Não gosto de touradas
Bem sei que tenho estado fora tempo demais. Isso é simples de justificar. Não me apeteceu. Nem achei que tinha nada de especial para dizer. Não é nenhum bloqueio ou preguiça, porque passo horas no computador e poderia ter arranjado tempo para escrever alguma coisa.
Apesar de todos os lugares-comuns que se costumam repetir nos regressos dos blogueiros que se afastam destas lides, não quero que pensem que me sinto triste por não ter participado. Poderia escrever que era um leitor atento do blogue mas nem isso posso confessar porque grande parte das coisas passou por mim como o Wender pelo Sporting. Também não foi coisa que me preocupasse por aí além porque eu sempre fui calão e todas as desculpas serviram de subterfúgio para me justificar.
Cheguei mesmo a não ver a página durante semanas para não me cansar com recriminações morais. É que eu de moral tenho muito pouco excepto a mania de ser um moralista. Isto é muito complicado, principalmente para quem como eu, gosta de arranjar desculpas para tudo aquilo que não faço. Exemplo disso é a minha possível grande carreira como jogador de andebol, que foi anulada aos 12 anos depois de um treino em que fiquei com o dedo mindinho a abanar depois de um passe/remate mais violento do ponta-esquerda.
Desde então, com receio moral de danificar de modo permanente a falangeta do mindinho esquerdo abdiquei de ser um novo Ricardo Andorinho ou Carlos Galambas, preferindo seguir na bancada os jogos do meu ACS, grande escola de porrada e de jogadores de andebol, por esta ordem de grandeza. Agora, quando encontro na rua os meus colegas de então, vejo que perdi montes de gajas no currículo e só equilibrei a relação comercial no consumo de cerveja. A diferença (nítida para os olhos mais atentos) é na barriga: a deles é mais esférica, com um alargamento acentuado ao nível do duodeno enquanto que a minha é mais oval, iniciando o percurso elíptico a partir do diafragma, sinal de um estômago já dilatado e sem remissão de pecados passados.
Agora, vou tentar mais um regresso às lides blogueiras sem grandes esperanças. Sei que não terei a capacidade e a perseverança dos meus colegas de página pelo que este afrontamento (como acontece com as gajas) poderá durar poucos dias ou poucas horas. O tempo o dirá. Pelo meio é mais uma tentativa de regresso antes do silêncio.
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