quinta-feira, maio 22, 2003



Saudades daquela Europa
Lembro-me bem do tempo em que um Olympique de Marselha discutia uma final de Taça dos Campeões com um Estrela Vermelha de Belgrado. Veio a Lei Bosman. Veio a nova fórmula da Liga dos Campeões, que já aceita clubes só por serem grandes – não mais por serem campeões. Hoje em dia, a “taça das equipas da Europa de segunda linha” de que fala o Ernesto é a única coisa a que aspira um clube que não seja italiano, espanhol, inglês ou alemão. Tal é o fosso que se foi cavando entre as equipas das ligas mais ricas e as restantes. Ganhar a Taça UEFA – que, repare-se, no actuais moldes é uma competição bem mais fraca do que já foi – para uma equipa como o FC Porto é, hoje em dia, um feito comparável em termos de dificuldade (infelizmente fica muito atrás em termos de importância) ao que o clube conseguiu em 1987. Ainda assim, é o melhor que algum clube português alcançou desde que o FC Porto foi campeão europeu (títulos nacionais não são comparáveis a uma vitória europeia). Hoje em dia, a fórmula das competições europeias propicia um ambiente em que os Golias reinam e os Davides nem sequer têm pedras para atirar. Na era pós-Bosman, os Savicevics abandonam os Estrelas Vermelhas aos 17 anos, enquanto os Reais Madrides acumulam Gutis, Morientes e McManamans nos seus bancos de suplentes. E isso enche-me de tristeza.

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