quinta-feira, julho 31, 2003

OPSTEQCDDDTODFE
A Legenda que Estava Lá



- A Terceira e a quarta - disse a nem simpática nem antipática mas apressada rapariga, indicando quais eram os nossos lugares. Virou-se e lá foi sacudindo o facho da sua lanterninha.
- Com licença, desculpe - dizíamos nós enquanto nos esgueirávamos à frente do casal pontual que nos lançava olhares carregados de censura, ao mesmo tempo que tentavam assistir às apresentações dos filmes que iriam estrear em breve. Acho que pisei os dedos do pé de um deles com o meu calcanhar. Bem feita!
...
- Merda, já se acabaram as "treilas". Foda-se, eu bem disse que távamos atrasados. Odeio quando esta merda acontece. Adoro ver as "treilas". Além do mais, tão incluídas no bilhete.
- Cala-te e desliga mas é o telemóvel.
- Por falar em bilhetes, toma lá o teu.
- Pra quê é que eu quero essa merda? Já tou cá dentro...
- Tu não guardas?
- Não, que parvoíce!
- Eu guardo o meu.
- Podes ficar com o meu também.
- Tou-me a cagar para o teu bilhete. É teu, toma. Eu só quero o meu.
- Pffffffffff...
- Já viste algum filme desses irmãos Coen?
- Já, caralho! Cala-te, que tá a começar...

No ecrã, surgiu o título em letras garrafais
""...
Mais abaixo, com as letras pequeninas das legendas, "O Barbeiro". O riso espalhou-se pela sala de cinema como uma epidemia. A seguir, o silêncio de vergonha típico de quem acaba de descobrir que foi enganado. Com uma tradução daquelas logo a abrir, ninguém podia mais confiar nas legendas dos diálogos que se seguiriam...
Uma sondagem

Tendo em conta a recente controvérsia Mexia/não Mexia e etc., julgo que está na hora de consultar o povo sobre uma questão importante. Depois de um esforço exaustivo de vários meses, talvez mesmo vários minutos, consegui dominar uma ferramenta que irá reforçar a qualidade deste blog: a sondagem.

Eis pois a democracia directa chegada ao Núcleo:






Núcleo Duro: gay ou viril?

Certos visitantes deste blog puseram em causa a virilidade de alguns dos durões. Acha que o Núcleo é um blog gay ou viril?







Gay
Viril e muito macho
O que é que quer dizer 'viril'?
Viril, mas não tenho certeza sobre o Vostra e o Ernesto





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Mexia e soltava a franga



O gajo deste blog escreveu este fim-de-semana, numa coluna que tem neste jornal, um grande lençol sobre Opus Gay e o caralho, assumindo ele próprio a sua tendência rabeta, de forma lamentavelmente efusiva. Escreveu o esburacado:

«Se os homossexuais portugueses fossem todos de extrema-esquerda, eu diria que o BE teria o triplo dos deputados de que dispõe hoje e que Lisboa, em particular, seria um reduto bloquista.»

Faz-me lembrar os benfiquistas quando dizem que são seis milhões. Foda-se! Solta lá a franga à vontade, mas não precisas defender essa merda como se fosse um clube de futebol, ó caralho...
Bonito

O equipamento alternativo do Porto é dos mais bonitos da Europa.





quarta-feira, julho 30, 2003

Hábitos femininos a evitar

As mulheres têm hábitos bizarros que o homem deve evitar. Hoje fui imprudente e não respeitei esta regra básica do nosso manual de comportamento: ao tomar banho de manhã, decidi experimentar um amaciador. Olhando para uma embalagem com uma substância branca lá dentro, pensei: ?Olha que giro, deixa cá experimentar!? Espalhei aquela lava no cabelo e ?deixei actuar? durante uns minutos, enquanto ia esfregando outras partes com sabonete. Resultado: fiquei com o cabelo viscoso e escorregadio e estive cinco minutos a despejar-lhe água em cima para voltar ao normal. O bom e velho shampô não precisa de complementos, camaradas! Só vos aviso: não queiram ficar com o cabelo ?macio e suave?.
What a Wonderful World
Nguema é Deus!



Os ateus estavam enganados. Deus existe! Não só existe, como é Presidente de um belo país chamado Guiné Equatorial. A notícia foi avançada pela rádio estatal equato-guineense, que é controlada pelo próprio Teodoro Obiang Nguema, aliás, como tudo o mais naquele país e no Universo.

Ficam assim explicados os resultados das eleições presidenciais de 1996 e 2002 e das legislativas de 1999, todos favoráveis ao partido no poder - para quem criou o mundo, uma multiplicaçãozinha de votos não é nada. É também fácil compreender o milagre económico da Guiné Equatorial, onde o rendimento per capita ultrapassa os 2000 dólares por ano (quatro vezes mais que o da Somália), e o povo vive feliz e a repetir a plenos pulmões: "Que Deus abençoe Teodoro Obiang Nguema", que é como quem diz "que ele se abençoe a si próprio". É certo que grande parte do bilião de dólares de PIB anual do país vai para a conta que o Presidente tem na Namíbia (a Suíça africana), mas... sejamos honestos: se você fosse Deus, fazia o quê?
A lista incompleta de Tiberius

Um destes dias comprei numa feira de velharias um livro policial de um sujeito chamado Francis Durbridge. O livro, no original inglês, chamava-se Paul Temple and the Kelby Affair, mas o tradutor ou editor portugueses resolveram chamar-lhe O Diário Desaparecido. Eu pergunto: se o autor tivesse querido, não teria chamado ao livro The Missing Diary ou The Lost Diary? Acontece que lhe chamou Paul Temple and the Kelby Affair, e o mais que o editor português devia ter feito era chamar à tradução Paul Temple e o Caso Kelby. Pode não soar bem, pode ser muito comprido, pode ter muitas palavras não portuguesas, mas era esse o título que devia figurar na capa do livro, porque o título de um livro é uma escolha do autor, tal como o conteúdo da obra, e não pode ser desvirtuado. Isto deu-me a ideia de criar uma nova rubrica para o blog, mantendo a ?tendência masturbatória? denunciada pelo Tiberius. A secção vai chamar-se ?Os portugueses são tão estúpidos que conseguem desvirtuar dezenas de títulos originais de filmes estrangeiros?, adiante identificada como OPSTQCDDDTODFE, para facilitar. É uma série que serve para dar exemplos de títulos de filmes que são absurdamente diferentes no original e em português.

terça-feira, julho 29, 2003

Rol de masturbações rubriqueiras

Já vários posts aqui apontaram esta questão: toda a gente decidiu ter a sua rubrica regular. Pois é, andamos todos convencidos que os milhões de leitores deste blog recortam cada um dos nossos peidinhos cheios de sabedoria e o colam num álbum.

Essa tendência é muito interessante, e por “muito interessante” eu quero dizer “totalmente imbecil”. Eu pessoalmente comprometo-me a nunca mais escrever posts integrados em rubricas excepto naquelas vezes em que resolva escrevê-los.

Decidi fazer um rol destas tendências masturbatórias. Porque o vosso assunto favorito é a vossa própria pessoa, como em 99,86% dos blogs, seus vaidosos.

Além disso, os visitantes do blog que não tenham prestado atenção aos últimos episódios têm direito a uma recapitulação. Após uma longa e intensiva investigação de quatro minutos, compilei as Secções Regulares Deste Blog:

Título:Bater no Mexia
Autor:Ernesto
Conteúdo:A expressão reprimida da paixão homossexual de Ernesto pelo misterioso Mexia.


Título:Alta Arte Baixa Arte
Autor:Zizou
Conteúdo:O título anterior desta rubrica era “gostei/ não gostei” o que serve para aferir da sua qualidade. O novo título tem o mérito de fazer lembrar a bela expressão “partes baixas”, só que invertida.

Título:What a Wonderful World
Autor:Vostradeis
Conteúdo:A visita diária de Vostradeis à secção “oddly enough” dos telexes da Reuters.

Título:Cogito Ergo Doleo
Autor:Tiberius
Conteúdo:Desconhecido, mas tinha algo a ver com mamas.

Título:Donos do Garfo
Autor:Vários
Conteúdo:Porque toda a gente se julga um crítico de culinária.

Título: Momentos “ò foda-se”
Autor:DJ Carcaça
Conteúdo:Descrita pelo “Magazine Litéraire” como “uma rubrica de prosas gentis no estilo de Jane Austen”.

Título:Pastéis de Vento
Autor:Vostradeis
Conteúdo:A prova de que as drogas leves podem ter consequências permanentes no cérebro. Mas Vostradeis também tem momentos brilhantes, e por isso está perdoado.

Título:Digo bem destes a ver se eles dizem bem de mim
Autor:Ernesto
Conteúdo:Tentativas de Ernesto de ser citado noutros blogs através da passagem de graxa nos sapatos de outros bloggers.

Título:Crónicas daquilo que eu não gosto
Autor:El Cablogue
Conteúdo:Semelhantes a Alta Arte Baixas Partes só que normalmente com posts maiores. Tal como o género anterior, este é frequentemente um género híbrido com…

Título: Vamos todos ser citados pelo JPP
Autor:Vários
Conteúdo:Tentativas descaradas e piedosas (na primeira versão tinha escrito “peidosas”, o que era mais engraçado e factual) de tentar aparecer neste sítio.

Título:O meu serviço público de TV
Autor:Zizou
Conteúdo:Onde Zizou revela ter os gostos televisivos de uma avozinha de 90 anos.
O puto mais idiota do mundo



Nuno Diogo é considerado o miúdo mais imbecil do mundo, um dos mais imbecis de Portugal e talvez até do Algarve. Saiba porquê.
Um momento desnecessário de elevação cultural

Este excerto de O Arquipélago do Gulag vai em inglês porque não é qualquer um que se atreve a traduzir o que este indivíduo escreveu, ainda por cima traduzindo a partir de uma tradução. Aliás, não é qualquer um que escreve sequer o nome dele, porque com nomes russos nunca se sabe qual é a versão certa (aguardo esclarecimentos do irmão Vostra). Então aí está (os itálicos estão no original):

"
When the great literature of the past — Shakespeare, Schiller, Dickens — inflates and inflates images of evildoers of the blackest shades, it seems somewhat farcical and clumsy to our contemporary perception. The trouble lies in the way these classic evildoers are portrayed. They recognize themselves as evildoers, and they know their souls are black.

And they reason: "I cannot live unless I do evil. So I'll set my father against my brother! I'll drink the victim's sufferings until I'm drunk with them!" Iago very precisely identifies his purposes and his motives as being black and born of hate.

But no; that's not the way it is! To do evil a human being must first of all believe that what he's doing is good, or else that it's a well-considered act in conformity with natural law. Fortunately, it is in the nature of the human being to seek a justification for his actions.

Macbeth's self-justifications were feeble — and his conscience devoured him. Yes, even Iago was a little lamb too. The imagination and the spiritual strenght of Shakespeare's evildoers stopped short of a dozen corpses. Because they had no ideology.

"



segunda-feira, julho 28, 2003

Vieira

Parece que o Patrick Vieira foi eleito o melhor estrangeiro de sempre a jogar em Inglaterra. É um grande jogador, um dos melhores trincos do mundo, mas daí a ser o melhor de sempre a actuar na liga inglesa vai uma grande distância. Então e o Cantona, entre outros?
Alta Arte, Baixa Arte

Completamente viciado pela mania das novas rubricas, vou criar mais uma. Vou chamar-lhe ?Alta Arte, Baixa Arte?, usando os rótulos que o Calvin (do Calvin e Hobbes) costuma utilizar para definir coisas de que gosta e de que não gosta. Ele usa as expressões num sentido restrito, quando quer avaliar criações artísticas, mas eu vou dar-lhes um âmbito mais alargado. Esta série vem substituir a que criei antes (?Gostei, Não Gostei?).

Este texto é muito Baixa Arte.
What a Wonderful World
O país dos chulos



Parece que os cantores de rap dos Estados Unidos agora querem todos parecer chulos, que o visual à gangster já passou de moda. Então, vestem-se com fatos berrantemente coloridos, sapatos brancos bicudos e chapéus com plumas de ave-do-paraíso, e enchem as orelhas de argolas e os dedos de anéis.
Bonito isto! A humanidade enche-me de optimismo quando há países em que as profissões marginalizadas - mas nem por isso menos importantes - são desta forma homenageadas pelos artistas. Que seria das nossas cidades se não houvesse os proxenetas para colocar essa putaria na ordem? O caos. Essas desgraçadas recebem fortunas que não declaram aos impostos e ainda andam para aí a espalhar doenças venéreas. Têm mais é que levar cacetada... e aí é que entram os chulos, esses nobres beneméritos, que desinteressadamente protegem-nas de clientes mais violentos. Essas mal-agradecidas têm um serviço de protecção pessoal de alto nível e ainda se queixam. Coitados dos chulos, se prestassem os seus serviços de borla viviam do quê? Do ar, não?
Além do mais, contribuem para animar as ruas à noite com as suas vestes alegóricas, que aliam o bom gosto à alegria cromática! Na nossa língua, utilizamos a palavra "chulo" muitas vezes de forma depreciativa e como insulto. É preciso acabar com o preconceito. Vivam os chulos, os últimos cavalheiros a sério!

sexta-feira, julho 25, 2003

Sem mentiras

Ontem jurei a mim mesmo que não voltaria a mentir. Nunca mais continuaria a sorrir apenas porque os outros assim o queriam. Nem ficaria calado quando me apetecesse gritar de raiva ou indignação. Se não gostasse das coisas de uma determinada maneira, vociferaria. Ficar calado nunca mais.
Estava farto de engolir em seco em cada minuto que passava, apenas porque não queria a reprovação do próximo. Cansado de palavras lânguidas e inglórias que substituem o silêncio apenas porque não o são. Se não apreciasse alguma coisa, não cerraria os lábios, antes os escaranchava, exigindo o contrário daquilo que estava a ser feito.
Desde ontem que cumpri a minha palavra e comecei da forma mais simples. Em casa, como todas as revoluções começam.

Conclusão: Hoje estou mais feliz. E vou divorciar-me para a semana.
Para a Maria
segue um beijo


Um beijo em lábios é que se demora
e tremem no de abrir-se a dentes línguas
tão penetrantes quanto línguas podem.
Mas beijo é mais. É boca aberta hiante
para de encher-se ao que se mova nela.
E dentes se apertando delicados.
É língua que na boca se agitando
irá de um corpo inteiro descobrir o gosto
e sobretudo o que se oculta em sombras
e nos recantos em cabelos vive.
É beijo tudo o que de lábios seja
quanto de lábios se deseja.



Jorge de Sena
Crónicas daquilo que eu não gosto

Os católicos


Irritam-me os católicos que querem ser políticos. Nunca fui muito à bola com essa coisa dos religiosos metidos a políticos, criando misturas explosivas de Opus Dei com gays à medida e interesse dos verdadeiros políticos. Sempre detestei os católicos que se servem dessa condição para subir na política. Desde o Guterres, que espetou vendeu o Jorge Sampaio por menos que Judas fez a Jesus, a Bagão Félix que todos os dias se vai confessar dos roubos que faz aos portugueses, com o novo código do trabalho. Este diploma é a validação legal pelo Estado do quinto mandamento: não roubarás.
Não percebo a analogia que se faz entre a imagem de um católico e a imagem de seriedade. O Adelino Ferreira Torres (esse grande democrata, lutador pelos ideais de Abril) e o Salazar são conhecidos pela sua religiosidade mas não pela sua santidade. Até penso que os católicos são importantes para a política mas não devem servir-se dessa condição para subir mais alguns degraus. Caso o façam, a religião privada de cada um transforma-se numa maçonaria pública, onde existem lugares para os crentes e não-crentes.
Era um jovem inconsciente e o padre da minha santa terrinha recomendava os católicos a votar no PSD ou no CDS, porque os de esquerda comiam criancinhas ao pequeno almoço. Anos depois, encontrei o mesmo padre, já reformado, a dizer que o Salazar é que era bom, porque nunca traiu a nação nem a mulher. Agora, oiço os bispos a aplaudirem uma política mais lesiva dos direitos dos trabalhadores que o Governo anterior apenas porque os capelães já recebem salário de generais, os professores de Moral têm emprego e há um padre a tomar conta dos imigrantes. Nunca tanto se vendeu por tão pouco.
E o zé papalvo a ver este filme como se de uma tragicomédia se tratasse. Ver gente da estirpe moral do Paulo Portas, Henrique Freitas, Bagão Felix, Martins da Cruz, Nogueira Pinto, Santana Lopes ou José Luís Arnaut à frente de Portugal causa-me uma irreprimível náusea e penso no que diria Jesus de todos estes vendilhões.
E, caso exista algum sentimento de culpa, vai tudo para Fátima bater com a mão no peito a pedir desculpa. Agora, com o novo concelho, até se torna mais fácil e haverá sempre mais um amigo a abrir as portas do céu.

quinta-feira, julho 24, 2003

JPP

Um destes dias ia a ouvir rádio no carro quando começou a passar uma música do João Pedro Pais. Como a música não me interessava, concentrei-me no nome e percebi que as iniciais são... JPP. Isto levanta uma questão: quem é o verdadeiro autor do Abrupto? Até hoje supunha-se que era José Pacheco Pereira (o tal JPP), mas esta minha nova tese vem seguramente levantar dúvidas sobre a autoria daquele blog nosso concorrente. Será Pacheco Pereira o autêntico criador do Abrupto ou estaremos todos perante um monumental embuste? Não pertencerá ao talentoso bardo de “É mentiiiira, mentiiiira, mentiiiiira, mentiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiira…” a genuína paternidade do blog?

quarta-feira, julho 23, 2003

Eu é que sou...

Esta febre das elevações a concelho não me deixou indiferente e agora sonho em ser presidente de câmara. Qualquer lugarejo, por mais remoto e minúsculo que seja, mesmo que não tenha mais de meia-dúzia de habitantes, ambiciona ser município. Como tal, por que não elevar o meu prédio a concelho? A câmara municipal funcionaria na minha sala de estar e eu seria o presidente e vice-presidente, além de ser vereador com os pelouros do desporto, cultura, urbanismo e habitação social. O vizinho do 2º direito seria tesoureiro e jardineiro, a venezuelana do 1º esquerdo seria funcionária administrativa, empregada de limpeza e motorista e asseguraria as relações com a imprensa. A marquise do 2º esquerdo serviria para instalar uma loja do cidadão e o vaso no-rés-do chão seria o jardim municipal. A casota do cão do homem do 2º direito seria o canil e a segurança social funcionaria no quarto do casal do 1º direito.
Numa segunda fase (daqui a um ano), depois de fortalecidas as pulsões independentistas, o concelho passaria a distrito e, mais tarde, a região autónoma.
Os Donos do Garfo

Restaurante: Zé Manel
Localização: São Jacinto, Aveiro
Preço: muito em conta
Classificação: 6,5

São Jacinto, 12.45 horas:
- Queríamos sardinhas para quatro pessoas, por favor.
- Sardinhas não temos.
- Então podem ser chocos.
- Chocos também não temos.
- E lulas?
- Lulas temos e estão a sair.
Meia hora depois, as lulas foram finalmente colocadas diante de nós.
Serve esta introdução para explicar que o serviço não é brilhante, mas essa falha à parte, o Zé Manel é um restaurante recomendável. A ideia era ir a um dos estabelecimentos mais reputados de São Jacinto, A Peixaria, mas como estava cheio e com uma lista de espera de muitos minutos, decidimos procurar outro sítio para comer. Sentámo-nos na esplanada do Zé Manel, na estrada marginal da povoação, mesmo junto à ria (que aqui não é mal-cheirosa).
As lulas vinham grelhadas na brasa – uma ou outra parte um bocadinho mais queimada, mas pouco –, com batatas cozidas e salada de alface e tomate. À parte, um recipiente com azeite, de muito boa qualidade, com quatro ou cinco pequenas rodelas de cebola e raminhos de salsa mergulhados, para dar sabor. No final, um cacho de uvas pretas para cada um.
Conclusão: é um restaurantezinho familiar, bem localizado (pode-se ir para São Jacinto de lancha, é uma excelente viagem), com um serviço pouco eficiente, mas com boa comida e a preços muito aceitáveis.
Gostei, não gostei

Gostei moderadamente do livro Popcorn, de Ben Elton, mas não gostei da capa. Não gostei da Trofa, uma terra tenebrosa. Gostei da forma com que está a ficar o novo estádio das Antas: visto da via que lhe passa ao lado, é magnífico e imponente. Não gostei das declarações do Deco sobre querer sair do Porto. Gostei de ouvir na rádio E Depois do Adeus, do Paulo de Carvalho, uma canção de que gosto muito e que já não escutava há anos.
Protesto: O Pai Natal é finlandês!



O Cruzes Canhoto divulgou o resultado de uma convenção de Pais Natais, que elegeu a Gronelândia como a verdadeira terra do Pai Natal.
Protesto! Como refere o artigo da Reuters, a Finlândia não estava representada neste congresso-fantochada.

O Núcleo Duro já esteve em Rovaniemi, na Lapónia finlandesa, e visitou lá a verdadeira Aldeia do Pai Natal. Vimos onde ele vivia rodeado de duendes e renas e onde fabricava os brinquedos. Conhecemos o Pai Natal – que na verdade se chama Joulupukki – em pessoa e até lhe apertámos a mão. Falámos com ele e podemos garantir: o Pai Natal é finlandês! Há até um documentário que o confirma. Se a Finlândia entender declarar guerra à Dinamarca e ocupar a Gronelândia, escravizando por meio da sodomia esse povo de plagiários, o Núcleo Duro apoia.
Fazer a barba

Algumas razões por que não gosto de fazer a barba:

1. fazer a barba é uma perda de tempo. Como em tudo, há quem tenha uma destreza especial e despache as coisas mais depressa, mas é uma actividade que demora sempre 10 ou 15 minutos, podendo até demorar mais se os pêlos estiverem compridos e forem densos e robustos.
2. fazer a barba custa dinheiro: máquina, lâminas (recomendo Wilkinson), espuma, pincel, aftershave e outros utensílios e produtos – já para não falar de água e electricidade – custam dinheiro, e não tão pouco como isso. A coisa pode ficar baratuxa para quem optar por exemplo por gillettes ordinárias, mas essas lâminas levam-nos os pêlos e a pele.
3. fazer a barba causa irritação da pele e deixa-nos cheios de pequenas feridas por onde saem litros de sangue que davam para uma campanha inteira da Cruz Vermelha. E quando um erro de cálculo nos faz passar a lâmina pelo lábio, abrindo um lenho? São precisas no mínimo duas embalagens de lenços Renova para estancar e hemorragia!
4. fazer a barba expõe as nossas imperfeições da pele: as borbulhas, os pontos negros, as verrugas, os cravos, as cicatrizes, os sinais…: tudo perde a camuflagem dos pêlos.
5. fazer a barba pode-nos levar a fazer figuras tristes. Quem não se lembra de um momento épico em que um dos autores do Donos da Bloga apareceu nas aulas com metade do bigode feito e a outra metade por fazer?
6. fazer a barba faz-nos perder o ar de machos viris. Sem pêlos, parecemos bebés desprotegidos e desamparados.
Sobre os calções. as mini-saias

Tenho, desde há uns anos a esta parte, uma preocupação interior que aumenta em cada Verão que passa. Com a queda das roupas (fenómeno que, como todos os homens sabem, sucede na Primavera, com os dias de maior calor. Um pouco à semelhança com o que acontece nas folhas das árvores, no Outono), nota-se uma tendência de moda que cerceia a imaginação e limita o sonho.
Falo dos calções que conquistam, em passos largos, o mercado nacional às mini-saias, transformando a paisagem feminina num palco de cabaret, sem espaço para a imaginação.
Passo a explicar: ao contrário das mini-saias, os calções não nos permitem sonhar com uma queda, uma subida de escadas ou um arquear de ancas. Os calções têm um limite intransponível que não nos permite mais do que adivinhar o rebordo da cueca (fio dental como a Sandra Felgueiras, ou nem por isso).
Quando são curtos demais (quase cueca de gola alta, ou nem isso) parecem um daqueles filmes pornográficos baratos em que elas estão todas nuas logo de início, numa total poupança de guarda-roupa. Nesse sentido, os calções são pornográficos e as mini-saias (ou as saudosas saias compridas com racha até ao pescoço) são extremamente eróticas.
As mini-saias permitem um homem sonhar com algo mais. Nem que seja um cruzar de pernas, deixando entrever o último reduto daquele pormenor delicado da intimidade (sim, estou a falar daquilo que vocês, seus devassos, estão a pensar). Nos calções, perdeu-se essa magia e fica apenas o escancarar do possível, ignorando o desejo do impossível.
Neste meu post (se calhar um dos mais sinceros que escrevi), faço um apelo sincero às mulheres para que queimem os calções em praça pública, como os nazis fizeram com os livros proscritos, e regressem, orgulhosas, aos cintos largos e curtos pelos quais Mary Quant tanto lutou.

terça-feira, julho 22, 2003

Há peidos depois da morte



Parece que limparam o sebo a estes dois gajos. O possível destino do Uday e do Qusay faz-me lembrar mais um extrato deste livro fascinante.

Aparentemente, um cadáver pode peidar-se, mesmo vários dias depois de ter morrido (e também pode arrotar). A explicação é simples: quando um ser humano peida, não é exactamente ele que se está a peidar.

Um peido é constituído por triliões de micro-peidos das bactérias que formam a flora instestinal humana; estes minibichos flatulentos é que tratam da nossa digestão. Quando o corpo humano morre, estes triliões de bactérias não morrem logo.

Em vez disso, continuam alegremente o ceu ciclo de comer e peidar. Algumas casas mortuárias (juro que não estou a inventar isto) cosem o ânus dos seus clientes para evitar embaraços no funeral.
( Já agora, têm aqui o tratado definitivo sobre a flatulência humana.)

Moral da história: se estiverem num elevador cheio e a flatulência se soltar, podem dizer: Não fui eu, foram as minhas bactérias. Ou melhor ainda: Não fui eu, foram o Uday e o Qusay.
Não, não tenho mais pequeno!



No fim-de-semana passado, fui à piscina, com o meu amigo DJCarcaça. Ao tentar pagar a entrada com uma nota de 20 euros, recebi a seguinte reacção:
– Ah, não tenho troco para lhe dar – disse-me a funcionária, com um ar aborrecido, como se acreditasse que eu tinha algum prazer psicopático em pagar tudo em notas para poder ficar com as moedinhas do país todas para mim.
– Como assim, não tem troco?...

Ao mesmo tempo que dizia isto, tentava imaginar a maneira menos mal-criada de explicar à mulher que é obrigação dela (ou do patrão) ter moedas na caixa para dar troco às pessoas. Escusado!... A situação afigurava-se tão clara como injusta: eu queria ir à piscina, logo, o problema em ter ou não dinheiro trocado para pagar era meu. Para a LIS Empresa Municipal de Desporto, que gere a piscina da Penha de França (Lisboa), era indiferente se eu queria tanto nadar a ponto de me virar para conseguir umas moedas.

Mas, a situação não é certamente nova para ninguém em Portugal. Seja em lojas, cafés, até em supermercados, o "ah, não tenho troco para lhe dar" é, a par da pergunta "não tem mais pequeno?", das expressões mais utilizadas no comércio – em algumas casas até mais do que "bom dia, em que posso ser útil" e "obrigado, volte sempre".

Tá mal! E vai continuar mal enquanto deixarmos. Agora, sempre que me pedem mais pequeno, procuro na carteira uma nota ainda maior. Eles que se virem para arranjar troco. Caso contrário, saio e vou comprar a outro lado. Se toda a gente fizesse o mesmo, os trocos começavam a aparecer.

segunda-feira, julho 21, 2003

What a Wonderful World!
Terrorismo com bolhinhas



A Nova Zelândia é conhecida por ser um país pacífico, onde o povo se dedica ao pastoreio de ovelhas e ao cultivo de kiwis. Os actos mais violentos de que se tem notícia entre aqueles ilhéus são as caretas que os aborígenes fazem na sua famosa dança de guerra, adoptada pela equipa de râguebi. Pois foi essa terra de paz e amor que a Al-Cocacolaeda – uma multinacional terrorista – cobardemente escolheu para testar as suas armas de destruição maciça.

Rasoul Adjani ia a passear de carro com a sua mulher Fatima e o seu filho Jason, de 11 anos, quando no banco de trás rebentou o engenho – uma garrafa de Coca-Cola de 60cl – projectando estilhaços de vidro que feriram a família Adjani e provocaram sérios danos psicológicos ao pequeno Jason, que passados dois anos, ainda tem pesadelos à noite. Os Adjani estão prestes a ganhar em tribunal um processo em que pedem uma indemnização de 76.000 dólares da Al-Cocacolaeda. Para a multinacional, que tem recebido muitas encomendas de zonas em conflito no globo, essa soma não representa mais que um peido numa fábrica de celulose. Nos últimos meses, o Médio Oriente tem conhecido uma escalada nos arsenais de Fanta e Sprite, enquanto a Coreia do Norte voltou a suspender o seu programa nuclear para concentrar todos os seus esforços na descoberta da fórmula da Coca-Cola.

Em nome da paz e das gajas com grandes mamas, o Núcleo Duro apela ao boicote e, a partir de hoje, só bebe cerveja.
Uma boa notícia

Um gajo morre. Vamos presumir que o cadáver é doado à ciência. Eventualmente, estará uma série de meninas estudantes de medicina a trabalhar nele.

Problema: pode dar-se que as nossas meninas estejam a observar o triste espectáculo de uma mirrada cenoura e dois minúsculos tomates.

Este cenário causa muitas noites sem sono à maioria dos homens (bem, a mim não, mas a vocês provavelmente sim). Mesmo depois de morto, ninguém gosta de fazer má figura. Mas descansem, tenho uma boa notícia para vocês.

Segundo este excelente livro, a injecção de fluido embalsamante nas veias de um cadáver expande os tecidos erécteis. Ou seja, “a anatomia dos cadáveres masculinos pode ser bastante mais avantajada do que o era em vida”.

O livro não explica é se o fluido embalsamante funciona só com cadáveres. Por via das dúvidas, não experimentem em casa.
O filho do Savimbi escreveu-me

Isto vinha hoje no meu e-mail, entre 50 mensagens com sites pornográficos e outras 50 a oferecer Viagra com desconto:

This message may come as a surprise as we have not met, but I am
desperately in need of help. I got your contact email address from
a search I made on the Internet. I cannot contact any of my known
father's associates because of the on-going situation in my country
and the predicament facing my family.
I am the son of the late leader of the Movement for the Total
Independence of Angola (UNITA), Jonas Savimbi, who was killed in
a fierce gun battle with government troops loyal to Edwardo Dos Santos
on the 22nd of Febuary 2002.
I am Tao Aroujo Sakaita Savimbi, the eldest son of my late father
(Jonas Savimbi).


Para quem tenha passado os últimos dez anos em Marte sem uma conta de e-mail, o resto da mensagem é assim: o Savimbi Júnior tem 20 milhões de dólares em Angola e precisa da minha ajuda para os transferir para uma conta na Europa.

Estes mails começaram há meia dúzia de anos e eram conhecidos como “a tramóia da Nigéria”, porque os primeiros vinham de um ex-ministro nigeriano. Mas a coisa vai-se refinando.

Nos últimos meses recebi mails de sobrinhos do Mugabe, de um ex-ministro da Defesa do Ruanda, de um filho do Laurent Kabila e, claro, de um secretário do Saddam. Da família do Savimbi, este foi o primeiro. Já agora: alguém já ouviu falar de um angolano com um nome como Tao Aroujo?
Gostei

Desta vez, vou radicalizar completamente no nosso blogue - sujeitando-me mesmo à expulsão por justa causa - e as próximas linhas vão ser dedicadas ao Mexia. É certo que o miúdo até escreve bem (embora, nalguns casos, com a procura da piadinha fácil sem sal e com uma escrita demasiado certa, sem rasgos de maior) mas não costumo concordar com as suas ideias peregrinas.
O que não se passou com o seu último texto sobre o DNA e os motivos que o levaram a sair. A crítica ao Rolo Duarte parece-me sólida embora pedante (Fazer críticas a livros do Pavel N'tchobe, do Botão, porque o gaijo até é bom e não falar da Rebelo Pinto, apenas porque ela não dá umas baldas ao pessoal é uma petulância que não aceito).
Por outro lado, também não suporto o Rolo Duarte (e ele só não gosta de mim porque não me conhece. Caso contrário, teria uma opinião semelhante aos meus amigos mais próximos). Sempre me irritaram os tipos que utilizam eu em demasia e gostam de recordar a infância feliz que tiveram. Ao pé de pessoas assim, a minha infância - que até me parecia feliz - fica subitamente sensaborona como um bolo de comida a emperrar a garganta.
E o PRD é um deles. Um dos filhos dessa Portugal de tios, onde o berço (não as berças) marca indelevelmente a nossa condição. Ser jornalista para o PRD é começar num grande jornal lisboeta, que olha o resto do país como o alpendre da casa, e ter amigos que são políticos ou quadros superiores da bolsa. Fazer um caderno com algum gosto mas enlameado de fotografias de moda que ninguém liga e sacrifícios de opinião no altar das páginas (vide postais de viagem). Gosto da ideia e do conceito mas não suporto a sua prática. A actualidade fica fora do DNA, mas aquilo que resta é o dia-a-dia de meia-dúzia de amigos que falam sobre os problemas que só a eles afecta. Com excepção do Nelson de Matos, José Mário Silva, Pedro Mexia e Vargas Llosa, o DNA não passa de um pãozinho de leite sem leite e sem sal ou açúcar.
Isto não quer dizer que o Mexia tenha subido muitos pontos na minha classificação mas apenas, e tão-só, que mostra carácter. O que, mesmo nas pessoas que não aprecio, merece respeito.
Isto é um desabafo e não passa disso mesmo

Passei a manhã de hoje num tribunal a tentar consultar um processo que está a ser julgado. Como só soube desta situação depois da primeira audiência, solicitei ao juiz acesso (pelo menos) ao despacho da Acusação. Cumpri escrupulosamente a ladainha do costume, invocando os artigos certos e a condição de jornalista, mas o funcionário judicial respondeu logo de pronto que nem valia a pena entregar o requerimento.
“É que esse juiz nunca dá nada à comunicação social”.
É óbvio que entreguei na mesma o requerimento e, minutos depois, vi-o a ser indeferido, sem mais explicações. Ponderei falar com ele no corredor mas um outro funcionário disse-me que eles (os juizes) levavam a mal esse tipo de abordagens.
Ainda pensei em fazer queixa ao Conselho Superior de Magustratura contra o juiz mas um amigo informou-me que este órgão delibera quase sempre a favor dos magistrados.
Um funcionário conhecido soube do meu caso e disse que poderia sensibilizar o juiz mas ("lamentavelmente") eu não havia estado presente na cerimónia de inauguração no novo campo de tiro da colectividade de que ele era dirigente. “Não pode só querer fazer notícias más, também tem que as fazer de coisas boas”, disse-me enquanto se afastava, sobranceiro.
Sem meios para conferir os factos, preparo-me para assistir ao julgamento numa das próximas sessões. Se alguém se queixar de alguma incorrecção, vou remetê-lo para o juiz que não me deu acesso a um documento que foi lido na primeira sessão do julgamento.

Quem disse que a justiça é justa?
What a Wonderful World!
Cannabeas Corpus



Já ouvi dizer que as drogas levavam à morte, mas é a primeira vez que vejo um caso de morte que levou às drogas. Esta história passou-se em Levanto, na Itália, onde um casal de maconheiros resolveu plantar uns pezinhos de cannabis na campa do próprio filho. As plantinhas deram-se muito bem ali e chegaram a atingir dois metros de altura (também, com um adubo daqueles!...).

Uma vez mais, as autoridades resolveram meter o bedelho e estragar uma bonita homenagem. Lixaram a festa aos velhotes só por causa duma ervinha e eu pergunto: será que eles se preocuparam em ver que flores vermelhas são aquelas que toda a gente põe ao pé dos túmulos e ninguém diz nada? Ó, carabinieri, por acaso sabem para que servem as papoilas? Porca miseria!
Pastéis de vento
pérolas da sabedoria zen

Um monge perguntou a um mestre Zen:
– Em que se pensa quando se está a meditar?
– Não se pensa em nada – respondeu o mestre.
– Como não se pensa em nada?
– Sem pensar.
– Ah, como fazem o César Prates e o Quiroga!?

sexta-feira, julho 18, 2003

Crónicas daquilo que eu não gosto

Os trinaranjus


Não gostos dos tirananjus porque julgam que têm gás mas não passam de concentrado de sumo diluído em água. Diluídos na modorra da política, os trinaranjus julgam-se políticos apenas porque conhecem o vereador tal ou o ministro sicrano. Não passam de coladores de cartazes vestidos com Lacoste e Giovanni Galli, que sonham em ser secretário ou assessor de algum politiqueiro sénior.
O PSD foi sempre um partido estranho. É social-democrata mas é de direita e foi criado por um conjunto de tipos que chegaram a subscrever a democracia como via para o socialismo. Um local onde convivem personagens tão diversas como Miguel Veiga, João Jardim, Santana Lopes, Marques Mendes ou Mota Amaral. Uma amálgama de opus deis, copus night, e maçons, que honram a memória de um tipo que traía a mulher e de um outro que deixava escorregar saliva pelos cantos da boca.
Apesar disso, o PSD parece o Benfica. Ganhou muitos campeonatos, mas sempre com equipas tão diferentes que nada os liga. Pensar que o Sousa Franco já foi do PSD e que o Manuel Monteiro frequentou ali os primeiros alvores da sua emancipação é algo que me preocupa. A única linha ideológica constante do PSD é a conquista do poder, nem que seja à custa do passado.
E nisso os trinaranjus são o pior exemplo, fundando gerações de inaptos cuja única profissão é serem deputados, assessores eternos de autarquias ou juristas de organismos públicos. Sem a argúcia de Carlos Pimenta ou (quanto muito) de Passos Coelho, aos trinaranjus resta-lhes a consolação de comerem os ossos dos seniores, à espera de se sentarem, um dia destes, à mesa dos grandes.


Este blogue anda uma bandalheira. Todos têm as suas rubricas em projectos de masturbação intelectual. Assim, para não fugir à regra, retomo a minha rubrica habitual, iniciando um conjunto de comentários sobre os politiqueiros: se eles gostam de falar sobre jornalistas porque não fazer ao contrário?

Crónicas daquilo que eu não gosto

Os bloquetas


Os bloquetas são os jovens bloquistas que decidiram, num assomo intelectualóide, aderir ao BE sem saberem muito bem o que aquilo é. Embriagados pelo marketing e pela publicidade, compraram o BE por catálogo na La Redoute e acharam piada ao facto de ser do contra. Contra o quê? Isso não interessava, nem interessa.

O BE foi criado a partir de uma fusão de um conjunto de cromos curiosos da esquerda radical que, em conjunto, tinham menos sócios que o Olivais e Moscavide. Juntaram-se o troskista PSR, com a estalinista UDP, polvilhada com pitadas de anarquismo da Política XXI, os três à esquina e tocar a Internacional. É claro que, nas negociações tidas então – talvez num dos bares irlandeses do Cais do Sodré – ninguém questionou quem é que mandou matar o Trotsky. Isso não interessava nada para o grandioso projecto de pôr em marcha a grande revolução dos costumes portugueses.

Contudo, os velhos bloquistas (desde o Louçã, que assina textos capitalistas em editoras inglesas, ao Fazenda que, de satélite do PCP passou para muleta do Guterres) merecem-me todo o respeito, bem como outro grande educador das massas que é o Garcia Pereira. O que me irrita é a moda de ser bloqueta, de passar a militar no BE apenas porque sim, porque defendem coisas tão giras como a despenalização das drogas ou do aborto. E pode-se andar com camisolas do Che, conciliando moda com ideologia, sem saber muito bem quem foi o gajo.
É óbvio que é um problema habitual para colectividades partidárias novas, com novos clientes, nem sempre formados nos cânones ideológicos devidos. No entanto, da forma como o BE concilia a Revolução Permanente com os Gulag, nem o fundo ideológico os salva. Restam as t-shirts do Che e as manifestações pelos gays e pela anti-globalização.
O que não quer dizer que os bloquistas não sejam bem vindos ao grupo dos adultos, deixando de brincar aos pequenos como o MRPP, POUS (esse grande farol da liberdade operária) ou os amigos da IURD. O BE sempre me lembrou uma coca-cola. Se as ideias que têm forem sempre dos mesmos, o gás inicial vai acabar mais cedo ou mais tarde, restando apenas um feto de uma coisa que ainda não chegou a ser gente.



PS: Para os amigos de esquerda este post pode ser encarado como uma afronta mas, depois de outros (futuros) textos sobre os restantes politiqueiros, verão que o meu objectivo é apenas dizer mal... Porque não consigo dizer bem.
Os fascistas da língua

O Governo francês decidiu que chamar e-mail ao e-mail faz mal às criancinhas.

Que isto venha da França não admira — este é o país que deu ao mundo a palavra chauvinismo. Mas fascistas da língua não há só em França.

O fascista da língua acha que a língua é uma espécie de monumento em pedra, perfeito e imutável, que não evolui e tem de ser protegido a todo o custo das influências barbarizantes do exterior.

A palavra fascista não é exagero: no século XX, o primeiro indivíduo a ter a ideia de proteger a língua mãe substituindo neologismos de origem estrangeira por palavras "puras" foi este gajo.

(Esta se calhar não é a melhor altura para perguntar porque é que este weblog prefere chamar-se ueblogue.)
Não gosto de poesia, mas gosto deste poema.

Cantiga, partindo-se

Senhora, partem tam tristes
meus olhos por vós, meu bem,
que nunca tam tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.

Tam tristes, tam saüdosos,
tam doentes da partida,
tam cansados, tam chorosos,
da morte mais desejosos
cem mil vezes que da vida.

Partem tam tristes os tristes,
tam fora d’esperar bem,
que nunca tam tristes vistes
outros nenhum por ninguém.

Joam Roiz de Castel-Branco
Darei início hoje a uma nova rubrica, chamada...

What a Wonderful World!

... que vai contar histórias originais (confirmadas por fontes fiáveis) que se passam por esse mundo fora e que nos fazem crer que a humanidade ainda tem salvação.



A prosa de hoje vem directamente dos States, onde uma companhia de Las Vegas, chamada Real Men Outdoor Productions Inc., teve uma ideia genial: abriu a temporada de “Caça às bambis”... sendo que as bambis são nada mais nada menos que gajas nuas... e algumas bem boas! A ideia é alvejá-las com armas de paintball enquanto elas correm loucas pelo deserto do Nevada.

Como sempre que alguém tem uma boa ideia, surgiram logo os invejosos: o governo e algumas entidades feministas (raisparta as fufas!...) estão a querer abolir as caçadas. Mas os responsáveis da empresa que promove esses eventos garantem que as bambis não são maltratadas e lembram que elas podem usar óculos de protecção e capacete, se quiserem. Parece muito razoável e o Núcleo Duro apoia todo o tipo de iniciativas construtivas como esta, que visam ocupar a juventude e afastá-la das drogas.
Cogito ergo doleo (2)

O homem e o urinol

Dois homens vão mijar. A casa de banho tem uma fila de 150 urinóis. Se o primeiro homem for mijar ao primeiro urinol do lado Norte, é certo e seguro que o segundo irá aviar o serviço ao 150º urinol do lado Sul.

É uma daquelas regras da vida humana que ninguém ensina mas toda a gente sabe. Aposto que se instalassem instrumentos de medição em mictórios públicos se chegava à conclusão que os urinóis do lado da parede recebem cem vezes mais mijo que os urinóis do meio.

Se um gajo vai mijar e já há outro tipo na mesma casa de banho, é automático escolher o urinol o mais distante possível do que esteja a ser utilizado. Outra regra é o silêncio absoluto. Enquanto se mija, não se fala.

Porque é que o homem preza tanto a sua privacidade na hora de mijar? Será o medo de o vizinho descobrir as dimensões do seu pénis? Ou de ver o pénis superior de outro gajo e ficar com complexos? Ou um receio de descobrir tendências homossexuais latentes?

Enfim, a verdadeira resposta ilude-me, mas esta problemática complexa ocorreu-me recentemente quando estava na casa de banho de um cinema. O sítio tinha uns dez urinóis, e eu estava sozinho quando entra um gajo que resolve colocar-se num urinol a apenas dois lugares do meu.

Não no imediatamente ao lado, mas no outro a seguir, o que como o sítio era grande e havia uma série de urinóis mais longínquos e vazios, constitui mesmo assim uma quebra de etiqueta, e essa quebra de etiqueta motivou este pensamento profundo: “Caralho, no século XXI um gajo já não pode sequer mijar em paz.”
Gostei, Não Gostei

Não gostei do Pedro Mexia a dizer que não vê televisão, como se isso fosse um certificado de sapiência ou uma bandeira da intelectualidade e com isso quisesse fazer uma declaração de superioridade.
Não gostei de perceber que se aperta o cerco ao Deco.

quinta-feira, julho 17, 2003

Punheta faz bem



A Reuters acabou de emitir um despacho com o título “Masturbação frequente pode ser verdadeiramente bom para a saúde”, e que diz o seguinte:

«Investigadores do Cancer Council Victoria, na Austrália, descobriram que quanto mais frequentemente os homens com idades entre os 20 e os 50 anos ejacularem, menores serão as probabilidades de contraírem uma doença que todos os anos mata mais de meio milhão: o cancro da próstata.

Dos exames realizados a 1079 pacientes de cancro da próstata e a 1259 homens sãos, concluiu-se que aqueles que se masturbaram ou fizeram sexo pelo menos uma vez por dia dos 20 aos 30 anos tinham menos um terço de probabilidades de desenvolver a doença. "Para homens na casa dos 50, claro, isso não é muito frequentemente alcançável", disse Graham Giles, que liderou o estudo.
»

Ora bem, isto vem deitar por terra todas a teorias anti-punha que têm vindo a contribuir para a segregação de uma prática que, como se vê, é saudável. Já se sabia que esgalhar o pessegueiro estimulava a imaginação (há gajos que, antes de debulhar a espiga, se sentam em cima da mão esquerda para a deixar dormente, outros que pintam as unhas e põem pulseiras para parecer uma mão feminina), contribuindo para a sanidade mental, além de evitar muitos embaraços. Quantas vezes estamos na iminência de passar por situações vexatórias perante a peida latejante de uma tia, ou as mamocas brotadoiras de uma priminha, vamos alí à casa de banho e já está!? É claro que há o inconveniente estético de se ficar com um braço mais musculoso do que o outro, mas o que é isso comparado com o risco de se contrair uma doença mortal? Por isso, viva a segóvia, meus amigos! Agora, com licença, que vou ali bater uma contra o cancro.
Inauguro hoje uma nova rubrica a que vou chamar (pelo menos provisoriamente, até achar um nome melhor) Gostei, Não Gostei. Neste espaço fala-se de coisas que li, ouvi, vi ou experimentei no dia anterior.

Gostei, Não Gostei

Não gostei de ler «petrificado, voltou para o escritório do chefe», em Um Osso na Garganta. Não gostei da Andreia Neves a apresentar as notícias do Bom Dia Portugal (aliás também não gosto do nome Bom Dia Portugal, nem de nomes de programas de tv patrioteiros, como Portugal no Coração), com aquele ar ao mesmo tempo pretensamente sofisticado, casual e despretencioso, enfadado e de quem está ali a fazer um grande frete e um grande favor à nação, com todos os tiques de superioridade de quem se julga uma grande vedeta. Não gostei muito do Cabine Telefónica, do Joel Shumacker, mas gostei de uma personagem prostituta a falar da «mão das pilas». Gostei de ter comido pão-de-ló de Ovar, uma das mais deliciosas iguarias do país.
PePiss-Cola ou Xixiven-Up?



Esta história é sobre a forma como a vontade de urinar pode levar à prática de actos irracionais. Dois rapazes de Filadélfia, perante uma necessidade extrema de abrir as comportas, não encontraram melhor do que uma máquina de venda automática de refrigerantes. Jimmy e Ray estão a ser recriminados por terem feito a coisa mais natural no ser humano: deixar a cerveja sair. Experimentem beber dois litros de Budweiser (a "jola" mais ralinha do mundo – os químicos até a usam quando querem dissolver água) a ver quem é que se aguenta. OK, uma máquina de Coca-Cola não é propriamente um penico, mas alguém se questiona se a câmara de Filadélfia proporciona sanitários públicos suficientes pela cidade? Não, é mais fácil apontar o dedo aos dois jovens, que apenas seguiram os seus instintos. De qualquer forma, fica o aviso, que as autoridades do mundo estão atentas: Mijão, quando estiveres doido pra mudar a água às azeitonas, presta atenção à placa que diz “Urinol”... Pára e lê bem!... Não será “Sumol”?

quarta-feira, julho 16, 2003

Piada em Coimbra

O Mocho alertou para esta pérola que subscrevo.
Vão a este sítio e cliquem em Jornal On-line na licenciatura em Jornalismo da Universidade de Coimbra.
Mais um exemplo de Flexibilidade e Polivalência também nos estudantes de comunicação.
A questão que se coloca é saber se o jornalismo fica a ganhar ou não.
Um sujeito americano chamado Anthony Bourdain parece que é o cozinheiro-chefe num restaurante qualquer em NY, mas também escreve livros policiais. Um que eu estou a ler agora é Um Osso na Garganta, que era suposto ser divertido mas NÃO é. A culpa, em parte, pode ser da tradução, que parece mal feita. O livro mais conhecido de Bourdain é Kitchen Confidential, que não tem tradução para português, acho eu. Outro livro de que NÃO gostei foi A Verdadeira, de Saul Below. São cento e tal páginas de má literatura, mal traduzida pelo Ruy Zink.
Estive a ouvir o último CD dos Radiohead e NÃO gostei. Tenho uma borbulha a 5 cm da orelha, junto ao cabelo, e NÃO gosto da sensação física que a vaca me provoca. Vai ser exterminada.
Os Donos do Garfo



Nome: Troika
Designação: restaurante tradicional russo e esplanada
Localização: Raekoja Plats 15, Talin
Página na Internet: www.troika.ee
Preço médio: 12 euros
Classificação: 8,5

Atravessar o Golfo da Finlândia de “ferry-boat” até Talin faz parte de qualquer visita a Helsínquia. Boa oportunidade para conhecer uma cidade simpática e bem cuidada, capital de um país que tem feito por merecer uma vaga no próximo alargamento da União Europeia. A Estónia é um autêntico enclave cultural que saltitou ao longo da história entre a Finlândia, a Alemanha e a Rússia, sintetizando aspectos herdados dessas três culturas. A língua e a etnia têm muito a ver com o vizinho do Norte, a cerveja e a arquitectura, com o do Oeste, mas talvez a melhor comida tenha vindo do gigante a Oriente.
Na nossa última incursão pelo Báltico, tivemos a oportunidade de comer boa comida russa, num restaurante de mira apontada ao turista, mas com preços ainda compatíveis com o bolso do viajante português: o Troika encaixado entre vários outros restaurantes-esplanada em plena Raekoja Plats, mesmo no centro de Talin. É possível optar pelo acolhedor espaço interior do restaurante, mas num dia de verão, a esplanada, num cenário de arquitectura medieval, é o melhor local para saborear um “Kholodni borch” (sopa fria de beterraba, com carne e verduras) e uma Saku preta fresquinha (Saku é a principal marca de cerveja estoniana. Saborosíssima. Também na versão loira). Foi isso que fizemos, a preparar o terreno para o prato principal: uns deleitosos “Pel’meni Barachik” (espécie de “ravioli”, recheados com carne de cordeiro ligeiramente picante). Só os proibitivos 30 euros que ostentava no menu o “Stroganov iz Medvejamini” (estrogonofe de carne de urso) desaconselharam-nos essa opção. As “Blini” (pequenas panquecas com compota) confirmaram-se como um belo remate para a comida russa.
Leituras para a famíla cristã



Ainda sobre gajas muito altas: o fascínio não é incomum, e há tipos que levam esse fascínio a extremos. Quem tenha visto o último filme do Almodovar sabe do que é que eu estou a falar.

Na América o fascínio chega a obsessão. Ouvi falar pela primeira vez da coisa num conto do David Sedaris, um gajo muito divertido. Graças ao Sedaris dei com esta revista, em que o caso atinge níveis patológicos.
Cogito ergo doleo (1)

A gaja alta

Ontem no autocarro vi uma gaja alta. Quando eu digo gaja alta, quero dizer mesmo alta: a mulher tinha mais de dois metros. Teve de se baixar para entrar no autocarro.

A gaja era alta mas proporcionada, com um corpo bem feito, nem escanzelada nem culturista. Tudo no sítio certo, com uma cabeça céltica (cabelo curto e muito ruivo, olhos verdes/azulados, era britânica ou alemã de certeza), só que com mais de dois metros de altura.

Isto é coisa de tuga provinciano, mas a mim fascinam-me as gajas muito altas. Desde os meus 13 anos que em Portugal nunca conheci nenhuma gaja mais alta do que eu, com uma excepção: duas raparigas (eram irmãs) que tinham para aí um metro e noventa e que eu via às vezes no Intercidades para Coimbra. Mas essas eram feias, portanto não contam.

Porquê o fascínio por gajas altas? Há o lado óbvio da situação, uma gaja que um tipo simplesmente olhando em frente está a olhar-lhe para as mamas. Mas também — que sensação estranha, uma gaja que olha para nós de cima.

Enfim, a gaja alta e ruiva tinha ar de modelo e ar de gaja que raramente anda de autocarro, e a história acaba aqui. Mas o incidente deixou-me um pensamento profundo: “Foda-se: tenho de ver mais jogos da WNBA.”
Duas pré-respostas:

"Parto do princípio que os autores do New York Times são de esquerda por três razões: o conteúdo dos posts, o único link político que têm (para um site, aliás excelente, de esquerda), e porque no vosso jornal só há uma pessoa de direita e vocês são cinco".
O senhor Mexia está equivocado. Aqui somos todos ambidestros e manetas.

Ao sr. JPP agradecemos o link. Agora que já tivemos publicidade gratuita, podemos voltar a discutir coisas pueris e desinteressantes como a ida do Chainho para o Marítimo ou a elevação da Tocha a vila.

Quiz
Quem é que o Mexia julga que é de direita?


Só se for a Ana Drago.

terça-feira, julho 15, 2003

Para a minha estreia neste prestigiado espaço da blo-gos-fe-ra, contribuo uma sugestão, aliás relacionada com a muito actual polémica do serviço de correcção ortográfica e gramatical: os Donos da Bloga não ganhariam imenso se passassem por este serviço de revisão ortográfica?

É possível que esta sugestão cause controvérsia, e nesse caso só tenho uma coisa a dizer aos críticos.
Devíamos institucionalizar o serviço de correcção ortográfica e gramatical da blogosfera. O superintendente é o Ernesto, claro, a quem é preciso bater continência e a quem será preciso arranjar uma farda e um bastão.
A Polícia da Blogosfera vai entrar em acção.
Tenham cuidado, tenham muito cuidado!
Assinado: cabo Zizou.
Denúncia



Ontem, falou-se aqui na banda Pólo Norte, talvez a coisa mais execrável que já ouvi em Portugal. Fiz um comentário na altura, mas acho que há coisas graves, que merecem uma denúncia mais dura. Pois bem, visitei o site oficial da banda e deparei-me com uma secção chamada “As nossas canções”. “Nossas” o caralho! Já há muito que dei pela banda a fazer sucesso com músicas cantadas há mais de 10 anos pelo brasileiro Lulu Santos (um desconhecido em Portugal, como aliás convém aos plagiadores) e nunca ouvi ninguém da banda falar nele. Agora até têm no site as músicas do Lulu – está lá a “Como uma onda”, só para citar uma que reconheço pelo título – (e, se calhar, de outros ilustres desconhecidos) na secção “As nossas canções”. Os Pólo Norte são autênticas clara-pinto-correias da música portuguesa. Atenção, polícia, os nomes deles são Miguel Gameiro, Tiago Oliveira e Luís Varatojo. Espero que sejam processados em breve e impedidos de tocar para o resto da vida.
lanço agora uma sondagem de opinião para apurar o gosto dos portugueses em particular e os frequentadores deste blogue em geral:
Qual a melhor cerveja do mercado (sem aquelas tretas de pseudo que a Guiness é que é boa)?

Super Bock
Sagres
Cintra
Topázio
San Miguel
Cool beer
Heineken
Carlsberg
Marisa Cruz

façam favor de votar.



Eu, por mim, prefiro a Cintra, abraçado à Marisa Cruz.
Não há cu para o umbiguismo dos blogues.

Passeei durante apenas duas horas por alguns saites e saí enojado.
O fim da blogosfera. A página do DNA sobre os blogues. A dicotomia blogue versus imprensa. A morte do jornalismo. Viciados na blogança. Quem é o Pipi? Demasiados blogues com pouco interesse e pouco tempo para os ver. Quem é o Pacheco Pereira?

Socorro. Volta Coimbra e Amarelas para discutir se hei-de faltar à aula do dia seguinte ou não.
Tentei.


Juro que tentei.

Jurei a mim mesmo que nunca mais iria repetir.

Mas não consegui.







O Herman continua a ser a única coisa que me faz rir na televisão generalista portuguesa.
Esta manhã, preparo-me para dar baixa da minha actividade nas finanças. Sorrio só com a ideia e penso que, pelo menos para a Manuela Ferreira Leite, vou passar a inactivo.
No entanto, só de pensar nos papéis a preencher, o sorriso desvanece-se e preparo-me para mais uma maratona de paciência.
Sobre o jornalismo de investigação: um contributo

É fácil dizê-lo, o que não quer dizer que a premissa é mentira. Em Portugal investiga-se pouco, em todos os níveis do saber, e porque é que o jornalismo há-de ser excepção? Na voragem dos dias, a memória perde-se e sem memória não há investigação. O que há são fontes, sempre interessadas e solícitas como hienas à espera de devorar os restos. Quando a amizade e o interesse das fontes vale mais do que a notícia mais vale mudar de profissão. E muitos há em Portugal que deviam fazer outra coisa qualquer que não jornalismo (vender roupa ou servir casamentos, por exemplo).
Isto não quer dizer que abomine as fontes mas elas só o são porque nós somos jornalistas. Valemos apenas pelo que escrevemos e onde escrevemos e não pela nossa linda cara ou pelas nossas grandes ideias peregrinas.
Voltando ao jornalismo de investigação, considero que isso é uma velha questão sem sentido.
Quando jornais como o DN têm apenas seis tipos que se recordam das Opções Inadiáveis e o grosso da coluna produtiva está entregue a quem pensa que o Ramalho Eanes era um tipo com um falar esquisito, casado com uma peruca que tinha um corpo agarrado, é natural que perguntas destas não façam sentido.
A somar a esta falta de memória existe a falta de dinheiro. Fazer investigação custa dinheiro, custa muito dinheiro. E isso é coisa que os media portugueses não têm. Viagens, quilómetros e salários para, em muitos casos, dar direito apenas a uma breve de canto de página. Sem falar nos riscos (sempre possíveis) de indemnizações aos visados.
Depois destas duas parcelas (memória e dinheiro), falta somente o tempo. Qual é o editor que admite ceder uma semana que seja a alguém (daqueles que trabalham e não dos que assinam peças), retirando-o dos comunicados diários, para o deixar a investigar uma história que nem existe garantia de dar notícia? Se houver algum jornal assim, candidato-me a estagiário: tenho carta de condução e estou disponível para satisfazer a secretária de redacção se mais ninguém quiser.
É muito giro falar sobre jornalismo de investigação mas isso não faz sentido para quem escreve caracteres a metro todos os dias, enlatados entre conferências de imprensa e manifestações encomendadas pelas televisões. Com as fontes que temos e as faltas existentes, o jornalismo de investigação resume-se a uns golfejos causados por dicas de ocasião ou a leituras de processos pendentes apenas porque o juiz quer que o nome apareça nos jornais ou o advogado precisa de publicidade gratuita.
Finalmente, estão as prima-donnas do jornalismo português. Aqueles que tudo sabem e tudo dizem, sem dizerem tudo. Falos dos Carlos Magnos SA, o pior que existe dos jornalistas (???) de fontes em Portugal que matam estórias em potências, transformando-as em diz que disse e em boatos
Todas as redacções têm o diz que diz-se e o seu boateiro que assassina, de forma despudorada, todas as tentativas de jornalismo de investigação sério.
Sobre os Macintosh e os PC's

Bem sei que a blogosfera não é um sítio para discutir informatiquices mas reparei hoje que, de entre as diversas discussões a que assisti, nunca li nada sobre a mais antiga guerra dos computadores - anterior mesmo à Guerra do Peloponeso - entre os PC's e os Mac.
E só notei isto porque estou preso na casa de um amigo a fazer cópias piratas de videos e, enquanto espero e desespero, tentei blogar num mac.
Aqui é tudo muito mais estranho, o que não quer dizer que não se entranhe mais tarde. As maçãs e o aspecto de livro de colorir da terceira classe compoem um ramalhete surpreendente que primeiro me irritaram.
Depois, com algum (pouco) tempo, habituei-me a este computador para burros e passei a zurrar em bloguês, embora sem saber como fazer o bold ou o itálico.
Quando comecei nas redacções, enquanto tentava - sem sucesso, reconheço - ser jornalista ao mesmo tempo que boémio, escrevia num fabuloso Mac Classic que tinha as Copas e o Freecel num écran monocromático. A rede de informática do pasquim era pré-histórica mas nunca tinha écrans azuis. Pensando bem, talvez fosse apenas porque que a imagem era a preto e branco.
Depois, emigrámos para os PC (na época uns extraordinários 233 MHZ, com ligação à internet em apenas um, o do chefe) e os écrans azuis eram uma constante. Os técnicos de informática acamparam no pasquim onde, ao que parece, ainda por lá continuam, entre os papéis para reciclar e as beatas do tempo em que era permitido fumar nas redacções.
Em minha casa, só tive PC's, que o dinheiro não abundava mas admito que os mac deixaram-me um travo de saudade. Pareciam nobres em terras de plebeus, engolidos pela democracia dos baixos preços.
Agora, enquanto luto contra as teclas que persistem em fugir aos dedos e evito trocar um ~ pelo \,lamento não ter trazido o meu portátil.
Estou a escrever num macintosh enquanto faço uma directa em casa de um amigo a copiar cassetes pelo que os próximos posts serão sinais de diarreia mental.
Isto é um teste para ver se resulta em Macintosh

segunda-feira, julho 14, 2003

Hasta la vista, baby



Morreu Compay Segundo, um dos extraordinários músicos de Buena Vista Social Club. Não conheço a fundo outros trabalhos dele, mas o Buena Vista é absolutamente delirante e arrebatador.
Reparo agora que as letras das músicas de bandas como os Santos e Pecadores e de cantores pimba como Romana, Cláudisabel, Toy e outros não são assim tão diferentes como isso. Mais amor menos amor, mais ondas menos ondas, mais luar menos luar, mais prazer menos prazer, a substância lírica de uns e de outros é praticamente equivalente. O que distingue então Santos e Pecadores ou Pólo Norte, por exemplo, da Rute Marlene? Desde logo a pose: o Olavo Bilac cultiva um estilo pretensamente «cool» e sofisticado - na roupa, no discurso, no penteado... -, ao passo que gente como a Ágata é deliberadamente foleira – basta ver os vestidos, os berloques, o cabelo, as correntes, as cores... As composições musicais também ajudam a distinguir uns dos outros.
Mas a verdadeira questão é que as letras são quase iguais. Chocava-vos ver a Romana a cantar
«Mas fiquei
Com a plena convicção
O que eu sinto por ti
Não se pode definir
Mas se não me engano
Tantas voltas eu já dei
E as palavras que encontrei
São para dizer que te amo
Que te amo
Oh
Mas se não me engano
Tantas voltas eu já dei
E as palavras que encontrei
São para dizer que te amo
Que te amo
São para dizer que te amo» (Pólo Norte)?
Febre de Julho de manhã

Portugal está de dieta.
Dias antes de mais um repasto ao sol dos corpos espraiados, Portugal acordou com vontade de fazer exercício. Nos hipermercados, as zonas de comida saudável entopem-se de gordos e anafados, tentando recuperar a vida em poucos dias de dieta. Nas ruas, o cenário é semelhante e atletas pululam como cogumelos em cada esquina, a arfar e encharcados de suor. As bicicletas são uma mania e todos os carros têm aquelas armações idiotas para as levar de casa aos circuitos de manutenção - que, em muitos casos medeiam apenas um ou dois quilómetros. Os ginásios são outra moda que pegou de estaca, com dezenas de corpos vermelhos de esforço e encharcados de suor, doridos pelas distensões musculares de quem não faz exercício desde as aulas de educação física.
E esta febre chegou a minha casa. A minha mulher queria pôr-me alface no prato. Onde é que já se viu isto?
Três notas:

1. Copiei do Kazaa o Jesus Christ Superstar (Sim, para as aulas de catequese na paróquia de Fermoselhe onde sou acólito) e reparei num claro acto de racismo do Lloyd Weber: ao Judas não lhe bastava ser Iscariotes mas também é preto. Porque é que Jesus não é moçambicano e Nossa Senhora chinesa?

2. João Aguiar. Devorei em duas penadas o último livro dele e lavro, desde já, a minha admiração pelo homem. Ao contrário de outras sumidades intelectuais, entendo que um bom escritor não tem de ser necessariamente difícil de ler (vide Saramago) ou mesmo impossível (vide Bobonne, esta por outras razões). o João Aguiar é, na minha modestíssima opinião, um dos melhores escritores portugueses da actualidade. Parece-me é que ele não se Mexe tão bem pelos círculos literatos nacionais.

3. Cumpri, como bom pai de família, mais uma ida à praia, com os sogros. Reparei, com saudade, a ausência dos tachos de feijoada e os garrafões de vinho no areal, com barrigas protuberantes espojadas em mantas de Inverno, com miúdos ranhosos sem chapéu e bebés enchunfrados (não sei se a palavra existe mas é bonita) de panos e paninhos, vermelhos de calor. Será que Portugal está a ficar um país civilizado ou esses tugas foram todos para a Madeira e Ibiza?

PS. Quanto ao presumível jornalismo suspeito de ser de investigação, pronunciar-me-ei mais tarde

domingo, julho 13, 2003

Luis Filipe Menezes disse – e repetiu várias vezes nas televisões – que o mais provável é não se voltar a candidatar nem a Gaia, nem ao Porto, nem a lado nenhum, abandonando a vida política no final do mandato. Esta declaração soa a oco e a falso e, ouvindo-o, sente-se e pressente-se que o que ele quer e o que ele fará é exactamente o oposto. Alguém acredita que ele queira abandonar o poder político e prescindir das fotos nos jornais e das entrevistas nas tv’s? Em causa não estão os méritos do trabalho produzido em Gaia, mas a óbvia excitaçãozinha (subcutânea, disfarçada) que sente com as questiúnculas e as intrigas fúteis em que participa e que muitas vezes ele próprio cria. Alguém acredita que ele pondere (pondere apenas) abandonar tudo isto?

sábado, julho 12, 2003

O meu serviço público de tv (v)

Sete palmos de terra
E pronto, acabou o torneio de futebol de salão. Eu sei que isto não interessa nem ao menino jesus, mas deixem-me desabafar e chorar num ombro amigo. Ficámos em último lugar, com seis derrotas em seis jogos. Ontem, na última jornada, perdemos por 9-2.
Ficam duas consolações: ganhámos a taça disciplina – só um cartão amarelo – e eu fui o melhor marcador da equipa, não com 15, não com 10, não com 8, não com 7, não com 6, não com 5, não com 4, mas com 3 golos.
O torneio foi responsável por:
dor no joelho esquerdo;
torcicolo no pescoço;
nódoa negra na perna direita;
dor no pé direito;
dor nas costas;
dor em todos os músculos;
auto-estima com valores próximos do grau zero.
Além disso, a frota pesqueira nacional vai ter um concorrente de peso: vou-me dedicar à pesca.

sexta-feira, julho 11, 2003

Ouvi o Fórum desta manhã e chorei de prazer. Quando a consciência cívica do Benfica é um gajo que tem uma voz de bagaço logo pela manhã (semelhante a uma soma dos graves do António Sérgio e do Fernando Alves, encimada com alguns vodkas) como é o caso do Vítor Santos, acredito que hei-de ver o meu Desportivo do Cadaval a disputar a liguilha da Divisão de Honra com o Glorioso.
Viva o Vilarinho e o Luís Filipe Vieira.
Puta que os pariu a todos

Depois de mais uma (enésima) peça sobre os taxistas, apetece-me cometer um erro ortográfico e chamar-lhes tachistas ou então filhos da puta.
Passo a explicar: quem trabalha por conta de outrém paga o IRS à cabeça e tem de declarar tudo. Os cromos só declaram aquilo que querem e recusam-se a pagar 20 milenas de IRC por mês à cabeça.
Puta que os pariu a todos. Se ainda servissem bem os clientes e não dessem a volta por Cuba para fazer um percurso entre o Campo Grande e a Baixa.
Recorda-me a frase do outro:
"Portugal é um País geométrico.....tem problemas bicudos, discutidos em mesas redondas, por bestas quadradas".
Só o Corpo de Intervenção nos salva.
Pérolas

"Se um dia se sentires inútil ou deprimido, lembra-te disto: houve um dia que já foste o espermatozoide mais rápido do grupo"
Marabuto

Cinco jogos cinco derrotas é o balanço, ainda provisório, da participação de uma equipa da minha empresa num torneio de futebol de salão. Estas coisas deprimem e mostram como foi injusta a distribuição de talento.
O pior não é perder 9-0 com uma equipa formada por jogadores que até jogam em equipas das ligas distritais de futebol de 11; o pior é perder com uma equipa de mancos chamada Marabuto. Marabuto! Perdemos 6-5, depois de termos estado a ganhar 2-0 aos 2 minutos. As minhas fans, no entanto, podem consolar-se com uma coisa: marquei dois golos e já sou um dos melhores marcadores da equipa. Transferência à vista?

quinta-feira, julho 10, 2003

EUA caem no bluff mais velho do mundo



Esta semana, um diplomata das Nações Unidas afirmou-se surpreendido. «Pensávamos que após a guerra, os Estados Unidos iriam atirar o Iraque para o colo do mundo e a comunidade internacional iria reagir, dizendo: "Vocês fizeram a merda, agora limpem". O oposto está a acontecer. O resto do mundo está a dizer "Estamos prontos para ajudar", mas Washington está determinado a conduzir o Iraque sozinho».

Resultado: os contribuintes dos EUA estão a ver fugir 4 mil milhões de dólares por mês para o Iraque. Se os outros países tivessem assumido a postura inversa, provavelmente os americanos viriam pedir: "Ei, isto também é do vosso interesse. Passem pra cá uns milhões".
Ao que parece, a política externa norte-americana está a sair toda da cabeça do próprio senhor George WC Bush. Grande bluff, resto do mundo! "Estamos prontos para ajudar"!? (risos!)...
Pastéis de vento
pérolas da sabedoria zen

Tudo é um vazio: Tu próprio, a espada que é brandida e os braços que a manejam. Até a ideia de vazio desaparece. Desse vazio absoluto, desabrocha maravilhosamente o acto puro! A cabeça do Pedro Rolo Duarte não é, portanto, um fenómeno isolado no Universo.

quarta-feira, julho 09, 2003

João Cerejeira



O ciclista estónio Jaan Kirsipuu, da AG2R, ocupa o 30º lugar (caiu do sétimo) na classificação geral da Volta à França, após a 4ª tirada. Este ano, ainda terá várias oportunidades para conseguir uma vitória de etapa, feito alcançado em 2001 e 2002. Nesta edição, foi terceiro na segunda tirada (Ferté-sous-Jouarre/Sedan). Kirsipuu já anda na alta roda do ciclismo internacional há vários anos, mas pouca gente sabe o que quer dizer o seu nome. Ora bem, em finlandês (língua da qual o estónio é dialecto), "kirsikka" quer dizer cereja e "puu", árvore. Cerejeira, porém, é "kirsikkapuu", na língua de Sibelius. Uma pesquisa na Net permitiu-me, no entanto, confirmar que, em estónio, cereja é simplesmente "kirsi", pelo que, Jaan Kirsipuu, se fosse português, chamar-se-ia João Cerejeira. Força, Joãozinho!
Os Donos do Garfo



Nome: Puhvetti
Designação: Bufete de comida caseira
Local: Maaherrankatu 18, Mikkeli (Finlândia)
Página na Internet: não tem
Preço médio: 7 euros
Classificação: 8

Continuamos o nosso périplo pela mesa da Finlândia. Visitar a pequena cidade de Mikkeli, na província de Savo-do-Sul, pode não estar nos planos de férias de muita gente no nosso país, mas como há malucos para tudo, aqui fica uma sugestão. O Ravintola Puhvetti oferece uma comidinha caseira e honesta, a preços bastante aceitáveis naquele país. A localização é bastante central, mas para o descobrir é preciso entrar num supermercado – chamado K – e subir para o primeiro andar, daí que seja importante levar a morada.
O esquema é recorrente e muito difundido nas terras de Väinämöinen – puhvetti quer dizer bufete. Paga-se o preço que estiver indicado no prato principal escolhido. O resto é à discrição: pão, manteiga, bebidas, saladas e outros acompanhamentos (deste restaurante, só sai com fome quem quer!). Dos pratos do dia, escolhemos um Broileri-parsakaalipaistos (frango com bróculos gratinado), feito com um carinho caseiro. Perfeito acompanhado com um copo de piimä (espécie de coalhada), mas os espíritos menos abertos aproveitar para provar a kalja (cerveja caseira adocicada e não-alcoólica).
A relação preço/qualidade/quantidade – em Lisboa, por exemplo, na maior parte dos restaurantes, não se come assim por esse preço – justifica a nota 8.
O filme One Our Photo é excelente. «Nunca ninguém fotografa aquilo que quer esquecer», diz o Robin Williams logo no início.

terça-feira, julho 08, 2003

O Meu Pipi em grande



O blog "O Meu Pipi" continua em grande forma. O último post “ESTUDO COMPARATIVO II” revela um grande trabalho de documentação, numa análise exaustiva às faculdades empaudurecedoras de quatro conhecidas apresentadoras de telejornais – Judite de Sousa, Manuela Moura Guedes, Fátima Campos Ferreira e Alberta Marques Fernandes. A escolha final da Alberta como a melhor não sofre contestação, mas a análise é toda ela recheada de boa prosa, da qual apetece destacar os seguintes trechos:

«(...) a prateleira da Alberta Marques Fernandes é apreciável, embora tenhamos que ter em conta o facto de que ela as tem sempre pousadas na bancada do Telejornal e que, quando se levanta, é provável que as tetas não o façam. (...) Apesar disso, é a única que apresenta um tabuleiro em termos, capaz de proporcionar festa vadia (...)»

«(...) Não despicienda é também a capacidade arrebitadora da Judite de Sousa: basta imaginá-la a pedir “aguebenta-me, Pipi, aguebenta-me!” Tiques da fala põem-me sempre em brasa, caralho (...)»

A propósito, começam a surgir pistas sobre a verdadeira identidade do Pipi. O trabalho de investigação do Núcleo Duro já apurou que se trata de uma personagem da vida mundana coimbrã, com ligações à equipa de râguebi.
Pastéis de vento
pérolas da sabedoria zen

Sem ir a lugar algum, pode-se conhecer o mundo inteiro. Sem mesmo abrir a janela, pode-se conhecer os caminhos do Paraíso. Quanto mais longe se vai, menos se conhece. Nunca o Vale e Azevedo percorreu tantos quilómetros na trilha da sabedoria como nestes últimos anos.

segunda-feira, julho 07, 2003

Ainda ninguém me explicou como é que na mesma edição do livro A Linha de Sombra, da colecção Mil Folha, do Público, o mesmo excerto do texto aparece traduzido de duas maneiras diferentes, nas páginas 132/133 e na parte de trás da sobrecapa. Eis as duas versões:

“As poucas estrelas acima de nós lançavam uma luz fraca apenas sobre o navio, sem qualquer cintilação na água, como um poço de luz separado que perfurasse uma atmosfera transformada em fuligem. Era qualquer coisa que nunca tinha visto antes; não havia qualquer sinal da direcção onde se alcançaria uma possível mudança: uma ameaça que nos comprimia de todos os lados”.

“As poucas estrelas, ao alto de nós, difundiam uma vaga claridade que se limitava ao navio, sem o menor reflexo no mar, como emanações de luz isoladas repassando uma atmosfera mudada em fuligem. Era uma coisa como eu nunca vira outras, que não apresentava o menor sinal de poder vir a evoluir, como a aproximação de uma ameaça que irrompia por todos os lados”.
Queiroz não vai longe



Até gosto do Carlos Queiroz. Sempre me pareceu ser um homem calmo e um treinador com alguma coisa a ensinar à "geração bigode" de técnicos portugueses. O episódio da "porcaria da Federação" só lhe ficou mal porque dito na altura errada - soou a desculpa pelo falhanço. Uma pequena mancha no melhor pano. A verdade é que não lhe auguro nada de bom no Real Madrid. É certo que tem ao seu dispor alguns dos melhores jogadores do mundo, mas cada vez mais esse "melhores" significa "mais famosos". Vamos ver o que os "merengues" vão conseguir em termos de contratações neste defeso, mas até agora, foram buscar um caríssimo Beckham que não parece vir trazer nada de novo à equipa. Para o centro da defesa, volta a falar-se de Beto, um jogador que neste momento não tem lugar nem no banco da selecção portuguesa. De resto, Queiroz terá à sua disposição um Figo um ano mais lento (já não é nem deverá voltar a ser o mesmo), um Zidane que continua mágico mas que de ano para ano vai perdendo gás e protagonismo, um Ronaldo gordo e um sobrevalorizado Beckham que não poderá ficar no banco, já que foi a principal contratação. Mas não acredito que alguém consiga explicar aos adeptos se a equipa jogar menos do que o melhor futebol do mundo. A exigência para os lados do Santiago Bernabéu é exagerada. Não duvido que o Carlos Queiroz consiga fazer um bom trabalho (embora não ache que o José Peseiro vá ajudar muito como adjunto), mas o Del Bosque também fez - até foi campeão! - e correram com ele mesmo assim...

exclusivo Os Donos da Bloga/Forças de Blogueio
Faixas brancas



O Ernesto já falou aqui numa banda de Detroit chamada The White Stripes – aquela que é composta por um casal que só se veste de vermelho e branco e que toda a gente achava que eram irmãos (li no outro dia na “Newsweek” que eles afinal não são irmãos, até já foram casados, mas hoje encontram-se divorciados. Isso não interessa nada também). Jack e Meg White estão a fezer do melhor rock que se ouviu nos últimos anos. Mas a boa nova é que parece (ouvi dizer) que eles estão para vir cá, para tocar no festival do Sudoeste. Esperemos que sim, mas a verdade é que ainda não está nada confirmado, como se pode comprovar no site oficial da banda. Aliás, há na Net óptimos sites sobre The White Stripes. Recomendo:

1- Site oficial
2- Site quase oficial
3- Site dos fãs da banda em Singapura



Deixo-vos com uma letra do último álbum (“Elephant”). Uma grande malha!:

Hypnotize

I want to hypnotize you baby
on the telephone
So many times I called your house
just to hear the tone
And though I knew that you weren’t home
I didn’t mind so much cause I’m so alone
I want to hypnotize you baby
on the telephone

I want to spin my little watch
right before your eyes
You’re the kind of girl a guy like me
could hypnotize
And if this comes as a surprise
Just think of all of those guys who would tell you lies
I want to spin my little watch
right before your eyes

I want to hold your little hand
if I can be so bold
And be your right hand man
til your hands get old
And then when all the feelings gone
Just decide if you want to keep holding on
I want to hold your little hand
if I can be so bold
If I can be so bold
If I can be so bold
País feio

O país está todo em obras e parece um estaleiro. Estradas, condomínios, centros comerciais, casas, prédios, pontes, teatros...: tudo parece estar a ser construído, ampliado ou requalificado. Em Aveiro, no Porto, em Lisboa, em Montemor, em Coimbra... Em cidades, vilas e aldeias. No litoral e no interior. No Verão e no Inverno. Obras a cargo de câmaras, do Governo, de institutos públicos ou de particulares. Obras financiadas por fundos comunitários ou não.
A questão é esta: as obras, à partida, deviam servir para melhorar e embelezar. E se é justo dizer que algumas obras o conseguem fazer, a verdade é que uma boa parte delas faz exactamente o oposto: estraga, destrói, corrompe, deforma, torna feio... Tantas intervenções e empreitadas, tantos tijolos e cimento, tanta madeira e telhas, tantos arquitectos e engenheiros, tantos presidentes de câmara e de junta... Tanto dinheiro.
O resultado, no entanto, é deprimente: Portugal está cada vez mais feio, mais desagradável, mais desordenado, mais desorganizado. Portugal deve ser dos países mais feios da Europa.

sexta-feira, julho 04, 2003

Pastéis de vento
pérolas da sabedoria zen

O mestre zen de nome Gutei tinha por hábito levantar o indicador sempre que transmitia novos ensinamentos aos seus discípulos. Um pupilo começou a imitá-lo e, toda vez que alguém lhe perguntava algo sobre o que o mestre andara a ensinar, o rapaz levantava o dedo ao contar o que aprendera. Gutei foi informado disso e, um dia, ao surpreender o moço a imitá-lo, agarrou-lhe a mão com firmeza e decepou-lhe o dedo. O rapaz desatou a chorar e Gutei gritou: "Pare!" O aluno obedeceu e, voltando-se, encarou o mestre por entre as lágrimas. Gutei erguia o indicador. O pupilo foi levantar o seu e, quando compreendeu que não existia mais, inclinou-se diante do mestre. Naquele instante, o rapaz sentiu-se iluminado. Agora, sempre que a EDP me corta a luz por falta de pagamento, decepo um dedo para me sentir iluminado também. Já só tenho os dos pés.
PLAP



Estivemos ontem no mini-concerto do Pedro Luis e a Parede, na galeria Zé dos Bois, no Bairro Alto (Lisboa). Grande som, com muita batucada e muita alma. As letras são muito interventivas e bem esgalhadas. Aqui fica um exemplo sacado do primeiro álbum, “Astronauta Tupy” (1997). A propósito, PLAP voltam a actuar esta noite, num concerto maior, na Festa da Cerveja, no Castelo São Jorge.

CHUVA DE BALA
(Pedro Luis)

Amor tá chovendo bala
Abre a janela prá não quebrar
(as vidraça)
Recolhe as coisa da sala
Maloca as criança por trás do sofá
(e passa a usar)
Guarda-chuvas de aço
E o peito blindado pro coração não sangrar
Tatuagens no braço
De balas passando rentes qual facas no ar
Há nuvens tão carregadas
Rajadas são trilha sonora do day by day Ôoo...
Guarda-chuvas de aço
E o peito blindado pro coração não sangrar
Tatuagens no braço
De balas passando rentes qual facas no ar
Chove, chove, chove, chove, chove
Chove bala Chove, chove, chove
Chove sem parar

quinta-feira, julho 03, 2003

Não, Carlos, eu não posso ser teu adjunto no Real. Não insistas, pá. Olha lá, por que é que não convidas o Nelo ou o Peseiro? Ou o Neca? E também podias levar o Beto. E o Manel. E o Zé. E a Ti Maria. E o Quim. E o Manecas. E o Tozé. E o Zé Tó. E o Xico. E o Rafa.
Os Donos do Garfo



Nome: Stadin Kebab
Designação: Cadeia de “fast food” à moda do Médio Oriente
Local: Kaivokatu 8 (e outros três locais), Helsínquia
Página na Internet: www.maviakdeniz.com/stadin/main.html
Preço médio: 8 euros
Classificação: 5

Continuando em Helsínquia, uma opção para quem não tem preconceitos em relação aos restaurantes de tabuleiro e quer comer relativamente barato é o Stadin Kebab, uma cadeia com quatro estabelecimentos na capital finlandesa. Por menos de 10 euros, o que naquela cidade é um achado, é possível escolher alegada “comida rápida do Médio Oriente” de uma vasta lista... que anda sempre à volta do mesmo: kebab ou falafel. As doses são tremendas – dão bem para duas pessoas – e acompanham salada e uma montanha de arroz e/ou batatas fritas (tipo McDonalds), mas também há a versão pita. Recomenda-se o molho de alho (o molho picante é basicamente ketchup apimentado). Para economizar uns tustos, há o esquema do menu, que acompanha Pepsi, 7up, ou outra coisa do género. Não é lugar onde se queira voltar, mas não deixa de ser curioso observar como alguns frequentadores conseguem ingerir aquelas doses cavalares sozinhos – vimos alguns limpando o fundo do prato com as últimas batatas.
Favor não ler este post se não for da Judiciária

(é só para a judite que pode estar a escutas ao blogue, tipo ouvido encostado ao monitor)

Não somos pedófilos. O bónus é apenas uma piada e só mentes com bué imaginação poderão fazer associações deste género.
Outra pérola de sabedoria minóica:

" Meus Deus dai-me sabedoria para entender o meu chefe, porque se me deres
força, dou-lhe uma carga de porrada!!!"
Os Donos da Bloga falharam

O Ernesto ontem prometeu que haveria gajas nuas à tarde, mas como não é nenhum ás do html delegou em mim a tarefa. Ontem, não tive tempo. Mas, os nossos leitores é que não têm culpa e a verdade é que, crentes na promessa de Ernesto, fizeram-nos bater ontem o nosso recorde de visitas diárias, fixando-o agora em 304. Em homenagem a eles, aqui fica cumprida a promessa de Ernesto, com gajas nuas (mais juros de mora). Deliciem-se:

Gaja nua 1


Gaja nua 2


Bónus

quarta-feira, julho 02, 2003

Recebi esta mensagem por mail e achei piada:
"O duro não é carregar o peso dos cornos. Duro é... sustentar a vaca".
Desabafo

Dâssssssssss!!!... Hoje passei o dia todo a cobrir um encontro de associações imobiliárias, tendo de gramar com uns grunhos da gravatinha às bolinhas as discutir se o sector se deve ser auto-regulado, regulado ou não regulado de todo. Quem foi que disse que esta profissão era interessante?

PS: Preferia ter a do Mexia, seja lá ela qual for!
Eu estou com a Maria: acho esta discussão um bocado estéril e parece-me que não vai levar a lado nenhum. Qual a intenção?: traçar a fronteira entre quem é bom jornalista e quem não é? Perceber quem é jornalista e quem não é? Saber quem tem carteira e quem não tem? Definir jornalismo?

O bom jornalismo não precisa de ser anunciado ou premiado (foi triste ver os jornalistas que estiveram no Iraque serem gratificados pelo PR). O mau jornalismo normalmente denuncia-se a si próprio: quando é “divertido”, por exemplo, ou quando é “incisivo”, no sentido de ser movido por causas muitas vezes obscuras.

O Pedro Mexia tem um ar asqueroso, com aquela barbicha loura de marialva, escreve num semanário de direita de má reputação e tem um blog com visibilidade, descreve os jantares com os amigos como se fossem coisas importantes, tem a mania que é engraçado, arma-se em cavaleiro andante da direita contra a esquerda... E depois? Qual é o problema? Onde está o perigo? Qual a causa para tanta embirração? O homem é inofensivo, não passa de um sujeito com opinião sobre tudo, que a publicita nos meios onde o deixam (jornal) e onde quer (blog) fazê-lo. Acho que são vocês que lhe estão a dar demasiada importância e a transformá-lo em mais do que aquilo que ele é.

Pior do que o “fenómeno Mexia” – porque sabemos quem é, de onde vem e para onde vai – é a acção política encapotada de jornalismo, a intriga partidária feita nas páginas dos jornais, os jogos de bastidores patrocinados e estimulados pelas redacções, os jogos de poder, as pressões (a que muitas vezes se cede), os interesses, o abuso das fontes anónimas, a opinião mascarada de informação... tudo feito de forma mais ou menos subtil, subreptícia, a coberto de jornalismo.

PS: tal como a Maria, também não sou namorado do Pedro Mexia, nem primo, nem amigo, nem conhecido...
Mariazinha

(perdoa-me o diminutivo, mas é dito com carinho)

Ser jornalista é uma profissão como todas as outras. O que não quer dizer que seja necessariamente má, mas tem as suas regras e nem sempre existem condições ou tempo para fazer aquilo que nos dá mais gozo. Quando critiquei o Mexia foi no contexto da pretensa oposição que ele e outros iluminados (sem ser no sentido pejorativo) da blogosfera criaram entre a imprensa e os blogues. Admito que possa existir alguma rivalidade, oposição ou complementaridade entre os textos de opinião dos jornais e os blogueiros nacionais mas nunca com os jornalistas.

É que, na blogosfera mas também no resto da sociedade, confunde-se a árvore com a Amazónia e chama-se jornalismo a tudo, mesmo aquilo que não o é nem (se calhar) o pretende ser. Quisemos (eu e o Ernesto) colocar os .. nos is sobre esta matéria. Os blogues dão opinião, se bem que em muitos casos baseada em factos, tal como os opinion-makers na imprensa. Mas a imprensa tem um pormenor chamado notícia que não pode ser confundido.
Maria dixit: "A julgar pelos teus lamentos ser jornalista é a maior seca do mundo. Com a agravante que faz o que lhe mandam. Eu também sou jornalista. Há, claro, assuntos sobre os quais não nos agrada escrever. Mas este trabalho é mesmo assim e às vezes (não muitas) temos de engolir sapos".
Não tenho essa sorte. Engulo mais sapos (às vezes com nenúfar e tudo) do que aqueles que queria. E olha que não estou a falar de atentados graves contra a minha consciência com os quais (felizmente) nunca fui confrontado. Falo apenas de muitos comunicadozinhos da treta, declarações hemorroidais de cromos sem neurónios e políticos de pacotilha que dizem mal uns dos outros à frente mas depois convidam-se todos para os casamentos e despedidas de solteiro. Sem falar na tragédia do homicídio de faca e alguidar em que temos de saber pormenores ridículos apenas porque o chefe os quer mas nunca levantou o cu para ver o país real.

Estou farto mas reconheço que é isto que a sociedade nos dá para noticiar. E quando damos o passo para a opinião deixamos de ser olhados pelos leitores como um relator de factos mas apenas mais uma da estrelas dessa constelação de vaidades que pululam nas páginas, com fotografia no canto do texto (em poses um pouco rotas, como diz o Pipi).

Deixei-me de ilusões o que não quer dizer que prefira ser jornalista a qualquer outra profissão. Mas não deixo de ter a consciência de estar numa máquina centrifugadora de pessoas que, em muitos casos, cerceiam as suas vidas pessoais apenas por uma cacha.

É por isso que gosto dos blogues. Dão-me a liberdade de vomitar uma conjunto de bestialidades (palavra que tanto deriva de besta como de bestial) anódinas.


PS: Apesar de tudo, também quero beber um copo contigo. Também estou apaixonado e sou mais bonito que o Vostradeis