sábado, junho 07, 2003

Crónicas daquilo que não gosto

Pseudos

Claramente não suporto os pseudos. Portugal é um país de pseudos, se calhar é até um pseudo-país. Uma corja de convencidos e de anafados sentados num baloiço à espera que o mundo lhe preste vassalagem, agradecendo-lhes por terem descoberto mei-mundo (não existe esta palavra mas é gira) para depois serem errabados alegremente, com pimenta e açafrão no cu que é para sentirem melhor. Quando penso nisso, sorrio com prazer e recordo-me do João da Ega (atenção, esta citação sucede apenas porque diz respeito aos Maias, um livro que fui obrigado a ler no secundário. Não pretendo com isto arrogar-me de um pretenciosismo bacoco semelhante aos blogues tugas). Esta choldra não mudou e todos lutam por cinco minutos de sucesso na voragem dos dias. Como se ser um cromo conhecido em Portugal fosse difícil, num país tão pequeno como um T0 sem kitchnette. Na América, na China, no Brasil (vejam o caso do Deco que teve de sair de lá para ter sucesso) ou na Índia. Aí sim, ter sucesso é ter realmente sucesso. Aqui é apenas dar um espirro mais forte e o ranho colar-se à sola dos sapatos de alguém que vai queixar-se ao Vidas Reais.
Até o emplastro teve os seus cinco minutos de fama (justos, diga-se) e foi um case study como havia sido, no passado, o Tino de Rans. Se abóboras loiras como a Teresinha ou cogumelos saltitantes como o Baião são estrelas tudo é permitido.
E os pseudos pululam como adenovírus em toda a parte. Parecem larvas a descobrir que algumas borboletas já foram como elas. E assaltam a pirâmide do poder antes de saberem se têm asas para voar.
São as Pinto Correia, os La Ferias, as Motas Ribeiro, Claudisabeis, Tois, Sarmentos, Mouras Guedes, os PM, MEC, MST, PSL, PP (acho piada aos gajos que se identificam por siglas. É o minimalismo levado ao extremo em contraposição ao ego ferido de tanto ser coçado). Tudo gente que parece mais do que realmente é. Como se fosse esse o desporto-rei português.
Fazendo bem as contas, Portugal terá meia-dúzia de gajos bons em meia-dúzia de áreas. Se fôssemos tão bons como nos julgamos, o JPP era o líder do PPE, o Carlos Lisboa tinha jogado na NBA e o Damásio (o António não o Manuel) já havia ganho o Nobel da Medicina. O Saramago só ganhou o da Literatura porque escreve frases graaaaaaaaaandes como os franceses, com pontuação cirílica e está a viver em Espanha. Caso contrário, não passaria de um miúdo de chupa-chupa na boca na fila de espera para sentar-se ao colo de alguns dos verdadeiros bons escritores e pedir um autógrafo.
Na realidade, não passamos de uns parolos a lambermos o cu de uns na esperança de também sermos lambidos em retribuição.

Porque raio é que o Miguel de Vasconcelos caiu da varanda em 1640? Éramos todos mais felizes e com uma selecção de futebol para fazer inveja.

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