quinta-feira, junho 23, 2005

Prémio eu sei que é preciso encher páginas mas também não é necessário escrever barbaridades


"Uma das explicações para o facto de muitos automobilistas terem revestido bancos dianteiros dos carros com o material fluorescente pode ser apenas de ordem prática, já que, no caso de ser preciso vestir o colete antes de sair do automóvel, o equipamento está mais à mão do que se estivesse guardado no porta-bagagens."
Público de hoje

segunda-feira, junho 20, 2005

A culpa foi da osteoporose

Está provado. Portugal é o país da treta que é por causa da osteoporose. Apenas e só por causa desta doença é que Portugal não tem um superavit em vez de um défice, salários bons em vez de miseráveis e o Casillas na baliza em vez do Ricardo.
Esta é a principal conclusão de uns estudos quaisqueres de uma qualquer instituição que faz estudos em Portugal. Tipo universidade, mas pode ser apenas um gabinete de estudos, não garanto.
Segundo esses ditos estudiosos, foi feita a exumação do corpo do Miguel de Vasconcelos, concluindo que ele sofria da dita doença dos ossinhos. Que, como todos sabem, fragiliza a estrutura dos ossos e o camandro, tornando-os mais quebradiços, tipo os joelhos do Venâncio ou do Mantorras.
Ora, se o homem (o Vasconcelos não o Mantorras, acalma-te Ernesto, que o vosso avançado angolano ainda pode ser o ex-futuro Eusébio de Benguela) não tivesse morrido da queda da varanda, poderia ter liderado o contra-golpe de 1640. E permaneceríamos todos espanhóis.
Sim, porque em 1640 foi um golpe palaciano que colocou fora de Portugal o nosso mui querido Filipe III, IV para os nuestros hermanos. Uma coisa tipo 25 de Abril de 1974 mas sem os cravos, as chaimites, a Maria de Medeiros e o Vasco Gonçalves (cuja música é um ícone português para os anais da história das artes).
Caso o Vasconcelos tivesse podido liderar o contra-golpe, ainda éramos espanhóis, a nossa selecção seria o Brasil da Europa de facto e não apenas por causa dos dribles idiotas do Dominguez. Teríamos tido a nossa história autonómica própria, como sucede com os Catalães e os Bascos e até poderíamos ter um grupelho separatista como a ETA ou o BNG, mas estaríamos (incomparavelmente) melhor do que estamos agora.
O salário médio de um jornalista em Espanha é 6 mil euros e as gajas não sabem o que é essa coisa de namorar: ou pinam e casam ou só pinam. O que acaba por ser uma vantagem. O problema é que elas se pintam demais e isso, reconheço, é chato porque qualquer beijo mais pronunciado corre o risco de causar fissuras e obrigar à recolocação de estuque.
Outra vantagem é que o Porto deixava de chatear os lisboetas sobre o facto de ser prejudicado no investimento, limitando-se a disputar com Ourense ou Vigo o estatuto de ayuntamento.
Finalmente, não teria que ter espanhol como língua estrangeira na universidade, cuja nota (dez nos dois anos) me diminuiu em muito a média geral do curso.
Como se percebe é só vantagens

terça-feira, junho 14, 2005

(Eu sei que isto é raro, mas preciso de escrever... só assim expurgo um mal que me mói desde que ontem - a meio da tarde - soube da morte de um mestre)

As palavras valem o valem. E tu pesaste-as até ao limite, somando cada letra como se cada opção assumida encerrasse o mistério do mundo. Jamais encontrei em ti um verso, uma expressão, um adjectivo ou um fonema que não estivesse casado com o conjunto como um favo na colmeia ou um átomo numa célula viva.
Ensinaste-me a ver a poesia com todos os sentidos do corpo e não apenas com os olhos. A tua poesia não se lia, absorvia-se como quem respira as palavras em cada golfejo de versos. Apreciar a grafia das palavras, as paragens dos versos e o ritmo das vogais eram um desafio agradável em cada releitura da tua obra.
Tu e o Caeiro são a razão do meu gosto pela poesia. Conseguiram condensar as palavras na simplicidade das coisas simples, indo à essência da palavra pureza. Se o Caeiro não conheci vivo e, por isso, posso duvidar da sua existência (ou da criação de outro homem), a tua vidaé a prova de que o homem está na terra com um objectivo estético mais vasto do que coroar estatísticas. A tua existência prova que a língua pode ser sempre reinventada e redescoberta como se as palavras fossem apenas puzzles que podemos compor das mais variadas maneiras.
Se há perfeição nas palavras tu conseguiste-as. Só tu conseguiste definir sentimentos em imagens construídas com palavras sem nunca os nomear.
Quem me dera ser de novo criança e olhar para os teus poemas com os olhos de espanto de quem descobre o mundo pela primeira vez. Com a alma limpa, poderia saborear as tuas palavras e mexer nas tuas letras como se de plasticina se tratassem. E, misturando as cores, ficaria o castanho de terra, da mistura de todas as coisas dizíveis e indizíveis com que desenhastes os meus sonhos. Tu e Sophia que também partiu.
Vi-te por duas ocasiões, sempre de longe, e nunca te quis conhecer pessoalmente. A bonomia e simplicidade destrinçada em cada sorriso teu era o suficiente para quem, como eu, sente que está a quilómetros de distância de qualquer coisa que seja parecida com a sombra das sobras daquilo que escreveste. Depois de ti, fica um deserto que todos teremos de povoar mas sempre com o sentido de que o primeiro descobridor foste tu.

Um abraço

PS1: Irrita-me terem dado dias de luto nacional a gajos que nada me dizem (mas que respeito, no entanto). E ninguém fala sequer em ti, como nem ligaram à Sophia. Porque será que os políticos se esquecem que mais importante que os partidos, os países, as fronteiras ou as nações são os sentimentos? E tu cantaste-os como ninguém.

PS2:
Finalmente: dois dos teus poemas que mais me marcaram. E que, ainda agora, me humedecem a alma.


Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos.
Era no tempo em que o teu corpo era um aquário.
Era no tempo em que os meus olhos
eram os tais peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade:
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus


+++++

Poema à Mãe



No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe!


Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
ao fundo dos teus olhos!


Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais!


Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.


Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura!


Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos...


Mas tu esqueceste muita coisa!
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!


Olha - queres ouvir-me? -,
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;


ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;


ainda oiço a tua voz:


Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...


Mas - tu sabes! - a noite é enorme
e todo o meu corpo cresceu...Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber,


Não me esquecerei de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas...


Boa noite. Eu vou com as aves!

domingo, junho 12, 2005

Secção 'O Meu Pai Andava em Viagem'
O irmão de Peseiro

Inspirado pela recente homenagem de Alberto João Jardim aos jornalistas do continente, o Núcleo Duro tem a honra (e a cara-de-pau) de apresentar uma nova secção de reencontros familiares. Um espaço que ajuda celebridades a descobrirem irmãos bastardos espalhados pelo mundo. A abrir, o treinador do Sporting encontra um mano em Espanha, a trabalhar duro nas obras-primas de Pedro Almodóvar.


José Peseiro, estratega português


Javier Cámara, actor espanhol

sexta-feira, junho 10, 2005

Secção Alguns Bastardos

Democracia a sério é no Parlamento da Madeira. Citações de um recente debate, a propósito da já célebre citação do presidente do governo regional sobre "alguns bastardos no continente, para não lhes chamar filhos da puta, que decidiram desabafar o ódio":

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"A Assembleia Legislativa da Madeira congratula-se com o modo, mais uma vez firme, como o presidente do Governo Regional denunciou comportamentos na comunicação social de Lisboa, os quais atentam contra os direitos, liberdades e garantias dos portugueses", lê-se no voto de congratulação aprovado pela maioria PSD.

O voto condena ainda que "meios socialistas locais alinhem com os que sistematicamente insultam a autonomia política do povo madeirense".
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Enquanto Bernardo Martins (PS) se limitou a condenar o «défice de educação» do governante, já José Manuel Rodrigues (PP) classificou o presidente do Governo Regional como um «filho ilegítimo da Democracia portuguesa», logo um «bastardo», que ataca os jornalistas com processos em tribunal mas que quando é alvo de tais processos pede «ao Conselho de Estado que não lhe levante a imunidade com medo de sentar o "rabichol" no tribunal».
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Leonel Nunes (CDU) foi mais longe, ao afirmar que «saltava para as ventas» de quem lhe dirigisse os epítetos utilizados por Jardim, os quais «são tiques de um velho ditador fascista» e que «só podem ser justificados com uma saúde mental extremamente débil ou fruto dos efeitos de um qualquer Johnnie Walker falsificado». Roberto Almada (BE) tem opinião semelhante: «Há muito tempo que precisa de tratamento psiquiátrico porque já não está bem dos parafusos».
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Depois da salva de palmas de um minuto em apoio a Alberto João Jardim, o presidente do CDS/PP-M, José Manuel Rodrigues, sugeriu que o voto fosse enviado não à Quinta Vigia (sede da presidência do Governo Regional), "mas para a Coreia do Norte".
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O Núcleo regista contudo com preocupação que a imprensa cubana e bastarda do Continente não regista quaisquer declarações do deputado no Parlamento da Madeira cujo nome nós mais gostamos de ouvir: José COITO PITTA.

sexta-feira, junho 03, 2005

E prometo que esta é definitivamente a última vez que eu meto poesia neste blog

Não sei porquê, a escrever o post do teste idiota aqui abaixo lembrei-me de um poema do Walt Whitman, que é muito grande e um bocado chato, mas tem uns versos de que eu gosto muito:

Do I contradict myself?
Very well then I contradict myself,
(I am large, I contain multitudes.)
Sempre me pareceu que eu era um modernista

E com uma boa parte de materialista. E com 0% de idealista e fundamentalista. Palpita-me que o Vostra vai dar criativo cultural; o Cablogue, um existencial camusiano; o Ernesto vai aldrabar o teste para sair pós-moderno; o Carcaça, 100% fundamentalista marxista-leninista trotskista; o Zizou, cheira-me a romântico.




You scored as Modernist. Modernism represents the thought that science and reason are all we need to carry on. Religion is unnecessary and any sort of spirituality halts progress. You believe everything has a rational explanation. 50% of Americans share your world-view.

Modernist

75%

Materialist

63%

Existentialist

50%

Romanticist

31%

Postmodernist

31%

Cultural Creative

31%

Idealist

0%

Fundamentalist

0%

What is Your World View? (updated)
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