quarta-feira, agosto 13, 2003

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Incêndios: Tragédia atinge barracas na Azinhaga dos Besouros



LISBOA (Tusa) – O drama de um país em chamas continua a alastrar. Desta vez, os bombeiros foram chamados de urgência a intervir na Azinhaga dos Besouros, em Alfornelos, concelho da Amadora. Mas quando chegaram, já pouco havia a fazer.

O angolano Inocêncio Malambo, trabalhador da construção civil, abandonou apressado a sua moradia, uma modesta barraca de madeira altamente inflamável. “Tá tudo a arder, tá tudo a arder”, gritava, enquanto corria desesperado à procura de água. Ao fundo, via-se o fumo que saía das traseiras da sua casa.

“O que tá a arder é a língua dele”, afirmou Joventina Malambo, mulher de Inocêncio, que se prestou a falar à Agência Tusa, dado o estado de abalo do marido. “Esse burro pôs muito gindungo na moamba”, explicou. “O que é pior é que aquela língua não serve para mais nada nos próximos dias, a não ser para falar”, lamentou a vítima da tragédia.

Questionada sobre a fumarada que saía das traseiras da sua casa, Joventina exibiu um misto de surpresa e desespero, revelando que provavelmente a combustão tinha origem no quarto do seu filho Ednaelson, de 15 anos. “Querem ver que aquele sacana tá outra vez a fumar aqueles matos estranhos!? Tou farta de dizer que a polícia pega, mas ele não me ouve!”, exclamou, enquanto corria aflita para o quarto do fundo. Ao bater na porta, contudo, verificou que o adolescente já estava fora de perigo. “Tá-se beeeeeeeeeeeem, coooota!”, respondeu o jovem numa voz relaxada, sem destrancar a porta.

“A Azinhaga dos Besouros é sempre a mesma coisa”, afirmou Adolfo Gueira, um dos bombeiros voluntários destacados para intervir no local. “Na semana passada, recebemos uma chamada, que afinal era de um brasileiro que tinha apanhado um ‘esquentamento’. Na outra anterior, era um traficante cigano que dizia que a bófia lhe estava a ‘queimar’ o negócio. Isto só dificulta o trabalho dos bombeiros”, protestou o combatente das chamas, de regresso ao quartel na Amadora.

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