quarta-feira, setembro 17, 2003

Sobre os jornalistas

Agora parece que há algum bricabraque com a vinda de jornalistas para a blogosfera. É claro que como todas as questões entre pulgões (que, caso não saibam, são uma espécie parasitas de formigas, mais coisa menos coisa) debrucei-me sobre o assunto durante o meu período laboral e cheguei a algumas tristes conclusões.
É idiota distinguir jornalistas de outras classes não eméritas como os proxenetas, eurodeputados, cronistas, poetas, editores, professores e outros quejandos. Pelo que só por aí é perceptível que as birras do nosso grande amigo e outros não me merecem pais comentários.
Apesar disso, também não gosto da proverbial sapiência de outros jornalistas que gostam de armar-se em defensores da classe, como se tivessem mandato para tal. O facto de meia-dúzia de iluminados dizerem mal dos jornalistas não merece grande comentário até porque esses senhores só existem pelos media. Preocupa-me mais aquilo que pensa a empregada da mediadora que vai comprar o jornal no meu quiosque e não o que alguns carreiristas entendem. Se a relação fosse franca e honesta ainda aceitava as críticas mas isso não sucede. Quando há comunicados, dicas, sugestões de trabalho, o jornalista é sempre o melhor do mundo, mas quando os objectivos iniciais não são cumpridos toda a imprensa passa a ser uma merda. É claro que esta profissão é uma bosta para quem a vive de uma forma intensa e profissional: as suas vantagens aparentes transformam-se, com o passar dos anos, em estigmas limitadores.
Responder a verborreias de alguns sobre os jornalistas no intuito de gerar debate sério é algo que considero inútil perante o tipo de interlocutores existentes. Na relação com a fonte, somos ou amigos ou jornalistas. Mas também não estamos autorizados a criar inimigos. Eles que o sejam que nós pairamos.
Finalmente, uma última questão (e aquela que me levou a escrever este texto). Não suporto tomar a parte pelo todo e nas críticas aos jornalistas essa é uma verdade indesmentível. O erro de um profissional só o responsabiliza a ele ou, quanto muito, a instituição onde trabalha. Contudo, isso não sucede com os jornalistas. Porque há alguns que cometem erros, voluntários ou não, todos somos culpados. Porque há uma notícia sensacionalista, todos passam a ser tablóides. E aí nem a classe tem a coragem de responsabilizar os prevaricadores de modo a salvar a imagem de todo o resto. Fica tudo numa choldra onde bóiam dejectos e gente responsável.

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