Rosut in Turansuration
O Ernesto já rasgou
aqui tecidos elogios ao filme
Lost in Translation, de Sofia Coppola. Sou obrigado a concordar que é, de facto, um bom filme. A realizadora cria um ambiente único, o argumento não é lugar-comum, os artistas são bons artistas. Mas há pequenas minúcias a assinalar:
Primeiro, (permitam-me dar aqui uma de Prof. Alcides Graça) a piadinha com o sotaque japonês peca por falta de rigor – os nipónicos não conseguem dizer os eles, substituindo-os por erres, justamente o contrário do que acontece no filme, fenómeno que existe sim, mas com os chineses. Ou seja, um chinês diria “
palalítico” só para ser prontamente corrigido por um risonho japonês, que diria “
pararítico”. Como se vê, a piada também funcionava se a tivessem feito bem.
O japonês falado também tem outros “vícios”, como a necessidade de introduzir us sempre que duas consoantes se encontram – Akira Kurosawa chamá-lo-ía “
Rosut in Turansuration”, se tivesse sido ele a realizar o filme. Mas, o que ficou mal mesmo foi a sensação de um certo desleixo, que muitos classificariam de americano: “
Japonês, chinês, é tudo amarelo!”
Segundo, (aqui, a realizadora não tem culpa nenhuma, coitada) o filme foi lançado em Portugal com o nome “
O Amor é um Lugar Estranho”, o que, de facto, obedece ao acto perlocutivo do original, já que o título ficou literalmente
perdido na tradução. Tenho de dar aqui a palma à manatória dos senhores que baptizaram a versão legendada em português, pois fiquei sem saber se eles são uns nabos ou uns génios.