quinta-feira, fevereiro 19, 2004

Gina Barreca é um nome bestial

O rasgado elogio do DJ Carcaça à Agustina Bessa Luís e a rápida resposta do Ernesto à rasgação (Resposta que entretanto foi apagada! Censura! Lápis azul! Buuuuuh!) lembraram-me deste livro, que foi editado este mês na América.

Os autores, Gene Weingarten e Gina Barreca (grande nome), conduzem um diálogo semi-socrático sobre o tema mais batido do mundo — as diferenças entre os homens e as mulheres.

Isto é um assunto mais velho que o cagar, e já foram escritos milhões de livros sobre a coisa, normalmente tratados pseudo-científicos do tipo “Men are from Mars, Women are from Venus”. Mas, como podem ver por esta amostra, o Gene e a Barreca (heh heh heh) têm uma perspectiva diferente e coisas interessantes para dizer.

Um dos argumentos do Gene e da Barreca (Barreca, que nome bestial) é que os homens e as mulheres escrevem de forma diferente. Aliás, até há um curioso programa na Internet que analisa um texto para determinar o seu grau de feminilidade (a coisa só funciona em inglês, mas experimentem na mesma que vale a pena).

Por isso, o Gene e a Barreca (Barreca, Barreca, Barreca — dava para escrever um post só repetindo o nome dela) fizeram um exercício curioso: escrever um conto a quatro mãos, para tentar perceber as diferenças entre o estilo literário masculino e feminino.

Como era violação de copyright e dava muito trabalho estar a transcrever o conto do Barreco e da Barreca, resolvi tentar eu próprio escrever um original. Como as regras do Núcleo são muito rígidas e proíbem contributos femininos (isto é tipo o clube do Bolinha), decidi invocar os espíritos da Agustina, representando a pena feminina, e de um gajo comum, vamos chamar-lhe Bessa, para o lado masculino.

Após um tortuoso e difícil processo criativo de dois minutos, este foi o resultado:

Um conto
Por Agustina & Bessa


Agustina: Eis aqui a senhora Joaquina Augusta, da casa da Vessada, a quem o seu acréscimo de propriedades e riquezas em rendosos dinheiros conferia já o título de dona. Tinha cinquenta e oito anos, mantinha-se com uma esbelteza de rapariga, se bem que um tanto corcovada e de cabeleira totalmente branca.
Bessa: E tinha um belo par de marmelos.
Agustina: Estava ela no apogeu das suas faculdades de administradora, de discernimento e de vivacidade. Sabia fruir o prazer de lisonja, sem lhe ceder os seus interesses; sabia ser cauta, sem deixar de ser audaciosa.
Bessa: Como ela era audaciosa, sobretudo depois das duas primeiras cervejas.
Agustina: Estava perfeita no seu cargo de sibila, pois conhecia a alma humana de dentro para fora, o que é talvez prever sempre nela o imprevisível, sem, porém, chegar a compreendê-la. Era uma fortaleza de prudência cuja torre de menagem era sempre a vaidade.
Bessa: Pelo contrário, Maximino Supertolas gostava de acção. Tinha acabado de regressar de safari em África onde caçara tigres, leões e girafas usando apenas os próprios dentes e um pedaço de cordel. Agora tinha os pés estendidos sobre o sofá. O controle remoto da televisão estava demasiado longe. A preguiça não lhe permitia mudar de canal, condenando-o a ver outra vez um episódio antigo do Archie Bunker no SIC Mulher.
Agustina: Era de facto um belo menino, com esses olhos interrogativos cuja inocência parece repassada de toda a sabedoria do mundo. Mas ela condoía-se muito da criança, que parecia condenada a uma semimudez, e, assim, escolheu as casas de três mulheres discretas - uma delas foi Narcisa Soqueira -, velhos marabus para quem a sua atitude era uma espécie de senha de sapiência.
Bessa: Soqueira também é um nome bestial.
Agustina: Alguns dias depois o menino começou a falar; mas a sua pronúncia nunca foi perfeita, e não chegou jamais a pronunciar o l com exactidão. Dizia «ume» e «ugar». Porém, Quina concluiu que o efeito miraculoso se produzira, e nem todos os génios encerrados por Salomão em garrafas poderiam obrigá-la a reconhecer que o rapaz era, de facto, belfo.
Bessa: Por ser belfo, levou uma merecida carga de porrada na escola no dia seguinte.

quarta-feira, fevereiro 18, 2004

Alta Arte
21 gramas



"Dizem que todos perdemos 21 gramas no exacto momento da nossa morte... todos.
O peso de um punhado de moedas.
O peso de uma barra de chocolate.
O peso de um colibri...
"

A história é boa. A forma como é contada é ainda melhor. Uma câmara solta vai distribuindo, a um ritmo louco, os golpes de uma narrativa entrecortada, mas que nunca nos deixa perdidos. A história dá saltos para a frente e para trás e o espectador sabe sempre onde está. Isto não é fácil de conseguir e talvez seja o grande mérito de "21 Gramas".

(Um pequeno à-parte, só para cumprimentar os senhores que traduziram o nome do filme que, podem acreditar, no original é "21 Grams". Tão a ver que não dói nada? E não fica muito melhor do que lhe chamar "Ligações Arriscadas" ou "Aventura do Perigo", como vos terá passado pela cabeça?)

É daquelas histórias que nos deixam suspensos até ao final. Só aí são revelados os elos que faltavam para a trama ficar completa, incluindo pequenos pormenores aparentemente irrelevantes, mas cheios de beleza (veja-se a cena da piscina).

Muito bem filmado – o realizador Alejandro González Iñárritu (o mesmo de "Amores Perros") continua a dar cartas – e com um punhado de bons actores - destaco Naomi Watts, a loirinha do "Mulholland Drive", de David Lynch.

Como vem sendo hábito, os melhores filmes costumam ser maltratados pela crítica. Entre os bois do "Público", por exemplo, o máximo que esta obra-prima conseguiu foi duas estrelinhas. A balança do Núcleo pesou e deu bem mais do que 21 gramas.

terça-feira, fevereiro 17, 2004

Mel(da) de broas



A empresa onde trabalho não tem por perto nenhum café onde se possa ir lanchar. Isso obriga os trabalhadores a recorrerem àquelas máquinas que dão sandes, bolos e outras porcarias em troca de moedinhas. Hoje, inseri 90 cêntimos na ranhura e marquei o número 45, que correspondia a uma alegada "Broa de Mel". A expectativa nunca é de grande deleite no que toca aos produtos das famigeradas "slot-machines" de comida, mas a primeira dentada que dei na broa superou tudo. Uma sandes de platex com esferovite era capaz de ser mais saborosa. Impotente para eliminar a decepção, procurei no rótulo do produto algo que, pelo menos, me dissipasse uma dúvida - como pode uma broa de mel ser tão horrivelmente má? A lista de ingredientes confirmou os meus maiores temores:

"Farinha de trigo tipo 65, açúcar, ovos, margarina vegetal, erva doce, fermento, conservante (E200) e aroma natural"

Exacto. Ficamos assim a saber que uma "broa de mel" não leva mel. Onde está o mel então? Arriscaria dizer que no "aroma natural", o que não alivia nada o cheiro a fraude. Quer dizer, se o fabricante - uma empresa da Malveira - me faz acreditar que estou a comprar uma broa de mel para depois me dizer que afinal não há mel, eu já não confio nela quando me diz que o "aroma" é "natural". Quem me garante? A mesma entidade fiscalizadora que deixa que a Ideal Malveirense esteja aí - segundo o rótulo, "desde 1971" - a envenenar o povo? Podem acomodar os meus 90 cêntimos pelo canal rectal acima, que de mim não levam mais nada. Vou passar a trazer sandes de casa.

quinta-feira, fevereiro 12, 2004

Locanda VI

Tenho de intervir neste fascinante debate para protestar contra as metáforas de Zizou. Ele compara uma francesinha a levar com um dildo pelo rabo acima. Ora, como ele próprio confessa, uma francesinha é uma especialidade culinária de qualidade. Dildo pelo rabo acima é uma coisa diferente.

Se Zizou aprecia francesinhas, e compara francesinhas a dildos, que conclusão podemos tirar? Para esclarecer as dúvidas na mente deste jovem transviado, vamos usar imagens:

Isto é uma francesinha:

E isto é um dildo:

PS: Que caralho de nome para um restaurante é que Locanda?

PS 2: Qual é a utilidade de uma crítica gastronómica para um restaurante em Canelas, Vila Nova de Gaia?

Locanda V

Recomendam-se algumas notas adicionais:
1. eu gosto de francesinhas, mas decidi optar pelo bife para ser diferente das outras três pessoas que jantaram comigo.
2. Ernesto é pouco rigoroso na citação das fontes: eu não disse «as pizzas também são boas»; eu disse «também dizem que as pizzas são boas», o que é diferente...
Locanda III

Ernesto: imaginemos, por absurdo, que vais a uma casa de putas. A especialidade da casa é a profissional de serviço - uma matrona de 40 anos e 90 quilos - espetar-te com um dildo pelo cu acima. Que farias? Tornavas-te um «amante do risco», recorrias à tua «imprevisibilidade a toda a prova» e optavas pela «solução mais perigosa» para pedir um bico; ou, pelo contrário, deixarias que a senhora te enfiasse a prótese de borracha pelo teu traseiro hemorróidico?

quarta-feira, fevereiro 11, 2004

Os donos do garfo

Locanda
Canelas, Gaia
pizzas, francesinhas...

A especialidade são francesinhas, diferentes porque levadas ao forno. Eu comi um bife coberto com tiras de presunto, com batatas fritas às rodelas e molho de tomate. Estava bom, embora não magnífico. Também dizem que as pizzas são boas.

terça-feira, fevereiro 10, 2004

Vamos!



Hip, hip, hurra!!! Já é oficial - os Pixies vão mesmo voltar a tocar juntos. Mais de uma década depois da separação, a melhor banda de sempre - digo eu - está a preparar uma série de concertos na América e, depois, na Europa. Espero que passem por Portugal, mas senão, estou mesmo disposto a organizar uma excursão a Espanha, pra ouvir a voz alucinada do Black Francis a cantar as suas letras psicadélicas, a guitarra louca do Joey Santiago ("Rock me Joe!"), o baixo brilhantemente simples da Kim Deal e a batida segura do Dave Lovering. E desfrutar do carisma que, só juntos, os quatro emanam.

Muita gente (mesmo dentro do Núcleo) se tem mostrado céptica em relação a este reencontro, mas eu estou entusiasmado. Não considero que esta banda seja coisa do passado. A sua música, para mim, continua a soar a futuro. Aqui fica uma letra e, com isto, me calo.


Subbacultcha

This is a song about something there
there is something about this song
we did the clubs what ass
I was hoping to have her in the sack
I was looking handsome
she was looking like an erotic vulture
I was all dressed in black
she was all dressed up in black
every thing was fine down here
what you call it here
call it what you will here
way down in this subbacultcha
her warm white belly in the life I'd lived had seen nothing finer
she shakes and she moves me or something
she's like jellyroll like sculpture
I was wearing eyeliner
she was wearing eyeliner
it was so good down here
saving for my scrapbook here
way down down down in this subbacultcha
now we live on the sea and relax and ride the tack
drug running on this panamanian schooner
she walks the deck in a black dress
and me I dress up in black
and we listen to the sea
and look at the sky in a poetic kind of way
what you call it
when you look at the sky in a poetic kind of way
you know when you grope for luna

segunda-feira, fevereiro 09, 2004

Recriar a língua

O Núcleo Duro tem a honra de apresentar um comunicado a que teve acesso e que encerra grande valor documental para a história do Mundo Lusófono. Trata-se de uma carta, escrita há quase dois anos, de um grupo recreativo - ou será "recriativo", que recria (!?)... - à comunicação social de São Tomé e Príncipe.

Além do à-vontade com que trata a língua portuguesa, é de destacar o apurado senso político do senhor Manuel Costa, que revela ser um profundo conhecedor da forma como funcionam os meandros da corrupção no seu país. Na transcrição, resolvemos manter a integridade do original: a letra maiúscula, assim como os inovadores rasgos de criatividade linguística, são copiados tal e qual aparecem no telex que nos foi facultado. Na linha dos célebres "Pensamentos Políticos e Filosóficos", de Koumba Yalá, aqui fica esta "Carta Recriativa":


«EMISSOR: GREMIO RECRIATIVO JARDIM DE PENSAMENTO
ASSUTO: PEDIDO DE ESPAÇO NOS ORGÃOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL.

PARA: Exmos Sres DIRECTORES/TVS/RADIO NACIONAL/COMUNICAÇÃO SOCIAL. RDP SÃO TOMÉ E PRINCIPE.

REFERÊNCIA: C/C; PARA SUA EXCELÊNCIA SENHOR PRESIDENTE DA REPÚBLICA
C/C; PARA SUA EXCELÊNCIA SENHOR PRESIDENTE ASSEMBLEIA NACIONAL

EXCELÊNCIAS.
OS NOSSOS MELHORES CUMPRIMENTOS.

NESTE MOMENTO; (FINALMENTE) CHEGAMOS A NOVA ERA POLITICA QUE MUITO ESPERAVAMOS DE VIVER! NÓS CONSIDERAVAMOS QUE ESSA BASE DE NOVA MENTALIDADE VINHA AO ENCONTRO DO NOSSO PRANTO.
COMO FORMA DE EVITAR NO DESTINO UM COMFLITO INSTITUCIONAL; PETROLIFÉRO, SOCIAL, INTELECTUAL, ETC, *: JÁ QUE MESMO NO GOVERNO DE INICITIVA PRESIDENCIAL DEPARAMOS (ENCONTRAMOS SURPRESA INESPERADAMENTE), TAIS COMO: FALTA DE UM SUPORTE HONESTO DOS SEUS COLABORADORES DIRECTOS, O QUE CRIA EM NÓS A FALTA DE CONFIÂNÇA E MEDO CASO ESSE POVO NÃO SAIBA VOTAR!
MUITOS PROJECTOS E MONTANTES (DINHEIRO), FORAM CONCEDIDOS AO NOSSO ESTADO E FICARAM DESAPARECIDOS, E SEM EXPLICAÇÃO!
POR ISSO QUE O ACTO DESTE NOVO PRESIDENTE FICARÁ MARCADO NA NOSSA HISTÓRIA E DE INTELECTUAIS HONESTOS. == NÃO BASTA SOMETE PROJECTOS! TAMBÉM É PRECISO HOMENS COM CAPACIDADE E NOVA MENTALIDADE.
O ACTO É QUE O ACTUAL PRESIDENTE É O PRIMEIRO A PROPOR UMA IDEIA DE NOVA MENTALIDADE CAUSANDO ASSIM UM ESTADO DE CHOQUES AOS NÃO PREPARADOS, E DE OUTROS OBJECTIVOS!
PORQUE, NÃO PODEMOS SUPORTAR MAIS AMBIÇÕES DE UM COLOSSO FORMADO POR DIRIGENTES BARBAROS, CRUEIS COM MENTALIDADE RETROGADA (ANTIQUADA), SEM CAPACIDADE DE GERIR AS LIÇÕES DE UMA NOVA INSTAURADA PELO ACTUAL PRESIDENTE, PONDO EM CAUSA O RELACIONAMENTO DIFICIL JÁ EXISTENTE; COMO ESTA SITUAÇÃO NOS INCOMODA, (NOS FRUSTA), E PODERÁ LEVAR-NOS A RENDER MAIS SACRIFICIOS, DESVANTAGEM ECONÓMICAS, POLITICA DESAJUSTADA E PRESSÃO ECONOMICA, MAIS ATRASOS CULTURAL, CIENTIFICO, E APARECIMENTO DE UMA SOCIEDADE ONDE SÓ PODERÃO RONCAR OS FILHOS DOS MAIS RICOS!
PERANTE TAIS AMEAÇAS SOMOS OBRIGADOS A PEDIR UM ESPAÇO À TODOS ORGÃOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL, NOMEADAMENTE: A RADIO NACIONAL, TVS, PRIVADOS, E INTERNACIONAL (RDP/ÁFRICA), DE FORMA MANIFESTARMOS E APRESENTARMOS UM RESUMO DA NOSSA VISÃO DO PASSADO (ORIGEM DA NOSSA POBREZA, CAUSAS, CONSEQUENCIAS); NISTO APRESENTARMOS UM PROJECTO DE INTERESSE DOS QUADROS NACIONAL, DOS MENINOS DE RUA, DOS JOVENS, VELHOS DO JARDIM DE PENSAMENTO, TRABALHADORES, COMERCIANTES, DOS EMIGRANTES, DOS FILHOS DOS EMIGRANTES QUE MUITO PRECISAM DE APOIOS (EDUCAÇÃO GLOBAL) PARA EVITAREM O MUNDO DE DROGAS, ETC... E PARA O POVO EMGERAL. == TAMBÉM FAZEMO-NOS LEMBRAR DAS CONDIÇÕES DOS ESTRANGEIROS QUE AQUÍ VIVEM (AS AJUDAS QUE PODEMOS PESTAR)
POR ISSO LEVAREMOS VERDADEIRAMENTE PARA FRENTE O PROJECTO DO ACTUAL PRESIDENTE, QUE MUITO NOS ITERESSA. == PORQUANTO SEMPRE VIVEMOS COM MÉDO PERSEGUIDO, SEMPRE COM EMBARGOS, RETALHAÇÕES. EIS A RAZÃO PELA QUAL NÃO EXISTIREM CÁ CIENTISTAS! ESCONDERAM-NOS MUITAS OPRTUNIDADES, QUE SO ERA RESERVADAS AOS QUADROS QUE PROTEGIAM OS SEUS...
QUEREMOS ESSA ERA PARA DESENVOLVERMOS AS NOSSAS IDEIAS, OS NOSSOS TALENTOS CULTURAL, NO CAMPO CIENTIFICO, NA ARTE ISTO É: TUDO O QUE NOS FOI NEGADO COMO FILHO PRODIGO NESTA TERRA.

SUBSCRÊVO-ME COMO MANDATÁRIO DO GREMIO RECRIATIVO JARDIM DE PENSAMENTO, EM BUSCA DE ATRIBUIÇÃO MÚTUA DAS PROPRIEDADES DA NATUREZA HUMANA, QUE PRESIDENTE FRADIQUE DE MENEZES NOS QUER DAR; POR AMOR A NOSSA TERRA SÃO TOMÉ E PRINCIPE.

S. TOME, AOS 19/02/2002.

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MANUEL DA TRINDADE RODRIGUES COSTA

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domingo, fevereiro 08, 2004

Estádios

Nem só a pretexto do Euro'2004 se constroem estádios de futebol. Um pouco por toda a parte estão a nascer novos recintos, alguns verdadeiramente espectaculares. Em www.stadiumguide.com é oferecida uma listagem de estádios a construir nos próximos anos; os meus favoritos são o Arteveldestadion (Gent), o Ashburton Grove (Arsenal), o New Anfield (Liverpool), o Gipuzkoarena (Real Sociedad) e o Allianz Arena (Munique), embora este último mais pareça, visto de fora, uma espécie de supositório. Tenho dúvidas é se algum deles é mais bonito que as novas Antas.

quinta-feira, fevereiro 05, 2004

Uma jornalista da RTP disse o seguinte num directo durante a hora de almoço:
"Ricardo Sá Fernandes está fora do país, na Madeira".

quarta-feira, fevereiro 04, 2004

Árbitros

Em Espanha, como em Portugal, as melhores equipas são sempre acusadas de ganhar graças aos favores dos árbitros. Vejam o que diz Roberto Carlos sobre isso.

terça-feira, fevereiro 03, 2004

O Núcleo sempre em cima dos grandes acontecimentos

Continuando a discussão sobre a mama da Janet: um dos aspectos mais perturbantes do caso é que o respectivo mamilo está tapado. Aquela coisa de metal por cima do mamilo, pelos vistos, tem nome: é um nipple protector.

Eu nem sei como é que isto se traduz. Protector de mamilos? As mulheres modernas usam isso? Que conceito mais medieval, tipo cinto de castidade ou o caraças. Será que isso já existe na Europa? Terá a Janet pedido o protector de mamilos emprestado ao irmão?

P.S: Quando à sem-vergonhice da imprensa nacional, devo dizer-te Ernesto que os americanos também sabem ser despudorados. Quer dizer, claro que as televisões mostram a mama desfocada ou com uma tira preta — mas mostram-na de cinco em cinco minutos. E uma mama semi-coberta, uma sugestão de mama, um vislumbre de mama, pode ser ainda mais erótica que uma mama totalmente desnuda.

P.S.2: Outro pormenor importante no mamagate (atenção, somos os primeiros a usar mamagate, quando virem isso nos títulos do New York Times e do Expresso já sabem onde eles foram copiar). Em todas as fotos, o Timberlake não parece nada espantado nem nada entusiasmado de ter ali à frente do nariz um seio exposto. Fica indiferente. Isso para mim prova aquela teoria de que os gajos das boy bands são todos gay.
Que é que Sade fazer?



Em "Os Cento e Vinte Dias de Sodoma", o Marquês de Sade relata de forma exaustiva os acontecimentos que têm lugar durante uma monumental sessão de deboche promovida por quatro amigos, quatro celerados que fizeram fortuna de forma obscura durante o reinado de Luís XIV e que a gastavam em orgias escatológicas. Obra inacabada (apenas os primeiros 30 dias estão concluídos, embora os restantes já estivessem delineados), este livro é um apanhado de perversões que se sucedem a um ritmo constante, com a virtude de se agravarem a cada página, num crescendo. Após ler esse livro, compreendi melhor todo o alcance da palavra "sádico". Como aperitivo, desafio qualquer um a tentar encontrar na literatura universal duas personagens mais nauseabundas do que estas duas (passo a transcrever):

"O presidente de Curval era o decano desta associação. Com cerca de sessenta anos de idade e singularmente gasto pelo deboche, parecia quase um esqueleto. Era alto, seco, delgado, olhos azuis e apagados, boca lívida e suja, queixo levantado, nariz comprido. Era todo coberto de pêlo, como um sátiro, tinha costas chatas, nalgas moles e caídas que mais pareciam dois trapos sujos pendurados no alto das pernas; a pele era de tal modo macerada, mercê das chicotadas, que se podia torcer com os dedos sem ele sentir nada. No meio, abria-se, sem ser preciso afastar as nalgas, um imenso orifício, cujo enorme diâmetro, cheiro e cor o tornavam mais semelhante ao buraco de uma latrina do que ao olho de um cu; e, para cúmulo, um dos hábitos perfilhados por este porco de Sodoma era conservar a referida parte do corpo em tal estado de imundície que tinha sempre em volta um anel de merda com duas polegadas de grossura. (...)"

"Chica era o nome da quarta (...) Tinha sessenta e nove anos. Era atarracada, pequena e gorda, vesga, quase sem testa e, na boca fedorenta, tinha só dois dentes velhos prestes a cair, tinha o rabo coberto de eresipela e pendiam-lhe do ânus algumas hemorróidas da grossura do punho; devorava-lhe a vagina um horroroso cancro e tinha uma das coxas completamente queimada. Durante três quartas partes do ano mantinha-se bêbada e, como o estômago que tinha era muito fraco, durante a embriaguez vomitava por todo o lado. O olho do cu, apesar das hemorróidas que o guarneciam, era naturalmente tão grande que ela se bufava e se peidava e fazia outras coisas sem dar conta. (...)"
O seio exposto

O Ernesto levantou o tema, mas teve preguiça de apresentar testemunhos fotográficos:



Eu pessoalmente acho: é um seio descaído, mas não está mal para uma mulher com mais de 40 anos.

P.S: Oh Ernesto, tu que leste os artigos das mamocas todos: algum dos jornais pôs uma foto da Janet com o seio exposto?

segunda-feira, fevereiro 02, 2004

Ernesto: será que não precisam de cobaias em Marte?

O Chacal

Bruce Willis é um assassino profissional contratado por um terrorista russo para, a troco de 70 milhões de dólares, matar a primeira-dama dos EUA. Na primeira hora do filme, o Bruce revela-se metódico, inteligente e competente: planeia uma estratégia de disfarces, define um plano de acção, estuda o local da operação, compra o material necessário, tudo sem um erro, um deslize, uma hesitação. Na parte final do filme, porém, o Bruce perde subitamente todas as suas faculdades mentais, torna-se desleixado, semeia pistas por onde passa... tudo em nome de uma irritante prevalência do Bem sobre o Mal. Claro que o Bruce morre no final e o plano de liquidar a mulher é frustrado.
Por sistema irritam-me os filmes com um “final feliz”. No filme O Chacal, de Michael Caton-Jones, nada me daria mais prazer do que ver o cérebro da gaja perfurado pela bala que o Bruce lhe tinha destinado, escapando-se depois pelo Metro com 70 milhões no bolso.
Ernesto: digam-lhe onde fica o Cardinali

Tu serves é para atracção de circo, ó palhaço!
Metam-nos aos dois num manicómio

O Núcleo fica bonito é quando nos pegamos todos a discutir uns com os outros. Quero apenas notar que o grau de elevação de certas discussões é superior ao de outras.
Há umas quantas páginas, quando eu e o DJ falávamos sobre o Michael Moore, a coisa atingiu uma dignidade notável. As trocas de beijinhos do Ernesto e do Zizou são, digamos, mais proletárias.
Mas também admito: o nível da discussão com o DJ tinha baixado logo se eu me tivesse lembrado de argumentos tão convincentes como: Expatriem o assassino! ou Fechem-no numa cela! ou Cortem-lhe os tomates!


Ernesto: fechem-no numa cela

Aviso já que gosto que existam anti-portistas, e quanto mais primários e doentios forem, melhor. Por isso, Ernesto, saudações pela determinação que colocas na defesa dessa causa.

O que mais me impressiona são as acusações de falta de fair-play dos jogadores, treinadores e dirigentes do Porto, omitindo que quem revelou má-fé durante o jogo foram os jogadores do Sporting. O segundo penalty nasce de uma reposição de bola feita à má-fé, quando dois ou três jogadores do Porto estavam perto do João Pinto e outros quatro ou cinco estavam reunidos no grande círculo aproveitando a paragem do jogo. O Liedson arrancou um penalty que não existiu e simulou faltas e agressões, a mais grave de todas aquela em que se mandou para o chão fingindo ter sido esbofeteado pelo Jorge Costa.

Por que não usas a tua moral para apontar os maus exemplos do Sporting? Por que é que só o Porto é visado pela tua cruzada pelos bons-costumes no futebol?

Quanto ao Mourinho, não duvido que gostasses de o ver em Inglaterra, onde não fizesse sombra ao Benfica e ao Sporting. Quando for para fora, daqui a um ano, dois ou cinco, vai realmente continuar a provar que é um grande treinador.

domingo, fevereiro 01, 2004

1. Ouvimos ontem o Dias da Cunha a elogiar um árbitro? Pudera... Como o Lucílio Baptista beneficiou o Sporting, calaram-se as vozes contra o sinistro “sistema”.

O primeiro penalty é bem marcado, mas o segundo não; o Liedson passou o jogo a simular faltas e agressões e nem um amarelo viu; o Rui Jorge, na primeira parte, travou um contra-ataque do Porto rasteirando o Maciel... nessa jogada devia ter visto um amarelo; nas pequenas faltas, o Porto foi sistematicamente prejudicado...

E depois há o lance que precedeu o golo do Sporting; os dirigentes do Sporting que venham agora dar lições de moral.

2. Nos poucos minutos (cerca de 20: 10 no início e 10 no fim) em que o jogo esteve empatado, foi o Porto que mais atacou e mais perto esteve de marcar. O Sportingo jogou melhor e atacou mais durante boa parte do jogo, mas só enquanto estava em desvantagem. A partir do 1-1, foi o Porto que partiu para cima do Sporting e mais oportunidades criou. Isto quer dizer alguma coisa...

3. Ao intervalo, um comentador da SportTv notou que o jogo “só” tinha tido 22 faltas até então. Ou seja: o jogo foi interrompido por uma falta a cada dois minutos e o sujeito acha isso digno de aplauso...

4. O Mourinho quer ir embora, mas o Pinto da Costa não o vai deixar, pois não? Confiamos em ti, presidente!