sexta-feira, agosto 13, 2004

Fahrenheit Carcaça II - Ora zumba no Carcaça

Apesar dos louváveis esforços do Vostra para censurar o Carcaça, o ND continua a ser um espaço de discussão livre, aberta e civilizada, em que todas as controvérsias são para debater até que cada orador esteja a arremessar insultos ou objectos afiados ao seu adversário.

Antes de tudo - os bolds caralho, ponham as merda dos bolds nos títulos que não custa nada!

Vamos então todos juntos desconstruir o último opus carcacio:

Na essência, não estamos em desacordo

Com este floreado aparentemente inócuo, o nosso DJ quer na verdade dizer "Ernesto e Tiberius, sois umas bestas". É um bom começo.

já contaminado pelo estilo americano

Aqui o nosso valente começa a abrir o jogo, seguindo uma corrente muito popular hoje em dia de empregar "americano" como insulto, como se dissesse "nazi" ou "pedófilo". Mas adiante.

É claro que não há objectividade! Mas há regras que permitem que o jornalismo seja o mais objectivo e imparcial possível

Gastei eu preciosos trinta segundos da minha vida lá em baixo a descrever as canecas do Ernesto e as colheitas de arroz dos chineses, e o homem insiste na mesma. Mas adiante outra vez.

Mantenho que disse: sou da "escola francesa" e não gosto muito de jornais que defendem causas políticas

Esta da Escola Francesa não pode passar.

Oh Carcaça, queres jornais mais politizados que o Le Monde? Ou o Figaro? Ou o Canard Enchainé? Haverá jornal que seja mais abertamente partisan e ideológico que o Libération? O que não implica que estes jornais não sigam a cartilha de...

ouvir o contraditório, o citar (em vez de mandar bitaites)e, muito importante, dar espaço a fontes com opiniões contrárias às que o jornalista pessoalmente defende

...e sejam jornais muito decentes e apreciáveis, como os jornais de que eu falava. Na minha lista já não entra o Le Monde Diplomatique, esse sim um pasquim panfletário, que...

se gostas de ler o "Jogo", estás à vontade

...eu não gosto particularmente de ler, mas desconfio que o nosso DJ gosta. Mas na mundivisão Carcaça, ou se é da Escola Francesa (trata-se da Escola Secundária número 62 de Rennes), ou se é leitor do Jogo.

A escolha do Jogo também é reveladora. Carcaça, contaminado pelo olissipocentrismo (fui eu que inventei, e acho bonito) do Bairro Alto, mete-se com o insignificante Jogo, cuja circulação é um mero pinguinho comparada com a da Bola ou do Record - esses sim, devem ser orgulhosos representantes da Escola Francesa (vertente Universidade Aberta de Caen).

Mas isto é a minha opinião. Como diz o outro, podem haver outras.

Carcaça volta aqui à sua melhor forma, com um remate pseudo-humilde que mata dois cajados dialécticos com uma coelhada verbal só.

Primeiro, é novamente uma versão codificada de "ide-vos todos foder"; depois, é uma paráfrase requintada para apelar às simpatias do eleitorado mais rotundo do Núcleo.

Em jeito de parting shot, Carcaça lança...

Bem hajam.

...o que, claramente, significa "vão para o Inferno ser enrabados pela verga de Mefistófeles". Mas Carcaça não se contém, e pontifica em PS:

- eu não tehno nada contra os bm´s, até gosto. Era só uma imagem alusiva a certos empresários que os conduzem e que estão sempre dispostos a sacrificar o jornalismo em prol do lucro fácil

Uma tirada anti-capitalista fica sempre bem, e o Carcaça ganha pontos por louvar a excelência da tecnologia alemã. Mas logo descarrila:

práticas despuduradas das multinacionais, tão bem descritas no livro "No Logto", de Naomi Klein

A Naomi Klein descreve tão bem essas práticas despudoradas como o DJ escreve o nome do livro dela.

Para quem tenha a felicidade de não conhecer a peça, a camarada Naomi é uma pseudo-feminista vinda do mundo ultra-politicamente correcto das universidades americanas, que escreveu um livrito sobre globalização com a mesma profundidade e clarividência que as letras dos Rage Against the Machine.

A favor da Naomi há o facto de que, na sua juventude, ela era muito agradável aos olhos - esta foto não lhe faz justiça:



Mas os melhores anos dela já passaram, e ultimamente ninguém lhe liga nenhuma, excepto há uns meses quando ela denunciou o Harold Bloom (um dos maiores críticos literários de língua inglesa, e aparentemente um tarado de primeira apanha) por lhe ter galado o rabo em 1982.

Ernest - eu não gosto por aí além do Michael Moore.

Ainda bem. Já se viu que por aqui ninguém é fã.

Mas acho importante que, nos dias que correm, haja uma figura como ele. O idiota tem que cair e ele ajuda.


O verdadeiro Carcaça revela-se aqui em toda a sua glória. O Moore pode não...

ouvir o contraditório, o citar (em vez de mandar bitaites)e, muito importante, dar espaço a fontes com opiniões contrárias

...mas como é um demagogo do mesmo lado da barricada que o Carcaça e a Naomi, não faz mal, até é bom que exista. Isso da objectividade e da honestidade e não sei quê é tudo muito bom, mas o Moore tem direito a um desconto porque é preciso educar o povo que, como é do conhecimento geral, é burro.

O idiota tem que cair e ele ajuda.

O pior é que o Moore não ajuda, antes pelo contrário: demagogia e sensacionalismo só servem para fomentar mais demagogia e sensacionalismo.

Para concluir o post numa nota positiva, e como não encontro na Internet fotos da Naomi Klein nua, tomem lá isto, que ajuda mais a tratar do Idiota: GeorgeWBush.org. É mais divertido e mais educativo que o Moore.

Carcaça, agora precisamos de uma resposta! Ou te sai daí uma descompustura verbal à maneira antiga (nada de citar Naomis nem Moores, tem de ser prosa autêntica, original e com verve), ou então temos de partir para a violência física: arcabuzes (ou canecas) a dez passos.

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