segunda-feira, julho 21, 2003

Isto é um desabafo e não passa disso mesmo

Passei a manhã de hoje num tribunal a tentar consultar um processo que está a ser julgado. Como só soube desta situação depois da primeira audiência, solicitei ao juiz acesso (pelo menos) ao despacho da Acusação. Cumpri escrupulosamente a ladainha do costume, invocando os artigos certos e a condição de jornalista, mas o funcionário judicial respondeu logo de pronto que nem valia a pena entregar o requerimento.
“É que esse juiz nunca dá nada à comunicação social”.
É óbvio que entreguei na mesma o requerimento e, minutos depois, vi-o a ser indeferido, sem mais explicações. Ponderei falar com ele no corredor mas um outro funcionário disse-me que eles (os juizes) levavam a mal esse tipo de abordagens.
Ainda pensei em fazer queixa ao Conselho Superior de Magustratura contra o juiz mas um amigo informou-me que este órgão delibera quase sempre a favor dos magistrados.
Um funcionário conhecido soube do meu caso e disse que poderia sensibilizar o juiz mas ("lamentavelmente") eu não havia estado presente na cerimónia de inauguração no novo campo de tiro da colectividade de que ele era dirigente. “Não pode só querer fazer notícias más, também tem que as fazer de coisas boas”, disse-me enquanto se afastava, sobranceiro.
Sem meios para conferir os factos, preparo-me para assistir ao julgamento numa das próximas sessões. Se alguém se queixar de alguma incorrecção, vou remetê-lo para o juiz que não me deu acesso a um documento que foi lido na primeira sessão do julgamento.

Quem disse que a justiça é justa?

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