Mitos familiares
Sobre os homens e as mulheres
2 – Vida Social. Este segundo capítulo da minha obra (tipo Matrix, se o pessoal pedir ainda se faz mais um texto, estendo até ao ridículo o conflito com as máquinas) é dedicado à visão diferente que homens e mulheres têm da vida social. Há várias vertentes mas, normalmente, caem no mesmo axioma. “Amigo das minhas amigas o marido pode ser mas eu nunca serei amiga dos teus amigos”. Passo a explicar: as relações sociais são pautadas em função de um conjunto de premissas que envolvem questões como utilidade ou companhia. Para uma mulher, uma amiga tem de ser útil nalgum momento ou então deve ser daquelas que está sempre presente. Para os homens, as amizades medem-se mais pela relação de lealdade existente entre as duas partes. Enquanto traficante de livros e fotocópias na universidade, vivi numa residência estudantil masculina onde as relações de amizade perduraram além do curso, apesar de não estarmos presentes, uns para os outros. Se alguma vez precisar de algo dessas pessoas sei que eles moverão mundos para me satisfazer. E o mesmo sucede em sentido contrário.
Agora, no caso das mulheres, poucas são as relações que permanecem depois de uma mudança de cidade. O comodismo pessoal e a necessidade utilitária das amigas leva-as a transferirem essas carências para a vizinha do lado. Só as mulheres têm como melhores amigas a vizinha do lado. Para os homens, essa relação não passa de um “olá tudo bem” e um “como é que ficou o jogo de há bocado”.
É óbvio que isto são generalizações, mas as amizades masculinas permanecem mais tempo porque as duas partes esforçam-se e trabalham por a alimentar. Nem que seja com algum Jameson e muitas imperiais pelo meio, com jantares decadentes.
3 – As saídas. Um dos pontos mais de tensão mais subtil num casal é o desejo de sair do homem e o anseio por recato da mulher. Embora não esteja ainda cientificamente provado, julgo que a seriação do ADN vai levar a algumas conclusões surpreendentes sobre as diferenças entre homens e mulheres.
Toda a mulher, embora não o revele, tem um desejo recôndito de se transformar numa Hera dominante, com a gestão perfeita de um lar ideal, onde o marido se submete à sua vontade ou é enganado pela sua proverbial inteligência. Por outro lado, o homem sonha, no seu íntimo, que é um garanhão sem rédea, escoiceando qualquer rival e cobrindo toda a égua que lhe apareça à frente.
No casamento, a mulher, perante a sua própria impotência em ter um lar ideal, tenta controlar o marido, com um rédea apertada. Pelo menos, aquele está seguro. O homem, perante a constatação real da incapacidade de cobrir toda a égua quer ter a ilusão de que o poderia fazer se quisesse.
Aqui sucede um choque imemorial, que já opôs casais tão célebres como Júlio César e Cleóptara, Menelau e Helena, Sansão e Dalila ou o Príncipe Carlos e Diana. Ele quer sair, nem que seja uma vez por semana, para recordar os tempos áureos de solteiro (em que batia punhetas a pensar na miúda que estava a dançar na pista de dança e que não lhe ligou nenhuma) e ela quer o marido em casa para marcar com ferros quentes o seu domínio conjugal dentro das paredes. Quando nenhum cede, as tensões acumulam-se e, em muitos casos, o divórcio é logo ao virar da esquina dos anos.
Para solucionar este problema sugiro uma solução que satisfaz todas as partes. Um amigo (ou vários) do peito do marido faz o favor de dar uma berlaitada na mulher enquanto o cônjuge está fora. Com esta medida, que pode ser articulada por um grupo de amigos casados em regime de holding, a mulher tem um incentivo para deixar o marido sair para a noite e, ao fim de algumas semanas, o peso na consciência e na testa vai incentivá-lo a permanecer mais tempo em casa.
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