O estádio Mário Duarte, em Aveiro, vai deixar de ser utilizado pelo Beira Mar. O estádio das Antas, no Porto, vai ser demolido. Alguns dos mais belos e preciosos momentos da minha infância e juventude foram passados ali, sempre na companhia do meu pai. Às Antas íamos ver o FC Porto com alguma regularidade, aos domingos (quando os jogos ainda eram sempre aos domingos): saíamos de Aveiro depois do almoço, a bordo do nosso Dyane ou Visa (a fidelidade do meu pai à Citroen mantém-se até hoje), entrávamos e saíamos da auto-estrada, passávamos a Avenida da República, em Gaia, atravessávamos a ponte da Arrábida e seguíamos em direcção à Avenida Fernão de Magalhães, junto ao estádio e onde se sentia já o ambiente do jogo. Deixávamos sempre o carro numa ruela meio perdida a 500 metros do campo e caminhávamos para as bilheteiras, eu já totalmente dominado por aquela excitação infantil (que ainda hoje prevalece) à medida que o barulho dos adeptos e a cor das bandeiras se apoderava dos nossos sentidos.
Penetrávamos naquele monstro de betão e era arrepiante e arrebatador o primeiro vislumbre do relvado, a partir ainda das entranhas do estádio. E assim se foi moldando uma paixão absolutamente inquebrável com o FC Porto, ao mesmo tempo que eu e o meu pai vivíamos aquele perene amor entre filho e pai.
O FC Porto e o Beira Mar chegaram ao fim de um ciclo das suas histórias, ao abandonarem os seus antigos campos. Mas também para mim a demolição das Antas e o abandono do Mário Duarte representa o fim de qualquer coisa.
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