Proposta de membro honorário
(secção "Água? Queres-me dar água?
Vais para a rua")
A realização de mais uma grande festa do Chão da Lagoa não me deixa dúvidas - Alberto João Jardim merece ser distinguido como membro honorário do Núcleo. Subscrevo à consideração da comunidade os documentos seguintes como testemunho do mérito da candidatura.
No mínimo, os membros do Núcleo devem atribuir ao Alberto João a Grande Ordem dos 31 Copos , máxima condecoração do Núcleo por Feitos de Elevada Grunhice. Proponho igualmente a atribuição da Ordem da Pena Sofredora ao repórter Tolentino da Nóbrega, cronista incansável das tropelias do albertjoão.
As provas:
Jardim bebeu 31 copos para festejar PSD-Madeira
TOLENTINO DE NÓBREGA
O líder madeirense
acha que Mário Soares
e Cavaco Silva são ambos candidatos da situação, "as duas faces do mesmo disco, com a mesma música"
Entre as 10.45 e as 13.00 horas, antes das intervenções políticas, Alberto João Jardim bebeu ontem 31 copos, um por cada ano de existência do PSD na Madeira. Exclusivamente de bebidas alcoólicas. Esteve, como viria a acontecer no discurso, muito mais moderado do que nos anos anteriores, ao passar abstémio em duas dezenas das 60 tasquinhas, com poucas farpas pelo meio.
Recebido no Chão da Lagoa, exactamente às previstas 10 horas e 30 minutos, com girândola de foguetes e toque do hino partidário, o líder do PSD-Madeira agradeceu, em sentido, as honras prestadas por um corpo de bombeiros, perfilhados a rigor desde a chegada dos batedores da PSP que com sirenes anunciavam a chegada do BMW descapotável, com Jardim e seu braço-direito Jaime Ramos, o "Comandante Zero", como seria apresentado pelo presidente.
No ritual da via-sacra de Jardim pelas tasquinhas, o vinho, de várias qualidade e regiões, bateu por 11-9 a cerveja local, seguindo-se cinco whiskies, dois licores, duas ponchas de aguardente, uma ginja e uma sangria. Numa excepção ao consumo de bebidas alcoólicas, provou um sumo de anona, de fabrico regional.
Quando um dirigente concelhio perguntou se queria água, o líder regional reagiu: "Água? Queres-me dar água? Vais para a rua". À volta todos brindavam com o líder. "Mulher comigo bebe". "Beee-be, beeee-be, beeeeem-be".
Na barraca do Porto Santo, canta "Pomba branca", do madeirense Max. Depois "As meninas da Camacha", no respectivo balcão. Quando as militantes da freguesia da Sé efusivamente o recebem, volta a cantar: "Minha mãe casa-me cedo/ que me dói a passarinha./ Oh filha coça c´o dedo/ que também me dói minha"
Na tenda do Jardim da Serra, manda repetir a fotografia, uma das muitas que viria a tirar com simpatizantes e visitantes. "Esta foto não vale. Agora venham as meninas para o meu lado". Para a posteridade pousa com uma continental, radicada há 15 anos no arquipélago. "Viva o Alberto João que fez da Madeira uma nação!", atirou a "forasteira". "Eu também tenho o Continente no coração", acrescentou Jardim.
De imediato aponta para o correspondente de um órgão de comunicação nacional: "Este é daqueles que dizem mal da Madeira em Lisboa. Quando for a revolução será julgado em tribunal popular", sentencia o governante. "Mulher comigo bebe", diz enquanto obsequeia uma jovem jornalista com um copo de cerveja. "Beeeee-be, beeee-be". Presente, Gabriel Drumond, deputado regional conotado com o independentismo, é promovido por Jardim a "herói da resistência".
O presidente faz o seu prognóstico das presidenciais. "Será 0-0", entre Mário Soares e Cavaco Silva, ambos "candidatos da situação", "as duas faces do mesmo disco, com a mesma música". No entanto, admite apoiar qualquer um deles, ou um terceiro (que "por enquanto não estou a ver ninguém"), caso se comprometa a realizar um "referendo constitucional para mudar este regime e desenvolver o país", tema retomada no discurso.
Pelas mudanças na Madeira questionam os jornalistas que o acompanham na ronda. "Eu só saio quando o povo quiser ou eu decidir". "Lá para o ano 2021". "Espero na minha reencarnação ainda ser presidente".
Cumprimenta outra militante.: "Passa também uma cerveja para a minha querida. Mulher comigo bebe". Mais idosa, outra apoiante promete votar em Jardim nas eleições de Outubro. "Em mim? Mas eu não sou candidato! Leve lá uma bandeirinha [laranja] para pôr na sua casa", diz como a premiar o apoio da senhora, "um exemplo para a burguesia cinzenta que não vem cá mas pede favores à Quinta Vigia". Olha à volta, como a confirmar ausências.
No pavilhão de Santa Cruz incita o presidente deposto a apoiar o novo candidato. Nova cantiga: "Casei com um velha/ da Ponta do Sol/ deitei-a na cama/ e o raio da velha/ rasgou o lençol/ (...) Voltei a deitar (...)/ ficou de pernas pr´ó ar".
"Quem é o verdadeiro cavalheiro de Portugal? Quem é? Quem é?". Perguntou e respondeu: "Alberto João Jardim!". E as mulheres repetiram em uníssono: "Alberto João Jardimmmmm!" Do líder nacional Jardim escusou a falar. "Cruzes, não falo de gente ausente".
Quase na ponta final do périplo, Jardim pede os binóculos a um emigrante e, devido à "visão catastrófica do rectângulo", gesticula um manguito "para Lisboa".
"Liberdade para a Madeira", "colonialismo nunca"
Os chuviscos e o nevoeiro, depois de um período matinal bem quente, fizeram baixar a temperatura no Chão da Lagoa quando Alberto João Jardim subiu ao palco, parecendo indiciar um discurso que defraudou as expectativas criadas pela promessa de afirmações "incendiárias".
A declaração de guerra ao "colonialismo" de Lisboa, contra os candidatos presidenciais pró-situação e o apelo à unidade para o combate autárquico na região foram temas recorrentes, praticamente sem qualquer novidade.
Da oposição regional, dos chineses e de Marques Mendes trataram os outros oradores. Jaime Ramos atacou o governo "incompetente e mentiroso", "liderado pela dupla Sampaio/Sócrates", pedindo que o futuro Presidente da República "ponha no olho da rua" o executivo em 2006, enquanto o seu filho Jaime Filipe concluiu que o líder nacional do PSD "não faz falta" na festa, onde "teria muito a aprender".
Jardim subiu ao palco e despediu-se, com "Pomba e circunstância", do compositor Eduard Elgar, director da música do último rei inglês. Ao som da cantata, praticamente a única surpresa do comício, apresentada como "coro da liberdade", o presidente do PSD-Madeira, de braços abertos, implorou aos milhares presentes que "todos dêem as mãos" e gritem "liberdade, a liberdade a que o povo madeirense tem direito". "Portugal sim, colonialismo nunca".
O país, repetiu, "está ingovernável". A sua solução passa pela mudança da Constituição ("a raiz de todos os males"), através do referendo, o que, segundo Jardim é improvável com os anunciados candidatos à Presidência da República, pela esquerda e pela direita, pois o "disco tem a mesma música dos dois lados".
Jardim acusou o PS de "travar os direitos" do madeirenses, de na região estar "aliado à Madeira velha que nos explorava" e de "continuar do lado de Lisboa a querer nos espezinhar". Em suma: "A verdadeira revolução somos nós" e "está na altura de fazermos a mudança que os partidos em Lisboa não querem fazer" ao apresentar tais candidatos a Belém.
Voltou a acusar Lisboa de fazer uma revisão constitucional que não corresponde à vontade dos madeirenses" e - contra as "leis marxistas" e "os limites que constitucionalmente foram impostos pelos cavalheiros da Assembleia da República", esses "colonialistas" que também "querem impôr à Madeira um sistema eleitoral para que quem perde as eleições ganhe na secretaria" -, prometeu "continuar a lutar pela autonomia". Também disse que não admite que o Estatuto da Região "esteja a mercê desses senhores", pois "não aceitamos que outros nos dêem ordens". "Liberdade, liberdade, liberdade na Madeira", pediu Jardim antes de encerrar o discurso, como é tradição, com o hino separatista: "Madeira és livre/ e livre serás/ cobiça mais linda/ no mundo não há"...
TOLENTINO DE NÓBREGA
(albertjoão dixit:)
"Água? Queres-me dar água?
Vais para a rua".
"Mulher comigo bebe".
"Beee-be, beeee-be, beeeeem-be"
"Minha mãe casa-me cedo/ que me dói a passarinha./ Oh filha coça c´o dedo/ que também me dói a minha"
"Eu também tenho o Continente
no coração"
"Este é daqueles que dizem mal
da Madeira em Lisboa. Quando
for a revolução será julgado
em tribunal popular"
"Eu só saio quando o povo quiser
ou eu decidir (...) Lá para o ano 2021 (...) Espero na minha reencarnação ainda ser presidente"
"Casei com um velha/ da Ponta do Sol/ deitei-a na cama/ e o raio da velha/ rasgou o lençol/ (...) Voltei a deitar (...)/ ficou de pernas pr´ó ar".
"Quem é o verdadeiro cavalheiro de Portugal? Quem é? Quem é? Alberto João Jardim!".
"Portugal sim, colonialismo nunca".
"Portugal está ingovernável"
"A Constituição é a raiz de todos
os males"
"[Presidenciais] O disco tem
a mesma música dos dois lados".
"O PS travar os direitos
dos madeirenses"
"O PS está aliado à Madeira velha que nos explorava"
"O PS continua do lado de Lisboa
a querer nos espezinhar"
"A verdadeira revolução somos nós"
"Está na altura de fazermos
a mudança que os partidos
em Lisboa não querem fazer"
"[Os] Colonialistas querem impôr
à Madeira um sistema eleitoral para que quem perde as eleições ganhe
na secretaria"
"Não aceitamos que outros
nos dêem ordens"
"Liberdade, liberdade, liberdade
na Madeira"
"Madeira és livre/
e livre serás/ cobiça mais linda/
no mundo não há"
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