nação benfiquista
Não sou nem do SLB, nem do FCP (vamos ao golo Briosa vamos vamos vamos ao golo ao golo é golo foi golo....deles!), mas o "levantamento mediático" à volta de um jogo entre o SLB e o Espanhol (uma equipa de 2ª, mal amada na sua própria cidade) leva-me a constatar o seguinte: Os feitos notáveis do FCP nas competições europeias são cobertos pelos jornalistas e entertainers por obrigação, sem grande entusiasmo. Mas, quando se trata do SLB, muda logo o disco; aí já temos uma cobertura militante. Imagine-se o levantamento nacional se chegassem à final da medíocre taça uefa, para a qual os países com equipas de topo já quase não ligam. Seria o descalabro, a entronização de LFV... a ver se o Espanhol arruma já com eles.
O bonito o bonito
ver briosa dar o litro
o bonito o bonito
aac ganhar o título
2 comentários:
viva a briosa!
Anos mais tarde, depois da Olimpíada de Barcelona, o Espanyol herdaria o Estádio Olímpico, mas em ‘82 a caixa de bombons era tudo que tinham. A pressão fora imensa, é claro, tanto em nível internacional quanto local, para que houvesse uma troca: o resultado seria pelo menos três vezes mais entradas vendidas, sem falar na característica mais generosa de dar aos torcedores o que eles queriam. Mas havia orgulho demais no RCD Espanyol: este era um dos maiores momentos na história do clube, e não iriam abrir mão disso. Um dos diretores, além do mais, por acaso era o presidente da Associação Espanhola de Futebol. A questão já estava resolvida desde o início.
É importante compreender a diferença história entre esses dois times. Barcelona, que sempre foi o maior centro comercial e industrial da Espanha, foi o principal beneficiário dos anos de crescimento da apertura, a campanha dos novos tecnocratas durante a última década de poder de Franco, já enfraquecido, para “abrir” a Espanha. Turismo, indústria, setor bancário, estabelecimentos comerciais: tudo foi para Barcelona. E quanto mais rica a cidade ficava, mais crescia. Em 1977, já tinha quase 2 milhões de habitantes, a maior geração de recursos entre as 50 províncias da Espanha. Claro que a maior parte das pessoas que iam para lá não era catalã, mas migrantes de regiões mais pobres foram para o norte para aproveitar a nova prosperidade – em sua maior parte, eram obreiros sem capacitação profissional. Quando chegaram, não foram exatamente bem recebidos. Eram chamados de xarnegos. Formaram uma classe baixa completamente nova, elevando os pobres catalães ao status de pequena burguesia só por existir. Descobriram que os catalães preferiam usar seu próprio idioma local (o que para eles soava como latidos) como arma contra os invasores, uma espécie de código secreto. Era difícil entrar em um jogo do Barcelona e, quando conseguiam, sentiam-se como forasteiros. Além do mais, era muito caro. Então começaram a passar para o lado do Espanyol. O time tinha nome simpático: incluía todo mundo. As pessoas por lá falavam em “cristão”. Chamavam o clube de “Ayth-pan-YO”, e isso fazia com que as pessoas se sentissem em casa. Diziam que a diretoria era pró-centro, anticatalã. O estádio era menor, um tanto cafona e mal-cuidado, mas eles não se perdiam ali. E era mais barato. Assim, a rivalidade entre dois clubes catalães ganhou nova dimensão. O Barcelona se transformou no clube do catalanismo, do antifranquismo, dos intelectuais, da elite tribal, dos ricos; o Espanyol, no do nacionalismo, das antigas hierarquias, da classe trabalhadora, dos migrantes, dos pobres. As disputas locais entre esses dois times no segundo semestre de 1977, um período cheio de emoções, apenas algumas semanas depois do retorno de Tarradellas, não podia passar em branco.
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