terça-feira, março 02, 2004

Rosut in Turansuration



O Ernesto já rasgou aqui tecidos elogios ao filme Lost in Translation, de Sofia Coppola. Sou obrigado a concordar que é, de facto, um bom filme. A realizadora cria um ambiente único, o argumento não é lugar-comum, os artistas são bons artistas. Mas há pequenas minúcias a assinalar:

Primeiro, (permitam-me dar aqui uma de Prof. Alcides Graça) a piadinha com o sotaque japonês peca por falta de rigor – os nipónicos não conseguem dizer os eles, substituindo-os por erres, justamente o contrário do que acontece no filme, fenómeno que existe sim, mas com os chineses. Ou seja, um chinês diria “palalítico” só para ser prontamente corrigido por um risonho japonês, que diria “pararítico”. Como se vê, a piada também funcionava se a tivessem feito bem.

O japonês falado também tem outros “vícios”, como a necessidade de introduzir us sempre que duas consoantes se encontram – Akira Kurosawa chamá-lo-ía “Rosut in Turansuration”, se tivesse sido ele a realizar o filme. Mas, o que ficou mal mesmo foi a sensação de um certo desleixo, que muitos classificariam de americano: “Japonês, chinês, é tudo amarelo!

Segundo, (aqui, a realizadora não tem culpa nenhuma, coitada) o filme foi lançado em Portugal com o nome “O Amor é um Lugar Estranho”, o que, de facto, obedece ao acto perlocutivo do original, já que o título ficou literalmente perdido na tradução. Tenho de dar aqui a palma à manatória dos senhores que baptizaram a versão legendada em português, pois fiquei sem saber se eles são uns nabos ou uns génios.

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