"O nadador norte-americano Michael Phelps, de 17 anos, bateu domingo o recorde mundial dos 200 metros estilos, ao nadar em 1.57,94 minutos, por ocasião do "meeting" de Santa Clara (Califórnia)". Ler esta notícia levou-me a pensar o que é que eu andava a fazer aos 17 anos. A bater recordes do mundo não era de certeza. As minhas aptidões para o desporto eram aliás escassas, apesar de ser dos melhores jogadores de futebol do meu bairro. O Ernesto, pelo contrário, era um miúdo com alguma habilidade para o ténis, a ponto de ter ficado em terceiro lugar no campeonato inter-freguesias das Caldas, em representação de A-dos-Francos. Numa cidade tão violenta - com gangs a semear o terror pelos quatro quantos, dealers a desviar a pequenada para os caminhos da droga -, o pequeno Ernesto refugiou-se nos campos de ténis, empunhando a sua raquette de madeira comprada na feira de domingo de Carvalhal Benfeito. Não chegou longe, o menino Ernesto, apesar das mentiras contadas em Coimbra sobre heróicas proezas no circuito de ténis português - contava ele, entre duas snifadelas de soro, que tinha sido campeão nacional de juniores, arrancando assim saborosos sorrisos de escárnio aos seus queridos colegas de turma.
Eu, pelo contrário, confesso: jeito para o desporto não tenho muito, mas ainda há quem tenha menos - o Coca-Cola, por exemplo, com quem há semanas joguei uma partida de basket. Foi um one-on-one que eu venci rapidamente, prova da absoluta inabilidade dele para qualquer actividade que exija um mínimo de coordenação e flexibilidade. Conclusão: nem todos podem ser como o Michael Phelps, mas nem todos são como o Coca-Cola. Eu sou um meio-termo.
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