Gostei
Desta vez, vou radicalizar completamente no nosso blogue - sujeitando-me mesmo à expulsão por justa causa - e as próximas linhas vão ser dedicadas ao Mexia. É certo que o miúdo até escreve bem (embora, nalguns casos, com a procura da piadinha fácil sem sal e com uma escrita demasiado certa, sem rasgos de maior) mas não costumo concordar com as suas ideias peregrinas.
O que não se passou com o seu último texto sobre o DNA e os motivos que o levaram a sair. A crítica ao Rolo Duarte parece-me sólida embora pedante (Fazer críticas a livros do Pavel N'tchobe, do Botão, porque o gaijo até é bom e não falar da Rebelo Pinto, apenas porque ela não dá umas baldas ao pessoal é uma petulância que não aceito).
Por outro lado, também não suporto o Rolo Duarte (e ele só não gosta de mim porque não me conhece. Caso contrário, teria uma opinião semelhante aos meus amigos mais próximos). Sempre me irritaram os tipos que utilizam eu em demasia e gostam de recordar a infância feliz que tiveram. Ao pé de pessoas assim, a minha infância - que até me parecia feliz - fica subitamente sensaborona como um bolo de comida a emperrar a garganta.
E o PRD é um deles. Um dos filhos dessa Portugal de tios, onde o berço (não as berças) marca indelevelmente a nossa condição. Ser jornalista para o PRD é começar num grande jornal lisboeta, que olha o resto do país como o alpendre da casa, e ter amigos que são políticos ou quadros superiores da bolsa. Fazer um caderno com algum gosto mas enlameado de fotografias de moda que ninguém liga e sacrifícios de opinião no altar das páginas (vide postais de viagem). Gosto da ideia e do conceito mas não suporto a sua prática. A actualidade fica fora do DNA, mas aquilo que resta é o dia-a-dia de meia-dúzia de amigos que falam sobre os problemas que só a eles afecta. Com excepção do Nelson de Matos, José Mário Silva, Pedro Mexia e Vargas Llosa, o DNA não passa de um pãozinho de leite sem leite e sem sal ou açúcar.
Isto não quer dizer que o Mexia tenha subido muitos pontos na minha classificação mas apenas, e tão-só, que mostra carácter. O que, mesmo nas pessoas que não aprecio, merece respeito.
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