Cogito ergo doleo (2)
O homem e o urinol
Dois homens vão mijar. A casa de banho tem uma fila de 150 urinóis. Se o primeiro homem for mijar ao primeiro urinol do lado Norte, é certo e seguro que o segundo irá aviar o serviço ao 150º urinol do lado Sul.
É uma daquelas regras da vida humana que ninguém ensina mas toda a gente sabe. Aposto que se instalassem instrumentos de medição em mictórios públicos se chegava à conclusão que os urinóis do lado da parede recebem cem vezes mais mijo que os urinóis do meio.
Se um gajo vai mijar e já há outro tipo na mesma casa de banho, é automático escolher o urinol o mais distante possível do que esteja a ser utilizado. Outra regra é o silêncio absoluto. Enquanto se mija, não se fala.
Porque é que o homem preza tanto a sua privacidade na hora de mijar? Será o medo de o vizinho descobrir as dimensões do seu pénis? Ou de ver o pénis superior de outro gajo e ficar com complexos? Ou um receio de descobrir tendências homossexuais latentes?
Enfim, a verdadeira resposta ilude-me, mas esta problemática complexa ocorreu-me recentemente quando estava na casa de banho de um cinema. O sítio tinha uns dez urinóis, e eu estava sozinho quando entra um gajo que resolve colocar-se num urinol a apenas dois lugares do meu.
Não no imediatamente ao lado, mas no outro a seguir, o que como o sítio era grande e havia uma série de urinóis mais longínquos e vazios, constitui mesmo assim uma quebra de etiqueta, e essa quebra de etiqueta motivou este pensamento profundo: “Caralho, no século XXI um gajo já não pode sequer mijar em paz.”
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