domingo, outubro 16, 2005

Que país tem mais Torrentes?



Um fenómeno de popularidade. Talvez nunca chegue a Portugal, visto que a coisa aqui já vai no número três e aí, que eu me lembre, nunca ouvi falar no fulano. Detentor do recorde de bilheteira nos cinemas espanhóis este ano, Torrente III merece uma referência num blog como o nosso. Não por isso, mas pela personagem principal ser um verdadeiro farol da grunhice, tão idolatrada no seio (vulgo mama) deste núcleo.

O humor não é inteligente. Resvala para a palhaçada malucosdorrisística. Mas o génio de Santiago Segura, o criador, realizador e actor que interpreta o auto-proclamado "braço tonto da lei", consiste em retratar tão bem uma figura que muitos consideram o espanhol médio. "Este país está cheio de Torrentes", atesta o semanário satírico 'El Jueves'. O ND responde: isso é porque vocês nunca foram a Portugal.

Torrente é um tipo baixinho, careca, barrigudo, de bigode e fio de ouro ao pescoço. Cheira mal por défice de banhos, arrota e peida em público, está sempre a coçar os colhões e brinda qualquer mulher na rua com comentários às mamas da contemplada. Alguém se lembra de mais algum critério para se poder ser distinguido com o grau de "tuga"? Numa cena, num restaurante chinês, Torrente exige pão. Quem em Portugal nunca viu alguém pedir um bitoque ou batatas fritas num chinês?

Mas a cena mais escatológica, que vale a Segura entrada como membro honorário da Casa do Núcleo Duro de Madrid, é uma em que está a fazer uma vigia com um colega dentro do carro e se lembra de uma distracção para passar o tempo, sugerindo: "¿Nos hacemos unas pajillas?", que é como quem diz: "Bora trocar umas punhetas?"... e para que a sua masculinidade com tal ousadia não seja posta em causa, sublinha logo a seguir: "Pero sin mariconadas" ("Mas nada de paneleirices"). O ND tem de admitir que nunca iria tão longe e, por isso, curva-se perante tamanha grunhidade.

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