Este blogue anda uma bandalheira. Todos têm as suas rubricas em projectos de masturbação intelectual. Assim, para não fugir à regra, retomo a minha rubrica habitual, iniciando um conjunto de comentários sobre os politiqueiros: se eles gostam de falar sobre jornalistas porque não fazer ao contrário?
Crónicas daquilo que eu não gosto
Os bloquetas
Os bloquetas são os jovens bloquistas que decidiram, num assomo intelectualóide, aderir ao BE sem saberem muito bem o que aquilo é. Embriagados pelo marketing e pela publicidade, compraram o BE por catálogo na La Redoute e acharam piada ao facto de ser do contra. Contra o quê? Isso não interessava, nem interessa.
O BE foi criado a partir de uma fusão de um conjunto de cromos curiosos da esquerda radical que, em conjunto, tinham menos sócios que o Olivais e Moscavide. Juntaram-se o troskista PSR, com a estalinista UDP, polvilhada com pitadas de anarquismo da Política XXI, os três à esquina e tocar a Internacional. É claro que, nas negociações tidas então – talvez num dos bares irlandeses do Cais do Sodré – ninguém questionou quem é que mandou matar o Trotsky. Isso não interessava nada para o grandioso projecto de pôr em marcha a grande revolução dos costumes portugueses.
Contudo, os velhos bloquistas (desde o Louçã, que assina textos capitalistas em editoras inglesas, ao Fazenda que, de satélite do PCP passou para muleta do Guterres) merecem-me todo o respeito, bem como outro grande educador das massas que é o Garcia Pereira. O que me irrita é a moda de ser bloqueta, de passar a militar no BE apenas porque sim, porque defendem coisas tão giras como a despenalização das drogas ou do aborto. E pode-se andar com camisolas do Che, conciliando moda com ideologia, sem saber muito bem quem foi o gajo.
É óbvio que é um problema habitual para colectividades partidárias novas, com novos clientes, nem sempre formados nos cânones ideológicos devidos. No entanto, da forma como o BE concilia a Revolução Permanente com os Gulag, nem o fundo ideológico os salva. Restam as t-shirts do Che e as manifestações pelos gays e pela anti-globalização.
O que não quer dizer que os bloquistas não sejam bem vindos ao grupo dos adultos, deixando de brincar aos pequenos como o MRPP, POUS (esse grande farol da liberdade operária) ou os amigos da IURD. O BE sempre me lembrou uma coca-cola. Se as ideias que têm forem sempre dos mesmos, o gás inicial vai acabar mais cedo ou mais tarde, restando apenas um feto de uma coisa que ainda não chegou a ser gente.
PS: Para os amigos de esquerda este post pode ser encarado como uma afronta mas, depois de outros (futuros) textos sobre os restantes politiqueiros, verão que o meu objectivo é apenas dizer mal... Porque não consigo dizer bem.
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