quarta-feira, junho 04, 2003



A cultura do emplastro

Em Portugal, aparecer na televisão é mais do que motivo de orgulho. Pode, por vezes, tornar-se um objectivo de vida. Desde o jovem que sonha com a fama e acha justo que ela venha a troco de viver meses confinado numa casa cheia de semelhantes dispostos a mostrar a bunda em directo para todo o país, até os grunhos que se amontoam em torno dos repórteres em dia de jogo, ou à multidão em frente do tribunal para ver o Herman. O homenzinho desdentado com um sinal na cara não é mais que uma caricatura de 80 por cento (números do INE – Instituto Nacional de Especulação) das pessoas que vemos na televisão todos os dias. É fácil relacionar esse fenómeno com a carência de literacia do povo – gente mais educada tem mais facilidade em perceber a futilidade de alguns comportamentos. A verdade é que o fenómeno também acontece noutros países, alguns até mais evoluídos do que o nosso. Como explicar então o que leva alguém a saltar para a frente das câmaras, telemóvel em acção, a anunciar para a família e os amigos “Ponham na SIC! Estou na SIC!...”? Não sei. Não interessa. O que interessa é que é foleiro. Não o façam.

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