sábado, outubro 30, 2004

Poesia marginal



Depois de ofuscar a blogosfera com A Luz, Luís F. Simões está aí com um novo blog, o Neo-normal. Poeta marginal por excelência, foi o impulsionador do grupo literário Rascunho, na Coimbra dos anos 90.

sexta-feira, outubro 29, 2004

De passagem....

Ainda estou vivo.


As paredes têm bocas



A Amadora é considerada a capital nacional da banda desenhada, mas bem podia ser também a capital das pichagens. Poucos lugares no país terão tão bem retratada nos seus muros a realidade dos seus habitantes. Descobri ao acaso um trajecto pelo qual as sucessivas mensagens que vão aparecendo, a tinta vermelha ou preta, algumas bem antigas, revelam o percurso típico do morador local médio nas várias etapas da sua vida.

Pelos Muros da Amadora (da Venda Nova à estação de comboios da Reboleira) ou A Vida de um Amadorense não Necessariamente por Essa Ordem:

NÃO À GUERRA CIVIL! UNIDADE DO POVO!

NÃO AO PACOTE LABORAL

PACOTE LABORAL É DO CAPITAL

REFORMA AGRÁRIA E PÃO E TRABALHO
LUTEMOS PARA A DEFENDER


ABAIXO A REPRESSÃO NA SOREFAME

THATCHER ABORTO POLÍTICO

OS TRABALHADORES NÃO PERMITIRÃO O DESPEDIMENTO COLECTIVO E A DESTRUIÇÃO DA BERTRAND

VOTA PCP

POR UM GOVERNO DO P.S. SEM CAPITALISTAS NEM GENERAIS

MÉÉ 100% ERVA

AS PUTAS SÓ PAREM FILHOS

SOU PUTA SANDRA

FUI PUTA NA ARTELHARIA No.1 INTENDENTE TÉCNICO

quinta-feira, outubro 28, 2004

Táxi drástico
Filosofia de praça



Taxista de Algés, cinquentão, durante o trajecto Lisboa - Mercês:

"... Já há muitos anos que ando a correr estas ruas, amigo, mas eu antes nem era taxista. Cheguei a ser gerente da discoteca Crazy Nights, isto nos anos 80. Mas eu vou-lhe dizer uma coisa: não compensa. Só dá chatices e o dinheiro que dá não é nada. A malta da noite é bera, bera! Desculpe a expressão: é só putas e paneleiros. Olhe, o Carlos Castro, quando se assumiu, ia lá muito. Não tinha nada. Ganhava uns trocos a aparecer de vez em quando na revista "Nova Gente" ou na televisão, por ser maricas. O Filipe la Féria, outro paneleiro do pior, bera como tudo. O Herman José, paneleiro, esse sim, sempre teve dinheiro. A Maya, quem era a Maya? A astróloga, sim. Ela antes, quem é que a conhecia? Não era ninguém. Era uma debochada que pra lá andava, a cravar copos a uns e outros, comia uma sandes de frango e era o jantar dela. A Teresa Guilherme, essa puta, chegou a estar-me a dever 300 contos... Isto é assim, amigo. Essa gente é toda muito conhecida, mas não valem nada..."
Coçando os tomates: uma rubrica ocasional

Vocês não gostam daqueles blogs pessoais em que os posts são todos assim: "Hoje acordei, lavei os dentes e tomei o café"; "Gosto muito daquele João Baião"; "Li o artigo do Luís Delgado e acho que ele é uma besta"; "Ando a ouvir o novo disco dos Radiohead e é muito chato"; "Ontem fui ao cinema e gostei muito".

Eu cá não gosto. Porra, se um gajo vai poluir a Internet, ao menos que diga qualquer coisa interessante ou pelo menos ponha fotos pornográficas. No espírito do contraditório que preside a este Núcleo, inauguro aqui Coçando os tomates, uma rubrica ocasional com declarações totalmente ao calhas e sem interesse nenhum.

Esta rubrica irá colmatar a lacuna deixada pela irregularidade recente nos posts do Zizou, o nosso perito em coçação de tomate. Eis então um post de Coçando os tomates:


Estou a ouvir "Italian Leather Sofa", dos Cake, e é muito bom.

sábado, outubro 23, 2004

Top 10 Classificados X

O jornal "Correio da Manhã" tem uma sessão de classificados designada Convívio, mas que bem se poderia chamar "Lírica", tal o nível poético de algumas peças que por lá andam. Resolvemos criar aqui os 10 Mais de uma edição ao calhas. Quem disse que o povo não tinha cultura?

10. 967216523- Trintona... Excitante... Mamocas... Escaldantes... Trazeiro... Guloso... Cacém.

9. 00-00H, novidades loiraça bombastica, peitão XXXL, Bumbum XXXL, comigo vale tudo, delirio total. 964115342

8. Oeiras... Seios de uma Deuza... Apartamento Privado... 963438168

7. Viseu mulatinha, corpinho danoninho!!! bumbum ferrari. 961423477

6. Dominadora Frenética!!! Fist!!! Crossdressing!!! Chuva Dourada!!! Bondage!!! Esferas Tailandesas

5. Cascais... Grávida... Apetitosa!!! Apertadinha!!! Sem tabus... Tm/965154797

4. Mercês... Patricia... 18A... Completinha, Rochunchudinha, Insaciável. Tm.968314611

3. 19A... Clara... Novidade!!! Couxa... Grossa!!! Oral... Naturalissimo!!! Peludinha!!! Vale tudo!!! Avenida Brasil... 966017821

2. Charneca Caparica... Actriz Porno... Dominação... Simulação Masculina... Belos Acessórios... "Sámbo no Pau" 10h/02h... Tm.962.334.480

1. 007... "Laura" (Branca)... Mulher Peso... Peitos Grandes... Anca Larga... Perna Grossa... Oral Arrepiante... Até Última Gotinha... Bumbum... Ladrão... 961470245- Caparica
Yo! MC Vanilla Thug T in da house!

Depois de vários meses de pesquisa árdua, aqui estão finalmente os resultados da investigação na área da nomenclatura. Não é só o nome porno; também há, por exemplo, nome hip-hop: eu sou o MC Vanilla Thug T.

Particularmente útil para o nosso Carcaça on tour é o gerador de nomes hindus; na Índia podem-me chamar Pansuk Dipkdeek. Mas para a maioria dos membros do Núcleo, o que é preciso mesmo é o gerador de nomes Mr. T.

sexta-feira, outubro 22, 2004

Bora todos mudar de nomes



Também fiz o tal teste sugerido pelo Tiberius, ou melhor, Estaline Paraíso. Proponho que em vez dos nossos pseudónimos verdadeiros - Dj Carcaça, ElCablogue, Ernesto, Zizou, Tiberius e Vostradeis - passemos a usar os nossos nomes artísticos de actores porno. Assim, gostaria que se passassem a referir a mim como Zezão Catulo da Paixão Cearense.

Eis os resultados do meu teste no Davezilla:

Meu nome como colega de profissão do Alexandre Frota: Zezão Catulo da Paixão Cearense

Meu nome como cantor de blues: Lazy Mandela

Minha banda de punk rock: The Duodenal Noses

A personagem que interpreto na trilogia "Star Wars": Churrumino the Frige Frige

quarta-feira, outubro 20, 2004

As paredes têm bocas



Os escribas do spray deixam nas paredes registos escritos dos acontecimentos contemporâneos que servem de base à formulação de teorias novas sobre eventos históricos. No fundo, dotam a própria história de novas perspectivas, como a vertente mística dos eventos.

Nos muros de um edifício na Praça do Comércio (Lisboa):

ESPIRITOS MATAVAM + - 200 PESSOAS NOITE

terça-feira, outubro 19, 2004

Holocausto açoriano V



Os Açores continuam a fervilhar em caos e depravação. A calamidade alastra-se sob as mais variadas formas. Os açorianos encharcam-se de droga - do álcool à heroína - e partem para o furto e a pilhagem para sustentar o vício. Quando a ordem é roubar, vale tudo. Eis os últimos relatos oficiais a que o Núcleo Duro teve acesso

Detenções e Ocorrências:

Esquadra de Investigação Criminal

No decurso de investigações feitas por esta esquadra, foi detido um homem, de 31 anos de idade, por tráfico de estupefacientes, tendo-lhe sido apreendido seis mil duzentos e vinte e cinco doses de heroí­na e 12.825,16 euros em numerário.

Esquadra de Capelas

Foi denunciado um indivíduo, de idade desconhecida, por ter furtado um animal canino no valor 300 euros e pelo furto de uma bicicleta que se encontrava em cozinha anexa à moradia valor de 90 euros, furto este efectuado por meio de escalamento.

Esquadra de Rabo de Peixe

Foi denunciado um jovem, de 17 anos de idade, por ter furtado no interior de uma residência, diversos artigos em ouro, dois telemóveis e um frasco de perfume, no valor de 2600,00 euros, furto este efectuado por meio de arrombamento.

Esquadra de Ribeira Grande

Foi denunciado um homem, de 54 anos de idade, por ter furtado de um muro cento e quinze pedras de lavoura.

Foi detido um homem, de 30 anos de idade, por ter furtado no interior de um estabelecimento comercial, diversas garrafas de bebidas no valor 65.79 euros.

domingo, outubro 17, 2004

Chamem-me Estaline Paraíso

Está na hora de o Núcleo se debruçar sobre um assunto urgente: se cada um dos seus membros (salvo seja) fosse uma estrela porno, qual seria o seu pseudónimo artístico?

A questão do nome porno não deve ser tratada levianamente. Na América, onde este tipo de coisas são discutidas com a seriedade que elas merecem, há uma série de métodos para escolher o nome porno de cada um.

Por exemplo, um método célebre é: junta-se ao nome da flor oficial do estado em que se nasceu o nome da capital desse estado. Assim, o "nome porno" de um californiano é Poppy Sacramento; o de um nova-iorquino é Rose Albany; o de um texano é Bluebonnet Austin.

Não está mal, mas o método tem o problema de que há muita gente na Califórnia e em Nova Iorque e no Texas e não podem ir todos para uma orgia com o mesmo nome. Além disso, a nível internacional a coisa não funcionava assim tão bem.

Em Portugal não houve regionalização e por isso não temos estados. Pior, nem sequer há uma flor nacional. Enfim, usando a localidade de nascimento e pegando numa flor à sorte, podíamos ter o Zizou como Miosótis Esgueira. Ou um Ernesto como Cravo Caldas. Não é exactamente um John Holmes em potência, isso.

Felizmente, a Internet tem sites muito úteis que permitem descobrir o nosso "nome porno". Este até vos diz de bónus o vosso nome como figurantes no Star Wars.

O método mais clássico e mais tradicional é também muito simples e muito prático. A fórmula é assim:

Nome do primeiro animal de estimação + Nome da rua em que se cresceu.

Eu nunca tive animais de estimação, mas sempre quis ter um gato, e se tivesse um gato chamava-lhe Estaline. Por isso, o meu nome porno é:

ESTALINE PARAÍSO

Em breve num clube de vídeo perto de si, Estaline Paraíso em "Trancadas Tonitruantes VI".

sábado, outubro 16, 2004

Proletarii Vcekh Stran Soediniaites!



"Trabalhadores de todo o mundo, uni-vos!" Eis o resultado do meu exame na Bússola Política, para desespero dos caluniadores que sempre me conotaram com uma direita autoritária sobre a qual cuspo escarretas verdejantes.

Nível de esquerdalhice: -3.75
Nível de libertarianismo: -4.36

E estes foram resultados obtidos na versão portuguesa, uma vez que a original (que costuma dar resultados ainda mais extremados) estava em baixo. Resumindo, sou uma espécie de misto de Lênin com Johnny Rotten. Vivam a foice, o martelo, os cuspos e os casacos de cabedal que duram a vida toda!
Ao que isto chegou

Palavras, expressões ou frases retiradas de uma moção divulgada recentemente pela Associação Académica da Universidade de Aveiro:

- «inajustadas»
- «Os estudantes, aceitando e pagando sem reivindicarem, poderão ser acusados de pactuarem com uma situação que lhes é prejudicial e não beneficiária»
- «defeituosidades»
- «No entanto, mais uma vez, as afirmações que desta feita vêm da Srª Ministra da Ciência e do Ensino Superior proferidas poucos dias, geram um clima de desconfiança e de intencionalidade negativa»
- «A educação constitui um direito inigualável»
- «Mais ainda, esse desejo deve ser continuamente e qualitativamente respeitado»

A associação protesta, e pelos vistos com razão, a ver pelos erros de português, contra o estado do ensino superior no país. Estas tomadas de posição contra o sistema, contra os governos, contra as propinas, etc, já cansam, mas uma vez que as associações insistem nelas podiam ao menos cuidar de fazer comunicados bem escritos, sem erros de gramática, com as vírgulas no sítio, sem palavras inventadas...

sexta-feira, outubro 15, 2004

Ao que isto chegou

Ouvi há bocadinho o ministro da Agricultura a falar sobre a Quinta das Celebridades. O homem aceitou ser entrevistado pela TVI para falar sobre aquele programa. Ao que isto chegou!

quinta-feira, outubro 14, 2004

As paredes têm bocas



O trabalho dos grafiteiros pode influenciar o curso da história, apontando direcções para o mundo. Às vezes, servem de inspiração a movimentos políticos. Noutras, apresentam soluções para problemas sociais tão comuns como a questão da sobrelotação das prisões e outros. São, por assim, dizer, uma espécie de cábulas para a governação.

Nos muros do supermercado Feira Nova da Amadora (Nota: Os erros de portoguez foram correjidos):

CONTRACTOS APRAZO = LUCROS PARA O PATRÃO!

MORTE AOS LADRÕES!!

quarta-feira, outubro 13, 2004

Alta Arte
Diários do Ernesto



Está em cartaz um filme brilhante do brasileiro Walter Salles sobre o Ernesto. O filme conta a história de uma viagem que o nosso membro mais ilustre fez antes de resolver integrar os quadros do Núcleo Duro na sua cruzada anti-fascista.

É muito bem feito. Faz-nos viajar pelas Pampas e pelos Andes. Mas talvez o mais interessante seja o argumento, que escolhe um momento menos batido da história de um herói, sem enveredar pela sua fase guerreira propriamente dita. O filme acaba por ser surpreendente para quem nunca leu os "Diários de Motocicleta", do Ernesto, e não conhece o seu percurso antes de se tornar um esquerdalho libertário.

sexta-feira, outubro 08, 2004

Vostra na estrada!

O Núcleo, associando-se sempre aos grandes acontecimentos da actualidade, inaugura uma nova rubrica. "Vostra na Estrada" irá seguir atentamente a epopeia do nosso Vostra em busca de uma licença para operar veículos motorizados. Em exclusivo mundial, temos imagens do início da instrução do intrépido futuro condutor...





...e isto ainda foram só as aulas teóricas.

PS: Vostra, foda-se, tu fazes de propósito, estás a provocar, um dia destes há sangue. Questa merda deste azulinho maricón agora?
O Código da Vida



Com quase 30 anos, e devido a pressões diversas, resolvi tirar a carta de condução. Ainda estou nas aulas teóricas, mas já deu para ver que o sacrifício compensa. Engana-se quem crê que aturar os cromos dos instrutores é deprimente e já não é para um gajo com a minha idade. Na verdade, aprende-se muito com esses grandes filósofos. Hoje, um deles disse uma coisa intrigante, que não vejo onde se encaixa no Código da Estrada, mas que me marcou profundamente e me enriqueceu como pessoa:

"... nós nunca estivemos tão bem do bolso como estamos hoje. Só que o dinheiro irresponsabiliza as sociedades. Os Estados Unidos só invadiram o Iraque porque têm dinheiro... e volto a dizê-lo: os Estados Unidos só invadiram o Iraque porque têm dinheiro..."

quarta-feira, outubro 06, 2004

Defende-te com palavras

Não há direito. Assim não brinco. Anda um gajo, décadas até, a aperfeiçoar a sua linda tese, e depois vem um manjerico qualquer dizer que não liga. Ora porra, se ninguém responde às provocações mais vale encerrar a loja. Já ando farto de meter-me sempre com o Carcaça, que ainda por cima toma a via pusilânime e foge para o Oriente.

Se um gajo provoca, é para responder a sério, porra. Ernesto, quero lá saber o que é que tu achas do Che, ou respondes como deve ser ou isto não tem graça. E tu Vostra, que tal puxar pelos colhões e dar aí uma resposta como deve ser aos insultos todos sobre o formato do blog? Ou os meninos se portam mal ou vai tudo para a rua.

Não tem nada a ver, mas isto lembra-me uma história da minha infância. No ciclo ou na escola secundária ou uma merda dessas havia dois putos na minha turma que uma vez se pegaram. Um era o Leitão (já não me lembro do primeiro nome, Leitão fica melhor), que tinha a mania que era engraçadinho. O outro era o Décio, que era grande e tinha a mania que era grande.

Ora um belo dia está o Leitão a chagar a paciência ao Décio, a fazer pouco dele, e o Décio não vai de meias medidas: espeta-lhe um malho com uma mão bem pesada. Ao que o Leitão, com uma cara chocada, como se o Décio tivesse violado as regras do confronto escolar, responde:

Defende-te com palavras!

Não sei bem qual é a moral da história, mas lembro-me que na altura achei um piadão ao malho do Décio.

PS: Contaram-me que a TVI tem um novo reality show em que um dos participantes é ? o Avelino Ferreira Torres. O Avelino?!?!?!? Num reality show?!?!? Mas andam a meter LSD na água por aí ou quê?
As paredes têm bocas



Alguns grafitos revelam uma profusa criatividade linguística, digna de um Mia Couto, provando que alguns grafiteiros são verdadeiros escritores inconformados.

No edifício do jornal "Correio da Manhã", em Lisboa:

ARMAS PARA OS ENTENDIADOS

Nota: o ND interpreta o termo entendiado como um especialista numa qualquer matéria ou actividade, um entendido, que tenha sido atacado pelo tédio, como é o meu caso. Por isso, armas para mim.

segunda-feira, outubro 04, 2004

Eu bem que pedi a vitória da União de Leiria. Afinal foi empate mas os jogadores do scp bem que se esforçaram por cumprir o meu pedido.

O Ernesto está Che-Che



Ernesto, estás a ficar pior que o Carcaça. Nem falo das tendências totalitárias - ai dos desgraçados que caiam nem meio ponto para o lado Leste do eixo, que vem o Ernesto de porrete corrigir o infame!

Não, o mal é que pelo título do post se percebe que o teu testezito da bússola te atira para a beira do Che Guevara - e tu gostas.

Hélas, o Che não era o herói romântico que os historiadores revisionistas gostam de fazer dele. Os bloquistas e os antiglobalizações e outros patetas canonizaram o homem, mas o ídolo tem pés de barro.

O Che era um assassino, um tirano e um demagogo responsável pela morte e pela miséria de muita gente. A desculpa que normalmente lhe fazem - que ele lutou contra as ditaduras latino-americanas, que eram do piorio - não chega.

Sim, ele tinha muita prosápia sobre libertar os fracos e os oprimidos, e sim, os tiranos da América do Sul eram merdosos; mas ele não era melhor.

Esta revista (aliás, insuspeitamente de esquerda) tem uma óptima história sobre o Che.

Mas é claro, a grande contribuição do Che Guevara para a história do mundo foi que a cara dele fica bem numa t-shirt. E assim temos milhões de putos ocidentais mimados com a tromba do Che ao peito, porque se sentem muito oprimidos pela sociedade de consumo e pelos paizinhos e pelo raio que os parta.

Exemplo típico desta juventude rebelde de Che ao peito são os Rage Against the Machine: tinham um gajo fantástico na guitarra e um palerma guedelhudo gago a fingir que era rapper, e apoiavam o Sendero Luminoso, convencidos que estavam a defender uns grandes heróis revolucionários.

Claro, o Sendero Luminoso era um grupo criminoso e sinistro que cometia crimes contra a humanidade.

Oh Ernesto, tens mesmo a certeza de que queres estar no mesmo sítio que esta gente?
Força Marrazes que ainda há esperança!


Este grito de guerra da minha meninice diz respeito a um grande clube do futebol mundial que, apenas por excesso de modéstia e falta de dinheiro, prefere passear a sua classe pelos pelados da distrital de Leiria em futebol.
Clube-emblema da cidade - que, como todos bem sabem se divide em Marrazes de Cima e Marrazes de Baixo, sendo que este último lugar cresceu um pouco mais à conta de um castelo e decidiu-se chamar Leiria - o Sport Leiria e Marrazes é um dos baluartes do sebastianimo imemorial. A única diferença é que nunca teve nenhum D. Sebastião, Eusébio, um Areias ou um Febras. Enfim um qualquer outro que soubesse fazer alguma coisa da bola.
No entanto, quem gosta de futebol na zona ou é do Marrazes ou do Sporting. A União de Leiria nasceu como um clube meritório da Estrada Nacional 1, com uma representação muito acentuada no sector da electricidade, lixos, moldes, plásticos e madeiras. Já adeptos ou simpatizantes, é o que se vê. No jogo contra o Estoril do Damásio e da Margarida Prieto, o número de espectadores não passou dos mil.


Dizem os historiadores locais, portugueses, estrangeiros, palecos e pxins, que este grito homérico e milenar da freguesia nasceu durante um jogo conta um rival da mesma igualha (talvez o Alcogulhe ou o A-dos-Pretos), lá nos idos de 60. Depois de estar a perder derrota em casa por 4-0 a zero, a meio da segunda parte um adepto bramiu num momento de silêncio no campo um urro do Ipiranga, que surpreendeu jogadores, adeptos e vendedoras de tremoços.

"Força Marrazes que ainda há esperança!"

A frase ficou para os anais da memória da humanidade principalmente devido às mudanças no marcador que esse incentivo gerou. O Marrazes veio a perder por 0-6.


PS: Esta noite, como bom sportinguista, vou torcer pela vitória da equipa B do Marrazes, a União de Leiria, para ver se o Peseiro vai ser pézudo para outro lado. E que leve com ele os dois meninos de coiro: Eduardinho e Pedro Caixinha.

domingo, outubro 03, 2004

Percebeste? Racista!



Não quero ser racista, mas ontem vi dois na Alvaláxia que me chamaram a atenção. Eram estrangeiros, bem vestidos - com roupas caras e ténis de marca parecidos com os dos basquetebolistas da NBA - e estavam em frente a um restaurante, onde aparentemente tinham jantado. Um empunhava uma câmara fotográfica digital enquanto o outro posava para a foto. O que me pareceu engraçado foi que eles escolheram o fundo mais sem interesse para o retrato. Imaginei o retratado em casa a mostrar as fotos à família: "Tão a ver? Isto sou eu no centro comercial do estádio de um clube de futebol. Esta parede branca era em frente ao restaurante onde comemos". Isso não tem nada a ver com a raça dos indivíduos, dir-me-ão alguns. Concordo. Por isso não vou dizer qual era. Assim, racista não sou eu, mas o leitor que adivinhou.
Sobre a bússola...

Há aqui coisas que eu não percebo muito bem. No political compass tive -2.75 (esquerda/direita) e -1.85 (libertário/autoritário). Na versão tuga tive -3.75 e -2.00.

Depois, penso que algumas coisas se perdem na tradução. Em particular no verbo dever e poder, que pode marcar toda a diferença. Penso que a maior parte da população tuga vai dar valores semelhantes aos meus, ligeiramente esquerdoides mas sem exageros já que há perguntas tão óbivas que só alguns nazis, o Nogueira Pinto, o Louçã e os Portas. Com a forma como as frases e as ideias estão construídas dão-se alvíssaras a quem tiver resultados claramente positivos (ou até negativos) com excepção do facho do editor-coordenador-censor desta nossa humilde página.
Além disso, a forma taxativa como são colocadas a maior parte das perguntas levam-nos sempre a hesitar e a recuar numa posição de discordo ou concordo fortemente.

sábado, outubro 02, 2004

Adoro vaquinhas, muuuuuuuuuu

Esse exercício da bússola política trouxe-me algumas revelações, uma delas a de que eu sou um esquerdalho (-3,62) e libertário do piorio (-3,64). No Political Compass original, os resultados foram mais radicais: -4,62 e ?4,15, o que faz de mim um exemplar pós-contemporâneo do Gandhi.
O teste tem uma série de perguntas a menos do que aquele que foi respondido pelos candidatos do PS, por exemplo «Na justiça penal, o castigo deve ser mais importante que a reabilitação», «Ninguém escolhe o país onde nasce, pelo que é disparatado ter-se orgulho no seu país», «A escolaridade não deve ser obrigatória», «Acções militares que desafiem o direito internacional são por vezes justificadas» ou «A fusão crescente entre a informação e o entretenimento contribui de forma preocupante para o declínio do interesse dos cidadãos». Porquê? Onde estão essas perguntas? Depois, além dos erros ortográficos (palavras sem acentos), há frases que estão mal traduzidas: «A principal função da educação nas escolas é equipar a geração futura para arranjar empregos». Equipar a geração??!!
Afasta de mim esse calo



Há uns meses, apareceu-me uma bolha no calcanhar direito. Não liguei, até que me começou a doer, ao andar. Furá-la não adiantou. Tentar espremê-la e arrancar com a unha também não. Até que um entendido me disse: "Isso é um calo!" Senti-me inusitadamente velho. Até então, só tinha tido calos nas mãos, dos matraquilhos. Mas nos pés, parecia mais coisa de avô - lembro-me de ouvir o meu a queixar-se dos malditos. O pior é a dorzinha chata, ao pisar. O meu calcanhar de Madjer transformou-se, de repente, em calcanhar de Aquiles.

Aconselharam-me uma coisa chamada Duofilm, só que na farmácia não havia. "Mas leve este aqui, que é a mesma coisa com outro nome", disse o farmacêutico, entregando-me um frasquinho com a suspeita designação de "Calicida Indiano". Iniciei o tratamento na semana passada. Neste momento, o danado do calo tem o quádruplo do tamanho e ainda dói, só que agora apresenta uma estranha coloração verde. Quero acreditar que isso é uma boa coisa, embora não deixe de ter a sensação de andar a carregar um calo que não pertence a mim, mas sim ao Incrível Hulk. Agora, há um dilema que me aflige: não sei se o arranque já, ou se o deixe amadurecer e cair sozinho do pé. Alguém sabe quanto falta para a época dos calos?

sexta-feira, outubro 01, 2004

As paredes têm bocas



Coimbra é capaz de ser a capital portuguesa da filosofia de parede. Tirando as chatíssimas frases de apelo ao voto nas eleições académicas, o nível até que é elevado. Eis aqui algumas observadas na nossa última incursão pela Lusa Atenas.

Dos muros do Departamento de Antropologia:

LER PARA SER SÁBIO

PRECISAMOS TRAZER O PROGRESSO PARA PORTUGAL

NÓS SOMOS MELHORES QUE OS AMERICANOS

PROIBIDO PENSAR

Dos muros da Faculdade de Ciências:

AQUI CHUMBA-SE

FORÇA É POIS IR BUSCAR OUTRO CAMINHO