terça-feira, fevereiro 17, 2004

Mel(da) de broas



A empresa onde trabalho não tem por perto nenhum café onde se possa ir lanchar. Isso obriga os trabalhadores a recorrerem àquelas máquinas que dão sandes, bolos e outras porcarias em troca de moedinhas. Hoje, inseri 90 cêntimos na ranhura e marquei o número 45, que correspondia a uma alegada "Broa de Mel". A expectativa nunca é de grande deleite no que toca aos produtos das famigeradas "slot-machines" de comida, mas a primeira dentada que dei na broa superou tudo. Uma sandes de platex com esferovite era capaz de ser mais saborosa. Impotente para eliminar a decepção, procurei no rótulo do produto algo que, pelo menos, me dissipasse uma dúvida - como pode uma broa de mel ser tão horrivelmente má? A lista de ingredientes confirmou os meus maiores temores:

"Farinha de trigo tipo 65, açúcar, ovos, margarina vegetal, erva doce, fermento, conservante (E200) e aroma natural"

Exacto. Ficamos assim a saber que uma "broa de mel" não leva mel. Onde está o mel então? Arriscaria dizer que no "aroma natural", o que não alivia nada o cheiro a fraude. Quer dizer, se o fabricante - uma empresa da Malveira - me faz acreditar que estou a comprar uma broa de mel para depois me dizer que afinal não há mel, eu já não confio nela quando me diz que o "aroma" é "natural". Quem me garante? A mesma entidade fiscalizadora que deixa que a Ideal Malveirense esteja aí - segundo o rótulo, "desde 1971" - a envenenar o povo? Podem acomodar os meus 90 cêntimos pelo canal rectal acima, que de mim não levam mais nada. Vou passar a trazer sandes de casa.

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