Eu é que sou...
Esta febre das elevações a concelho não me deixou indiferente e agora sonho em ser presidente de câmara. Qualquer lugarejo, por mais remoto e minúsculo que seja, mesmo que não tenha mais de meia-dúzia de habitantes, ambiciona ser município. Como tal, por que não elevar o meu prédio a concelho? A câmara municipal funcionaria na minha sala de estar e eu seria o presidente e vice-presidente, além de ser vereador com os pelouros do desporto, cultura, urbanismo e habitação social. O vizinho do 2º direito seria tesoureiro e jardineiro, a venezuelana do 1º esquerdo seria funcionária administrativa, empregada de limpeza e motorista e asseguraria as relações com a imprensa. A marquise do 2º esquerdo serviria para instalar uma loja do cidadão e o vaso no-rés-do chão seria o jardim municipal. A casota do cão do homem do 2º direito seria o canil e a segurança social funcionaria no quarto do casal do 1º direito.
Numa segunda fase (daqui a um ano), depois de fortalecidas as pulsões independentistas, o concelho passaria a distrito e, mais tarde, a região autónoma.
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