segunda-feira, maio 15, 2006

Professo a minha fé


Estive nos últimos dias em oração e reclusão, juntamente com mais 200 mil almas (700 mil segundo a PSP) à espera de mais uma revelação ou um milagre. E não estou a falar do Setúbal vencer ontem porque isso era menos que um milagre, seria apenas um acto de justiça.

Estou a falar de Fátima, aquela terra rodeada de pedreiras e silvados da Serra de Aire e da A1. Estive lá em oração entre quarta e sábado em mais um banho de suor do que de fé, a comer os restos que os fiscais da Autoridade de Segurança Alimentar não conseguiram detectar. Para mim, não houve grande coisa de novo. Muita gente, muitos emplastros, muitos lenços e muitas criancinhas a derreter sob o sol?

Na retina, ficaram-me apenas dois momentos: uma entrevista com o Duarte Nuno Pio Afonso Bragança Vila Viçosa SA em que o senhor respondeu à minha monossilábica pergunta com dois volumes Enaudi de banalidades. Exaurido tentei sair mas uma outra colega perguntou-lhe se gostava da nova basílica e o herdeiro da Casa Pio Afonso Bragança Vila Viçosa SA criticou duramente o projecto enquanto apelava ao politicamente (neste caso religiosamente) correcto: ?Mas a Igreja é que sabe?. Após vários tomos de resposta desisti e fui contar as bandeiras dos 98 países que ali estavam. Depois, perante o matraquear constante do sucessor da dinastia Pio Afonso Bragança Vila Viçosa SA decidi ir entrevistar cada um dos peregrinos que levavam os estandartes. Entretanto, acabaram as cerimónias e nunca mais soube da minha colega que estará ainda numa das colunatas a ouvir o cromo Pio Afonso Bragança Vila Viçosa SA.

Mas a cereja desta peregrinação foi a resposta que ouvi de uma funcionária do Santuário junto ao Calvário Húngaro que, para quem não sabe, fica muito longe dos Calvários Austríaco ou Croatas. Perguntei porque é que se chamava húngaro e a senhora, diligente, respondeu-me do alto da sua cátedra. ?Em 1930, a Hungria era dominada pelos comunistas mas ouve um rei que, com a ajuda dos alemães libertou os húngaros e deu-lhes a liberdade de votar. O rei, chamado Estêvão, governou durante muitos anos e ofereceu ao Santuário este Calvário como forma de homenagem aos alemães e a Nossa Senhora. E a Hungria nunca mais teve comunistas desde a II Guerra Mundial?. Deduzo que a senhora ainda disse alguma coisa mais mas o meu maxilar, de tanto prender o riso, deu de si e quebrou, obrigando-me a pedir uma consulta urgente ao meu dentista. Desde o Lipcsei que a Hungria nunca me tinha dado tanta vontade de rir.

7 comentários:

Tiberius disse...

Cablogue, estás em forma. Lamentavelmente, vais para o Inferno por invocar em vão o nome do Lipcsei, um dos favoritos do nosso Zizou.

Anónimo disse...

Eu sou como o Jardel, em frente à baliza nunca falho, e golos de cabeça é a minha especialidade...e olhe que o Jardel já falhou muitos golos de cabeça, ao contrário de mim!

Anónimo disse...

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Anónimo disse...

Vai para o caraças, anónimo duma figa!

Anónimo disse...

Duas palavras: Enorme

Anónimo disse...

Que uma funcionária de um santuário religioso desconheça a história mundial recente e diga disparates, até me pode fazer rir. Mas ver governantes que desconhecem a forma de governar só me dá vontade de chorar. E porque raio é que o SR. dom Duarte de bragança e tal tem de ter opinião avalizada sobre arquitectura? Quem é que lhe mandou fazer a pergunta, cum raio...
Estevão da Hungria, o tal...

Vostradong disse...

Uma palavra: Muito bom!