segunda-feira, março 14, 2005

Aleixo não morreu



Um algarvio de Vila Real de Santo António, de nome António Aleixo, ficou célebre quando, no início século XX, apresentou ao mundo a sua poesia semi-analfabeta. Cauteleiro e guardador de rebanhos, cantor popular de feira em feira, pelas redondezas de Loulé, Aleixo destacou-se graças a poemas de tom moralista, mas divertidos e cheios de um sarcasmo e ironia.

Aleixo renasce agora no novo poeta-cauteleiro da Internet. Um indivíduo que responde pelo nome de António Matos, e de quem ainda pouco se sabe, para além do facto de se dedicar a inserir comentários em verso nas páginas online do "Correio da Manhã".

Aqui fica uma obra sua, surgida a respeito de um artigo sobre a sexualidade dos animais:

I-

Um dia no Ultramar
Vi uma macaca gay
Noutra s'estava a roçar
Quando por ela passei.

Também já vi um robalo
De barbatana dourada
Estava um cherne a apalpá-lo
De forma bem descarada.

Lembro-me dum pinguim
Com o fraque de rigor
Agarrado a um delfim
Fazendo juras d'amor.

No que toca a borboletas
Nem vale a pena falar
A todos mostram as tetas
Só estão bem a copular.

Todos sabem dum pastor
Que ao tosquiar as ovelhas
Com elas fazia amor
Fossem novas fossem velhas.

Até gostam as formigas
E andam sempre a correr
GOZEM AMIGOS, AMIGAS
Com quem vos apetecer.

Mas o mais descomunal
E por favor não sorria
Ocorreu em Portugal
É o caso Casa Pia.

Sem comentários: