fegredo!? Fe for fegredo de juftifa, eftou-me a cagar! - dizia a voz de Ferro Rodrigues, do outro lado da linha.
sexta-feira, outubro 17, 2003
Não temos vagas!
Apesar da notícia avançada ontem pelo Público, dando conta de que Portugal queria entrar para o nosso blog, lamentamos informar que o Núcleo Duro não tem vagas abertas para já, muito menos para 10 milhões de pessoas.
Os membros dos membros do Núcleo foram ali dar uma deliberada e, várias horas volvidas, decidiram que a eventual entrada de Portugal para o grupo viria diminuir a qualidade do blog, uma vez que somos portadores de um nível de literacia acima da média. Além do mais, o conjunto ficou completo com a entrada de Tiberius no mês passado.
Portanto, se o país quiser vir mandar uns bitaites para a Net, terá de criar o seu próprio blog. Entretanto, teremos muito gosto em que Portugal continue a visitar em peso o site do Núcleo Duro e a comentar os nossos posts.
Apesar da notícia avançada ontem pelo Público, dando conta de que Portugal queria entrar para o nosso blog, lamentamos informar que o Núcleo Duro não tem vagas abertas para já, muito menos para 10 milhões de pessoas.
Os membros dos membros do Núcleo foram ali dar uma deliberada e, várias horas volvidas, decidiram que a eventual entrada de Portugal para o grupo viria diminuir a qualidade do blog, uma vez que somos portadores de um nível de literacia acima da média. Além do mais, o conjunto ficou completo com a entrada de Tiberius no mês passado.
Portanto, se o país quiser vir mandar uns bitaites para a Net, terá de criar o seu próprio blog. Entretanto, teremos muito gosto em que Portugal continue a visitar em peso o site do Núcleo Duro e a comentar os nossos posts.
O meu contributo para a discussão sobre pedofilia
Proponho que o "dossier" Casa Pia seja entregue a este juíz francês.
Proponho que o "dossier" Casa Pia seja entregue a este juíz francês.
quinta-feira, outubro 16, 2003
Larga as folhas
Estava noutro dia a ver CD na pilha dos descontos quando dei com uma gravação pirata dos Pearl Jam em Atlanta. O CD é de 1996, e o que tem mais engraçado é a lista das músicas. A última tem o nome "Drop the Leaves".
Engraçado, porque o indivíduo que escreveu a lista das músicas obviamente não fazia ideia do que estava a fazer. A música chama-se "Leash", e o refrão é o Eddie Vedder a berrar "Drop the leash, drop the leash! Uaaaaaarrrrgh, get out of my fucking face! Drop the leash, drop the leash!".
Isto, para um gajo que não saiba muito de inglês e seja demasiado preguiçoso para ir procurar o nome da música no disco original (que se chama Vs. pode bem soar a "Drop the Leaves". O que é giro, porque assim o tema da letra ("larga a trela", sendo que aqui a trela é metafórica das inibições e limites da condição humana, etc. blá blá blá) passa a ser "larga as folhas".
Pensar num gajo a gritar "larga as folhas! larga as folhas!" teria a sua piada, numa perspectiva daliana-laurodérmica.
Há vários sites como este que registam histórias de letras mal entendidas.
Mas a mensagem mais interessante aqui é que, mesmo que um indivíduo julgue que o Vedder está a assaltar a uma árvore ("Larga as folhas! E a carteira! Ou eu uso a moto-serra!"), o conteúdo da música não se perde.
A parte mais eloquente é mesmo o "Uaaaaaarrrrgh", porque é primária e directa. Mesmo sem entender a ponta de um corno de inglês, basta ouvir a música e a voz alucinada do Vedder (os Pearl Jam nesta altura ainda não eram chatos) para perceber o que ele quer dizer. Por isso é que o rock é universal.
Estava noutro dia a ver CD na pilha dos descontos quando dei com uma gravação pirata dos Pearl Jam em Atlanta. O CD é de 1996, e o que tem mais engraçado é a lista das músicas. A última tem o nome "Drop the Leaves".
Engraçado, porque o indivíduo que escreveu a lista das músicas obviamente não fazia ideia do que estava a fazer. A música chama-se "Leash", e o refrão é o Eddie Vedder a berrar "Drop the leash, drop the leash! Uaaaaaarrrrgh, get out of my fucking face! Drop the leash, drop the leash!".
Isto, para um gajo que não saiba muito de inglês e seja demasiado preguiçoso para ir procurar o nome da música no disco original (que se chama Vs. pode bem soar a "Drop the Leaves". O que é giro, porque assim o tema da letra ("larga a trela", sendo que aqui a trela é metafórica das inibições e limites da condição humana, etc. blá blá blá) passa a ser "larga as folhas".
Pensar num gajo a gritar "larga as folhas! larga as folhas!" teria a sua piada, numa perspectiva daliana-laurodérmica.
Há vários sites como este que registam histórias de letras mal entendidas.
Mas a mensagem mais interessante aqui é que, mesmo que um indivíduo julgue que o Vedder está a assaltar a uma árvore ("Larga as folhas! E a carteira! Ou eu uso a moto-serra!"), o conteúdo da música não se perde.
A parte mais eloquente é mesmo o "Uaaaaaarrrrgh", porque é primária e directa. Mesmo sem entender a ponta de um corno de inglês, basta ouvir a música e a voz alucinada do Vedder (os Pearl Jam nesta altura ainda não eram chatos) para perceber o que ele quer dizer. Por isso é que o rock é universal.
quarta-feira, outubro 15, 2003
Alta Arte
Estou a ouvir "Thursday's Child", de David Bowie, e não posso deixar de fazer um Alta Arte com esta música.
All of my life I've tried so hard
Doing my best with what I had
Nothing much happened all the same
Something about me stood apart
A whisper of hope that seemed to fail
Maybe I'm born right out of my time
Breaking my life in two
(Throw me tomorrow..oh,oh)
Now that I've really got a chance
(Throw me tomorrow..oh,oh)
Everything's falling into place
(Throw me tomorrow..oh,oh)
Seeing my past to let it go
(Throw me tomorrow..oh,oh)
Only for you I don't regret
That I was Thursday's Child
Monday, Tuesday, Wednesday born I was (x2)
Sometimes I cried my heart to sleep
Shuffling days and lonesome nights
Sometimes my courage fell to my feet
Lucky old sun is in my sky
Nothing prepared me for your smile
Lighting the darkness of my soul
Innocence in your arms
(Throw me tomorrow..oh,oh)
Now that I've really got a chance
(Throw me tomorrow..oh,oh)
Everything's falling into place
(Throw me tomorrow..oh,oh)
Seeing my past to let it go
(Yeah, throw me tomorrow..oh,oh)
Only for you I don't regret
That I was Thursday's Child
Monday, Tuesday, Wednesday born I was Thursday's Child
Monday, Tuesday, Wednesday born I was Thursday's Child
Monday, Tuesday, Wednesday born I was
Monday, Tuesday, Wednesday born I was
Estou a ouvir "Thursday's Child", de David Bowie, e não posso deixar de fazer um Alta Arte com esta música.
All of my life I've tried so hard
Doing my best with what I had
Nothing much happened all the same
Something about me stood apart
A whisper of hope that seemed to fail
Maybe I'm born right out of my time
Breaking my life in two
(Throw me tomorrow..oh,oh)
Now that I've really got a chance
(Throw me tomorrow..oh,oh)
Everything's falling into place
(Throw me tomorrow..oh,oh)
Seeing my past to let it go
(Throw me tomorrow..oh,oh)
Only for you I don't regret
That I was Thursday's Child
Monday, Tuesday, Wednesday born I was (x2)
Sometimes I cried my heart to sleep
Shuffling days and lonesome nights
Sometimes my courage fell to my feet
Lucky old sun is in my sky
Nothing prepared me for your smile
Lighting the darkness of my soul
Innocence in your arms
(Throw me tomorrow..oh,oh)
Now that I've really got a chance
(Throw me tomorrow..oh,oh)
Everything's falling into place
(Throw me tomorrow..oh,oh)
Seeing my past to let it go
(Yeah, throw me tomorrow..oh,oh)
Only for you I don't regret
That I was Thursday's Child
Monday, Tuesday, Wednesday born I was Thursday's Child
Monday, Tuesday, Wednesday born I was Thursday's Child
Monday, Tuesday, Wednesday born I was
Monday, Tuesday, Wednesday born I was
Patriotismo
Excelente este artigo sobre patriotismo.
«Não há nada mais ridículo, mais amordaçante, mais emburrecedor do que amar seu próprio país, sua própria cidade, sua própria tribo. É o sentimento mais normal do mundo, claro, amar os seus em detrimento aos outros, e por isso mesmo é ainda mais insidioso. Pior, é visto como uma qualidade e ensinado nas escolas».
Excelente este artigo sobre patriotismo.
«Não há nada mais ridículo, mais amordaçante, mais emburrecedor do que amar seu próprio país, sua própria cidade, sua própria tribo. É o sentimento mais normal do mundo, claro, amar os seus em detrimento aos outros, e por isso mesmo é ainda mais insidioso. Pior, é visto como uma qualidade e ensinado nas escolas».
De águia ao peito
Portugueses, o Benfica joga hoje um jogo importante na sua caminhada rumo à conquista na Taça UEFA. Vamos todos dar as mãos e vibrar ao segundo com cada passe, cada remate, cada defesa dos bravos atletas encarnados. E vamos, sobretudo, gritar bem alto o nosso patriotismo por cada golo que o grandioso clube, um dos maiores de Lisboa (contando já com os arredores), marcar à poderosa armada belga. Não será fácil, não tenhamos ilusões: o La Louvière é um adversário temível. É, logo a seguir à Lázio, a melhor equipa que o aquilino emblema defrontou nos últimos três anos nas competições europeias. Mas com 12 milhões de portugueses, nos quatro quantos do mundo, partilhando uma íntima fé nos ilustres heróis lusitanos, a vitória não escapará. Hoje serei águia, hoje todos seremos águias! Viva o Benfica, viva Portugal!
Portugueses, o Benfica joga hoje um jogo importante na sua caminhada rumo à conquista na Taça UEFA. Vamos todos dar as mãos e vibrar ao segundo com cada passe, cada remate, cada defesa dos bravos atletas encarnados. E vamos, sobretudo, gritar bem alto o nosso patriotismo por cada golo que o grandioso clube, um dos maiores de Lisboa (contando já com os arredores), marcar à poderosa armada belga. Não será fácil, não tenhamos ilusões: o La Louvière é um adversário temível. É, logo a seguir à Lázio, a melhor equipa que o aquilino emblema defrontou nos últimos três anos nas competições europeias. Mas com 12 milhões de portugueses, nos quatro quantos do mundo, partilhando uma íntima fé nos ilustres heróis lusitanos, a vitória não escapará. Hoje serei águia, hoje todos seremos águias! Viva o Benfica, viva Portugal!
Alta Arte
A arrogância de Von Trier
Por norma, procuro olhar numa primeira instância para as obras de arte afastando-as do seu autor e daquilo que conheço dele. Convenci-me de que só assim posso desfrutar da obra na sua essência. Defecando naquilo que ela representa para quem a fez, posso, com mais proveito, retirar-lhe aquilo que representa para mim só pelo que ela é. Dizer também que nunca leio as críticas aos filmes antes de os ver (e raramente o faço depois) - se me estou nas tintas para a visão do próprio realizador, imagina o que penso da de um mero espectador. (Arrogante, eu?)
Isto para dizer que, como é hábito, nada procurei saber sobre o filme "Dogville", de Lars von Trier, antes de o ter ido ver na noite passada. Já tinha os bilhetes comprados quando a amiga que ia comigo me avisou, com base no que tinha lido, que o filme era uma espécie de peça de teatro transposta para o cinema. Isso explicava em parte o porquê de quase todos os amigos que convidei para essa sessão se terem "cortado", mas procurei não ligar à ligeira preocupação que o alerta me causou.
Começou o filme e a legenda informava que se tratava da história da aldeia de Dogville, contada em nove episódios que se seguiriam ao prólogo que então teve lugar. Cenário de teatro, com iluminação de teatro, casas de paredes invisíveis e maçanetas imaginárias que abriam e fechavam portas sonoplásticas. Senti-me logrado à partida. Quando essa carência de uma das coisas que mais aprecio no cinema - a possibilidade de retratar lugares de forma realista e variada - se apresentou associada à câmara tremida que já conhecia de outros filmes do realizador, apoderou-se de mim uma certa náusea e comecei a lamentar o dinheiro gasto no bilhete.
No entanto, a história - única coisa que era capaz de poder salvar o que já parecia perdido - mostrou-se, desde o prólogo, quebastosamente digna de dedicar ao resto um mínimo de atenção. Estava lançado o engodo e, qual a minha surpresa, quando ao fim do segundo capítulo já estava de tal forma fisgado pela narrativa e pelas bravíssimas actuações de um grupo formidável de actores, que deixei de reparar como tudo se passava em torno de paredes de ar e esqueci-me completamente da tremeliqueira da câmara.
Ao longo dos vários episódios, assiste-se a uma inquietante metamorfose da natureza pura e bondosa de um povo pacato na animalidade egoísta que encerra o espírito humano, capaz de cometer as maiores atrocidades, justificando-as sofregamente numa moral postiça e hipócrita. As cenas em que Grace (Nicole Kidman) é abusada sexualmente por alguns dos personagens são atordoantes. Genial a forma como Von Trier faz a desconstrução de personagens doces, que nos vinham cativando desde o início do filme, para culminar num holocáustico desfecho em que o espectador não consegue evitar sentir um certo sadismo redentor.
Durante o genérico final, em que belas fotos do interior dos Estados Unidos (a maior parte reportando à Grande Depressão) nos devolvem ao mundo real, apetece bater palmas à arrogância do senhor Von Trier, que se prestou a fazer um filme nestes moldes, com pelo menos esse resultado: mostrou que era possível. Chegada a hora de olhar para o que o realizador fez anteriormente - sem tentar averiguar se este último "faz sentido" no conjunto da sua obra, porque isso é que não faz sentido nenhum - lembro-me de que foi ele quem dirigiu, entre outros bons filmes, o único musical de que gostei até hoje, "Dancer in the Dark", que, à imagem de "Dogville", também vai transformando um "handicap" - o de ser um musical - numa virtude, e acaba por surpreender.
A arrogância de Von Trier
Por norma, procuro olhar numa primeira instância para as obras de arte afastando-as do seu autor e daquilo que conheço dele. Convenci-me de que só assim posso desfrutar da obra na sua essência. Defecando naquilo que ela representa para quem a fez, posso, com mais proveito, retirar-lhe aquilo que representa para mim só pelo que ela é. Dizer também que nunca leio as críticas aos filmes antes de os ver (e raramente o faço depois) - se me estou nas tintas para a visão do próprio realizador, imagina o que penso da de um mero espectador. (Arrogante, eu?)
Isto para dizer que, como é hábito, nada procurei saber sobre o filme "Dogville", de Lars von Trier, antes de o ter ido ver na noite passada. Já tinha os bilhetes comprados quando a amiga que ia comigo me avisou, com base no que tinha lido, que o filme era uma espécie de peça de teatro transposta para o cinema. Isso explicava em parte o porquê de quase todos os amigos que convidei para essa sessão se terem "cortado", mas procurei não ligar à ligeira preocupação que o alerta me causou.
Começou o filme e a legenda informava que se tratava da história da aldeia de Dogville, contada em nove episódios que se seguiriam ao prólogo que então teve lugar. Cenário de teatro, com iluminação de teatro, casas de paredes invisíveis e maçanetas imaginárias que abriam e fechavam portas sonoplásticas. Senti-me logrado à partida. Quando essa carência de uma das coisas que mais aprecio no cinema - a possibilidade de retratar lugares de forma realista e variada - se apresentou associada à câmara tremida que já conhecia de outros filmes do realizador, apoderou-se de mim uma certa náusea e comecei a lamentar o dinheiro gasto no bilhete.
No entanto, a história - única coisa que era capaz de poder salvar o que já parecia perdido - mostrou-se, desde o prólogo, quebastosamente digna de dedicar ao resto um mínimo de atenção. Estava lançado o engodo e, qual a minha surpresa, quando ao fim do segundo capítulo já estava de tal forma fisgado pela narrativa e pelas bravíssimas actuações de um grupo formidável de actores, que deixei de reparar como tudo se passava em torno de paredes de ar e esqueci-me completamente da tremeliqueira da câmara.
Ao longo dos vários episódios, assiste-se a uma inquietante metamorfose da natureza pura e bondosa de um povo pacato na animalidade egoísta que encerra o espírito humano, capaz de cometer as maiores atrocidades, justificando-as sofregamente numa moral postiça e hipócrita. As cenas em que Grace (Nicole Kidman) é abusada sexualmente por alguns dos personagens são atordoantes. Genial a forma como Von Trier faz a desconstrução de personagens doces, que nos vinham cativando desde o início do filme, para culminar num holocáustico desfecho em que o espectador não consegue evitar sentir um certo sadismo redentor.
Durante o genérico final, em que belas fotos do interior dos Estados Unidos (a maior parte reportando à Grande Depressão) nos devolvem ao mundo real, apetece bater palmas à arrogância do senhor Von Trier, que se prestou a fazer um filme nestes moldes, com pelo menos esse resultado: mostrou que era possível. Chegada a hora de olhar para o que o realizador fez anteriormente - sem tentar averiguar se este último "faz sentido" no conjunto da sua obra, porque isso é que não faz sentido nenhum - lembro-me de que foi ele quem dirigiu, entre outros bons filmes, o único musical de que gostei até hoje, "Dancer in the Dark", que, à imagem de "Dogville", também vai transformando um "handicap" - o de ser um musical - numa virtude, e acaba por surpreender.
terça-feira, outubro 14, 2003
«Mi madre me baña»
Encontrei numa página qualquer da Internet este depoimento, que aqui se publica no original em espanhol (resolvemos não traduzir, mantendo assim a genuinidade de um registo já popularizado em Portugal por alguns canais de TV por cabo). Um contributo de grande valor científico para o estudo dos fetiches e das paixões humanas, do qual esperamos que os nossos leitores possam tirar o maior proveito.
«Crees que con 19 años ya soy mayorcito para tomar mi baño sólo? Bueno, quizás tienes razón... pero a mi todavía me gusta que mi madre me bañe. Nunca lo ha dejado de hacer.
Cuando era más joven y mi pene tenía una erección mientras mamá me secaba, acostumbraba a darme un masaje para relajarlo. Más tarde empezó a besarlo, a chuparlo, a masajearlo con sus tetas... hasta el día en que me permitió poner mi polla en su almeja.
Mi madre es mi profesora de educación sexual, ella dice que a las chicas no les gustan los chicos sin experiencia. El baño se llama en nuestra casa la habitación del orgasmo. Cada día tomamos un baño juntos de dos horas de duración como mínimo. Siempre me hace correr sobre sus tetas, o en su boca, o metiéndole la verga en su culo, para evitar quedar embarazada de su propio hijo.
¿Que qué opina mi padre de esto? A papá no le importa, está demasiado ocupado bañando y secando a mi hermana menor, su querida hija.»
Encontrei numa página qualquer da Internet este depoimento, que aqui se publica no original em espanhol (resolvemos não traduzir, mantendo assim a genuinidade de um registo já popularizado em Portugal por alguns canais de TV por cabo). Um contributo de grande valor científico para o estudo dos fetiches e das paixões humanas, do qual esperamos que os nossos leitores possam tirar o maior proveito.
«Crees que con 19 años ya soy mayorcito para tomar mi baño sólo? Bueno, quizás tienes razón... pero a mi todavía me gusta que mi madre me bañe. Nunca lo ha dejado de hacer.
Cuando era más joven y mi pene tenía una erección mientras mamá me secaba, acostumbraba a darme un masaje para relajarlo. Más tarde empezó a besarlo, a chuparlo, a masajearlo con sus tetas... hasta el día en que me permitió poner mi polla en su almeja.
Mi madre es mi profesora de educación sexual, ella dice que a las chicas no les gustan los chicos sin experiencia. El baño se llama en nuestra casa la habitación del orgasmo. Cada día tomamos un baño juntos de dos horas de duración como mínimo. Siempre me hace correr sobre sus tetas, o en su boca, o metiéndole la verga en su culo, para evitar quedar embarazada de su propio hijo.
¿Que qué opina mi padre de esto? A papá no le importa, está demasiado ocupado bañando y secando a mi hermana menor, su querida hija.»
segunda-feira, outubro 13, 2003
Sontag
Uma das vantagens de não se conhecer a cara das pessoas é a de assim podermos fazer delas uma imagem que para nós se adequa àquilo que conhecemos delas. Acontece com os locutores de rádio, por exemplo, de que conhecemos apenas a voz e a partir dela formamos uma ideia, ainda que vaga e indefinida, de como será o seu aspecto físico.
Hoje, no DN, aparece uma fotografia da escritora americana Susan Sontag, de que li um livro engraçado chamado "Debaixo do Vulcão" ou coisa parecida. Nunca tinha propriamente tentado imaginar qual a forma da sua cara, mas quando vi a foto custou-me, não sei bem porquê, a associá-la a ela. Nunca julguei que ela fosse assim, tão velha e com um aspecto tão pesado.
Uma das vantagens de não se conhecer a cara das pessoas é a de assim podermos fazer delas uma imagem que para nós se adequa àquilo que conhecemos delas. Acontece com os locutores de rádio, por exemplo, de que conhecemos apenas a voz e a partir dela formamos uma ideia, ainda que vaga e indefinida, de como será o seu aspecto físico.
Hoje, no DN, aparece uma fotografia da escritora americana Susan Sontag, de que li um livro engraçado chamado "Debaixo do Vulcão" ou coisa parecida. Nunca tinha propriamente tentado imaginar qual a forma da sua cara, mas quando vi a foto custou-me, não sei bem porquê, a associá-la a ela. Nunca julguei que ela fosse assim, tão velha e com um aspecto tão pesado.
sexta-feira, outubro 10, 2003
Palheta, um herói esquecido
Recordemos um grande herói português esquecido pela história, Francisco de Melo Palheta. O nosso Palheta era um diplomata em funções no Brasil no início do século XVIII. Em 1724, os governadores da Guiana francesa e da Guiana holandesa pediram-lhe ajuda para mediar uma disputa fronteiriça.
É preciso explicar que, no século XVIII, a planta do café ainda era uma espécie de segredo de Estado. Só havia café na Arábia, na Índia, na África Oriental e em alguns países europeus. Os holandeses e os franceses tinham café, mas era ilegal ceder ou vender sementes da planta.
Portugal não tinha café, e o grande Palheta viu na história das Guianas uma excelente oportunidade de sacar as sementes. O nosso Palheta foi ter com holandeses e franceses, e resolveu o tal problema diplomático. No processo, segundo este livro, o Palheta seduziu (e papou) a mulher do governador francês.
A francesa, deslumbrada pela palheta do viril Palheta, decidiu oferecer um presente de despedida ao nosso diplomata antes de ele voltar ao Brasil. Deu-lhe um ramo de flores exóticas. No meio do ramo estavam escondidas sementes de café.
E foi dessa forma galante que o nosso Palheta regressou à sua fazenda no Pará, onde plantou as sementes, dando origem à grande indústria do café do Brasil. Da próxima vez que beberem um café brasileiro, lembrem-se do nosso herói Palheta.
Recordemos um grande herói português esquecido pela história, Francisco de Melo Palheta. O nosso Palheta era um diplomata em funções no Brasil no início do século XVIII. Em 1724, os governadores da Guiana francesa e da Guiana holandesa pediram-lhe ajuda para mediar uma disputa fronteiriça.
É preciso explicar que, no século XVIII, a planta do café ainda era uma espécie de segredo de Estado. Só havia café na Arábia, na Índia, na África Oriental e em alguns países europeus. Os holandeses e os franceses tinham café, mas era ilegal ceder ou vender sementes da planta.
Portugal não tinha café, e o grande Palheta viu na história das Guianas uma excelente oportunidade de sacar as sementes. O nosso Palheta foi ter com holandeses e franceses, e resolveu o tal problema diplomático. No processo, segundo este livro, o Palheta seduziu (e papou) a mulher do governador francês.
A francesa, deslumbrada pela palheta do viril Palheta, decidiu oferecer um presente de despedida ao nosso diplomata antes de ele voltar ao Brasil. Deu-lhe um ramo de flores exóticas. No meio do ramo estavam escondidas sementes de café.
E foi dessa forma galante que o nosso Palheta regressou à sua fazenda no Pará, onde plantou as sementes, dando origem à grande indústria do café do Brasil. Da próxima vez que beberem um café brasileiro, lembrem-se do nosso herói Palheta.
A inocência de Pedroso
A libertação de Paulo Pedroso veio dar mais força à minha teoria de que o ex-ministro socialista está inocente, apesar de ter participado em casos de pedofilia. Parece contraditório, mas não é. Explico: numa relação pedófila, e com uma cara de puto daquelas, Pedroso só pode ter sido a vítima.
A libertação de Paulo Pedroso veio dar mais força à minha teoria de que o ex-ministro socialista está inocente, apesar de ter participado em casos de pedofilia. Parece contraditório, mas não é. Explico: numa relação pedófila, e com uma cara de puto daquelas, Pedroso só pode ter sido a vítima.
quarta-feira, outubro 08, 2003
O "l" que o tuga enfiou na tequila
O homo lusitanus em geral tem a mania que sabe falar "estrangeiro". Castelhano então é fácil, igualzinho ao português. Aliás ninguém percebe como é que os espanhóis não nos entendem, mesmo quando nos esforçamos por falar parecido com eles. Se calhar, e só para dar um exemplo, é porque quando procura um espacinho nas ruas de Madrid para "aparcar el coche", o tuga pergunta: "Por favior donde póssio estacioniar o cárrio?" OK, assim é difícil. Os espanhóis tão perdoados.
Mas foi dessa mania que surgiu uma palavra inexistente em espanhol. Essa palavra é "tequilla", ou como até já vi num aportuguesamento, "tequilha". Então como é que esse vocábulo alienígena surge? Ora, o tuga ouve um hispanohablante qualquer dizer "ella" (ela), "amarillo" (amarelo), "caballo" (cavalo) ou "bella" (bela, bonita) e deduz: "em espanhol, os eles andam sempre aos pares". Errado. Na língua de Cervantes, também há palavras só com um "l", letra que tem o mesmo som do "l" português.
Por isso, tuga, quando vais a Badajoz, escusas de procurar "caramelhos", que não vais encontrar. Experimenta "caramelos", como em português. Se queres visitar uns parentes imigrantes na América do Sul, não tentes comprar uma passagem para a "Venezuelha", porque esse país nem vem no mapa. Só vais encontrar "Venezuela", quer numa carta portuguesa, quer numa espanhola. À noite, se fores tomar uns copos, pede uma "tequila", que é como a bebida nacional do México se chama, tal como a cidade que lhe deu o nome.
O homo lusitanus em geral tem a mania que sabe falar "estrangeiro". Castelhano então é fácil, igualzinho ao português. Aliás ninguém percebe como é que os espanhóis não nos entendem, mesmo quando nos esforçamos por falar parecido com eles. Se calhar, e só para dar um exemplo, é porque quando procura um espacinho nas ruas de Madrid para "aparcar el coche", o tuga pergunta: "Por favior donde póssio estacioniar o cárrio?" OK, assim é difícil. Os espanhóis tão perdoados.
Mas foi dessa mania que surgiu uma palavra inexistente em espanhol. Essa palavra é "tequilla", ou como até já vi num aportuguesamento, "tequilha". Então como é que esse vocábulo alienígena surge? Ora, o tuga ouve um hispanohablante qualquer dizer "ella" (ela), "amarillo" (amarelo), "caballo" (cavalo) ou "bella" (bela, bonita) e deduz: "em espanhol, os eles andam sempre aos pares". Errado. Na língua de Cervantes, também há palavras só com um "l", letra que tem o mesmo som do "l" português.
Por isso, tuga, quando vais a Badajoz, escusas de procurar "caramelhos", que não vais encontrar. Experimenta "caramelos", como em português. Se queres visitar uns parentes imigrantes na América do Sul, não tentes comprar uma passagem para a "Venezuelha", porque esse país nem vem no mapa. Só vais encontrar "Venezuela", quer numa carta portuguesa, quer numa espanhola. À noite, se fores tomar uns copos, pede uma "tequila", que é como a bebida nacional do México se chama, tal como a cidade que lhe deu o nome.
terça-feira, outubro 07, 2003
quinta-feira, outubro 02, 2003
Pipizinho
O Núcleo Duro foi aos arquivos da Torre do Rombo e descobriu um filme familiar muito curioso desse grande ídolo da blogosfera conhecido como O Meu Pipi. Filmado na década de 70, com uma câmara doméstica de 8mm, esta preciosidade de grande valor documental mostra o pequeno Pipi, com apenas 9 meses, a exibir já uma precoce inclinação para as coisas boas da vida. Ninguém imaginava, nessa altura, a dimensão do fenómeno que acabara de nascer.
O Núcleo Duro foi aos arquivos da Torre do Rombo e descobriu um filme familiar muito curioso desse grande ídolo da blogosfera conhecido como O Meu Pipi. Filmado na década de 70, com uma câmara doméstica de 8mm, esta preciosidade de grande valor documental mostra o pequeno Pipi, com apenas 9 meses, a exibir já uma precoce inclinação para as coisas boas da vida. Ninguém imaginava, nessa altura, a dimensão do fenómeno que acabara de nascer.
quarta-feira, outubro 01, 2003
Mexia nos seis milhões
Gostei da atitude deste grande jornalista, por vezes tão maltratado no nosso blog. É a primeira vez que oiço um benfiquista assumir a mediania do seu clube, por muito que o Ernesto venha dizer que não. O Benfica já nem sabe o que fazer para sair da crise, como nós aliás noticiámos.
No entanto, nem toda a gente concorda com o Mexia, como é o caso deste rapaz, uma recente revelação da blogosfera.
Gostei da atitude deste grande jornalista, por vezes tão maltratado no nosso blog. É a primeira vez que oiço um benfiquista assumir a mediania do seu clube, por muito que o Ernesto venha dizer que não. O Benfica já nem sabe o que fazer para sair da crise, como nós aliás noticiámos.
No entanto, nem toda a gente concorda com o Mexia, como é o caso deste rapaz, uma recente revelação da blogosfera.
Ernesto II
É conhecida a adoração do Ernesto pelo Rodrigo Guedes de Carvalho, apresentador do Jornal da Noite da SIC. Convém por isso ao Ernesto ler este texto.
É conhecida a adoração do Ernesto pelo Rodrigo Guedes de Carvalho, apresentador do Jornal da Noite da SIC. Convém por isso ao Ernesto ler este texto.
Ernesto
É conhecida a embirração de Ernesto pelo Mexia. Mas por uma vez Ernesto devia dar razão ao Mexia, porque o Mexia escreveu um texto de espantosa lucidez no DN.
É conhecida a embirração de Ernesto pelo Mexia. Mas por uma vez Ernesto devia dar razão ao Mexia, porque o Mexia escreveu um texto de espantosa lucidez no DN.