Incêndios
- Os jornalistas das televisões, sobretudo os encarregues dos directos, não estão a fazer, regra geral, um bom trabalho. Parecem convencidos que quanto mais depressa falarem e mais excitados parecerem, melhor desempenham a função, quando é ao contrário. A competição pelas melhores notícias, pelas melhores entrevistas ou pelas melhores fontes é útil e saudável, mas aqui aparece substituída por uma competição perversa, que transforma os directos numa espécie de circo. Acho até que os jornalistas competem com os das outras estações e até com os da mesma estação para tentar mostrar que é ali, no sítio onde estão, que está o verdadeiro perigo, que os meios são mais insuficientes, que as chamas são mais fortes e estão mais próximas, que as pessoas estão mais deseperadas, que há mais ovelhas mortas, que há mais casas ardidas... Compreendo que é difícil manter a serenidade e a ponderação nestas ocasiões, mas os jornalistas têm de entender que a exaltação exagerada não é boa para ninguém e acaba por resultar num espectáculo do mais puro histrionismo.
- Não duvido por um segundo do absoluto desespero das pessoas que perderam pinhais, animais ou casas, mas parece-me que ao pressentirem-se filmadas teatralizam a agonia e amplificam mais ainda as emoções que genuinamente sentem.
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