Campanha eleitoral
A arma 'socreta'
As sondagens pré-eleitorais dão todas mais ou menos o mesmo resultado: o PS a ganhar com muitos mais votos que o PSD, mas sem uma percentagem que garanta maioria absoluta. Depois, os partidecos coxos mais atrás, com o Bloco de Esquerda na lanterna-vermelha (onde estão os malucos deste país?). A luta uma vez mais deverá ser entre os grandes, com os socialistas para já em vantagem.
Mas há uma manga escondida na carta que a "laranja santânica" deve estar a guardar para o último momento, que tem a ver com a vida privada do candidato "rosa" e que explica que a tendência política de José Sócrates é mais cromática do que ideológica. Veja-se um artigo publicado recentemente na sempre atenta imprensa do Brasil:
Resta saber se é o PSD que está a aguardar o momento certo para soltar a bomba e conseguir uma reviravolta nas urnas, ou se é o próprio PS que irá usar essa arma secreta para, aproveitando o "efeito Castelo Branco", alcançar a maioria absoluta.
segunda-feira, janeiro 31, 2005
sexta-feira, janeiro 28, 2005
Pronunciamento do Núcleo sobre o momento político, económico e social da Nação
Bla bla bla Santana Lopes bla bla bla Sócrates yada yada yada desemprego ti ri ri ti ri ri progresso bla bla bla os portugueses ta ta ta ta paz mundial bla bla bla rigor e serenidade yada yada yada novos mundos ao mundo. Tenho dito.
Bla bla bla Santana Lopes bla bla bla Sócrates yada yada yada desemprego ti ri ri ti ri ri progresso bla bla bla os portugueses ta ta ta ta paz mundial bla bla bla rigor e serenidade yada yada yada novos mundos ao mundo. Tenho dito.
Escutas do Núcleo
Esquizofrenia laboral
Duas quarentonas loiras oxigenadas num restaurante chinês em São Sebastião (Lisboa):
- Não tem sido nada fácil. Há ali muitos ódios dentro naquela empresa.
- Ai sim?
- Sim. Mas claro, apenas ódios profissionais, nada de pessoal...
Comentário do ND: Ora aí está um novo fenómeno da vida urbana moderna - a completa dissociação entre a vida pessoal e a profissional. Uma espécie de esquizofrenia funcional consciente, em que os indivíduos se tornam personagens completamente distintas consoante estão a trabalhar ou não. Será relativamente comum nos dias que correm ouvir frases do género: "Fulano usou de jogo sujo para impedir a minha promoção, mas somos grandes amigos, desde a infância" ou "Aquele filho da puta andou a manchar o meu nome dentro da empresa, mas até é um gajo porreiro. Fazemos grandes jantaradas lá em casa".
Esquizofrenia laboral
Duas quarentonas loiras oxigenadas num restaurante chinês em São Sebastião (Lisboa):
- Não tem sido nada fácil. Há ali muitos ódios dentro naquela empresa.
- Ai sim?
- Sim. Mas claro, apenas ódios profissionais, nada de pessoal...
Comentário do ND: Ora aí está um novo fenómeno da vida urbana moderna - a completa dissociação entre a vida pessoal e a profissional. Uma espécie de esquizofrenia funcional consciente, em que os indivíduos se tornam personagens completamente distintas consoante estão a trabalhar ou não. Será relativamente comum nos dias que correm ouvir frases do género: "Fulano usou de jogo sujo para impedir a minha promoção, mas somos grandes amigos, desde a infância" ou "Aquele filho da puta andou a manchar o meu nome dentro da empresa, mas até é um gajo porreiro. Fazemos grandes jantaradas lá em casa".
quinta-feira, janeiro 27, 2005
Sideburns que fizeram História
Número 6
Vítor Baía
Número 6
Vítor Baía
segunda-feira, janeiro 24, 2005
Sideburns que fizeram História
Número 5
Manuel João Vieira
Número 5
Manuel João Vieira
MCO TV
No Metro de Lisboa, começaram há uns meses a aparecer uns ecrãs de televisão em que eram transmitidas notícias e publicidade, num canal exclusivo, chamado MCO TV. Sem que ninguém ficasse muito admirado, passado pouco tempo, os aparelhos ficaram esquecidos, desligados e obsoletos.
Agora voltaram em grande, com informação rigorosa e bem editada. Esta manhã, tive a oportunidade de assistir a um flash noticioso que tinha o original nome de NOTICÍAS - é bem sacado o título, com o acento no i errado para dar a ideia de grande rapidez na cobertura dos acontecimentos.
Infelizmente, o mesmo já não se pode dizer do próprio Metro. Os comboios às vezes passam com intervalos de 10 minutos! Tinha mais sentido passarem a transmitir ali os noticiários da RTP. Esta manhã, na RTP2, vi um noticiário desportivo em que deram a antevisão do Leiria-FC Porto e do Gil Vicente-Sporting, jogos que aconteceram ontem à noite!
No Metro de Lisboa, começaram há uns meses a aparecer uns ecrãs de televisão em que eram transmitidas notícias e publicidade, num canal exclusivo, chamado MCO TV. Sem que ninguém ficasse muito admirado, passado pouco tempo, os aparelhos ficaram esquecidos, desligados e obsoletos.
Agora voltaram em grande, com informação rigorosa e bem editada. Esta manhã, tive a oportunidade de assistir a um flash noticioso que tinha o original nome de NOTICÍAS - é bem sacado o título, com o acento no i errado para dar a ideia de grande rapidez na cobertura dos acontecimentos.
Infelizmente, o mesmo já não se pode dizer do próprio Metro. Os comboios às vezes passam com intervalos de 10 minutos! Tinha mais sentido passarem a transmitir ali os noticiários da RTP. Esta manhã, na RTP2, vi um noticiário desportivo em que deram a antevisão do Leiria-FC Porto e do Gil Vicente-Sporting, jogos que aconteceram ontem à noite!
domingo, janeiro 23, 2005
Sideburns que fizeram História
Número 4
George Best
Número 4
George Best
sexta-feira, janeiro 21, 2005
Sideburns que fizeram História
Número 3
Martin Van Buren
Número 3
Martin Van Buren
quinta-feira, janeiro 20, 2005
Crítica de campanha
Não sei se já repararam, mas o país começou a encher-se de cartazes de publicidade para as próximas eleições antecipadas e nunca a qualidade dos lemas de campanha foi tão baixa, para não falar na composição artística. Não sei qual deles o pior.
O do CDS/PP tem a palavra VOTO, a cabeça do Paulo Portas e a palavra ÚTIL, por esta ordem. Reparem bem se não dá a ideia que a cabeça do ministro da Defesa está a tapar alguma coisa. Provavelmente, um I e um N...
O do PSD também está lindo, com aquela chipala de enjoado do Santana, e as frases: "Contra ventos e marés." e "A favor de Portugal." Até acredito que os génios do marketing que tiveram essa ideia tenham tido a leve impressão de que quem passasse de carro pelo outdoor poderia reter a mensagem de forma distorcida - "Contra ventos e marés a favor de Portugal" - mas em vez de pensarem numa ideia melhor, acharam que bastava meter um ponto final no final de cada frase para as distinguir bem. Mas não resulta. Do pior!
No do PS, tirando a cara de bobo alegre do Sócrates - parece estar ansioso por assumir alguma coisa, como o seu relacionamento com o actor Diogo Infante, ou algo assim -, nada a apontar. Nada, excepto que a frase "Agora Portugal vai ter um rumo" é demagogia pura. Portugal já tem um rumo há muito tempo. Está a ir para o abismo.
Nos dos outros partidóides ainda não reparei, mas assim que os vir, acrescentarei.
Não sei se já repararam, mas o país começou a encher-se de cartazes de publicidade para as próximas eleições antecipadas e nunca a qualidade dos lemas de campanha foi tão baixa, para não falar na composição artística. Não sei qual deles o pior.
O do CDS/PP tem a palavra VOTO, a cabeça do Paulo Portas e a palavra ÚTIL, por esta ordem. Reparem bem se não dá a ideia que a cabeça do ministro da Defesa está a tapar alguma coisa. Provavelmente, um I e um N...
O do PSD também está lindo, com aquela chipala de enjoado do Santana, e as frases: "Contra ventos e marés." e "A favor de Portugal." Até acredito que os génios do marketing que tiveram essa ideia tenham tido a leve impressão de que quem passasse de carro pelo outdoor poderia reter a mensagem de forma distorcida - "Contra ventos e marés a favor de Portugal" - mas em vez de pensarem numa ideia melhor, acharam que bastava meter um ponto final no final de cada frase para as distinguir bem. Mas não resulta. Do pior!
No do PS, tirando a cara de bobo alegre do Sócrates - parece estar ansioso por assumir alguma coisa, como o seu relacionamento com o actor Diogo Infante, ou algo assim -, nada a apontar. Nada, excepto que a frase "Agora Portugal vai ter um rumo" é demagogia pura. Portugal já tem um rumo há muito tempo. Está a ir para o abismo.
Nos dos outros partidóides ainda não reparei, mas assim que os vir, acrescentarei.
quarta-feira, janeiro 19, 2005
Sideburns que fizeram História
Número 2
Elvis Presley
Número 2
Elvis Presley
terça-feira, janeiro 18, 2005
Sideburns que fizeram História
Número 1
Emerson Fittipaldi
Número 1
Emerson Fittipaldi
segunda-feira, janeiro 17, 2005
A metafísica é uma consequência de estar mal disposto
Eu que não gosto de poesia, que não consigo ler nem compreendo poesia, que me aborreço de morte só de pensar em ler um livro de poesia, gosto do Álvaro de Campos. Não só gosto do Álvaro de Campos, como acho a Tabacaria (de que fiz copy paste doutro site porque sim) algo de transcendental.
Presumindo (presumam lá comigo, vá lá) que esta é a coisa mais genial que alguma vez se escreveu em português, desconfio que isso diz algo de muito triste sobre a alma da raça.
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
Estou hoje perplexo como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa,
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei-de pensar?
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Génio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho génios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicómios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora génios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistámos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordámos e ele é opaco,
Levantámo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.
(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folhas de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, sem rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.
(Tu, que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -,
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)
Vivi, estudei, amei, e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente.
Fiz de mim o que não soube,
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.
Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-te como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.
Mas o dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olhou-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, e eu deixarei versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?),
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.
Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.
Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.
(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o: é o Esteves sem metafísica.
(O dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o dono da Tabacaria sorriu.
Eu que não gosto de poesia, que não consigo ler nem compreendo poesia, que me aborreço de morte só de pensar em ler um livro de poesia, gosto do Álvaro de Campos. Não só gosto do Álvaro de Campos, como acho a Tabacaria (de que fiz copy paste doutro site porque sim) algo de transcendental.
Presumindo (presumam lá comigo, vá lá) que esta é a coisa mais genial que alguma vez se escreveu em português, desconfio que isso diz algo de muito triste sobre a alma da raça.
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
Estou hoje perplexo como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa,
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei-de pensar?
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Génio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho génios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicómios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora génios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistámos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordámos e ele é opaco,
Levantámo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.
(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folhas de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, sem rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.
(Tu, que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -,
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)
Vivi, estudei, amei, e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente.
Fiz de mim o que não soube,
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.
Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-te como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.
Mas o dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olhou-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, e eu deixarei versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?),
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.
Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.
Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.
(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o: é o Esteves sem metafísica.
(O dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o dono da Tabacaria sorriu.
Respeitinho pela emigração!
Oh Ernesto, se não fosse o emigrante da mercearia manhosa a enviar as suas remessas, não havia dinheiro que chegasse para alimentar os teus vícios pequeno-burgueses de nativista serôdio. Respeitinho pela emigração, que o emigrante é o repositório das virtudes da nação!
PS 1: Oh Vostra, olha que essas sideburns ficavam bem ao Damon Hill, mas era há dez anos. Agora já não é aceitável.
PS 2: Carcaça, no actual clima social, meter um poema sobre crianças por cima de um louvor à pornografia deve ser meio caminho andado para ires parar à Judiciária.
Oh Ernesto, se não fosse o emigrante da mercearia manhosa a enviar as suas remessas, não havia dinheiro que chegasse para alimentar os teus vícios pequeno-burgueses de nativista serôdio. Respeitinho pela emigração, que o emigrante é o repositório das virtudes da nação!
PS 1: Oh Vostra, olha que essas sideburns ficavam bem ao Damon Hill, mas era há dez anos. Agora já não é aceitável.
PS 2: Carcaça, no actual clima social, meter um poema sobre crianças por cima de um louvor à pornografia deve ser meio caminho andado para ires parar à Judiciária.
sábado, janeiro 08, 2005
Frases em segunda mão
(qualquer coincidência é mera semelhança)
"Alguns dizem que o trabalho duro nunca matou ninguém. Mas pergunto: pra quê arriscar?"
Ronald Reagan
"O trabalho é o refúgio dos que não tem nada para fazer"
Oscar Wilde
"Deixem-me trabalhar"
Cavaco Silva
"O Vostradeis que me deixe trabalhar"
DJ Carcaça
"Se eu não gostasse de amigos não fazia o favor de deixar o DJ trabalhar para mim. Força, escravo, labora em paz"
Vostradeis
(qualquer coincidência é mera semelhança)
"Alguns dizem que o trabalho duro nunca matou ninguém. Mas pergunto: pra quê arriscar?"
Ronald Reagan
"O trabalho é o refúgio dos que não tem nada para fazer"
Oscar Wilde
"Deixem-me trabalhar"
Cavaco Silva
"O Vostradeis que me deixe trabalhar"
DJ Carcaça
"Se eu não gostasse de amigos não fazia o favor de deixar o DJ trabalhar para mim. Força, escravo, labora em paz"
Vostradeis
quarta-feira, janeiro 05, 2005
Cuidado com os nomes
É muito português escrever mal os nomes estrangeiros por descuido ou ignorância, ou os dois. O "tuga" nunca confirma, nunca vai à origem ver como é que se faz. Ele gosta de deduzir. O "tuga" acha que os espanhóis escrevem "Gonzallez" com dois eles. O "tuga" acha que todos os nomes italianos têm uma consoante dobrada e por isso escreve "Berlusconni".
Quando vejo futebol estrangeiro na Sport TV, dá-me urticária sempre que ouço os comentadores a dizer "Canavarro", ao mesmo tempo em que a imagem mostra o jogador de costas, com o nome bem grande CANNAVARO. Custa alguma coisa ler?
Como bons "tugas", os membros do Núcleo também gostam de escrever mal os nomes. O DJ Carçaca, por exemplo, leu tanta coisa sobre o grande Mahatma, mas não foi capaz de aprender a escrever Gandhi! Carçaca aliás insiste em cometer pelo menos uma gralha em cada parágrafo que escreve. Mesmo dando assim um cunho muito pessoal às suas prosas, acaba por perder credibilidade e dificultar a leitura. Esnerto ainda faz pior: escreve o mesmo nome de formas diferentes na mesma mensagem - "Gandhi" (o correcto) e "Ghandi" (o errado).
Este comunicado é uma chamada de atenção para todos (Zizuo, El Caglonbe, Tirebius, isto também é para vocês): VAMOS TOMAR MAIS CUIDADO AO ESCREVER NOMES!
É muito português escrever mal os nomes estrangeiros por descuido ou ignorância, ou os dois. O "tuga" nunca confirma, nunca vai à origem ver como é que se faz. Ele gosta de deduzir. O "tuga" acha que os espanhóis escrevem "Gonzallez" com dois eles. O "tuga" acha que todos os nomes italianos têm uma consoante dobrada e por isso escreve "Berlusconni".
Quando vejo futebol estrangeiro na Sport TV, dá-me urticária sempre que ouço os comentadores a dizer "Canavarro", ao mesmo tempo em que a imagem mostra o jogador de costas, com o nome bem grande CANNAVARO. Custa alguma coisa ler?
Como bons "tugas", os membros do Núcleo também gostam de escrever mal os nomes. O DJ Carçaca, por exemplo, leu tanta coisa sobre o grande Mahatma, mas não foi capaz de aprender a escrever Gandhi! Carçaca aliás insiste em cometer pelo menos uma gralha em cada parágrafo que escreve. Mesmo dando assim um cunho muito pessoal às suas prosas, acaba por perder credibilidade e dificultar a leitura. Esnerto ainda faz pior: escreve o mesmo nome de formas diferentes na mesma mensagem - "Gandhi" (o correcto) e "Ghandi" (o errado).
Este comunicado é uma chamada de atenção para todos (Zizuo, El Caglonbe, Tirebius, isto também é para vocês): VAMOS TOMAR MAIS CUIDADO AO ESCREVER NOMES!
sábado, janeiro 01, 2005
The Portuguese Goofy Champ
Em viagem pela Inglaterra, deparei-me nas páginas de Desporto do "The Independent", cuja edição de ontem trazia vários artigos dedicados ao 2004 em revista, com um apanhado de frases ditas por desportistas, técnicos e dirigentes ao longo do ano. Poucas foram as pessoas que tiveram direito a mais do que uma citação e o grande destaque foi para, adivinhem... isso mesmo: José Mourinho. O treinador que ganha tudo - aparece em foto grande, a rir de boca aberta com a chiclete a aparecer - conseguiu imortalizar para a posteridade nada menos que seis "bocas".
A atitude de Mourinho em Inglaterra é a mesma que tinha em Portugal. "Em equipa que ganha...". O facto é que aqui se destaca não só pelo sucesso da sua esquadra - que já leva cinco pontos de vantagem sobre o Arsenal - mas pela postura ridiculamente pedante. É capaz de se comportar como uma peixeira ao mesmo tempo em que tenta vender a imagem de intelectual, de pensador de tácticas futebolescas. Entre nós, a sua figura patética acabava diluída no meio de centenas de iguais, mas na Velha Albion faz dele um verdadeiro palhaço. Aqui ficam as pérolas mourinescas no futebol inglês de 2004:
Let's have some fun.
Jose Mourinho, in his first programme notes as Chelsea manager.
I am not arrogant but I am special. I am a European champion, not in the bottle with the rest. Chelsea now have a top manager.
Mourinho, at his first press conference.
I chose between England, Italy and Spain and think I made the right choice as I enjoy here so much. The thing I don't enjoy is the way the media talk about us. I feel as if the knives are being aimed in our direction while the flowers are in another.
Mourinho.
Ferguson is right. Money does not guarantee success. I showed that last season when my Porto team beat Manchester United.
Mourinho.
They didn't play football, they just defended, defended, defended. They may as well have parked the team bus in front of their goal.
Mourinho, after his side's goalless draw at home to Tottenham.
Anyone can be clever. The trick is not to think the other guy is stupid.
Jose Mourinho, Chelsea manager.
Destaque ainda para uma frase do treinador brasileiro que conseguiu fazer com que Portugal perdesse dois jogos seguidos com a Grécia:
One is black, the other is white. Rooney is an excellent player but Pele is unique. There will never be another Pele - not for a thousand years, and not even in a computer game.
Luis Felipe Scolari, Portugal's Brazilian coach.
Em viagem pela Inglaterra, deparei-me nas páginas de Desporto do "The Independent", cuja edição de ontem trazia vários artigos dedicados ao 2004 em revista, com um apanhado de frases ditas por desportistas, técnicos e dirigentes ao longo do ano. Poucas foram as pessoas que tiveram direito a mais do que uma citação e o grande destaque foi para, adivinhem... isso mesmo: José Mourinho. O treinador que ganha tudo - aparece em foto grande, a rir de boca aberta com a chiclete a aparecer - conseguiu imortalizar para a posteridade nada menos que seis "bocas".
A atitude de Mourinho em Inglaterra é a mesma que tinha em Portugal. "Em equipa que ganha...". O facto é que aqui se destaca não só pelo sucesso da sua esquadra - que já leva cinco pontos de vantagem sobre o Arsenal - mas pela postura ridiculamente pedante. É capaz de se comportar como uma peixeira ao mesmo tempo em que tenta vender a imagem de intelectual, de pensador de tácticas futebolescas. Entre nós, a sua figura patética acabava diluída no meio de centenas de iguais, mas na Velha Albion faz dele um verdadeiro palhaço. Aqui ficam as pérolas mourinescas no futebol inglês de 2004:
Let's have some fun.
Jose Mourinho, in his first programme notes as Chelsea manager.
I am not arrogant but I am special. I am a European champion, not in the bottle with the rest. Chelsea now have a top manager.
Mourinho, at his first press conference.
I chose between England, Italy and Spain and think I made the right choice as I enjoy here so much. The thing I don't enjoy is the way the media talk about us. I feel as if the knives are being aimed in our direction while the flowers are in another.
Mourinho.
Ferguson is right. Money does not guarantee success. I showed that last season when my Porto team beat Manchester United.
Mourinho.
They didn't play football, they just defended, defended, defended. They may as well have parked the team bus in front of their goal.
Mourinho, after his side's goalless draw at home to Tottenham.
Anyone can be clever. The trick is not to think the other guy is stupid.
Jose Mourinho, Chelsea manager.
Destaque ainda para uma frase do treinador brasileiro que conseguiu fazer com que Portugal perdesse dois jogos seguidos com a Grécia:
One is black, the other is white. Rooney is an excellent player but Pele is unique. There will never be another Pele - not for a thousand years, and not even in a computer game.
Luis Felipe Scolari, Portugal's Brazilian coach.