terça-feira, agosto 24, 2004

Táxi drástico - Filosofia de praça



Taxista de Lisboa, na casa dos 50, contando como faz para evitar os assaltos - em 30 anos de carreira, alegadamente não terá sofrido nenhum:

"... Tenho tido sorte, mas não é só sorte. É saber evitá-los. Eu topo-os ao longe e podem chamar à vontade que eu faço de conta que não os vejo. Pretos e ciganos tá quieto, vai lá, vai. Se tou parado numa praça e vêm pretos a pedirem para os levar para bairros manhosos eu digo logo 'isto aqui é assim, ó amigo, eu praí não vou'. E isto não é recusar serviço porque eu digo 'se quiserem deixo-vos no Rossio' e se eles aceitarem, muito bem. Senão, a mim ninguém me obriga a sair da praça. Ainda se for só um preto é como ò outro. Isto, sabe que um preto sozinho é um cordeiro. De dois pra cima é que já começa a ser um problema..."
Holocausto açoriano III



A guerra civil prossegue nos Açores. Eis as últimas do nosso agente infiltrado na polícia secreta de Ponta Delgada:

Esquadra Sede
Foram denunciadas duas mulheres, de idade desconhecida, representantes da empresa "Goldenflex" por terem burlado outros indivíduos em causa, com a venda de um colchão no valor de 4320,00 euros.

Esquadra de Ribeira Grande
Foi denunciado um indivíduo, de idade desconhecida, por ter cometido o crime de ofensas à integridade física de outro indivíduo, com uma arma branca (catana), do qual resultaram ferimentos graves, ou melhor, um antebraço partido e um corte na face.

Esquadra de Lagoa
Foi detido um homem, de 19 anos de idade, por injúrias a um Agente de Autoridade e por ter causado danos materiais em viatura policial.

quarta-feira, agosto 18, 2004

Preâmbulo

Do arrazoado de estrumeira verbal debitado lá em baixo pelo Carcaça, só há um ponto verdadeiramente importante: a Gina. O Carcaça tem fãs?! É aquele estilo dele, intelectual de Kerouac e Derrida no bolso, que faz com que elas julguem que ele é *um tipo sensível*. Não te deixes levar Gina, que o homem só lê a Bola e a revista VIP.



Fahrenheit Teolinda - Alhos, bogalhos, e...

O nosso DJ volta à carga, mas começa muito mal, porque usa a táctica mais velha do mundo:

selecciona algumas frases, retirando-as do contexto

Oh Carcaça, isso está abaixo do teu nível! O truque do fora do contexto é mais velho que o cagar! É a desculpa mais esfarrapada de quem não sabe o que responder!

É como o Goering no julgamento de Nuremberga...

Sim, disse a herr Hitler *temos de matar os judeus todos até não restar mais nenhum desses schweines*, mas está a tirar a frase do contexto, eu estava na verdade a propor aumentar o nosso orçamento de construção de sinagogas.

...ou um político de segunda classe que se arrepende do que disse quando lê as suas cavaladas em papel:

Quando eu afirmei que o Presidente tem a mioleira de uma vaca excêntrica de Cambridge, o jornalista interpretou mal o que eu queria dizer.

É indigno Carcaça, sobretudo porque no meu Fahrenheit anterior eu citei o teu texto quase inteiro - não havia mais contexto nenhum para deixar de fora! Se eu quisesse citar-te fora de contexto, fazia assim:


sou um radical de esquerda sem tolerância pelas opiniões dos outros


E pronto, cá está o homem enrolado nas suas próprias palavras. Também podia, com um pouco mais de corta e cola...


vou
convencer
A Gina
e
uma amiga
fácil
a
fazer um trabalho correcto
mas
o caralho
já não dá vazão


...elucidar o povo sobre as tuas tendências depravadas. Também podia pegar num dos teus outros posts...


Estes gajos vendem a religião, vendem primeiros-ministros, vendem pagode e futebol. Terão jeito para a coisa, mas a mim irrita-me o registo.


...para sugerir que tu és um xenófobo lepénico em potência. Mas nós estamos acima disso. O fora de contexto é grave, mas há pior.

A matriz do Público é o El Pais (isso vê-se em certas secções do jornal português, que são quase um copy paste mal feito do diário madrileno). E qual foi a matriz do El Pais? Certamente que o Le Monde dos tempos áureos foi uma referência importante

Oh porra, mas que é que a porra dos outros pasquins têm a ver com a conversa, porra? Eu escrevi que gosto do Le Monde, e a ideia era que o Le Monde, tal como outros bons jornais franceses, tem uma clara perpectiva política. É um jornal engagé.

O Le Monde ou o Libé, ao contrário do Humanité, que também não era chamado à conversa, têm uma perspectiva e uma ideologia, sem serem porta-microfones de patrões políticos.

Mas disto o Carcaça não fala. Em vez disso, pega em mais bogalhos sob a forma do Mário Mesquita e da Bélgica, que estavam muito bem no seu lugar e não tinham de ser arrastados para a conversa.

A seguir...

E daqui, querida Gina, chegamos à questão da "escola americana"
Aqui, Tiberius faz uma extrapolação . Acha ele que eu acho que o jornalismo americano, como tudo o que é americano, é mau, até maligno


Tiberius não fez extrapolação nenhuma. Tiberius (que começa a achar muito divertido falar de si próprio na terceira pessoa) limita-se a notar que Carcaça usa americano como insulto. Voltem lá abaixo a uma das ejaculações anteriores do Carcaça, e vêm que é assim.

É mais um caso de bogalhagem, e os bogalhos continuam a chover:

Tiberius parece confundir esferas

Com esta tirada lapidar, Tiberius fica de facto com as esferas confundidas.

eu nunca disse que o ensaio que a Naomi escreveu é descomprometido (e também não digo que todo o jornalismo de causas seja mau

Tiberius também nunca disse que tu tinhas dito que ensaio da Naomi é descomprometido. Tiberius disse que o ensaio da Naomi é uma merda. Do jornalismo de causas, ainda ninguém tinha falado.

Uma coisa é o domínio pessoal, uma conversa de amigos (que, no fundo, é o que este blog despretensioso é. Aqui podemos ser todos reis do bitaite), outra coisa é o que se publica num jornal que vai ser lido por milhares.

O regresso dos bogalhos: o problema da Naomi e do Moore não é as coisas serem publicadas num blog ou num jornal. Não é eles mandarem bitaites. O problema é a reacção do Carcaça à manipulação e à demagogia.

O Carcaça dizia, no tal post lá no fundo, que as tropelias do Moore e da Naomi não fazem mal porque contribuem para derrotar o idiota. É a lógica de os fins justificarem os meios, que dá sempre mau resultado.

nunca disse que o que o Moore faz é jornalismo

Tiberius (hehehe, isto é giro) nunca disse que tu disseste. Mas a tua resposta bogalhosa é sintomática. Ou seja, o Moore pode dizer as alarvidades que quiser, como não é jornalista não faz mal. O Carcaça acha que só os jornalistas é que estão obrigados a ser honestos.

o mesmo que pensar que ao comunicar-vos que vou agora mandar um sms à Gina para ver se ela quer vir comigo a um recital de Teolinda Gersão vos estou a insultar.

Teolinda Gersão? TEOLINDA GERSÃO? TEOLINDA GERSÃO?!?! Carcaça, foste longe demais!!!!! Agarrem-me que eu mato-o!!!! Teolinda Gersão? Mas julgas que estás a falar com quem?! Este blog é lido por crianças, sabias?!


Bom, Carcaça, no espírito olímpico digo-te que o teu Fahrenheit não foi muito mau, mas na sua bogalhada deixou muito a desejar. É assim como uma prova de patinagem artística em que dançaste com música do Georgio Moroder, fizeste umas piruetas engraçadas, mas caíste de cu no triplo Axel. Nota do juíz da Letónia: 7,5.

A nota sobe se puseres online a foto da Gina. Enfim: bem hajas Carcaça.

P.S: Vostra, toca de arranjar um login de convidado à Gina.

terça-feira, agosto 17, 2004

Audrey



A verborreia Carcácica atirou muito para baixo a imagem dela, por isso cá está outra.

P.S.: Carcaça: isto está a ficar uma polémica gira, sim senhor. Deixa-te lá de mariquices que isto aqui não é um salão literário, se é para haver bordoada é para haver bordoada a sério. Mas a tua resposta teve a sua graça, pronto. Há-de ter contra-resposta, não imediatamente, mas dentro em breve, não perdes pela demora. Cumprimentos à Gina.
Pastéis de vento
pérolas da sabedoria zen



O monges Tanzan e Ekido viajavam juntos por uma estrada lamacenta, debaixo de uma chuva forte e persistente. Quando numa das curvas da estrada encontraram uma jovem adorável, vestida com um quimono de seda e uma faixa. A moça não conseguia atravessar o cruzamento.

"Venha cá, menina", disse Tanzan imediatamente. E levantando-a nos braços, carregou-a através da lama.

Apesar de incomodado com a atitude do companheiro, Ekido nada disse até ao cair da noite, quando chegaram a um templo com pousada. Nessa altura, não mais conseguiu conter-se. "Nós, monges, não nos aproximamos de mulheres", disse a Tanzan, "sobretudo das jovens e graciosas. É perigoso. Por que fizeste aquilo?"

"Nós somos monges", disse Tanzan. "Não amigos do Paulo Portas."

sexta-feira, agosto 13, 2004

Audrey

Interrompemos a nossa programação habitual para um breve instante de contemplação. A grunhice segue dentro de momentos.



Se nunca a viram como Holly Golighty no Breakfast at Tiffany's ou como Eliza Doolittle no My Fair Lady - não sabem o que perdem.
Fahrenheit Carcaça II - Ora zumba no Carcaça

Apesar dos louváveis esforços do Vostra para censurar o Carcaça, o ND continua a ser um espaço de discussão livre, aberta e civilizada, em que todas as controvérsias são para debater até que cada orador esteja a arremessar insultos ou objectos afiados ao seu adversário.

Antes de tudo - os bolds caralho, ponham as merda dos bolds nos títulos que não custa nada!

Vamos então todos juntos desconstruir o último opus carcacio:

Na essência, não estamos em desacordo

Com este floreado aparentemente inócuo, o nosso DJ quer na verdade dizer "Ernesto e Tiberius, sois umas bestas". É um bom começo.

já contaminado pelo estilo americano

Aqui o nosso valente começa a abrir o jogo, seguindo uma corrente muito popular hoje em dia de empregar "americano" como insulto, como se dissesse "nazi" ou "pedófilo". Mas adiante.

É claro que não há objectividade! Mas há regras que permitem que o jornalismo seja o mais objectivo e imparcial possível

Gastei eu preciosos trinta segundos da minha vida lá em baixo a descrever as canecas do Ernesto e as colheitas de arroz dos chineses, e o homem insiste na mesma. Mas adiante outra vez.

Mantenho que disse: sou da "escola francesa" e não gosto muito de jornais que defendem causas políticas

Esta da Escola Francesa não pode passar.

Oh Carcaça, queres jornais mais politizados que o Le Monde? Ou o Figaro? Ou o Canard Enchainé? Haverá jornal que seja mais abertamente partisan e ideológico que o Libération? O que não implica que estes jornais não sigam a cartilha de...

ouvir o contraditório, o citar (em vez de mandar bitaites)e, muito importante, dar espaço a fontes com opiniões contrárias às que o jornalista pessoalmente defende

...e sejam jornais muito decentes e apreciáveis, como os jornais de que eu falava. Na minha lista já não entra o Le Monde Diplomatique, esse sim um pasquim panfletário, que...

se gostas de ler o "Jogo", estás à vontade

...eu não gosto particularmente de ler, mas desconfio que o nosso DJ gosta. Mas na mundivisão Carcaça, ou se é da Escola Francesa (trata-se da Escola Secundária número 62 de Rennes), ou se é leitor do Jogo.

A escolha do Jogo também é reveladora. Carcaça, contaminado pelo olissipocentrismo (fui eu que inventei, e acho bonito) do Bairro Alto, mete-se com o insignificante Jogo, cuja circulação é um mero pinguinho comparada com a da Bola ou do Record - esses sim, devem ser orgulhosos representantes da Escola Francesa (vertente Universidade Aberta de Caen).

Mas isto é a minha opinião. Como diz o outro, podem haver outras.

Carcaça volta aqui à sua melhor forma, com um remate pseudo-humilde que mata dois cajados dialécticos com uma coelhada verbal só.

Primeiro, é novamente uma versão codificada de "ide-vos todos foder"; depois, é uma paráfrase requintada para apelar às simpatias do eleitorado mais rotundo do Núcleo.

Em jeito de parting shot, Carcaça lança...

Bem hajam.

...o que, claramente, significa "vão para o Inferno ser enrabados pela verga de Mefistófeles". Mas Carcaça não se contém, e pontifica em PS:

- eu não tehno nada contra os bm´s, até gosto. Era só uma imagem alusiva a certos empresários que os conduzem e que estão sempre dispostos a sacrificar o jornalismo em prol do lucro fácil

Uma tirada anti-capitalista fica sempre bem, e o Carcaça ganha pontos por louvar a excelência da tecnologia alemã. Mas logo descarrila:

práticas despuduradas das multinacionais, tão bem descritas no livro "No Logto", de Naomi Klein

A Naomi Klein descreve tão bem essas práticas despudoradas como o DJ escreve o nome do livro dela.

Para quem tenha a felicidade de não conhecer a peça, a camarada Naomi é uma pseudo-feminista vinda do mundo ultra-politicamente correcto das universidades americanas, que escreveu um livrito sobre globalização com a mesma profundidade e clarividência que as letras dos Rage Against the Machine.

A favor da Naomi há o facto de que, na sua juventude, ela era muito agradável aos olhos - esta foto não lhe faz justiça:



Mas os melhores anos dela já passaram, e ultimamente ninguém lhe liga nenhuma, excepto há uns meses quando ela denunciou o Harold Bloom (um dos maiores críticos literários de língua inglesa, e aparentemente um tarado de primeira apanha) por lhe ter galado o rabo em 1982.

Ernest - eu não gosto por aí além do Michael Moore.

Ainda bem. Já se viu que por aqui ninguém é fã.

Mas acho importante que, nos dias que correm, haja uma figura como ele. O idiota tem que cair e ele ajuda.


O verdadeiro Carcaça revela-se aqui em toda a sua glória. O Moore pode não...

ouvir o contraditório, o citar (em vez de mandar bitaites)e, muito importante, dar espaço a fontes com opiniões contrárias

...mas como é um demagogo do mesmo lado da barricada que o Carcaça e a Naomi, não faz mal, até é bom que exista. Isso da objectividade e da honestidade e não sei quê é tudo muito bom, mas o Moore tem direito a um desconto porque é preciso educar o povo que, como é do conhecimento geral, é burro.

O idiota tem que cair e ele ajuda.

O pior é que o Moore não ajuda, antes pelo contrário: demagogia e sensacionalismo só servem para fomentar mais demagogia e sensacionalismo.

Para concluir o post numa nota positiva, e como não encontro na Internet fotos da Naomi Klein nua, tomem lá isto, que ajuda mais a tratar do Idiota: GeorgeWBush.org. É mais divertido e mais educativo que o Moore.

Carcaça, agora precisamos de uma resposta! Ou te sai daí uma descompustura verbal à maneira antiga (nada de citar Naomis nem Moores, tem de ser prosa autêntica, original e com verve), ou então temos de partir para a violência física: arcabuzes (ou canecas) a dez passos.

quarta-feira, agosto 11, 2004

Abaixo a censura!



Não concordo com a decisão da revista "Focus" em publicar as gravações roubadas a um jornalista do "Correio da Manhã", mas a forma como as autoridades resolveram impedir a publicação, parando as rotativas, abre um perigoso precedente...

Mas Atenção!!! Estes gajos conseguiram as famosas gravações e preparam-se para revelar tudo online. Vai ser uma bomba! Viva a democracia!!!

terça-feira, agosto 10, 2004

Atenção: Para saltar as baboseiras do DJ Carcaça e ir directamente ao que interessa, clique aqui.
Alô alô, marciano!



Finalmente uma causa nobre. Um grupo de brasileiros resolveu lançar um abaixo-assinado pedindo ao governo que pare de ocultar o seu conhecimento sobre as "observações cada vez mais constantes de discos voadores nas mais diversas regiões do país e do mundo."

O movimento UFOs, Liberdade de Informação Já afirma: "o Brasil tem riquíssima, profunda e diversificada casuística ufológica, reconhecida até mesmo no exterior. É em nosso Território que os casos mais importantes da Ufologia Mundial ocorreram e foram por nossos ufólogos civis, com muito esforço, investigados". O ND recorda o famoso caso ocorrido na cidade mineira de Varginha.

Em homenagem a esse ilustre grupo de curiosos defensores de tão nobre causa, aqui fica uma das fantásticas letras que Charles Thompson, o maior letrista que conheço, escreveu quando resolveu lançar a sua carreira a solo com o nome de Frank Black, depois de deixar os Pixies:

Parry The Wind High, Low

And if a ship meets your car
You know you can't go real far
Well they could treat you real nice
Or put a tracking device
Way down inside

I'm checking out inventions
at the UFO convention tonight
Planes above the Hilton make it sunny
Brought my money tonight
Blue blond ladies of abduction
strumming guitars of instruction tonight
A lot of wannabe truckers
Making eyes with starfuckers tonight

I've got my hands on some sights
Electric glasses with lights
They got me feeling deluxe
For just a couple of bucks
Way down inside

I'm getting patterns from a trekker
And it sounds like soul records to me
They're waving hi from some gazebo
Waving on to Arecibo to me
I'm getting patterns from a trekker
And it sounds like soul records to me
I'm getting patterns from a trekker
And it sounds like Desmond Dekker to me

Sleep machine
In your silo
Transmarine
Things you've never seen

Parry the wind high, low

sábado, agosto 07, 2004

Holocausto açoriano II



As autoridades têm conseguido abafar o ambiente de quase guerra civil em que se encontram os Açores, mas o silêncio que paira nos media sobre o assunto é agora quebrado de forma estrondosa pelo Núcleo Duro. A nossa fonte infiltrada no Comando de Ponta Delgada da PSP continua a enviar-nos informações espantosas sobre o estado de sítio em que se encontra o arquipélago. No último relatório secreto da polícia, figurava uma história bem exemplificativa da situação:

"Esquadra da Ribeira Grande

Foi elaborada uma participação por um menor de 14 anos de idade, do sexo masculino, ter furtado do interior de um veículo, por meio de arrombamento uma máquina fotográfica, um par de óculos 2 isqueiros e 2 navalhas tudo avaliado em 138,00 euros."

De notar que entre os objectos furtados encontravam-se duas armas brancas, ou seja, os criminosos até já se estão a atacar mutuamente. É A ANARQUIA TOTAL!!! O ND já apurou que, nos Estados Unidos, a administração Bush já está a ponderar uma acção militar de ocupação das ilhas portuguesas. Michael Moore já se encontra nos Açores para filmar imagens que pretende incluir no seu próximo documentário "Queijo Flamengheit 9/11".

sexta-feira, agosto 06, 2004

Pastéis de vento
pérolas da sabedoria zen



Quando o aluno está pronto
O professor aparece

... na TVI, a fazer comentários lapalicianos e graçolas desnecessárias.

quinta-feira, agosto 05, 2004

Ora no Ernesto zumba

Ora gasta um gajo dez minutos da sua vida a expor argumentos numa série de parágrafos todos cuidadosos, dá-se ao trabalho inédito de reler o que escreveu, e depois a resposta que tem a uma prosápia tão filosofada é o Ernesto a dizer:

-a caneca é azul, é azul, e pronto.

Com o Ernesto, as coisas são como são, uma caneca é uma caneca. Não há nuances, não há perspectivas, não há subtilezas. Se eu digo que aquilo é uma caneca, não há mais nada a dizer.

Na mundivisão do Ernesto, a verdade é só uma e é absoluta. Essa certeza messiânica lembra-me de vários gajos que nunca se enganam e raramente têm dúvidas. Aposto que as canecas do Cavaco e do Bush também são azuis.

PS: Oh Ernesto, estares numa fase fundamentalista é lá contigo, mas ao menos põe a tag do bold no título caramba, não custa nada e fica mais bonito.
A caneca do Ernesto é azul II



Uma caneca azul em cima de uma mesa não é sempre uma caneca azul em cima de uma mesa. Uma das primeiras lições que eu tive de jornalismo foi no ciclo, e valeu mais que as outras todas daí por diante.

O professor mostrou à turma um vaso com um manjerico - mas podia ser uma caneca, azul e tudo - e pediu aos putos para a descreverem. E nós descrevemos: é um vaso com um manjerico.

Depois o gajo virou o vaso. No lado que não estava virado para nós havia um autocolante, com uma mensagem qualquer lá escrita. Ou seja, quem estivesse a ver o vaso de frente descrevia uma coisa; quem visse o outro lado, descrevia uma coisa diferente.

A história da objectividade é como o vaso, e a caneca. Depende de onde está o observador. E como o observador não é um robot, a forma como ele vai descrever a caneca tem a ver com os conhecimentos, as inclinações, a ideologia dele.



Imaginem outra caneca azul. Imaginem que tinham uma estatística que dizia que há 100 milhões de pessoas com fome na China.

Descrevendo a caneca de uma maneira, pode-se escrever uma notícia assim: "Há 100 milhões de pessoas com fome na China."

Descrevendo a caneca de outra maneira, pode-se escrever a história assim: "Número de pessoas com fome na China reduziu-se 95 por cento em dez anos."

(Estou a inventar os números, não faço ideia de quantos chineses há com fome ou de quantos havia há dez anos, não interessa para o caso, os chineses estão aqui só a fazer de caneca ? caneca azul, atenção.)

Ambas as histórias seriam verdadeiras. Ambas as canecas seriam azuis. Ambos os observadores seriam honestos e estariam a contar a verdade. Mas, porque a perspectiva variava, uma caneca era mais azul que a outra.



A caneca do Ernesto é azul I

Isto estava a precisar de animação, e cá temos uma bela controvérsia. Infelizmente, o Ernesto bateu-lhe com a sua costela académica, e tentou logo elevar a coisa acima do nível de sarjeta, o que é mau. Vamos lá levar a conversa para o lugar dela.

Primeiro: diz o Ernesto...

Ao contrário do que o Tibas diz

...sem que eu tenha dito tal coisa. Não disse em lado nenhum que achava que a imprensa à maneira antiga é que era bom. Também acho muito bom que a imprensa tenha ultrapassado a fase em que todos os jornais eram militantes e alinhados.

Isso não significa que todos os jornais e todas as televisões tenham de ser uma espécie de castrati sem qualquer perspectiva política.

O Independente há muitos anos, quando começou, era um bom caso português. O jornalismo deles tinha muito que se lhe diga, e não serve de exemplo; mas o jornal, nessa altura, tinha uma inclinação clara - era de uma certa direita anglófila, tinha um conjunto de valores, uma perspectiva.

Nos seus dias bons, O Independente era um jornal com um ponto de vista, mas que batia na mesma nos seus presumíveis aliados políticos. Eu não acho mal que haja jornais com uma ideologia, como era O Independente nessa altura, desde que expliquem claramente ao que vêm e sejam honestos.

A melhor publicação que eu conheço é a Economist. A Economist tem um conjunto de princípios políticos muito claros. É pró-democracia, pró-mercados livres, pró-liberdade intelectual, pró-modernidade. Tem uma ideologia humanista, libertária e liberal (no sentido clássico da palavra).

Isso não impede que a Economist seja excelente, rigorosa e perfeitamente independente. Muitos dos artigos da Economist são editorializados - por exemplo, se eles estiverem a escrever sobre os antiglobalização (olá Carcaça), deixam bem claro que não são a favor dos antiglobalização. Se estiverem a escrever sobre o Robert Mugabe, deixam claro que acham o Mugabe um gangster doidivanas.

Mas isso não quer dizer que a Economist não explique seriamente aos leitores quais são os argumentos dos antiglobalização ou do Mugabe. Conta a história, dá todos os lados do assunto, e eventualmente acrescenta o seu ponto de vista. É honesta e respeita as regras de equidade. Ter uma ideologia explícita não a torna incompetente ou propagandística.

Nem todos os jornais nem todos as televisões devem ser como a Economist, não podem nem devem. Mas não há mal nenhum em que alguns jornais e algumas televisões sejam assim.

Da mesma forma, não tinha mal nenhum que a Fox News tivesse uma perspectiva; que fosse um canal de direita, com um certo número de princípios, com uma ideologia. Era isso que dizia o homenzinho que falava no artigo do pasquim citado pelo Carcaça.

O problema da Fox News é que a coisa não funciona bem: a ideologia contamina todos os aspectos do noticiário deles, a Fox não é isenta, nem honesta, nem responsável. Mas usar a Fox para teorizar sobre os media em geral também não é justo, porque a Fox News é um exemplo ímpar e desvairado de televisão tablóide.

E com isto nem cheguei à caneca do Ernesto, que sendo uma caneca das Caldas deve ser imprópria para menores, e sendo do Ernesto deve ser pequenina. Mas já lá vamos, já lá vamos.
Núcleo alerta!



A já amplamente reconhecida vertente de serviço público do Núcleo Duro é alvo de cada vez mais pedidos de ajuda de cidadãos em dificuldades. De todo o país, chegam-nos mensagens de correio electrónico de gajos que chagaram a pensar que estavam fodidos, quando descobrem em nós uma luz ao fundo do túnel, uma oportunidade de fazer ouvir a sua voz. A todos esses amigos, o ND orgulha-se de dizer: VOCÊS TÃO MESMO FODIDOS!!! É que nós aqui só vamos publicar os apelos mais caricatos e engraçados. Tão a pensar que esta merda é o quê? Noticiário da TVI? Aqui fica o primeiro:

"Idosa necessita de ajuda

Venho por esta via comunicar-vos e solicitar-vos ajuda na divulgação de uma situação de uma Senhora Viuva idosa e Obesa moradora na Trafaria que necessita urgentemente de auxilio dado que o seu estado de saude degrada diariamente e cada vez mais se aproxima a possibilidade de imputação dos seus membros inferiores. Para alem da obesidade que a impede de se movimentar, mora no 1ºandar numa casa em risco de ruir a qualquer momento com umas escadas de madeira ameaçadoras as quais esta idosa não se arrisca a tentar subir ou desce-las. A familia de poucas posses já tentou de tudo perto da junta de freguesia, Camara M. Almada, paroquia da vila mas sem qualquer resultado ou resposta. Mais uma vez os nossos representantes governamentais não dão ouvidos a quem realmente necessita de ajuda. Resta solicitar os vossos meios de informação afim de minimamente tentar colocar esta pessoa num local seguro e de facil acesso para a sua locomoção.

Nome da Idosa : Luisa Rodrigues

Morada : (não disponivél) Fica na rua que desce do largo da Igreija para a lota-pesca da Trafaria (casa degradada bastante visivel)"

Caro amigo, o ND aconselha-o a pedir ajuda é ao dicionário de português. "Igreija"? "Disponivél"? Francamente, deviam "imputar" era a mão de quem trata assim a língua portuguesa.

quarta-feira, agosto 04, 2004

Não comi e não gostei



O novo carocha

Estava o Carcaça a falar mal dos BMW, e eu lembrei-me de um outro carro alemão que merece censura: o novo VW carocha. Na Europa, não foi grande sucesso. Na América, pegou.

Mas qual é o mal do carro? Nenhum, mas irrita-me ver a bastardização do carocha. O original era, como diz no nome, o carro do povo. Um carro simples, honesto, resistente.

Era feio, mas não tinha pretensões. Era pequeno, e com orgulho. Não tinha luxos, mas também não era preciso. Uma parte significativa da população ocidental foi concebida nos bancos de trás desses VW. Era o Rolls Royce de uma bela geração de carros utilitários que nos deu outros respeitáveis ícones como os Citroen 2CV e Dyane, o Mini Cooper (e não me falem nos novos Minis - urgh), o Fiat 600 ou a Renault 4.

É o carro do jovem privilegiado por excelência. Nunca vi ninguém a guiar um novo carocha que tivesse mais de 30 anos. Quem tem o novo carocha é um gajo (ou gaja) que o comprou porque acha que ele é giro, que é bonito, que é muito design.

Na maior parte dos casos, quem o comprou na verdade foram os pais dos condutores. Os filhos vão ao volante para comícios anti-globalização. O VW carocha versão anos 90 é um carro de yuppies, e de yuppies geração rasca.

Nunca pus as unhas num dos novos carochas, mas também não quero. Dêem-me antes um BMW topo de gama. Não guiei e não gostei.
Fahrenheit Carcaça

Amigo Carcaça, temos de polemizar outra vez. Escreve vocelência que o mais estarrecedor é a reacção ao Outfoxed do comentador da Fox News:

"Dizer que esta estação promove a perspectiva republicana é como dizer que o Papa é católico, isso é evidente. A prática de fazer jornalismo com um ponto de vista é normal nos EUA (...) Esta é uma estação cujos espectadores na sua maioria esmagadora são republicanos. Por isso, a Fox News faz uma programação virada para esses espectadores, Que é que isso tem de especial?"

O homem não está de facto a dizer nada de especial. A ideia de fazer jornalismo com uma perspectiva não é nova, nem original.

A imprensa moderna nasceu nos séculos XVIII/XIX, e nessa altura os jornais tinham todos uma perspectiva política. Estavam ligados a um grupo ou a uma facção qualquer. Mesmo hoje, na América e na Europa, a maior parte dos jornais têm uma inclinação explícita.

O Times de Londres ou o Le Figaro são tradicionalmente conservadores. O Guardian ou o Le Monde estão mais de esquerda. Na tradição anglo-saxónica, os jornais têm páginas editoriais que, quando há eleições, declaram apoio a um candidato ou a outro.

Isso não quer dizer que estes jornais não tenham jornalismo isento e de qualidade. O exemplo ideal é o Wall Street Journal: as páginas editoriais e de comentário estão completamente à direita, de um bushismo selvático. Mas as páginas de noticiário são isentas e rigorosas.

O problema é diferenciar claramente entre o que é notícia e o que é opinião. Não é um problema tão fácil de resolver como parece; um jornalista não é um eunuco, e por muito boa vontade que ele tenha, é impossível fazer uma notícia puramente objectiva.

Por isso é que em Portugal, em que os jornais são teoricamente tão imparciais e objectivos como o Espírito Santo (o da Santa Trindade, não o dos bancos), se diz que tal jornal é mais à esquerda ou mais à direita.

Um exemplo disso é o sítio onde foste buscar a frase - ou eu muito me engano ou foste tirá-la a um artigo publicado num certo pasquim aí da terra, artigo que ainda por cima mete a citação fora do contexto.

Metade da programação da Fox é comentário - talk shows em que cabeças falantes (quase todas de direita) botam faladura. Até aí, tudo bem. O verdadeiro problema que o Outfoxed põe é que mesmo na parte de noticiário eles não são lá muito fair & balanced. Mas isso são outros quinhentos.

Agora, caro Carcaça, argumentares com frases tiradas do tal pasquim de má reputação, e ainda por cima rematares com uma citação do Archie Bunker, isso não fica bem.

E esse ódio MichaelMoorista aos gajos que guiam BMs de topo de gama, isso também não está nada bem. Qual é o mal dos BMs de topo de gama? Eu gosto. Se tiveres um, podes dar-mo que eu não me importo.

P.S: Respeito pelo Carrol O'Connor, que era um actor bestial e já morreu.