Pôr a boca no bobone
Respostas desconcertantes de Paula Bobone, esse vulto do pensamento contemporâneo português, ao questionário de Marcel Proust, publicadas pelo "Diário de Notícias" a 21 de Agosto de 2003, seleccionadas e completadas pelo sábio Vostradeis.
Marcel Proust (MP) - O que aprecia mais nos seus amigos?
Paula Bobone (PB) - Que me telefonem.
Vostradeis (V) - ... excepto quando estou no estrangeiro, porque aí quem paga o "roaming" sou eu.
MP - O seu principal defeito?
PB - Não perceber nada de política.
V - ... apesar de ser funcionária do Ministério da Cultura.
MP - Qual seria a sua maior desgraça?
PB - Perder a agenda.
V - ... preferia que a minha família fosse toda violada até à morte por um bando de ursos com sífilis.
MP - A flor que ama?
PB - Camélias da Chanel.
V - ... ou qualquer outra flor que seja de marca.
MP - O pássaro preferido?
PB - A borboleta.
V - ... e o meu mamífero preferido é a sardinha.
MP - Os autores favoritos em prosa?
PB - Freud e Voltaire.
V - ... ou lá quem foram os gajos que escreveram o "Flores para Crianças"...
MP - As suas heroínas na ficção?
PB - Branca de Neve, porque teve sete anões para a ajudar num momento difícil da vida.
V - ... qualquer uma que seja ajudada por anões, só pode ser uma grande heroína.
MP - As suas heroínas na História?
PB - Cleópatra VII, porque o seu nariz fez fazer mudar o mundo. É obra.
V - ... não é o nariz de qualquer um que faz fazer mudar alguma coisa.
MP - Como gostaria de morrer?
PB - Num trono doirado com anjinhos à volta, ouvindo canto gregoriano, vestida de Chanel, bebendo Coca-Cola.
V - ... não podia ser nada alcoólico, para eu não gregoriar o canto.
MP - Defeitos que lhe inspiram mais indulgência?
PB - A inveja dos "caretas". Tenho pena dos inferiores.
V - ... já agora, do alto da minha superioridade, o que quer dizer "indulgência"?
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