segunda-feira, junho 23, 2003

Notas do fim-de-semana

1. A RTP tem um correspondente em Espanha que não sabe falar castelhano. É deprimente, mas cómico ao mesmo tempo, ouvir Cesário Borga a entrevistar sujeitos espanhóis. Que o português tem pouca queda para o castelhano já se sabia, mas a RTP podia ter o cuidado de seleccionar alguém que não fizesse figuras tristes. Com Cesário Borga, há gargalhada na certa.

2. "A RTP sempre presente nos grandes acontecimentos desportivos", disseram eles durante 4 ou 5 dias. O "grande acontecimento desportivo" era... a final da Taça de Portugal em futsal, entre o Benfica e o Freixieiro. Serviço público no seu melhor.

3. A caminho de Montemor-o-Velho, reparei numa tabuleta que anunciava o aluguer de cavalos. Aos empresários que queiram aproveitar a ideia, deixo a sugestão de chamar à modalidade "rent-a-horse".

4. Já sabia, mas a certeza é sempre confirmada quando pego no carro: as estradas estão todas esburacadas. País miserável!

5. Sérgio Godinho veio à Universidade de Aveiro dar um concerto. Numa universidade que se gaba de ser das melhores do país e com um público composto por muitos estudantes e professores universitários, ficou provado como nós, portugueses, somos um produto de má qualidade. As filas para entrar na sala desfizeram-se quando as portas abriram, o que significa que as pessoas que chegaram primeiro, e que primeiro deveriam ter entrado, acabaram a competir pelos melhores lugares com os retardatários. A entrada para o espectáculo acabou por ser tudo ao monte e fé em deus.

6. Com um brilhozinho nos olhos, Pode alguém ser quem não é, O primeiro dia do resto da tua vida...: Sérgio Godinho percorreu algumas das melhores canções de sempre em português.

7. Ir a lares é deprimente. Os velhos são tratados como seres vegetativos, amontoados em salas com uma tv no canto, a olhar uns para os outros ou para o vazio... Os funcionários apenas os aproximam da condição humana quando os alimentam ou medicam, porque no resto do tempo são tratados como seres inanimados. Custava muito pô-los a fazer coisas?: cuidar de uma pequena horta ou jardim, desenvolver actividades de leitura, organizar passeios, promover aulas de música ou ginástica...? Os velhos que não estejam nos lares de luxo estão assim condenados a um fim de vida triste: já não bastava a doença, a senilidade, a perda de aptidões físicas e intelectuais, como ainda são tratados com a mais absoluta indiferença e insensibilidade pela maioria dos lares.

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