sexta-feira, janeiro 06, 2006

O Fiel Monte de Merda III: A Sentença Final

(ou: vamos enterrar de vez este filme de bosta, o lacaio das multinacionais Vostra e o seu assecla Ernesto)


O tenebroso Vostra, em conluio com as multinacionais Blogger e Microsoft, conspirou para a censura da primeira versão da minha demolição dessa bosta malcheirosa que é o Fiel Jardineiro. Mas ninguém pode calar a verdade.

O assunto, é certo, já chateia. Embora não seja tão chato como essa verruga em celulóide que é o Fiel Jardineiro. Mas em atenção aos leitores, vou intercalar este julgamento sumário do Fiel Monte de Merda e dos seus sequazes Vostra e Ernesto com imagens do último catálogo da Victoria's Secret.











O filme é mau. É muito mau. A podridão começa pelo argumento, que é construído à volta do tipo de "surpresas" e "revelações" que fazem revirar os olhos. Todos os truques mais rascas de filme série Z são usados. Por exemplo:

-os heróis da fita estão constantemente a "descobrir" cartas e documentos onde os vilões fizeram o favor de explicar detalhadamente as suas vilanias.

-há uma cena em que é preciso entrar num site protegido por password. Como é que o nosso herói faz? Abre o catálogo dos clichés de argumentistas preguiçosos e saca de lá um puto de 14 anos que é perito em informática. Evidentemente, o puto de 14 anos ADIVINHA a password logo à primeira.

-parte da "história" gira à volta de o nosso herói ter suspeitas de que a mulher o está a trair com um médico. Como é que o filme tranquiliza os espectadores? Ora, basta mostrar uma foto que prova que o médico é gay.
















Os actores são muito maus. O Ralph Fiennes (que é normalmente excelente, mas não aqui) parece o Keanu Reeves. Ou um tronco de árvore. Ou uma tábua de engomar. A Rachel Weisz é histérica, estridente, irritante.

Os papéis secundários não são melhores. Dois actores ingleses muito estimáveis, Gerald McSorley e Bill Nighy, fazem de capitalista inglês e de lorde inglês. São péssimos. As personagens deles são estereótipos que já nem a propaganda do PC teria coragem de usar. Fumam charutos, jogam golfe, fazem caras de mau. Só lhes falta ter cartolas e dizer "exxxxxxxxcelent" como o Monty Burns dos Simpsons.
















A realização parece saída de um concurso de vídeos de heavy metal da Junta de Freguesia da Baixa da Banheira. A câmara anda aos solavancos. Quando está parada não há maneira de estar num ângulo que dê para ver os actores decentemente. A montagem é aleatória. Há flashbacks a torto e a direito e a despropósito. As cores são tão saturadas que não se consegue ver nada na maior parte das cenas.

O Fernando Meirelles fez um grande filme. O Cidade de Deus é mesmo muito bom. Mas no Cidade de Deus os truques de videoclip transmitiam o caos, a violência, a intensidade da favela. Aqui, é tudo gratuito. É tudo fogos de artifício para iludir os patetas (Vostra e Ernesto).















A maior parte do filme passa-se em África. Mas nenhum africano tem direito a ser mais que figurante. Não há uma única personagem africana no filme com mais complexidade que os capangas do mau que o Bond mata à dúzia nos filmes dele.

Pior: o filme assume o pior tipo de racismo paternalista, o que presume que todos os males de África são causados por Brancos Maus, e que quem os pode curar são os Brancos Bons. Não concede aos africanos a dignidade de ter a responsabilidade pelos seus problemas.

Trata-os como os politicamente correctos na América, como vítimas, como inocentes. "Coitadinhos dos africanos, que são tão pobrezinhos, tão ingénuos, tão alegres, parecem crianças." É mais ou menos a atitude que o Salazar (amigo de infância do Vostra) tinha para as ex-colónias.


















Mas o crime pior do Fiel Jardineiro não é ser um mau filme. Disso há muito. O problema é que é um mau filme (muito mau) que se julga um FILME IMPORTANTE. Um FILME COM MENSAGEM. Um filme pomposo, pretencioso.

Como tem uns tiques políticos muito bem-pensantes e antiglobalizantes, o Fiel Jardineiro presume que está imune a críticas. Há uma cena logo ao início que mostra bem o tipo de raciocínio, de desonestidade intelectual, que preside a esta bosta fumegante.






















O herói está a dar uma aula de relações internacionais em Londres. Não está a dizer nada de especial nem sequer de controverso. Eis que na plateia está a nossa heroína, que se levanta aos berros (não exagero: aos berros) e a despropósito começa a dizer "então e o Iraque? E o Bush? E a agressão imperialista?".

Como a aula acaba, os colegas levantam-se e ficam a olhar para ela com cara de maluquinha, enquanto ela continua a arengar, aos gritos em cima de uma mesa.
























E qual é o ponto de vista do filme sobre esta cena? É que esta doida furiosa é uma idealista cheia de coragem. Uma combatente pela liberdade.

O filme quer-nos vender a ideia de que começar aos gritos, insultar um professor (ainda por cima, um mero assistente a dar uma aula de substituição) e querer matraquear ideias políticas a um conjunto de estudantes é algo de perfeitamente lícito e louvável e não o comportamento de um fanático alucinado.

O filme quer fingir que as coisas que a maluquinha está a dizer em Londres são coisas muito revolucionárias e corajosas - embora sejam a opinião de 90 por cento dos ingleses e do resto dos europeus.
























E é essa a lógica dos energúmenos Vostra e Ernesto. O filme é antiglobalização e anti-Ocidente e anticapitalismo, portanto deve ser bom.

Mais: quem se atreva a dizer mal do filme está, evidentemente, a dizer mal por motivos políticos. O palermóide Ernesto, na sua ganância de lamber botas ao webmaster cá do sítio, vem logo falar da "fé irredutível de Tiberius na economia neoliberal e na respeitabilidade das multinacionais".

Não é verdade. Posso não concordar com a "mensagem" do Fiel Jardineiro - e não concordo, o nível intelectual das ideias políticas do filme é sub-Bloco de Esquerda. Mas esse não é o problema do filme. O problema é que o fiel é UMA VALENTE MERDA.






















Se eu fosse chatear-me desta maneira com todos os filmes politizados e anticapitalismo, estava tramado. Não podia ir ao cinema. Hollywood agora deu-lhe para o político e é um novo todas as semanas. Eu não tenho problemas com filmes politizados, nem sequer com filmes com ideias de que eu discordo. Tenho problemas com filmes que são UMA MERDA.

Um dos meus filmes favoritos é um filme anti-capitalismo. Ao mesmo tempo que o Fiel Monte de Esterco esteve nas salas também passou um filme vindo do mesmo quadrante ideológico, o Lord of War.























Também não concordo com a ideologia do Lord of War (a treta simplista do costume: os traficantes de armas são muito feios, e o Ocidente é muito feio por vender armas), mas o filme é brilhante.

Exemplo limite: o Fahrenheit 9/11. Acho o filme e o seu autor uns demagogos manipuladores e mentirosos. Mas o filme é giro! Está bem feito! Um gajo ri-se! Não digo mal do dinheiro que paguei para o ver. Enquanto o Fiel Jardineiro é uma MERDA TOTAL.























Veredicto final: o Fiel Jardineiro, para quem não tenha prestado atenção, é UMA MERDA. O Vostra é UM SALAFRÁRIO. O Ernesto é UM PATETA. O Fernando Meirelles fica em liberdade condicional porque o Cidade de Deus é mesmo muito bom, mas ele que não se atreva a fazer mais MERDAS DESTAS.
























Morte ao Fiel Jardineiro e a quem o apoiar! Morra o Vostra! Pim!

Sem comentários: